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elevador da bica

Os retratos do poder

30 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Platon, fotógrafo da New Yorker retratou dezenas de chefes de Estado na última Assembleia Geral das Nações Unidas. O resultado, comentado pelo próprio num portefólio interactivo no site da NY é fascinante. As histórias de Berlusconi, Kadhafi, Gordon Brown são óptimas. Para mim, as melhores fotos são as de Zapatero e de Rupiah Banda, da Zambia. Sócrates não aparece.

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A difícil equação de Sócrates

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Com mais umas quantas destas, como a do adiamento do Código Contributivo, votado pelas oposições, creio que este Governo não passará do Verão (Cavaco deixa de poder dissolver a AR em Setembro) contrariando as previsões do professor MRS. Vamos ver, vamos ver se Sócrates arrisca eleições com uma liderança fresca no PSD e suspeitas assombrando-lhe a reputação ou se prefere um pântano parlamentar e um Governo que nem governa amarrado a "casos" nem pode governar porque ninguém deixa.

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Dubai: o fim da euforia na economia que nada produz

27 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes


Em reportagem no Dubai, em Novembro de 2007, visitei um estaleiro de construção de 40 torres com mais de 30 andares, destinados a apartamentos, a escritórios e a lojas. Estava tudo a ser construído ao mesmo tempo, à velocidade da luz. O engenheiro responsável pela obra explicou-me que aquilo não era nada: uma vez tinham-lhe pedido para fazer uma torre em forma de livro deitado, toda ela giratória (projecto em que ainda pensou, mas recusou por motivos técnicos). Essa seria mais uma extravagância a somar às ilhas artificiais em forma de palmeira (o meio que o pequeno Emirato arranjou para multiplicar a terra comercializável), aos maiores centros comerciais do planeta, à torre mais alta do mundo e ao hotel mais caro (etc. etc.).


Nada disto, está claro, podia resultar. Simplificando até ao limite, o Dubai é uma economia de serviços – o petróleo pesa 4% no Orçamento, ao contrário do que se passa no realmente rico Abu Dhabi – que não produz (nem inova) quase nada. Tem uma população local pouco preparada e estragada por dinheiro fácil e rápido – afinal, há apenas algumas décadas eram nómadas e pescadores – que paga bem pelo conhecimento dos estrangeiros (e explora a mão-de-obra barata da Índia, Paquistão e Bangladesh). Por outro, acumulou uma dívida enorme para financiar, lá está, uma economia de imobiliário, consumo e turismo. Depois da Islândia, era uma questão de tempo até a crise financeira asfixiar o Dubai, que fica agora nas mãos dos poderes vizinhos (que deixaram cair o Emirato), esses sim com petróleo, gás e dinheiro.


Portugal é uma economia com grandes diferenças face ao Dubai, mas a situação serve de exemplo. O peso dos serviços na economia do shopping center portuguesa é de 70%; desta fatia, uma percentagem mínima (cerca de 5%) é exportável, o resto é motor de consumo interno (e importações e endividamento). Portugal tem também uma dívida cada vez maior (a total, directa e indirecta, já deverá exceder 120% do PIB). A grande vantagem? Portugal pertence ao clube da zona euro, que exige a consolidação orçamental criticada por muitos, mas que não deixa cair um dos seus membros em incumprimento – uma garantia que, como tudo na vida, terá seguramente um limite e um prazo de validade.

Visto do Elevador

26 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Grande reportagem com vídeo e fotos sobre a crise financeira mundial (não perder o link "Introduction"), encomendada pela Reuters à MediaStorm. A infografia é também grandiosa.

Corrupção: começa-se de pequenino

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O PSD vai agendar no dia 10 um debate parlamentar sobre corrupção. É claro que o fenómeno atravessa a sociedade e o PSD não é imune.

Mas nesta história mais ou menos tétrica - que mete ameaças, carros incendiados, actas roubadas, dinheiro desviado, cães a envenenar -, percebemos como é que eles começam, de pequeninos, a traficar em Juntas de Freguesias, para depois crescerem e fazerem o mesmo à grande. Este caso é como PSD.

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Índice de citacionismo

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

JOSÉ SÓCRATES - "Isto está a passar todas as marcas"

VIEIRA DA SILVA - "O que motiva essas forças e essas pessoas que estão por detrás do que me parece ser uma ilegalidade não é qualquer averiguação relativa a qualquer processo de corrupção, é pura espionagem política"

FRANCISCO ASSIS - "Assistimos nas últimas semanas a uma tentativa clara de decapitação política do Governo e do PS, feita de uma forma totalmente inaceitável, procurando politizar um processo judicial e fazer a judicialização da vida política"

Todas com 20 valores no índice de confusão na separação de poderes, pressões sobre o poder judicial, e estanhas acusações do PS aos investigadores do Ministério Público, Judiciária e a juízes.

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Da série "De resto tudo bem" – 5

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

O défice orçamental rondará 8% do PIB este ano, a dívida pública total (directa e indirecta) aproxima-se de 120% do PIB, a economia deverá crescer abaixo de 1,5% nos próximos cinco anos. Perante isto, o governo garante que é possível manter o compromisso com os portugueses (não subir os impostos) e com Bruxelas (trazer o défice para 3% em 2013). Perante isto, a oposição mostra alarme e garante que não deixará subir os impostos. Entretanto, só durante o dia de ontem, o PCP pediu o fim do pagamento de propinas, o BE exigiu reforma por inteiro para quem desconta 40 anos e o PSD gritou por mais dinheiro para segurança pública em 2010.

No fundo, governo e oposição até estão a fazer o que o governador do Banco de Portugal, a Comissão Europeia, as agências de rating, os economistas e toda a gente que paga impostos lhes pede: os políticos portugueses estão mesmo a discutir medidas do lado da despesa. Agora só falta que alguém lhes explique que a ideia destas medidas é reduzir a despesa.

De resto tudo bem.

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Lido no Elevador

24 novembro 2009 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

A separação dos Beatles não foi um espectáculo bonito. Tensões crescentes entre os membros do grupo, em especial entre Paul McCartney, John Lennon e George Harrison, com a presença constante de Yoko Ono nos estúdios, interferindo, mesmo através do seu silêncio, no trabalho da banda, ditaram o princípio do fim.

