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elevador da bica

Três coisas

30 novembro 2010 :: Guarda-freio: FSC

Há três coisas garantidas na vida: a morte, os impostos, e ouvir falar de um novo inquérito a Camarate quando se chega a Dezembro.

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Venha o diabo e escolha

29 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Um candidato a presidente assinou documentos da PIDE, assumindo com a sua letra manuscrita que estava "integrado" no regime salazarista. (Aqui sobre Cavaco)

Outro candidato a presidente apoiava as Brigadas Revolucionárias e escrevia livrinhos a ensinar técnicas de guerrilha urbana. (Aqui sobre Alegre)

Amanhã na Sábado, duas belas investigações do Pedro Jorge Castro.

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O monstro segundo a Economist

28 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

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Enquanto esperamos

26 novembro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

A irrelevância dos sindicatos

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

O delírio da CGTP e da UGT sobre o número de grevistas desta semana - os inacreditáveis 3 milhões - é revelador do estado de negação da realidade do movimento sindical em Portugal. As reivindicações feitas a um Estado a escassas semanas de admitir falência completam o retrato de negação, que arrisca atirar as centrais sindicais para a total irrelevância. O problema é que os sindicatos são de facto precisos. A sua ineficácia prejudica sobretudo as pessoas que dizem representar.
O resto da crónica está no sítio do costume

Que a força esteja contigo... no carro!

25 novembro 2010 :: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

Já imaginaram andar por essas estradas fora guiados pelas vozes do Darth Vader, C-3PO ou Yoda? Pois é isso mesmo que a TomTom, líder europeu em sistemas de navegação, nos propõe. Basta aceder ao site "starwars.tomtom.com" e explorar tudo o que é necessário fazer para transformar o seu carro numa autêntica x-wing. Para os mais maluquinhos pela Guerra das Estrelas, a prova da máxima fidelidade será tentar ir do centro de Lisboa ao centro do Porto conduzidos pela voz do Yoda: "Help you I can... take you to your destination I will". Será que conseguem?

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Os dias da crise

24 novembro 2010 :: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Quem quer fazer uma vaquinha para ajudar mais uma vítima da crise?
O liberal Pedro Passos Coelho está a passar um mau bocado e a crise vai sentar-se à mesa do líder do PSD na ceia de Natal. Diz que não tem dinheiro para comprar presentes às filhas e vai comprar uma única prenda para a mais nova.
Passos Coelho podia juntar-se a Ricardo Gonçalves, o deputado do PS que lamenta que a cantina da AR não esteja aberta para o jantar, pois o dinheiro que recebe não lhe dá para tudo.
Pedro e Ricardo sofrem, juntos, esta crise.
Ambos são vítimas da insaciável apetência dos mercados globais pelo lucro e da brutal ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e os princípios do Estado Social.
Mas haja esperança. Pelo que conheço da população portuguesa e seu espírito solidário, acredito que milhares de desempregados, precários, contratados a prazo, jovens a recibos verdes, trabalhadores com salário mínimo, etc. ficarão sensibilizados com estes desabafos e serão generosos. Enviarão ajuda para que o Natal para Pedro e Ricardo não seja tão dramático.

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Globalisation killed the union star

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

... e hoje uma greve da Função Pública - esse sector não transaccionável, com grande poder de perturbação do quotidiano em caso de paralização - passa facilmente por greve geral.

A quem emprestariam dinheiro?

23 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

O problema essencial está neste contraste: em Portugal, os números da execução orçamental revelam que houve aumento de receitas mas, também, aumento das despesas e do défice; em Espanha, houve aumento das receitas mas também houve uma redução das despesas e do défice. Perante estes dois percursos, a quem é que emprestariam dinheiro?

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Combater a epidemia

:: Guarda-freio: J.

"Manual prático de prevenção do novo vírus da dívida soberana", por Rui Rocha, no Delito de Opinião.

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Outro fim da linha

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Ontem vi o melhor episódio dessa maravilha chamada The Wire.
Terceira temporada, capítulo 11. O melhor.

O fim desta linha III

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Tal como na Irlanda - onde já se fala de eleições em 2011 - a ajuda externa a Portugal deverá precipitar novas eleições legislativas.
A retirada de Portugal dos mercados de obrigações acaba com o último obstáculo para uma ida às urnas. Como já se escreveu aqui no Elevador, essas eleições são incontornáveis. O actual governo, eleito com base num programa de promessas irrealistas (volatilizado em meses pela realidade) e na ocultação do buraco orçamental em 2009, não tem um mandato legítimo para aplicar a política orçamental mais dura da democracia portuguesa. Isto para não falar de outro problema - a falta de uma moldura parlamentar que garanta o cumprimento das políticas que se avizinham (ainda não vimos tudo em matéria de austeridade, muito menos de tensão social).
Falar de remodelação no governo é, por isso, matéria para ficção científica.

O fim desta linha II

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

A ajuda à Irlanda não funcionou como esperado - a pressão sobre os juros de Portugal continua alta e Espanha enfrentou hoje problemas num leilão de dívida pública. Como se nota bem aqui, a única coisa que fez acalmar os juros nos últimos dias foi o recuo parcial na proposta franco-alemã de partilhar o risco de um incumprimento soberano com os investidores.

Até o mecanismo final para a resolução de falências soberanas estar definido - o que existe hoje nada resolve quanto à esperada reestruturação da dívida no euro - o contágio a outros países vai continuar. Portugal é o próximo. E com o calendário de amortização de dívida no primeiro semestre do próximo ano (20 mil milhões de euros, a que se soma o financiamento do défice) não vai haver tempo para evitar uma ajuda externa: seja porque o juro será tão alto que não compense ou seja porque pura e simplesmente não haverá financiadores.

O fim desta linha I

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Quando vemos gestores de activos, traders, directores de agências de rating e afins a manifestarem "preocupação" com a dinâmica de contágio no euro, sabemos que há poucas hipóteses de Portugal evitar uma intervenção externa. E nem seria preciso ir tão longe - quando o próprio ministro das Finanças admite ao FT que essa ajuda é mais provável e o ministro dos Negócios Estrangeiros menciona o risco de saída do euro, sabemos que lá fora tudo isso é lido como uma admissão do fim da linha. Pelo menos desta linha em que circulamos - Estado e particulares - há quase dez anos.

O pessimismo realista do Ambrósio

22 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O editor de economia internacional do Telegraph, Ambrose Evans-Pritchard, escreve um retrato de um pessimismo realista sobre Portugal, que mostra como as palavras dos nossos políticos a dizer que somos diferentes da Grécia e da Irlanda caem em saco roto junto de quem sabe. O nosso amigo Ambrósio conhece a situação e não se impressiona.

"Portugal will be unable to pay its way in the world by a huge margin even after draconian austerity", escreve ele.

