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elevador da bica

Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (19)

A psicologia da nossa dívida
Portugal tem tendência para se endividar como as pessoas que sofrem de baixa auto-estima.

Quem sofre de fraca auto-estima tem mais tendência para se endividar. A baixa auto-estima é uma doença nacional diagnosticada há muito, por isso, não admira que o endividamento seja hoje o principal problema do País. Os países são como as pessoas.

“Projectamos muitas vezes no dinheiro o poder de satisfazer fantasias, acalmar os nossos medos e atenuar o nosso sofrimento”, anota o site inglês Credit Choices, especializado em aconselhamento a consumidores ultra-endividados. “Achamos que podemos comprar tudo, da esperança à felicidade e tornamo-nos determinados em comprar a vida com a qual sonhámos”.

Portugal tem comprado a vida com que sonhou desde 1974. Modernizou-se. Entrou no clube dos europeus ricos. Cobriu a falta de auto-estima com dinheiro a “fundo perdido” de Bruxelas. A seguir teve mais dinheiro a taxas de juro baixas para imaginar que não era pobre. O País comprou a felicidade – auto-estradas, casas, pontes, comboios, rotundas, carros, cursos de formação, viagens – para ser como os do “pelotão da frente”, na antiga linguagem cavaquista. Queríamos ser alemães.

Esta narrativa política para um País como Portugal, encaixa naquilo que o psicólogo britânico Phil Tyson diz no seu blogue sobre os indivíduos que gastam de mais: “Consumir uma marca é algo que, de certo modo, nos permite sentir parte de uma narrativa maior. É claro que as narrativas são poderosas, prometem juventude, saúde, beleza, saúde e infindáveis triunfos sexuais.” E é claro que narrativas eleitorais poderosas como a construção do TGV, do novo aeroporto, da terceira ponte sobre o Tejo fazem sentir-nos parte do mundo desenvolvido e “moderno”, em linguagem socrática recente.

Mas o que encoraja uma pessoa a continuar a comprar a crédito nas lojas caras quando já está endividada até aos cabelos? “É olhar para o futuro e subestimar os sacrifícios na hora de fazer os pagamentos”, explica o psicólogo Phil Tyson. Em Portugal, o fenómeno psicológico foi assim. O segredo era diluir os custos: os submarinos iam ser pagos em leasing operacional ao longo de anos, as auto-estradas não tinham custos para o utilizador, as Parcerias Publico-Privadas iam diluir o esforço pelo futuro, as grandes obras seriam a panaceia contra o desemprego.

Mas acabou-se. Já ninguém quer emprestar dinheiro a uma criatura endividada que não produz o suficiente para pagar o empréstimo de volta. Como uma pessoa que falha o pagamento de uma prestação, o País sente-se culpado, os políticos passam essas culpas, mas entram em estado de negação.

E quando um devedor entra em negação, explica o psicólogo Phil Tyson, passa a estar “emocionalmente vulnerável e provavelmente assustado (...). Os credores vão explorá-lo se não agir depressa”. Tivemos o PEC2 e não chegou. A chave para inverter o ciclo, diz o psicólogo, é inverter o estado de negação. “Enquanto você permanecer em negação, permanecerá vulnerável”, aponta. Assim esteve o País até José Sócrates reconhecer que tinha o problema de dívida que Manuela Ferreira Leite diagnosticou antes das eleições de 2009. O socialista António Vitorino disse ao Diário Económico que “o Governo despertou tarde para o problema da soberana”. Foi preciso o orçamento de 2011 e parece que não chega.

O psicólogo Tyson aconselha os endividados que o procuram no consultório a encontrar ajuda especializada num gestor de dívidas: “Os credores deixarão de o incomodar quando perceberem que você controla a situação”. Ainda não é o caso em Portugal, porque os credores desconfiam da execução orçamental No caso dos países, isto tem outro nome: fundo de estabilização da União Europeia e Fundo Monetário Internacional. Será que só uma intervenção de fora acabará com a nossa tendência psicológica para o endividamento?

Crónica publicada no site da SÁBADO.

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