Para além da degradação das relações pessoais, os Beatles entraram em divergência quanto à condução dos seus negócios, em estado caótico desde a morte de Brian Epstein, o "manager" que tinha acompanhado os "fab four" desde o início da carreira. A escolha de um gestor que colocasse a casa em ordem, a Apple Corps e o grupo de empresas que controlava, foi um ponto decisivo de conflito. De um lado, Lennon, Harrison e Ringo Starr, que apostavam em Allen Klein. Do outro, isolado, McCartney, que defendia o sogro, pai de Linda Eastman, para tomar conta dos negócios da banda.

A partir daqui, seguiram-se longos anos de processos judiciais que Peter Doggett descreve em "You Never Give Me Your Money - The Battle For The Soul Of The Beatles". Pela obra se percebe como os quatro elementos da banda que dominou os anos 60 tinham um talento para os negócios inversamente proporcional ao que demonstraram no plano musical.

Investimentos ruinosos, anarquia nas finanças, desconhecimento sobre quem, de facto, era detentor dos direitos de autor sobre as canções, exposição aos mais diversos oportunistas interessados em fazer fortuna à custa dos músicos, o livro de Doggett é um desfiar de factos e histórias que, muitos anos após a separação oficial, em 1970, continuaram a impedir os quatro heróis de Liverpool de se libertarem de um fardo pesado.

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A propósito de Sarah Palin

23 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos




Via jornal i

É um trabalho difícil, mas alguém tem que o anunciar

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Ah, pois é. Afinal havia outra – e nós sem nada saber sorríamos.

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Retratos da América - 3

21 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: VM
Estava no Michigan, quando soube que Sarah Palin ia dar um comício em Troy, no Ohio. No mapa pareceia perto. Era só atravessar o estado do Indiana. Digitei a morada no GPS: seis horas de estrada. Porreiro, pá. É como de Lisboa a Madrid, nada de especial. Deitei-me às nove da noite e fiz-me à estrada à uma da madrugada...


Foto: VM
Conduzi a noite toda, a ouvir blues na rádio por satélite. Cheguei a Troy pelas sete da manhã. O frio manteve-me acordado. O povo fazia fila apanhando geada à porta do pavilhão de hóquei no gelo, vedado pelo Serviço Secreto. Palin havia de chegar ao meio dia.
Foto: VM
Enquanto Palin não chegava, havia uma sósia de Palin a dar entrevistas a todas as televisões regionais. Uma mulher viu-me fotografar e achou que devia avisar-me, pobre estangeiro: "Olhe que esta não é a verdadeira Sarah..."

Foto: VM

Sarah Palin lançou ontem o seu livro Going Rogue, onde ataca o staff de John McCain. Uma espécie de vingança ou ajuste de contas, a preparar as primárias do GOP em 2012.
Os conselheiros republicanos criticaram a candidata a vice-presidente durante a própria campanha, através de fugas para a imprensa, por ela fugir à mensagem delineada - com gaffes e tiradas polémicas que acabavam por beneficiar Obama.

A verdadeira Sarah havia de chegar no meio de uma onda de comoção. Os políticos americanos são recebicos pelo povo como estrelas de rock. Em Troy, Palin discursou meia hora e passou uma hora a dar autógrafos, beijocando e falando com toda a gente sempre em pose de miss de liceu, cercada por agentes do Serviço Secreto. Só houve um interveniente com mais aplausos que a candidata: uma estrela de country, que tocou antes do discurso paliniano, e que gritou "I believe um Jesus Christ!"


Foto: VM
A outra estrela entre o povo republicano, era, claro, o First Dude do Alaska. A mulher apresentou-o assim, e desfiou-lhe o currículo de pescador, caçador e campeão de corridas de trenó. É o verdadeiro Amor no Alaska.
Fotos: VM
Estes dois amigos, republicanos até à medula, explicaram-me por que jamais votariam democrata. Primeiro, os democratas defendem o aborto e querem matar bebés; segundo, jamais votariam em quem lhes quisesse limitar o direito de possuir armas; terceiro, Obama é um socialista que quer transformar os Estados Unidos na União Soviética...

Foto: VM
Os comícios têm grande produção e aparato. Este ano as duas campanhas do PS - para as europeias e legislativas - não deviam nada ao aparato, conceito e organização dos comícios norte-americanos.

Foto: VM
Ir ao comício é como passar uma tarde no baseball ou no futebol. É um espectáculo para a família.

Foto: VM

Foto: VM

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SNS ou SOS

20 novembro 2009 :: Guarda-freio: Pedro Esteves

O primeiro-ministro disse isto, numa qualquer sessão comemorativa da Saúde: "é também através do SNS que queremos dar expressão ao valor da equidade, que todos paguem em função das suas possibilidades e recebam em função das suas necessidades".

Quer isto dizer que eu vou passar a pagar mais dois euros porque o meu hematoma é dois centímetros maior que o do vizinho? Ou vou passar a pagar menos dois euros porque o meu vizinho ganha mais cinco euros que eu? Não é este o modelo, grosso modo, da saúde privatizada?

A ministra e um ex-ministro apressaram-se a dizer que não, que esta frase não significa que está a ser preparado um novo modelo de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, apesar do fim das taxas moderadoras. A ministra foi até bem clara: o SNS "é pago pelo Orçamento de Estado, que é feito pelos impostos" e que os escalões do IRS já resolvem a questão de pagar "em função das possibilidades".

Ah, claro, os impostos. Essa fonte de receita que afundou no último ano... e que irá levar o Governo a "inventar" outras fontes de receita para cobrir, pelo menos, o fundo do buraco....

Hummm... pelo sim, pelo não, vou comprar já este fim-de-semana um kit primeiros-socorros e um pacote de aspirinas...