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A malta do material anti-NATO

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Há dias ouvi na rádio um responsável do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) dar conta da operação de segurança na fronteira por causa da cimeira da NATO. Pelo que percebi houve algumas centenas de pessoas que vinham a Portugal para se manifestarem contra a NATO e tiveram de voltar para trás. Em alguns casos deu para perceber que estariam justamente "referenciados" - imagino que por violência em protestos anteriores ou por associação com vegetarianos-macrobióticos-anarquistas. Mas noutros casos não ouvi nada que apontasse nesse sentido. O responsável do SEF disse que a polícia tinha encontrado "material anti-NATO" na posse desses potenciais manifestantes - cartazes com "slogans anti-NATO", chegou a dizer - ofensa aparentemente suficiente para serem impedidos de entrar no país. Não sei que merda de critério é este. Mas sei que acabou por correr tudo muito bem, com palmadinhas nas costas e muita autosatisfação lusa com o "sucesso" da organização - e isso é o mais importante, não é?

Inside Job

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

A meio do obrigatório Inside Job dei por mim a pensar que os defensores do mercado livre e da desregulação máxima partilham um grau semelhante de utopia com os comunistas. Todos acreditam na bondade de um sistema que rejeita a complexidade da natureza humana - a irracionalidade, a transcendência, a ambição. No final, de uma maneira ou de outra, o sistema que defendem só sobrevive se se sobrepuser a essa natureza - violência totalitária e roubo organizado em larga escala são os dois instrumentos mais comuns para atingir esse fim. É com as consequências do segundo que andamos a lidar agora.

O nome de Rosa

21 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

É, no mínimo, lamentável que a edição portuguesa de "Ascensão e Queda do Comunismo", de Archie Brown, lançada pela Dom Quixote, se refira a Rosa Luxemburgo como "revolucionário", "inflamado" ou "o mais radical Luxemburgo". Não lhes ocorreu que Rosa talvez pudesse ser o nome de uma mulher?

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Cimeira DESNATADA

20 novembro 2010 :: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Uma Cimeira da Nato sem protestos não tem jeito nenhum. É uma Cimeira Desnatada...

Pastéis de Nato*

19 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

José Sócrates está neste momento a discursar na cimeira da Nato. Não chegou a dizer que o Portas não devia ter comprado os sumbarinos, como fez no Parlamento. Não que os aliados ficassem aborrecidos com isso, haveria alguns que preferiam que Portugal não tivesse capacidade submarina sabe-se lá porquê.

* Tributo a um post da Ana Catarina no FB.

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Mistérios da vida moderna

:: Guarda-freio: FSC


O momento ternurento em que Obama beija a filha de Luís Amado, que o esperava na placa do aeroporto, fez as delícias de alguma imprensa, mas levanta um enorme mistério: porque carga de água a filha do MNE foi ao aeroporto buscar o presidente dos EUA?

Na verdade, o mistério não é assim tão enorme. Basta pensar: hoje houve tolerância de ponto e a rapariga deve ter ficado sem aulas. Luís Amado, como tantos outros pais, teve que levar a miúda com ele para o emprego. Só pode ser isso.

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Arcade Fire meets Google

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

Provavelmente, já toda a gente viu isto, mas fica o post para os mais desatentos...


Os Arcade Fire, em parceria com a Google, apresentaram o seu novo álbum - que já não é propriamente novo - com um vídeo completamente inovador produzido por Chris Milk. O vídeo pretende ser uma experiência interactiva que transporta o espectador de volta à sua infância numa viagem a pé com banda sonora suportada na grande canção "We Used to Wait" da banda canadiana. Não me canso de a ouvir em loop...

Este projecto serve também de montra tecnológica à nova plataforma HTML5 que a Google teima em afirmar que é suportada da melhor forma pelo seu browser Chrome.

Além da parte tecnológica, há uma forte relação com a letra da música, e no final é pedido ao utilizador que escreva uma carta para as gerações vindouras. Na segunda fase do projecto, os textos escolhidos serão publicados em cartões postais aos quais serão adicionados saquinhos com sementes de árvores.

Endereço Web: the wilderness downtown

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Mistérios da vida moderna

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Hoje pensei que ia demorar horas até conseguir chegar à escola com o miúdo. Mas o trânsito no centro de Lisboa estava mais livre do que um domingo em Agosto.

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O problema não está em Sócrates

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

A questão não é com Sócrates, embora a figura não inspire confiança alguma. Reduzi-la a Sócrates é, de resto, um erro da oposição - a interna, no PS, e a externa, no Parlamento. O problema está no facto de o actual governo não ter sido eleito com um mandato para aplicar a política orçamental mais dura da democracia portuguesa. Pelo contrário: a liderança do PS ignorou deliberadamente sinais evidentes de colapso na receita fiscal em 2009 e apresentou um programa eleitoral feito de apoios sociais, obras públicas e afins, sem nunca explicar de onde viria o dinheiro. Existe, assim, um óbvio problema de legitimidade do governo - um problema que só pode ser corrigido com novas eleições.

Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (20)

18 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sócrates resiste porque é maratonista

A mente política do primeiro-ministro funciona como modo maratona ligado
José Sócrates é maratonista. Para correr uma maratona inteira é preciso treinar o cérebro e o corpo a resistir: à dor, a maus pensamentos, ao cansaço, a contrariedades e a mais dor. José Sócrates é resistente. Na política também. Goste-se ou não do sujeito, aquela “determinação” é a principal característica dele. Pensam que Sócrates vai desistir? Não. José Sócrates pensa como um maratonista obsessivo. Tanto lhe faz o estado em que acaba a corrida, desde que chegue à meta, de preferência à frente. Não é um Fernando Mamede da política, como António Guterres.
psicólogo Jeff Brown, que escreveu o livro The Winners Brain, estudou o perfil dos corredores de maratonas e concluiu: “Os maratonistas pensam rápido, são resilientes e parecem suportar desafios mais do que uma pessoa média. Mesmo que sorriam e o neguem, asseguro que 8 em cada 10 maratonistas são um pouco obsessivos, ainda mais competitivos, absorvem toda a informação a que podem deitar mãos e são ocasionalmente irracionais em relação ao seu desporto”. Ao longo de 10 anos como psicólogo do clube Maratona de Boston, Jeff Brown ouviu histórias e estratégias de atletas que “levam os seus corpos e cérebros ao limite”.
Podemos facilmente considerar Sócrates obsessivo, resiliente, ultra-competitivo, por vezes irracional e postular que ele muitas vezes age no limite. 
Se não concorda, recorde aquilo a que Sócrates resistiu ao longo dos últimos cinco anos e pense se você aguentava, independentemente de acreditar na sua inocência: boatos de que era gay; exposição pública de uma licenciatura facilitada; autoria de projectos de péssimo gosto ou assinados por favor;  suspeitas de corrupção no caso Freeport; suspeitas de corrupção no caso Cova da Beira; dúvidas sobre manipulação empresarial em interesse próprio no caso PT-TVI;  derrota nas Presidenciais; derrota nas Autárquicas; derrota nas Europeias; perda de maioria absoluta nas Legislativas; mentiras sobre as contas públicas na campanha de 2009; engavetamento do programa do Governo em 2010; falta à palavra dada nos impostos; catástrofe nas contas públicas; queda abrupta nas sondagens; Portugal à beira da bancarrota; possibilidade de entrada do FMI no País. Estes obstáculos chegam para se perceber como não é fácil ser José Sócrates e levantar-se todas as manhãs a fingir-se optimista para mais uma etapa na maratona política da sua vida.
As estratégias mentais para um maratonista, da autoria de Jeff Brown, também se aplicam ao primeiro-ministro português, que talvez as aplique quando corre:
1- Para aumentar a confiança, confiar no treino – Sócrates treinou muito os discursos, as entrevistas, as intervenções. Fartou-se de treinar. Há quem se lembre de o ver a falar alto a treinar intervenções nos bastidores;
2- Ser muito optimista – Durante a maratona, tentar manter  afirmações e pensamentos positivos “a passar pela cabeça enquanto os pés continuam a correr”, escreve Brown. “Digo sempre que os pensamentos positivos tornam as sapatilhas pesadas”. Aqui temos o optimismo excessivo e irrealista de Sócrates para continuar na corrida.
3 – Pôr os problemas para trás das costas – só um caso de vida ou morte pode distrair um maratonista. No caso da política, Sócrates só consegue ir governando se puser para trás das costas todos os casos em que se viu envolvido.
4 – Falar consigo mesmo – dizer “eu sou capaz”, ou “vamos, vamos” ao subir uma encosta difícil. É como Sócrates quando embandeira em arco um pequeno número positivo ou desvaloriza um negativo. Ou então quando diz que o dever de um político é puxar pelas energias positivas do País.
 5 – Não acreditar em superstições – Sócrates não é crente.
6 – Lembrar-se das razões por que corre – “Use todos os seus sentidos e visualize a razão específica de estar a correr a maratona”, aconselha o psicólogo. Sócrates é ambicioso e teimoso até aos ossos, quer provar que o que não o mata o torna mais forte, não quer ficar na história como um desistente, por isso persiste na corrida.
 7- Desistir depois de cruzar a meta? – No fim da corrida, diz Brown, “não minta a si mesmo dizendo ‘nunca mais me meto noutra destas’. A dor e a agonia de correr uma maratona é o tipo de dor que você esquece”. Mesmo no fim da linha, se for derrotado no PS e no País você acha mesmo que José Sócrates vai desaparecer de cena?