Crónica de um défice anunciado

19 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Em Outubro, ao apresentar um Orçamento que dizia de "rigor e prudência", o Ministro das Finanças estabeleceu um valor de 2,2% para o défice orçamental. Algumas semanas depois já admitia um valor acima e, em Janeiro, a equipa de Teixeira dos Santos reviu para 3,9%. Em Maio, perante o colapso da economia no primeiro trimestre do ano, voltou a rever a meta para o défice, desta feita para 5,9%. Desde essa altura, passando pelas eleições legislativas e chegando a Outubro, data de uma entrevista ao Semanário Económico, Teixeira dos Santos garantiu várias vezes o cumprimento desta meta. Há alguns dias – depois da Comissão Europeia ter apontado um valor de 8% para o défice – o ministro abriu no entanto a porta a um valor mais alto, dizendo que aguardava os dados sobre a execução em Outubro (em português corrente: já tinha os dados na mão e preparava a opinião pública). E hoje, voilá, volta a rever o valor do défice para esse tal valor próximo do indicado pela Comissão: 8%. Esta é a mesma pessoa que garante (experimentem, aliás, fazer uma busca por "Teixeira dos Santos garante" no Google) que não haverá subida da carga fiscal para financiar este descalabro. Estamos conversados.

E depois não querem que o homem fale em situacionismo

:: Guarda-freio: Adriano Nobre

20h00. Arranque dos telejornais.
SIC: "Governo aprova orçamento rectificativo".
TVI: "Governo apresenta orçamento rectificativo".
RTP1: "Portugal no Mundial".
Pois.

Coisas graves: Governo a condicionar o Sol

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

José António Saraiva, director do Sol, disse isto à SÁBADO:

"Uma pessoa do círculo próximo do primeiro-ministro e que conhecia muito bem a situação do jornal e a nossa relação com o banco BCP disse-nos que os nossos problemas ficariam resolvidos se não publicássemos a segunta notícia do Freeport".

Refira-se que em Janeiro, quando foram publicadas as notícias do Freeport, o jornal tinha o BCP como accionista e financiador, e naquele momento estava em grave situação financeira a negociar a entrada dos angolanos na empresa, processo que o BCP não facilitou.

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Santo Domingo

15 novembro 2009 :: Guarda-freio: Pedro Esteves

Portugal não é muito diferente dos países com uma valente marca judaico-cristã. Mas, no caso específico do dia da missa, é pior. Isto de ter uma pausa semanal fixa tem as suas vantagens. Aparentemente estamos todos de acordo. Por um dia, suspende-se a realidade. Ocupamos as nossas mentes com o futebol, com os passeios pela natureza, com a reclusão domicilária, com vidas ficcionadas, com a chuva, com bolos e chá. Mas não deixa de ser bizarro que, com o Portugal a arder, primeiro-ministro sob suspeita de atentar contra o Estado de direito, guerra civil na justiça, comunicados da PGR mais sugestivos que esclarecedores, de repente, neste cenário dantesco... toda a gente suspende funções, ideias, reflexões, decisões, reuniões, esclarecimentos. É uma recuperação daquela prática das guerras, em que se parava uns dias para recolher os mortos e tratar dos feridos. Neste caso, recolhe-se a dignidade morta, trata-se da dignidade ferida e, segunda-feira, pela fresquinha, recomeça-se a ser indigno com força renovada.

Não me lembro se sempre foi assim, mas não me lembro de me parecer tão surreal. Nos últimos tempos, parece-me que tem vindo a ser ainda maior o contraste entre o mundo real e o mundo suspenso ao domingo. Provavelmente pela mediatização galopante da sociedade, com jornais, rádios e fóruns de TV a ditarem o ritmo da sociedade, da política, da economia, das opiniões. Nalguns países, os jornais têm a sua edição mais rica precisamente ao domingo. Em Portugal, vai-se à missa, ao futebol e os jornais, as televisões e as rádios são apenas um repositório de informação nacional irrelevante. Única vantagem: o noticiário internacional ganha uma exposição inexistente nos outros dias, como que a dizer "Portugal está a descansar, vamos ver o que se passa por esse mundo fora". Uma pequena amostra do Natal, quando todos dissecamos ao pormenor uma enxurrada no Equador, novas explosões em Bagdad ou aquela criança de 12 anos que ainda usa chupeta numa cidade remota dos EUA.

Existe uma regra de ouro no crime organizado de inspiração cristã, seja a própria máfia, seja em gangs urbanos de Baltimore ou Detroit: não se mata no domingo de manhã. É o mínimo. Em Portugal, mata-se. E durante todo o domingo. Matam-se células cerebrais, de preferência na região do juízo crítico.

We've come a long way since Nixon

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

When President Obama visits China for the first time on Sunday, he will, in many ways, be assuming the role of profligate spender coming to pay his respects to his banker.
In a July meeting, Chinese officials asked their American counterparts detailed questions about the health care legislation making its way through Congress. The president’s budget director, Peter R. Orszag, answered most of their questions. But the Chinese were not particularly interested in the public option or universal care for all Americans.

“They wanted to know, in painstaking detail, how the health care plan would affect the deficit,” one participant in the conversation recalled. Chinese officials expect that they will help finance whatever Congress and the White House settle on, mostly through buying Treasury debt, and like any banker, they wanted evidence that the United States had a plan to pay them back. [New York Times]

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Retratos da América - 2

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: VM

Keith Lynch, o texano vizinho de Bush, levou-me então ao rodeo, em Waco. Primeiro, passei três horas na caravana dele, do tamanho de um camião TIR, a escrever o texto para mandar para Lisboa. À hora do rodeo, entrámos no recinto pela sala onde os cowboys se preparavam.

Foto: VM
No balneário, uns cowboys apreciam fotografias do último rodeo num computador portátil. Outros, concentram-se. Rezam. São atletas de um desporto de alto risco. Não sabem o que lhes pode acontecer dali a minutos. Podem partir-se todos. Ou podem ganhar um prémio superior a 40 mil dólares.

Foto: VM
Antes do espectáculo começar jura-se a bandeira dos Estados Unidos, canta-se o hino e reza-se a um Deus abstracto. O speaker congratula-se por viver num país onde todos podem rezar juntos, mesmo que tenham religiões diferentes.

Foto: VM

O rodeo é uma competição, um espectáculo, uma festa. Os americanos têm uma noção de entretenimento muito mais apurada do que os europeus. Homens de borracha montam cavalos e touros. Aquilo não parece humano.

Foto: VM





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Síndroma do Ministério da Economia

13 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Parece que quem se senta no gabinete da Rua da Horta Seca ganha uma tendência natural para o disparate.
Manuel Pinho foi para a rua por ter desrespeitado um órgão de soberania com um par de corninhos. Os corninhos que Vieira da Silva fez hoje ao Ministério Público e à Judiciária são um gesto menor que os corninhos de Pinho?
ADENDA: Santos Silva acaba de dizer na SIC que concorda com Vieira da Silva. A guerra contra o MP está a alargar-se a todo o Governo. Acabe como acabar, se acabar, isto não vai acabar bem.

Guerra civil

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O Governo está em guerra com o Ministério Público
(e com a Justiça em geral)

O Ministério Público está em guerra com os juízes
(e vice-versa, mais o bastonário da Ordem dos Advogados)

O Presidente da República está em guerra com o Governo
(a coisa das escutas, as outras, não passou, não passou...)

O Governo está em guerra com um Parlamento maioritariamente hostil
(pelo menos esta é o confronto saudável das democracias)

O PSD está em guerra permanente consigo próprio
(a autodestruir-se e a destruir o regime)

O PM está em guerra com os media que não são mansos
(e por todos os meios tenta asfixiá-los como pode)

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Vieira da Silva acusa Justiça de "espionagem política": ouvi bem?

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Ficamos agradecidos quando um membro do Governo é tão sincero e diz realmente o que pensa, porque isso hoje é raro em política. A guerra entre o Governo e o poder judicial deixa assim de ser uma aparência quando Vieira da Silva diz isto à Antena 1:

"Torna-se claro que o que motiva essas forças e essas pessoas que estão por detrás do que me parece ser uma ilegalidade não é qualquer averiguação relativa a qualquer processo de corrupção, é pura espionagem política"

Dissequemos esta declaração:

a) o ministro acha que as escutas são ilegais (há juristas a achar que são e outros a achar que não são);
b) acha que o Ministério Público e a Judiciária não estão a investigar a corrupção. A Justiça devia então escusar-se a investigar o sr. Godinho? Devia fechar os olhos a tudo o que tivesse a ver com as empresas do Estado e militantes socialistas? Não se percebe.
c) Pior do que tudo: segundo ele, a polícia e o Ministério Público estão a fazer espionagem política: em benefício de quem? A mando de quem? Com que objectivos? É uma acusação grave e a procissão ainda vai no adro.

Estamos a chegar a níveis berlusconianos: para Berlusconi, os juízes que o investigam são comunistas, para Vieira da Silva são espiões.

Isto quanto mais se bate no fundo mais abaixo ele vai.

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O que a face oculta

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Basta que uma das alegadas conversas narradas pelo Sol de hoje se confirme como constando nas escutas aos telefonemas entre Vara e Sócrates para termos um problema político muito grave - e aqui nem chega a entrar a questão judicial.

Se houve conversas sobre financiamento partidário, sobre o afastamento do presidente da Refer, sobre a secretária de Estado Ana Paula Vitorino, sobre a TVI e a PT, ou sobre a resolução dos problemas da Controlinvest, o primeiro-ministro vai ter de se explicar muito bem, publicamente, e de preferência no parlamento.

José Sócrates volta a resumir tudo isto a um insulto e diz que são apenas conversas entre amigos. Até acusa a justiça de fazer escutas ilegais, portanto, ele já tirou conclusões jurídicas definitivas do caso.

A questão é só esta: mesmo com amigos, sobretudo com determinado tipo de amigos, há conversas que um primeiro-ministro não tem...

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O mundo é pequeno

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

De facto, há coincidências. Isto anda tudo ligado e há sempre alguém que nós conhecemos que conhece alguém que nós conhecemos. E há gente a fazer negócios com muita gente que faz outros negócios com a mesma gente. Ao fim de uns anos, num determinado contexto, tudo se cruza e nós pensamos que isto anda tudo ligado e que as coincidências são demais. Esta lengalenga é por causa desta notícia do Expresso: Sócrates e Vara foram sócios numa empresa de um dos "amigos" da mala de António Preto.

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Retratos da América

12 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: Vítor Matos

Keith Lynch e a mulher são vizinhos de George W. Bush. O seu rancho em Crawford está na família desde o tempo do seu avô alemão, e faz fronteira com o de Prairie Chapel, do ex-presidente dos Estados Unidos (que no momento desta foto ainda o era). Lynch é um velho cowboy de 70 anos que andou por rodeos enquanto jovem a laçar vacas, cristão metodista como Bush e Democrata ao contrário do vizinho, porque os pais, dizia ele, aprenderam com a Grande Depressão que os Democratas tinham sempre de acudir para corrigir as asneiras dos Republicanos. Milionários de Dallas ofereceram-lhe fortunas pelo rancho só para dizerem que eram vizinhos de W., que no início da presidência ainda passava de carro e parava para ver Lynch ensinar os cães a guardar ovelhas, ou para o observar em manobras a cavalo conduzindo gado. Depois do 11 de Setembro, Bush deixou de passar na estrada. Vinha sempre de helicóptero.
Em meia hora fiz um amigo. Ao fim dessa meia hora de conversa, em que comi um delicioso hamburguer de barbecue e uma estranha cerveja sem álcool, meteu-me no seu truck, um jipe enorme e potente e levou-me para um rodeo em Waco, a 30 quilómetros de Crawford. He's never been to a rodeo before!, dizia ele aos amigos com um profundo sotaque mastigado do Texas, enquanto me apresentava como uma raridade e me sentava num lugar de luxo para ver o que são cowboys a sério.

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A politização inevitável

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Tal como escrevi uns posts abaixo (aqui e aqui), a questão de saber que conversas eram aquelas entre Sócrates e Vara são um problema político - independentemente da questão judicial. Manuela Ferreira Leite percebeu isso mesmo e arriscou-se na politização do caso, colocando a alavanca no ponto certo para levantar a pedra. Esta estratégia só tem um perigo, que é de poder um dia voltar-se contra o PSD, mas a ausência desse calculismo é de louvar porque senão dava a ideia que os políticos se protegem uns aos outros.

"Mas a verdade é que a actuação da Justiça e o silêncio do primeiro-ministro transformaram uma questão que podia ser apenas jurídica numa questão política", disse Ferreira Leite.

Parece-me que é do interesse público que o conteúdo das escutas que motivaram a extracção das certidões seja revelado, para acabar com as suspeitas de vez ou para que elas se convertam em certezas. Não podemos é continuar a desconfiar eternamente de um primeiro-ministro. Se isso for legalmente possível, o Parlamento deve chamar a si este problema, formando uma comissão de inquérito para apurar se há ou não motivo para investigar o teor das conversas entre Sócrates e Vara, caso a Justiça não funcione emaranhada na sua própria teia.