Outra psicóloga que trabalha com maratonistas, Kate Hays, uma vez deparou-se com um atleta antes da maratona de Nova Iorque, que lhe disse que tinha feito um teste cardíaco equívoco nessa semana. Os psicólogos perguntaram-lhe: “O que é mais importante: a sua vida ou esta corrida?” Mas ele não hesitou: “Vou correr!” Não morreu.
Tudo isto para concluir que as probabilidades de Sócrates não se recandidatar no próximo congresso do PS são reduzidas. Mesmo que seja corrido do Governo com uma moção de censura ou demitido pelo Presidente, dificilmente ele desistirá. A cabeça política de Sócrates funciona com o modo de maratonista ligado. Um maratonista dos duros.
Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Quem nos dera a Irlanda

:: Guarda-freio: J.

Que o problema da Irlanda não é igual ao problema de Portugal já se sabia. Eles, têm que salvar o sistema financeiro, responsável por dois terços do défice público porque, de resto, em matéria de finanças públicas, já deram provas de serem capazes de gerar excedentes, feito de que poucos países se podem orgulhar.

Nós, temos que salvar as finanças públicas e baixar o défice externo porque ambos comprometem a saúde do sistema financeiro e, em consequência, do país todo. Entre uma coisa e outra, seria preferível termos o problema irlandês.

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Homenagem a José Lello

:: Guarda-freio: J.


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José Lello, importa-se de repetir?!

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Palavras de José Lello, Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, entrevistado pela Antena 1 no seu gabinete na AR, enquanto na rua se ouviam as palavras de ordem da manifestação de estudantes.

José Lello: "O meu gabinete é aqui mesmo na esquina do Palácio, apanho com estas manifestações todas. Eu acho que elas são o respirar da democracia. Confesso que não conheço totalmente a agenda, mas naturalmente os jovens nesta idade são reivindicativos e portanto fazem essa reivindicação. Mas ao fazê-la também se motivam para ganharem responsabilidade para no futuro poderem encarar, em funções que venham a ter, a sensibilidade para problemas congéneres."
Jornalista Antena 1: "Se estivesse na sua fase de estudante, se calhar estaria ali em baixo, ou não?"
José Lello - "Se calhar, se calhar. Até porque há ali umas raparigas bem giras de maneira que eu se calhar estava com elas."

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Aflições de moral

17 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

A Portugal Telecom, e agora, também, a Portucel, decidiram antecipar a distribuição de dividendos pelos accionistas com o objectivo de evitar a legislação fiscal mais gravosa que estará em vigor em 2011.

Fernando Teixeira dos Santos começou por qualificar a decisão como uma fuga aos impostos. Hoje, no Parlamento, moderou a linguagem e considerou que se trata de uma operação legal, o que sempre pareceu óbvio, mas lançou dúvidas nos planos ético e moral.

Neste campo, o ministro das Finanças entra em derrapagem porque a mesma Portugal Telecom foi dispensada, há poucos meses, de pagar imposto sobre as mais-valias realizadas com a venda à Telefónica da participação que detinha na Vivo. Para dar lições de moral, seria preciso que Fernando Teixeira dos Santos tivesse a respectiva autoridade. Na situação em apreço, é nenhuma.

Acresce que, se os gestores e accionistas da PT têm uma moral e ética questionáveis por concretizarem a distribuição de lucros sob o regime fiscal que lhes for mais favorável, o que dizer do vulgar consumidor que decida antecipar para 2010 a compra de bens e serviços com o objectivo de evitar a subida da taxa normal de IVA de 21 para 23 por cento? São uns bandidos sem escrupulos, nem princípios, ou são apenas racionais na gestão do seu dinheiro?

Neste, como noutros casos, o que sucede é que as decisões são tomadas em estado de aflição com o objectivo único de encontrar receitas para tapar buracos, sem ter em conta os efeitos das alterações na legislação fiscal.

Com a mudança introduzida no Orçamento do Estado para 2011, o Estado em vez de ganhar alguma coisa vai perder 260 milhões de euros só na tributação dos dividendos da PT. Fora o resto, como a antecipação para este ano da compra de automóveis e outros bens que, a partir de Janeiro, serão mais caros por causa do aumento de impostos.

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Suspende-se o direito à greve?

:: Guarda-freio: J.

"Se há coisa que não precisamos agora é de impactos negativos na economia", afirmou o ministro da Economia, a propósito da greve geral agendada para 24 de Novembro. Pois. O problema é que qualquer greve, em época de vacas gordas ou de vacas magras, tem impactos negativos na economia, umas vezes mais generalizados, noutras ocasiões mais localizados. Deve ser por isto que os sindicatos costumam utilizar este direito reconhecido na Constituição como meio de pressão e de protesto em relação a medidas com as quais não concordam.

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The Beatles em comprimidos

16 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

Os "apreciadores" de música em ficheiros comprimidos que apagam uma boa parte da informação original, já podem comprar as canções dos Beatles na loja iTunes.

Os outros, podem continuar a desfrutar o prazer sem limites dos discos resmaterizados em 2009, incluindo as colectâneas de 1973 - álbuns "vermelho" e "azul" - que foram, e ainda são, a melhor porta de entrada para se conhecer a obra da melhor banda de sempre.

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A paz à catanada

:: Guarda-freio: J.