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Querida, querida, comprei uma nova TV!

11 novembro 2009 :: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

Para todos aqueles que, como eu, ainda têm um "mono" em casa chamado CRT, não há mês que passe que não se olhe para um daqueles televisores HD fininhos numa qualquer montra de loja de Audio/Video com ar apetitoso. Mas quando se toma a decisão que é finalmente altura de levar o monstro para o sótão deparamo-nos com a herculeana tarefa de escolher entre modelos e mais modelos e entre formatos e mais formatos. Para vos ajudar nessa árdua tarefa decidi fazer uma análise comparativa entre as ofertas* que temos hoje ao nosso dispor.

Plasma: A qualidade de imagem dos plasmas varia de marca para marca, por isso convém ler algumas críticas antes da decisão. Marcas de referência a preços razoáveis são Pionner e Panasonic. A maioria destes televisores consegue reproduzir pretos de densidade/qualidade muito próxima dos antigos CRTs. Isto é extremamente importante para quem gosta de ver cinema em casa, pois aproxima muito a imagem que se vê daquela que percepcionamos da realidade e da que estamos habituados a ver numa sala de cinema. A reprodução da cor e o ângulo de visão é superior aos restantes formatos (LCD e LED). Em contrapartida, a resolução nativa dos plasmas é normalmente inferior à dos seus congéneres no que diz respeito a tamanhos de ecrã semelhantes. Isto pode influenciar a compra se estivermos a pensar utilizar muito a TV como monitor para computador. Os plasmas têm também um ecrã reflectivo o que em algumas circunstâncias (usado no exterior, por exemplo) pode representar um problema.

LCD: Estes são extremamente populares e são normalmente mais baratos, devido a uma maior variedade e quantidade na oferta. Se o objectivo em comprar uma tv hd, sem pensar muito na coisa, esta é a solução mais imediata. Não há marca que não tenha um LCD no seu catálogo, desde os magníficos Ambilight da Philips aos excelentes e baratos modelos da Samsung. Se, no entanto, estivermos a pensar em ecrãs de dimensões grandes (superiores a 60") aí as coisas mudam de figura e os LCDs podem ser bem mais caros que os plasmas. Em termos de pretos, os LCDs têm uma história de fraca performance. Basta compararem uma imagem que tenha pretos ou sombras escuras com os lados da TV se esta for preta. Vão ver que nunca há pretos carregados, mas sim cinzentos escuros (isto deve-se à imagem ser iluminada por trás). O ângulo de visão também desce consideravelmente em comparação com os plasmas. Aquele mito de se conseguir ver um LCD de todos os lados não passa disso mesmo, um mito. Em termos vantajosos, temos a questão da resolução, o facto de haver uma maior oferta e variedade de tamanhos de ecrã, um preço apelativo e o facto de os LCDs não sofrerem do perigo de burn-in (caso em que uma imagem que é reproduzida durante muito tempo – como os logótipos dos canais – fica "gravada" na TV para sempre). Este perigo ainda persiste nos plasmas, ainda que as diferentes marcas tenham arranjado formas de contornar o problema. Mas convém tomar medidas para que isto não aconteça.

LED: Os LEDs não são a revolução que se pensa. É preciso ter em conta que são apenas um sucedâneo dos LCDs. Apenas a tecnologia que ilumina a TV muda, o que permite que existam ganhos na espessura do ecrã, na qualidade da imagem que produzem e no consumo de energia. Ainda não conseguem a qualidade de pretos e reprodução de cor dos plasmas, mas aproximam-se mais do que os LCDs. O principal ganho está na espessura do ecrã que pode medir tão pouco como 29,1 mm, o que permite pendurá-los tal como se fossem uma moldura. Em termos de instalação, não há melhor. No entanto, são também os mais caros dos três e o tamanho do ecrã ainda é limitado (40" para baixo). O ângulo de visão tende a ser inferior do que o dos LCDs. Ainda assim, em termos de futuro, os LEDs vão certamente substituir os LCDs, ainda que demore muito a serem vendidos ao mesmo preço.

Em resumo, e para sumarizar numa frase clássica a diferença entre os LCDs e os Plasmas, se quiserem uma TV para ver cinema comprem um plasma. Se a usam apenas para ver a SICN e a Sport TV e para jogar jogos de computador, comprem um LCD. Se querem o último grito em termos de tecnologia e design, usam a TV como objecto de decoração e têm dinheiro para gastar, comprem um LED.

Depois de escolherem o formato, não se esqueçam de comprar o tamanho de ecrã certo. O tamanho depende da distância a que vão estar do aparelho. Na net há muitos calculadores de distância para nos aconselhar, pelo que não vale a pena em estar a comprar um ecrã gigante para depois termos de andas a mover os olhos - ou pior, a cabeça - para os quatro cantos do ecrã para conseguir ver um filme. E vão ver que ainda poupam dinheiro...

Boas compras!

* Nota: deixei propositadamente de lado os novos OLED pois além de custarem somas astronómicas, ainda não são produzidos em tamanhos suficientemente grandes para serem verdadeiras opções. No futuro, talvez tenhamos de rever esta apreciação...