Uma navalha, uma catana com 40 centímetros de comprimento e um estilete. Dado que os manifestantes que acorrem às grandes cimeiras internacionais, a começar pelas da NATO, se auto-denominam "pacifistas", supõe-se que a navalha seja para limpar as unhas, visto que não costumam fazer a barba.

A catana deve destinar-se a cortar alguns ramos de oliveira dos jardins de Lisboa para exibirem como símbolo da paz. Já que estes amantes da tranquilidade e da ordem não costumam apreciar touradas, o estilete poderá servir para ajudar a extrair alguma bala de borracha que os mauzões da polícia decidam disparar contra os inocentes manifestantes.

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"Scuteiro", nunca mais

:: Guarda-freio: J.

O notável sistema de cobrança de portagens nas Scut que deixaram de o ser começa a produzir efeitos. Não bastando os encargos que esta lamentável engenharia lançou sobre o país, ainda tinha que tentar ser corrigida com uma solução que não passa de uma enorme trapalhada e que deve deixar nos estrangeiros que nos visitam a razoável certeza de que o país sofre de dois males: falência e demência.

Este comerciante britânico que escreveu uma carta à Câmara Municipal do Porto a contar a sua elucidativa experiência de "scuteiro" pelas auto-estradas do Norte, sugere que o remédio é não voltar a colocar os pés no país. De facto, só quem viva cá é que consegue ir aguentando tanta incompetência.

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PIIGS & GIPSI

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Enquanto por cá se discute mercearia e política menor, lá fora o discurso endurece para se criar uma percepção de que as coisas são graves, mesmo muito graves. Somos responsáveis pela nossa desgraça e pela desgraça dos outros?

Presidente da UE assume risco de sobrevivência do projecto europeu

Angela Merkel: "Se o euro falhar, a Europa falhará"

Os PIIGS (e quem os pode ajudar) têm na sua mão o futuro do euro

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Cara ou Coroa?

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Com uma diferença de poucas horas, Teixeira dos Santos disse, desdisse, afirmou, negou, declarou, contrariou, quis esclarecer, rectificou, desmentiu, disse ter sido mal interpretado, etc.

Entre o "há um risco elevado de recorrer ao FMI" e "o pedido de ajuda não está iminente" passaram poucas horas. E o autor é a mesma pessoa.

Como é que pessoas que andam na vida pública e política há tantos anos, ainda caem neste erro? Teixeira dos Santos não é apenas um Ministro. É Ministro de Estado e das Finanças de Portugal.

Não pode dar uma entrevista ao Financial Times com a leveza com que fala num qualquer outro contexto. Teixeira dos Santos devia ter a cartilha bem estudada e não dizer nem mais uma palavra além do que o estritamente necessário para dar confiança aos mercados e sinais de que o Governo português está firme na convicção de segurar o barco.

O problema é que, se calhar, não está.

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País amalucado

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

- O ministro das Finanças admite a intervenção do FMI se os juros da dívida ultrapassarem os 7%;

- O ministro da Economia contrapõe que nem pensar.

- O PM diz que o País se governa sozinho, sem ajuda do exterior;

- Os juros ultrapassam os 7%;

- O ministro das Finanças diz a um jornal estrangeiro que "o risco [de recorrer ao apoio financeiro da UE e FMI] é elevado";

- No mesmo dia, o mesmo ministro corrige: o pedido de ajuda "não está iminente";

- O líder da oposição pede a criminalização dos políticos que deixam resvalar a despesa;

- O ministro dos Negócios Estrangeiros reclama uma coligação, lança críticas implícitas ao PM e diz-se cansado;

- O PM mente ao dizer que só não há coligação porque a oposição não quer;

- O mesmo MNE volta a defender uma coligação e a dizer que a entrevista tem "desabafos sobre estados de alma" (ainda por cima acredita em almas);

- O Governo tinha assinado um documento a dizer que ia reavaliar o TGV;

- O ministro das Obras Públicas anuncia que as obras do TGV começam para o ano;

- O Presidente da República, famoso pelos seus silêncios e por gerir mal os timings de quando fala, avisa que "há palavras a mais na vida pública";

- A partir de então, começaram a falar por gestos e não foi mais bonito...

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Faroeste

14 novembro 2010 :: Guarda-freio: FSC


AJJ diz "Não!" ao Orçamento do Estado (OE). AJJ proclama que "este Governo tem de cair!". AJJ manda os seus deputados absterem-se na votação do OE.

AJJ está zangado com Passos Coelho. AJJ não perdoa à "classe política de Lisboa que, em vez de pôr na rua o Governo, faz acordos para mantê-lo". AJJ abstém-se no OE para não incomodar Passos Coelho.

O PS-Madeira vota a favor do OE em Lisboa. O PS-Madeira exige que o OE não seja aplicado na região.

A oposição entende-se num pacto de não agressão. A oposição promete concentrar-se no adversário comum. Um dirigente da oposição arma uma zaragata e deita à ribeira material de propaganda de outro responsável da oposição.

É autorizada a construção de um edifício no centro do Funchal. O edifício que é construido não é o que foi autorizado. O promotor do edifício ilegal é indemnizado pelo Governo.

O Governo Regional paga o Jornal da Madeira em nome do pluralismo. O JM, que não é pobre nem mal agradecido, só escreve coisas bonitas sobre o Governo (chamar-lhes notícias seria um manifesto exagero). O JM, que é pago por todos e distribuido à borla por alguns, é concorrência desleal. Os reguladores concordam: o jornal do Governo Regional põe em causa o pluralismo.

AJJ tentou acabar com o Marítimo. AJJ não conseguiu mas aprendeu a lição: se não os podes vencer junta-te a eles. AJJ gasta mais dinheiro com o Marítimo. AJJ oferece um terreno e um estádio novinho ao Marítimo (já tinha oferecido ao Nacional). O povo paga a conta e os juros. A lei não permite. AJJ contorna a lei. O povo paga.

O Diário investiga o Marítimo. AJJ acusa o Diário de querer acabar com o Marítimo (ou seja, de tentar fazer com notícias o que ele não conseguiu com leis - a diferença é que as notícias retratam a realidade e as leis pretendiam mudá-la). AJJ encontra a plateia adequada para o seu discurso (crianças da primária e pré-primária) e instiga à revolta contra o Diário. O presidente do Marítimo - que também não é pobre, nem mal agradecido -, é mais obediente do que as criancinhas que ouviam AJJ. O presidente do Marítimo passa das palavras aos actos. Os jornais dizem que o presidente do Marítimo agrediu e apertou o pescoço a um jornalista do Diário. O presidente do Marítimo desmente: agarrou, mas não estrafegou.

A Assembleia Regional, que deve fazer leis, não cumpre a lei. A ALR dá aos partidos dinheiro ilegal. Todos recebem, todos gastam. Muito dinheiro. Os tribunais mandam que seja devolvido. Avançam para procedimento criminal. A ALR pede ajuda a Lisboa, que nisto pode mais. Lisboa, onde estão os "loucos", os "irresponsáveis", os "medíocres", ajuda. Muda a lei de financiamento dos partidos. O jackpot continua.

AJJ não admite perder a reforma que acumula por inteiro com o ordenado. AJJ desanca nos "situacionistas". AJJ desatina quando lhe mexem na situação.

Vista de fora, a Madeira parece o faroeste. Suponho que vivida por dentro também.

Artigo publicado no Diário de Notícias da Madeira

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Era bom, não era?

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Era. Mas, como lembrou o ministro Amado, José Sócrates ganhou as eleições em 2009 - e José Sócrates é incoligável. É só nesta medida que as considerações de Amado representam uma crítica interna ao chefe do governo. E ou o Ministro dos Negócios Estrangeiros está a sugerir uma remodelação governamental que comece pelo Primeiro-ministro - com vista, depois, a esse tal governo-de-salvação-nacional - ou então esta conversa é mais do mesmo, ou seja, "sim-nós-cometemos-erros-mas-isto-não-é-só-uma-questão-nossa-é-do-euro-e-o-PSD-que-até-está-à-frente-nas-sondagens-devia-era-dar-nos-a-mão-e-cair-connosco". Talvez haja uma hábil mistura das duas hipóteses. Mas, exercendo o saudável direito ao cepticismo, inclino-me mais para a segunda.

Um mentiroso, mente sempre

:: Guarda-freio: J.

Das declarações de Sócrates em reacção à entrevista de Luís Amado, também se podem retirar algumas conclusões.

1. Um mentiroso, mente sempre. José Sócrates alega que tentou fazer coligações. Formalmente, tem razão. Na substância, onde habitualmente o primeiro-ministro cai no alçapão em que se revela a sua reserva mental, limitou-se, após as eleições legislativas de 2009, a fazer convites para coligações sem qualquer vontade de as concretizar. Se não fosse assim, teria escolhido previamente os parceiros a quem propor negociações para um projecto de Governo e não se teria limitado a convidar todos e qualquer um, sem critério, nem seriedade, com o único objectivo de receber sucessivos "nãos" como resposta.

2. Quando afirma que o PS tem que assumir, sozinho, as responsabilidades de fazer face às dificuldades do país, Sócrates persiste em fazer o papel de vítima, provando a quem ainda tivesse dúvidas que a sua prioridade não é encontrar uma solução mas, apenas, a de segurar-se no poder. Não pode deixar de saber que as principais culpas pelo desastre em que o país está são suas mas tem a maioria do PS comprado e isso afigura-se-lhe como fonte de legitimidade suficiente para teimar numa fuga em frente. Não admira que gente que lhe deve os lugares que ocupa actualmente, como Vital Moreira e Ana Gomes, apenas defendam a "remodelação" de Fernando Teixeira dos Santos, quando uma pequena dose de honestidade intelectual bastaria para sacudirem a sua pusilanimidade e reivindicarem, também, a "remodelação" do primeiro-ministro. Sócrates rodeou-se de dependentes e não só o sabe bem, como também lhe sabe bem.

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Amado, o Lúcido

13 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Noutros tempos, esta falta de coesão do governamental evidente na entrevista de Amado, dava lugar: a) à demissão do ministro, se ele fosse de um Governo cavaquista; b) à demissão do Governo, se fosse do Governo do Santana. Por ora, nada vai acontecer, porque as circunstâncias não o permitem.

O João Cândido tem toda a razão no post anterior. Luís Amado volta a mostrar que é a única cabeça lúcida dentro do Governo, mas duvido que haja muita gente no PS a pensar assim.

Muito bem, Amado

:: Guarda-freio: J.

A entrevista de Luís Amado publicada na edição de hoje do "Expresso" permite tirar algumas conclusões.

1. O isolamento de José Sócrates é crescente, mesmo no interior do Governo, onde a táctica de crispação e confronto começa a apenas ter apoios junto do "petit comité" de "yes men" que rodeia o primeiro-ministro.

2. Em fase de acelerada degradação da credibilidade do Governo e do seu líder, é um ministro que mantém intacta uma imagem de seriedade e fiabilidade - o único que resta nestas condições - que vem a público assumir que o actual Governo não é solução para os tempos difíceis que se vivem e aqueles que ainda se seguirão. Isto significa que, entre aqueles que do lado do PS podem fazer parte de uma solução, existe a convicção de que o Governo tal como está faz parte do problema.

3. A lucidez de alguém que pensa pela sua própria cabeça, em contraste com o silêncio comprometido das hostes socialistas com a deterioração política e económica do país, revela como tudo poderia ser diferente, para melhor, se o perfil de quem lidera o Governo fosse o de um estadista e não o de um tacticista que coloca a manutenção do poder à frente de tudo o mais. Depois de se ler a entrevista, não ficam quaisquer dúvidas de que se Luís Amado fosse primeiro-ministro, há muito que PS, PSD e, porventura, CDS já teriam encontrado uma plataforma de entendimento para viabilizar uma solução de Governo credível que enfrentasse a grave situação actual.

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As fotos de António Barreto

12 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Vale a pena ver estas fotos da autoria de António Barreto, tiradas entre 1967 e 2010, que deram origem a um livro lançado esta semana, editado pela Relógio d'Água. As fotografias estão expostas na galeria Corrente d'Arte, na Avenida D. Carlos I. Suponho que esta seja apenas a sua segunda exposição de fotografias.

As texturas, a composição cuidada, a solidão dos sujeitos fotografados, e aquele grão do filme que ainda não consegui encontrar no digital, provam que Barreto tem um olhar e uma estética próprios. Além disso, é um dos maiores coleccionadores de fotografia antiga portuguesa. Mais exposições na calha?

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Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (19)

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

A psicologia da nossa dívida
Portugal tem tendência para se endividar como as pessoas que sofrem de baixa auto-estima.

Quem sofre de fraca auto-estima tem mais tendência para se endividar. A baixa auto-estima é uma doença nacional diagnosticada há muito, por isso, não admira que o endividamento seja hoje o principal problema do País. Os países são como as pessoas.

“Projectamos muitas vezes no dinheiro o poder de satisfazer fantasias, acalmar os nossos medos e atenuar o nosso sofrimento”, anota o site inglês Credit Choices, especializado em aconselhamento a consumidores ultra-endividados. “Achamos que podemos comprar tudo, da esperança à felicidade e tornamo-nos determinados em comprar a vida com a qual sonhámos”.

Portugal tem comprado a vida com que sonhou desde 1974. Modernizou-se. Entrou no clube dos europeus ricos. Cobriu a falta de auto-estima com dinheiro a “fundo perdido” de Bruxelas. A seguir teve mais dinheiro a taxas de juro baixas para imaginar que não era pobre. O País comprou a felicidade – auto-estradas, casas, pontes, comboios, rotundas, carros, cursos de formação, viagens – para ser como os do “pelotão da frente”, na antiga linguagem cavaquista. Queríamos ser alemães.

Esta narrativa política para um País como Portugal, encaixa naquilo que o psicólogo britânico Phil Tyson diz no seu blogue sobre os indivíduos que gastam de mais: “Consumir uma marca é algo que, de certo modo, nos permite sentir parte de uma narrativa maior. É claro que as narrativas são poderosas, prometem juventude, saúde, beleza, saúde e infindáveis triunfos sexuais.” E é claro que narrativas eleitorais poderosas como a construção do TGV, do novo aeroporto, da terceira ponte sobre o Tejo fazem sentir-nos parte do mundo desenvolvido e “moderno”, em linguagem socrática recente.