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A Magia das Reedições

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

A fantástica recepção por parte do público à reedição da discografia dos Beatles (esgotada na FNAC há já uns dias) permite-me reforçar um ponto que abordei há uns meses, aquando das minhas palavras sobre o acesso ilegal à música que se vulgarizou desde o aparecimento do Napster. As editoras, a braços com um problema que está condenado a não ter fim à vista, decidiram inovar e explorar um filão que lhes pode trazer lucros inimagináveis. Para o coleccionador inveterado, maioritariamente do sexo masculino, a paixão pela reedição, pela arte de completar, pela edição especial, é algo que não pode, nem deve, deixar de ser explorado. Talvez seja por isso que a Panini apostou em distribuir cadernetas de cromos pelas escolas. Vão lá tentar dizer ao meu filho que hoje não há cromos para colar...
Estas edições especiais não estão disponíveis para download em lugar nenhum. A maior parte delas compreendem artigos tão diversos como pens USB com vídeos, cartazes de dimensões gigantescas, álbuns de fotografia, várias edições do mesmo disco, dezenas de extras musicais, fotográficos, artísticos. Estas reedições são as obras de arte do músico moderno e rapidamente se convertem em objectos de culto devido às suas reduzidas tiragens. Para terem um ideia, a edição limitada dos Singles dos Oasis 1994-2006, apenas editada no Japão, custa hoje $1,299.90 para quem a quiser adquirir na amazon.com. Talvez seja melhor começarmos a olhar para elas como fundos de investimento...
Posto isto, deixo-vos aqui a minha aposta para este Natal. A reedição de um dos álbuns fundamentais da pop inglesa: o álbum homónimo dos Stone Roses de 1989. Não vale a pena dissertar sobre a qualidade da música nele presente, a importância e o contexto do seu lançamento há 20 anos atrás, nem sobre a influência que exerceu sobre toda a música inglesa (de qualidade) que se lhe seguiu. Mas vale a pena listar os conteúdos de um pacote que na FNAC custa para além da centena de euros...

• 3CD/3LP/DVD/Pen USB 2GB/1 Livro/6 Impressões
• Um luxuoso pacote/álbum bordado a ouro, embrulhado com a fabulosa arte de John Squire
• Discos de vinil de 180 grs
• Pen USB em forma de limão contendo todo o áudio, vídeos promocionais, toques de telemóvel, wallpapers, vídeo inédito de John Leckie das gravações de Fools Gold e cinco faixas inéditas.
• Livro com 48 páginas, repleto de fotos e histórias inéditas da banda, John Leckie, todos os envolvidos na edição de há 20 anos e histórias sobre o álbum de fãs famosos tais como Noel Gallagher, Mark Ronson, Tim Burgess ou Bobby Gillespie.
• Reproduções artísticas 6x12” das capas criadas por John Squire para os singles "I Wanna Be Adored", "She Bangs The Drums", "Elephant Stone", "Fools Gold", "I am The Resurrection" e "Made Of Stone".

Agora vão lá tentar sacar isto da net...

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Pela Janela do Elevador

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso


Remembrance Day
Toronto, 11 Novembro 2007
1/180 segundos @ f/4

Portugal perdeu perto de 10 mil membros do seu Corpo Expedicionário nos campos da Flandres e da França. O esforço de guerra, que chegou aos 200 mil homens, gerou custos económicos, políticos e sociais muito superiores à capacidade nacional, contribuindo para transformar o país no pouco que é hoje. Será por isto que neste país apenas se associa o 11 de Novembro à abertura das adegas e à prova do vinho novo...?

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Agora a questão é política

10 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Com esta decisão do Supremo, anulando a certidão sobre as escutas a Vara e Sócrates, o tribunal mata a questão no foro judicial.

Mas isso não invalida que o conteúdo das conversas não tenha relevância política. Pelo que se sabe tem relevância política e, mais do que isso, tem interesse público. Vamos mergulhar em mais uma embrulhada...

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Tempos de incerteza agravada

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Já vivemos tempos de incerteza política. Mas se, porventura, como noticia o Público, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça decidir que há matéria para investigar o conteúdo das conversas escutadas entre Armando Vara e José Sócrates? Então tudo se agrava. Se o primeiro-ministro for investigado por actos praticados em funções deve ficar ou deve sair? Devemos aprender a lição. Em Portugal passa-se tudo muito depressa e há sempre uma surpresa ao virar da esquina: o tempo político avança a um ritmo diferente do tempo universal.

Mas isto ainda leva a uma segunda questão: de facto, pode não haver motivo para qualquer inquérito judicial ao PM. As conversas escutadas podem ter apenas relevância política e nada mais. Agora, tendo as escutas apenas relevância política, e sendo só autorizadas para o foro judicial, devem ou não ser tornadas públicas e ganhar relevância para que os cidadãos possam fazer o seu juízo político sobre a questão? Vem aí mais um imbróglio e mais uma grande discussão para animar os debates dos comentadores nos nossos serões.

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Até onde leva o desespero

09 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O Diário Económico escreve hoje que 160 mil desempregados não têm acesso ao subsídio de desmprego e que o Governo vai alargar a sua atribução a cerca de mais 10 mil. Façamos este simples exercício: numa família que já ganha mal, há um elemento que nada ganha. Temos um drama. São 160 mil dramas disseminados pelo País. Gente desesperada que nada tem a ver com os "preguiçosos" que Paulo Portas acusa de viverem à sombra do Rendimento Social de Inserção. Conseguimos imaginar ou quantificar os custos desta catástrofe social?

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A nostalgia pelo passado comunista

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes



Nos meses que passei na Polónia como estudante, em 2000, conheci alguns saudosistas dos tempos do Jaruzelski, nostálgicos do comunismo. Para estas pessoas – que não souberam ou não conseguiram apanhar o comboio da mudança económica para o capitalismo – a conquista de maior liberdade não compensou a perda da segurança social, o fim da vida igualitária embora modesta. E a memória – esse grande filtro de infelicidades passadas – insiste em recuperar o melhor que se perdeu.

Esta reportagem da Reuters dá escala a estas pessoas que fui observando e explica que no antigo bloco soviético e nos balcãs esta nostalgia já deixou de ser um fenómeno de minorias. Para estas pessoas, de todas as gerações, a repressão do comunismo e as filas de racionamento de alimentos foram substituídos por corrupção, gangues mafiosos, riqueza ostensiva das elites e falta de oportunidades. Depois de décadas de reformas e sacrifícios estas pessoas não sentem qualquer recompensa, antes pelo contrário – sem liberdade económica não se sentem realmente livres.

Ao contrário do que a brigada do Avante e afins gostam de gritar é óbvio que isto não significa que o Muro ainda lá devesse estar ou que estes países permanecessem encerrados nesse mítico paraíso dos trabalhadores. O que isto mostra é que o capitalismo selvagem de bolso que é servido a esta gente rouba os benefícios da abertura à democracia e ao exterior. Porque é capitalismo sem sistema de justiça, sem igualdade de acesso e, sobretudo, esvaziado da sua principal vantagem: o incentivo. Os riscos deste descontentamento – comuns a outros países, como Portugal, embora em menor grau e em contextos históricos diferentes – são enormes.