Mas o que encoraja uma pessoa a continuar a comprar a crédito nas lojas caras quando já está endividada até aos cabelos? “É olhar para o futuro e subestimar os sacrifícios na hora de fazer os pagamentos”, explica o psicólogo Phil Tyson. Em Portugal, o fenómeno psicológico foi assim. O segredo era diluir os custos: os submarinos iam ser pagos em leasing operacional ao longo de anos, as auto-estradas não tinham custos para o utilizador, as Parcerias Publico-Privadas iam diluir o esforço pelo futuro, as grandes obras seriam a panaceia contra o desemprego.

Mas acabou-se. Já ninguém quer emprestar dinheiro a uma criatura endividada que não produz o suficiente para pagar o empréstimo de volta. Como uma pessoa que falha o pagamento de uma prestação, o País sente-se culpado, os políticos passam essas culpas, mas entram em estado de negação.

E quando um devedor entra em negação, explica o psicólogo Phil Tyson, passa a estar “emocionalmente vulnerável e provavelmente assustado (...). Os credores vão explorá-lo se não agir depressa”. Tivemos o PEC2 e não chegou. A chave para inverter o ciclo, diz o psicólogo, é inverter o estado de negação. “Enquanto você permanecer em negação, permanecerá vulnerável”, aponta. Assim esteve o País até José Sócrates reconhecer que tinha o problema de dívida que Manuela Ferreira Leite diagnosticou antes das eleições de 2009. O socialista António Vitorino disse ao Diário Económico que “o Governo despertou tarde para o problema da soberana”. Foi preciso o orçamento de 2011 e parece que não chega.

O psicólogo Tyson aconselha os endividados que o procuram no consultório a encontrar ajuda especializada num gestor de dívidas: “Os credores deixarão de o incomodar quando perceberem que você controla a situação”. Ainda não é o caso em Portugal, porque os credores desconfiam da execução orçamental No caso dos países, isto tem outro nome: fundo de estabilização da União Europeia e Fundo Monetário Internacional. Será que só uma intervenção de fora acabará com a nossa tendência psicológica para o endividamento?

Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Desculpas esfarrapadas

11 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

O Governo controlou o défice público de 2008 à custa de receitas extraordinárias e falhou as metas de execução orçamental para 2009 e 2010. Com este pobre currículo, não devia haver dúvidas sobre quem tem as principais responsabilidades pelo facto de o preço a que os credores estão dispostos a emprestar dinheiro a Portugal esteja em subida.

Ainda assim, a tese mais recente para desculpabilizar a dupla José Sócrates-Fernando Teixeira dos Santos garante que a principal culpada pela situação é a chanceler alemã, Angela Merkel, por não querer que sejam apenas os contribuintes alemães, entre outros, a pagarem a factura pesada dos erros alheios. Incompetência na gestão dos dinheiros públicos é coisa que não falta em Portugal. E criatividade para inventar desculpas também não.

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A violência calculista

:: Guarda-freio: J.

Nos dias que correm, uma manifestação legítima e ordeira não chega. Como já nos habituámos a ver quando há grandes cimeiras internacionais, é preciso manipular, criar agitação, provocar a violência policial e, melhor ainda, arranjar mártires. Porque é assim que se conquista a atenção das televisões e se ganha o direito a que actos de pura barbárie sejam vendidos como "ira" e "revolta" genuínas.

Ontem, em Londres, 200 delinquentes, provavelmente espicaçados por peritos em "agitprop", assaltaram uma sede dos "tories". Os próprios organizadores do protesto contra o aumento das propinas universitárias se confessaram envergonhados com o comportamento de uma minoria de participantes num evento até aí pacífico que mobilizou, dizem os jornais, 52 mil pessoas.

A complacência perante a actuação desta gente não é tolerância democrática, é cobardia. E a cobardia é corrosiva para as democracias.

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Quem anda a tramar Fernando Nobre?

10 novembro 2010 :: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Há uns dias a SIC noticiava que o candidato à Presidência da República Fernando Nobre ia ser despejado por falta de pagamento da sua sede de candidatura em Lisboa, havendo uma dívida que ultrapassava os cem mil euros.

Ontem o Expresso online noticiava que Nobre tinha pago uma parte da dívida em dinheiro vivo: “dez mil euros em dinheiro e mais dez mil no dia seguinte”. Em notas. Em cash.

Hoje o DN revela que a sede de candidatura onde Nobre está instalado pertence a um antigo traficante de armas, que chegou a estar preso, relatando-se algumas ligações, negócios e actividades do passado do senhorio. Omite-se na notícia qual a ligação – se a há – entre estes factos e o candidato.

Alguém anda a querer tramar Fernando Nobre.

Gastar, gastar...

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Numa choldra como esta tudo é possível. Num País não seria bem assim. A uma semana da cimeira da Nato em Lisboa, "há material que já chegou" e "durante esta semana prevê-se a chegada de duas das cinco viaturas blindadas", disse o director nacional da PSP.

No fundo, a irresponsabilidade é da Nato, ao deixar que um País amador como Portugal organize uma cimeira destas.

A PSP vai gastar cinco milhões de euros em blindados, quando os carros da polícia são o que nós sabemos. Ainda há material que vai chegar, gostava de saber quanto tempo de treino vão ter os homens da PSP antes de o utilizar.

A GNR também teve de comprar blindados caros e à pressa, sem concurso, para ir a correr para o Iraque em 2003. Os blindados da Iveco andam por aí, mas ninguém se lembrou de os ir buscar, ou não ficam bem no décor do Parque das Nações? Parece que estão de prevenção, mas nos dias que correm será que a PSP precisa mesmo de blindados? Ou é para acautelar eventuais riscos de levantamentos sociais que se avizinham?

Estamos a isto

09 novembro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Despertadores, precisam-se no Rato!

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Ontem à noite, à entrada para a reunião na Comissão Política da candidatura de Manuel Alegre, o Presidente do PS Almeida Santos admitiu ser "verdade que o partido ainda não acordou para a campanha [de Alegre]".

Ontem de manhã António Vitorino, em entrevista ao Diário Económico, afirmou que “o Governo acordou tarde para problema da dívida soberana”.

Vamos acordar, seus marotos ensonados?! Vá… Que o ponteiro já marca 7...

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Os amigos do clube Campos

:: Guarda-freio: J.

O Ministério das Obras Públicas afirma que os dois administradores que nomeou para o grupo CTT "têm vasta experiência de gestão no sector público e privado, bem como em multinacionais". Com este perfil, há muitos mais quadros por esse país fora capazes de assumirem aqueles cargos mas, bem vistas as coisas, só falham num ponto: não são "amigos do PS". Ou, simplesmente, não são amigos ou ex-sócios de Paulo Campos, o secretário de Estado que, quanto a distribuir "tachos", não restam dúvidas de que é amigo dos seus amigos.

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Vitorino: Sleeping Baby

08 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

António Vitorino disse ao Económico que o "Governo despertou tarde para o problema da dívida soberana". Significa que, enquanto Manuela Ferreira Leite não falava de outra coisa, Vitorino também estava a dormir quando coordenou a elaboração do defunto programa do PS para as legislativas de 2009.

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Burn

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Depois de um primeiro raid pelo site da Burn, um projecto novo de fotojornalismo (e não só), aqui fica o link.
Não há só a morte lenta do papel.

Madrid, 5 Novembro 2010, David Alan Harvey, Burn

Crime, disse ele

07 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Depois de ter visto e ouvido tanta coisa, já nada me devia espantar, mas uma tendência inata para a ingenuidade leva-me a ainda ficar surpreendido com coisas como esta: não entendo o que passa pela cabeça de um líder político para ter ideias assim e dizê-las em público, sem a seguir cair para o lado morto de vergonha. A sorte, é que como nós já não acreditamos quando eles falam a sério (na melhor das hipóteses fingimos acreditar, supremo cinismo), também não acreditamos quando dizem coisas a gozar. É um discurso sem sentido, popularucho, que alguns taxistas achariam óptimo, mas que não se pode levar a sério, porque se não for brincadeira é grave.

Vejamos então quem ia preso, porque é isso que acontece a quem comete crimes: António Guterres ia preso pelo descontrolo das contas públicas, por ter conduzido o país ao pântano, e por não ter feito políticas anti-cíclicas em tempo de vacas gordas; Durão Barroso por ter deixado o Governo a Santana e por ter apoiado a invasão do Iraque com base em premissas falsas; Manuela Ferreira Leite por ter desbaratado a rede fixa da PT; Santana por ter deixado que um Governo tivesse chegado a um descrédito nunca visto; José Sócrates por ter mentido sobre o défice ao longo de 2009 e pela situação de 2010/11; Cavaco ia preso por não ter feito nada contra as políticas de Sócrates (cumplicidade) e por tudo o que correu mal nos 10 anos da sua governação; para Pedro Passos Coelho havia arranjaria facilmente um motivo para ele também ir preso, razão pela qual aquele discurso é grave, perigoso, e por agora para rir.

Bom, mas há onde esta ideia já esteja a fazer caminho.

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Grant Park: um vitória que durou apenas dois anos

05 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

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Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (18)

04 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Pusemos Cavaco no divã... e ele disse o que pensa de Sócrates



Aníbal Cavaco Silva costuma falar “dos políticos” como se fossem “os outros”, uma casta diferente da sua, a dos economistas, apesar do próprio estar na política activa há mais de 30 anos. O Presidente e recandidato a Belém,nunca diz o que pensa de José Sócrates, esse “político”, mas há uma maneira de descobrir.

Vamos usar a regressão, uma técnica central da psicanálise, para entrarmos no pensamento profundo de Cavaco Silva e descobrir a sua verdadeira opinião sobre o primeiro-ministro. Deitamos Cavaco no divã e vamos regredir até 1978: as perguntas deste texto são fictícias; mas as respostas são transcrições exactas de um texto escrito por Cavaco Silva nesse ano (quando nunca tinha exercido cargos políticos), com o título “Políticos, burocratas e economistas”, publicado na revista Economia, depois de ter participado num colóquio em Hamburgo.

José Sócrates tem sacrificado os interesses do País à táctica eleitoral?
“A ideia do político como criatura dedicada à prossecução dos interesses da sociedade como um todo é hoje considerada um mito pela generalidade dos economistas.”

Isso não faz sentido: todas as boas decisões para o País tomadas por Sócrates deviam render votos ao PS, não acha?“O facto da permanência no poder (...) constituir o principal objectivo dos políticos poderia conduzir a que as decisões tomadas na base do seu interesse pessoal fossem também consistentes com a maximização do bem estar social. Contudo, as imperfeições do mercado político do mundo real fazem com que as divergências possam ser significativas”.

Como viu a campanha de 2009, em que Sócrates parece ter ocultado o valor do défice: dizia que era 5,6% e logo a seguir às eleições assumiu que era 8% e acabou em 9,3%?
“Um importante factor de imperfeição do mercado político reside na possibilidade que os políticos têm de controlar a informação que fornecem aos cidadãos sobre os custos e benefícios das diferentes alternativas, exagerando-os ou escondendo-os conforme o seu interesse pessoal”.

Qual a sua opinião sobre as Parcerias Público-Privadas?
“Os políticos tendem a favorecer as opções cujos benefícios se concentram no curto prazo e em que a maior parte dos custos são diferidos”

É isso que pensa do TVG, novo aeroporto de Lisboa ou dos novos hospitais?“Quando os políticos realçam os verdadeiros benefícios produzidos por um projecto a cuja realização estão associados, procuram deixar na penumbra os custos suportados, assim como as alternativas que foram rejeitadas, porventura com maior benefício social líquido”

Na sua opinião, por que razão é que José Sócrates tem sido tão relutante em recuar nas grandes obras públicas?“A imperfeita informação que caracteriza o mercado político faz ainda com que seja mais rentável para os políticos a apresentação de novos projectos e o lançamento de grandes obras públicas, o que certamente é publicitado pelos meios de comunicação social (...), do que promover a execução e administração eficiente de programas públicos, o que não atrai grandemente a atenção dos jornalistas”

Como é possível que os conselheiros do Governo e na administração pública ninguém se tenha preocupado com o crescimento da despesa?“Os burocratas, não menos do que os políticos, procuram satisfazer os seus objectivos privados e não os da sociedade como um todo. (...) Os burocratas rejeitam os economistas, embora não o digam aos políticos, e actuam segundo os seus próprios objectivos, entre os quais se encontram, certamente, a detenção de formas de poder sobre outros grupos, promoção pessoal e maiores compensações materiais”

Porque é que o senhor está sempre a evidenciar o facto de ser economista?“O economista que consegue evitar um só erros da administração pública terá beneficiado a colectividade em muito mais que a totalidade de recursos que consome durante toda a vida”

Não vai dizer que sente satisfação pelo facto de estar a acontecer aquilo para que avisou há anos: a insustentabilidade do crescimento do “monstro” da despesa pública...“Face à ignorância a que políticos e burocratas têm votado muitas das recomendações da análise económica, os economistas têm retirado ultimamente algum conforto (ou mesmo vingança) do facto de várias medidas tomadas contrariando essas recomendações terem sido largamente criticadas ex-post, por se revelarem claramente inoperantes, ineficientes e anti-económicas”.

PS: É claro que também é muito divertido ler este texto à luz do que foi o Cavaco político como primeiro-ministro e agora como Presidente da República...

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Alô?! Senhores do TPI?!

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

No seu livro de memórias, que vai ser publicado na próxima semana, George W. Bush conta a sua versão dos oito anos que passou na Casa Branca (2001-2009). O "Decision Points" não é apenas um livro de memórias; pretende ser um exercício de justificação das principais e mais polémicas decisões que tomou. Promete, assim, ser um best seller.
Devia ser lido por analistas, políticos, académicos, jornalistas, etc. Mas também pelos Procuradores do Tribunal Penal Internacional, tendo em conta as revelações e confissões assumidas na primeira pessoa.

A pré-publicação do livro, feita pelo New York Times, revela dados espantosos.
Bush admite ter cometido muitos erros e um falhanço total em detectar armas de destruição maciça no Iraque. Diz mesmo que ainda hoje fica com o "estômago às voltas" por não ter encontrado essas armas de destruição maciça. "Ninguém ficou mais chocado que eu, quando não encontrámos essas armas. Sentia-me doente cada vez que pensava nisso. E ainda sinto. Ainda hoje fico com o estômago às voltas".