A man is reflected in a marble plate of a monument with the names of some 20,000 victims of the communist rule during an open air mass in central Sofia in this September 9, 2005 file photo. Twenty years after the fall of communism, nostalgia for the past is growing in the small Balkan country and across the former Soviet bloc. [Reuters]

Lido no Elevador

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Good bye Lenin. Por Daniel Oliveira, no Arrastão, sobre como ele, ex-comunista, viu a queda do Muro de Berlim: "Não se liberta ninguém sem liberdade, não se conquista a igualdade com opressão, ninguém se emancipa se for transformado num mero instrumento ao serviço de uma causa".

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Do Avante! com amor - 2

08 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Se ser comunista português é isto, que o Avante! escreve em editorial, só poderemos entender o grupo parlamentar do PCP como uma espécie de clandestinos que fingem participar nas regras da democracia liberal. Como cápsula profilática contra o esquecimento, é recomendável ler de vez em quando o jornal de "o Partido", para que tenhamos sempre na consciência que os modelos louvados pelo PCP continuam a não ser os democráticos. Aqui vai um comprimidinho de anti-comunismo que os próprios comunistas se encarregam de distribuir na edição de 5 de Novembro do seu periódico quando enaltecem a sagrada revolução de Outubro:

"A derrota do socialismo, com o desaparecimento da União Soviética e da comunidade socialista do Leste da Europa, constituiu uma tragédia, não apenas para os povos desses países mas para toda a humanidade: com o capitalismo dominante, o mundo é, hoje, menos democrático, menos livre, menos justo, menos fraterno, menos solidário, menos pacífico."

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A descoberta do dia

07 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Pristina, Kosovo, por Ricardo Pereira Cabral. E parece que há livro novo, Israel Sketchbook, de aparência assaz aprazível.

Do Avante, com amor

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Depois desta pérola em que se argumentou que a recordação do massacre de Tiananmen só serviu para prejudicar a CDU, eis que a DGCT-CGI do inestimável Avante nos encanta com novo pedaço de prosa ensaística, desta vez a propósito da efeméride mural alemã. Para tomar com muita água com gás e uma rodela de limão.

O velho do Restelo

06 novembro 2009 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Finalmente, podemos ler VPV no Público online, que hoje escreve sobre "Os Velhos do Restelo" num País sem saída, que parece um labirinto sufocante mas não é, porque até os labirintos têm uma solução e este não tem. Mais uma vez, ler VPV dá-nos vontade de fugir daqui. É verdade que Portugal é o que é. Mas o género humano também é o que é. Talvez por isso mais valha a pena estar quieto e continuar a resmungar.

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Primeiros e últimos

05 novembro 2009 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Não sei se Manuela Ferreira Leite foi a primeira a alertar para a crise. Qualquer leitor de publicações como a "The Economist" sabia, muito antes de o sector financeiro começar a estourar, que algo de muito mau vinha aí. Agora, aquilo de que me recordo é que José Sócrates, Fernando Teixeira dos Santos, o Governo e o PS foram os últimos a despertar para os problemas.

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Ah, é?

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Fernando Teixeira dos Santos anunciou hoje no Parlamento que a Caixa Geral de Depósitos não vai cobrar taxas pela realização de operações na rede Multibanco. Convém ter presente este episódio da próxima vez que o ministro das Finanças defender a tese, destinada a convencer ingénuos, de que o Governo não interfere na gestão do banco público.

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Hoje de manhã, no Parlamento

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Elevador sobe - A primeira intervenção de Pacheco Pereira foi um dos factos positivos no primeiro debate do primeiro-ministro no novo Parlamento. Um só deputado inteligente, aguerrido e experiente numa bancada tão cabisbaixa pode fazer a diferença. A maneira como colocou a questão da corrupção foi eficaz e ardilosa e José Sócrates não respondeu. Francisco Louçã esteve bem na questão da corrupção e do enriquecimento ilícito ao dar o exemplo concreto do caso Domingos Névoa. Paulo Portas marcou pela positiva no modo como colocou em cima da mesa a avaliação dos professores: com propostas concretas e algumas de bom senso.

Elevador desce - José Sócrates a recomendar humildade a todas as bancadas parlamentares. Adivinha-se uma estratégia de vitimização se os partidos não forem humílimos em relação ao Gladiador campeão mitigado das eleições. O PM fala num tom mais baixo e menos agreste que antes, mas continua a deixar perguntas essenciais por responder. Na primeira ronda de perguntas (pois só agora está a fazer a sua intervenção de fundo) Manuela Ferreira Leite teve um desempenho muitos furos abaixo do que se exige ao líder do maior partido da oposição: não cumprimentou o PM (é pura cortesia mas fica bem); enganou-se quando acusou Sócrates de ter prometido baixar os impostos em 2005 (ele apenas prometeu não os aumentar, Durão Barroso é que tinha prometido baixá-los); e só fez a sua pergunta quando acabaram os cinco minutos da intervenção. Perguntou e bem o que fará Sócrates para combater o endividamento. Sócrates não respondeu. No fim da manhã, José Ribeiro e Castro, quis defender a honra e não se percebeu porquê: Jaime Gama fechou os trabalhos e deixou o ex-líder do CDS pendurado e com a honra pelo menos a sangrar de vergonha. Ou raiva.

O momento - quando José Sócrates se dirige ao PSD dizendo que os sociais-democratas esperavam acordos do PS com a esquerda, e se volta para a esquerda afirmando que esta esperava que o PS se entendesse com o PSD. Nisto, vira-se para o CDS e olha para Paulo Portas. Mas omite qualquer menção aos populares... tudo dito!

ADENDA - O desempenho de Manuela Ferreira Leite subiu uns furos depois de almoço, devia estar em jejum de manhã. A bancada do PSD aplaude de pé. Só que em vez de estar a debater com Sócrates está a trocar argumentos com Francisco Assis, o alvo errado...

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Demorou mas foi (até ver)

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

"Empresas públicas vão ser auditadas devido à 'Face Oculta'". Demorou mas está prometido. Esperemos pelos resultados. Acabar com o pantanal onde se cruzam a política e as negociatas tem que começar por algum lado e ir até ao fim.