A sequência de factos revelados acerca da invasão do Iraque é surpreendente: "Senti-me como um capitão de um barco a afundar-se", revela Bush, que confessa que se referia ao seu braço direito Dick Cheeney como sendo o "Darth Vader da Administração".

No livro, Bush assume ainda que autorizou a CIA a aplicar o método de tortura do "afogamento" em suspeitos de actos de terrorismo ligados ao 11 de Setembro.

Era mesmo muito bom que os senhores do TPI lessem bem estas confissões. Já vi gente ser julgada por muito menos.

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Óscar do cinismo 2010

03 novembro 2010 :: Guarda-freio: J.

Depois do elogio de Sócrates à intervenção de Manuela Ferreira Leite, hoje, no Parlamento, só faltou ao líder do PS confessar que, se pudesse voltar atrás, votaria no PSD nas legislativas de 2009.

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OE e submarinos: falta de sentido de Estado

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Há coisas que um primeiro-ministro não pode dizer, mesmo que as pense. O uso que José Sócrates fez ontem dos submarinos para atacar Paulo Portas revela ausência de sentido de Estado e desconsideração pelas Forças Armadas, sobre as quais tem especiais responsabilidades. Primeiro, porque a compra dos submarinos foi decidida por um Governo do PS. Segundo, porque quando Portas chegou à Defesa, o concurso estava praticamente adjudicado e ele até baixou a quantidade da encomenda (de dois para três submarinos). Terceiro, porque, mesmo na oposição, o PS nunca criticou a aquisição dos submarinos. Apoiou-a. Podem criticar-se todas as decisões de Portas ao longo do processo de aquisição, mas a opção de fundo teve sempre o apoio do Bloco Central + CDS. Também não cola a questão da despesa ter aparecido agora de surpresa, pois há anos que se sabe que, sem o outrora famoso leasing operacional - que diluiria a despesa em rendas ao longo dos anos -, os submarinos eram para pagar de imediato.

A argumentação de Sócrates seria válida se acusasse Portas de incompetência na gestão do processo, mas não foi isso que fez. Poderia fazê-lo, por exemplo, com propriedade, no dossiê dos blindados de rodas Pandur que é um caso escandaloso, mal explicado e grave sob muitos pontos de vista e da total responsabilidade de Portas. Ao questionar a opção de base, José Sócrates diz pela primeira vez que é contra a manutenção da capacidade submarina de Portugal, o que é legítimo, mas tem a ver com opções estratégicas relacionadas com a soberania do País sobre as quais nunca se manifestou.

Mais: há dezenas militares a operar os submarinos, que estão às ordens do Governo para arriscar a vida em operações se o poder político assim o entender. José Sócrates não pode dizer o que disse dos submarinos ontem,e amanhã ser confrontado com a necessidade de mandar um submarino disparar um míssil sobre um alvo no estrangeiro, para libertar reféns ou outra coisa qualquer. Pela sua natureza, por estarem ao serviço das opções políticas mais sérias e graves, as Forças Armadas devem ser tratadas, já não digo com respeito, mas com sentido de Estado e de responsabilidade. E ontem, Sócrates, embalado pelo verbo fácil, não esteve à altura.

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Spinners à beira de um ataque de nervos

02 novembro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

É sempre comovente ver um spinner anónimo preocupado com a suposta eficácia do spinning alheio – mesmo quando não sabem (e deveriam saber) se um jornalista está a seguir esse spinning alheio. Mesmo quando não sabem sobre o que estão a escrever.

Ponto 1: os agregados com declarações acima de 66.045 mil euros brutos de rendimento anual ficaram de fora do acordo. Não são 50 mil, nem 1% – vocês estão enganados. Vejam os escalões do IRS para 2011, depois vejam as estatísticas do IRS. Ponto 2: a manutenção dos actuais limites para as deduções fiscais beneficiam tendencialmente mais em termos relativos ( re-la-ti-vos) quem tem menores rendimentos – no limite, e dependendo dos pressupostos assumidos nas simulações (do i, do Jornal de Negócios, etc. etc.), o impacto relativo chega a ser semelhante. Ponham lá o staff pago pelo erário público a fazer as vossas continhas e deixem de perder o vosso e o meu tempo. É que isto de debater com gente sem cara e sem argumentos não tem grande piada.

Passos Coelho e a angústia orçamental

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

"Eu, aflito, às voltas. Voto, não voto... Não, não posso votar. Passado um bocado, lá vem, de novo, o funcionário. Com nova anotação do primeiro-ministro. E essa, tive de aceitar. Não era totalmente aquilo que eu queria, mas tive de aceitar".

Pedro Passos Coelho, no livro "Mudar", sobre a aprovação do Orçamento de 1994, quando era líder da JSD e o primeiro-ministro Cavaco Silva. A questão eram as deduções fiscais das propinas.

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Muito barulho por nada

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

O início do debate sobre o Orçamento do Estado para 2011 é mais um sinal claro de que esta legislatura não vai chegar ao fim. O primeiro-ministro cola o PSD ao Orçamento, fala de cálculo eleitoral e recupera a proposta laranja de revisão constitucional e o discurso do Estado Social. O PSD avisa que não vai haver terceira oportunidade e diz que só viabilizou pelo interesse nacional. Só uma hora depois do início do debate é que alguém - Paulo Portas - perguntou algo concreto sobre o Orçamento (sobre o TGV: uma pergunta a que Sócrates não respondeu). Até às 11:20 houve muita gritaria, mas ninguém perguntou onde vai o governo buscar os 500 milhões de receita que perdeu no acordo. A crise política não foi adiada - ela existe. Haverá eleições até ao início de 2012.

Indignação abrantina instantânea

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Não, meu caro - não. Se tivesse lido o texto - como creio que compete ao desempenho das suas funções (não as de blogger, as outras) - perceberia o alcance do título em causa. Mas eu explico: uma vez que o peso dos benefícios fiscais é maior, em termos relativos, para as pessoas com menores rendimentos (a partir do 3º escalão), a manutenção dos actuais tectos, ao contrário do previsto na proposta inicial de OE, alivia mais em IRS quem ganha menos. É a esse alívio que o título alude. O meu caro, nas suas múltiplas personalidades, anda nervoso. Eu percebo. Deve ser também por isso que lhe escapou a mão no recorte que publicou no seu distinto blogue, expondo inadvertidamente o meu nome - apesar de muito me honrar com a distinção, tenta manchar o meu trabalho. E isso é que não pode ser. Fica o esclarecimento.

Presidenciais: Cavaco organiza a campanha em Belém?

01 novembro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Uma declaração de Eduardo Catroga passou despercebida este fim-de-semana. Quando contou ao Expresso que foi a Belém reunir-se com Cavaco, para o "convidar para as mesmas funções que já tinha tido na candidatura anterior: as de fund raising".

Cavaco é um institucionalista, mas pelos vistos organiza a sua campanha presidencial recebendo amigos no Palácio de Belém, para o ajudarem na reeleição. Não há um mal absoluto nisso nem é uma falta gravíssima, mas é bom registar que nem sempre o professor separa totalmente as águas entre a função do PR, acima de todos os interesses, e o seu interesse pessoal.

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