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Crucifixion? Yes, please

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes


"Qualquer dia vão querer acabar com o sinal '+' na Matemática", ironiza o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa a propósito das ordens para retirar os crucifixos das salas das escolas públicas. A tirada faz lembrar uma história dos tempos da Berlim da guerra fria – consternados com o reflexo em forma de '+' que o sol fazia no topo espelhado da torre em Alexander Platz, os políticos da ex-RDA desesperavam em busca de uma solução para o problema bicudo de ter um símbolo religioso na construção mais alta da cidade. Até que veio a ideia, também ela brilhante: o "+" era um sinal positivo para o comunismo germânico e para a URSS.

Concordo com a retirada dos símbolos religiosos das escolas públicas, não porque a escola tenha de ser um buraco negro espiritual (como muitos defendem), mas porque pelo menos em termos formais – de representação – deve haver uma delimitação clara entre Estado e religião. O argumento do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos aponta outra razão válida: a liberdade de escolha religiosa das famílias e dos próprios alunos.

O que já não percebo é a sanha anti-religiosa nas escolas, com laivos de Iª República. É curioso que se pense que ao banir a representação religiosa – ou ao impedir pessoas das igrejas de visitar as escolas – se está a defender esse espaço imaginário de vácuo espiritual, no qual crescem saudavelmente os alunos. O cristianismo faz parte integrante da matriz cultural europeia – por outras palavras, o seu impacto indirecto é transversal a toda a sociedade. Mesmo aquela parte que, por ignorância ou pura inocência, nega à partida algo que desconhece.
Imagem: Life of Brian, 1979, Terry Jones (Monty Python)

Silêncio ruidoso

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Funcionários do Fisco e agentes da GNR são suspeitos de terem recebido presentes e compensações no âmbito das investigações do processo "Face Oculta".

O Ministério das Finanças reage e anuncia que vai tomar medidas para ajudar a apurar o que se terá passado e expurguar a máquina fiscal dos tumores malignos? O Ministério da Administração Interna fica preocupado e decide tomar as providências necessárias ao esclarecimento do que passa no interior daquela força de segurança?

Nada disso. Nas "casas" de Fernando Teixeira dos Santos e de Rui Pereira, está tudo tranquilo. Suspeitas de corrupção não parecem ser motivo para tomar medidas ou prestar contas.

Bem, talvez o silêncio seja preferível ao embaraço quase patético com que o novo ministro da Economia e Inovação, José Vieira da Silva, tentou explicar à SIC que o Governo estava atento e a acompanhar de perto os desenvolvimentos no "Face Oculta", enquanto José Penedos, arguido e presidente da REN, se mantém, impávido e sereno, no seu cargo.

Não deveria ser Vieira da Silva, enquanto representante do Estado, que é o maior accionista da empresa, o primeiro a exigir a Penedos a suspensão das suas funções até o seu alegado envolvimento na rede de tráfico de influências estar clarificado?

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Ops! (I did it again)

04 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Mensagem depois de tentar aceder à página do Ministério das Obras Públicas:
Ops! Este link parece estar corrompido - www.moptc.pt

Parece que estavam a actualizar o nome do ministro. Ufa...

Na sala onde Obama votou há um ano

:: Guarda-freio: Vìtor Matos


A América é um lugar estranho. Cheguei a este sítio menos de duas horas depois de Barack Obama ter aqui votado. Entrei na sala de voto, tirei fotografias, conversei com toda a gente, andei à vontade. Aqui pode-se falar de política junto às urnas. Os cidadãos não são tomados por parvos.
A máquina que está ao lado da larga Charletta Tibbs tinha engolido o boletim de voto de Barack Obama e de Michelle Obama hora e meia antes de eu fazer foto (em baixo). "Um dia de sol tão bonito como este é óptimo para um novo começo", disse-me quando lhe perguntei sobre Obama, as eleições e o clima que o país vivia naquele momento.


Barack e Michelle votaram nestas duas cabines.
Naquele momento já não havia movimento. Os jornalistas que ali estavam entrevistavam-se uns aos outros. O do Times de Londres tirava notas de uma conversa com uma equipa de três jovens jornalistas chineses, com idade de estagiários - um redactor, uma fotógrafa e uma câmera. Não devia haver nos Estados Unidos mais ninguém com tantos leitores: eles cobriram todo o processo eleitoral para a agência noticiosa oficial chinesa, cujas notícias são reproduzidas em todos os jornais da China e da diáspora. Tinham milhares de milhões de leitores.


À entrada da escola deparei com um facto insólito, impensável para um português. Um membro do partido Democrata, negro, distribuía papéis com as indicações de voto do partido aos cidadãos que se dirigiam para a sala de voto.
Naquele bairro de Chicago, o boletim tinha 24 itens, se bem me lembro. Votava-se para o Presidente dos Estados Unidos, para o senado e congresso estaduais, para juízes de círculo, para o ministério público and so on and so on...



Não se vota de cruz. Pinta-se uma bolinha de negro e depois os boletins são enfiados numa máquina que faz imediatamente a leitura dos votos. Logo a seguir ao fecho das urnas, a contagem é feita automaticamente.



No fim desse dia, a América havia de eleger o seu primeiro presidente negro, com excessivo optimismo, como aliás se tem visto. A festa foi rija nessa noite no Grant Park de Chicago. Esse portefólio publiquei-o neste post.






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Digno?

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

A decisão de Armando Vara de suspender as suas funções como vice-presidente do BCP é elogiada pelo presidente da Caixa Geral de Depósitos e por Joe Berardo, accionista do banco. Esquecem-se que Vara apenas tomou a decisão que tomou depois de ter sido pressionado, quer pelo Banco de Portugal, como pelo próprio presidente do Millennium, Carlos Santos Ferreira.

Por este motivo, falar em "gesto digno" parece-me claramente exagerado. Vara, que chegou onde chegou não por quaisquer méritos especiais enquanto gestor no sector financeiro mas por evidentes motivos políticos, fez aquilo que tinha que fazer. Não havia outra saída e, ainda assim, demorou vários dias a percebê-lo.

Só falta José Penedos optar por rumo semelhante e suspender as funções que ocupa na presidência da REN. Se não o fizer, alguém terá que o tirar de lá. Como a maioria do capital da empresa pertence ao Estado, aguarda-se que o Governo faça aquilo que lhe compete e aponte a porta da rua a mais este arguido do caso "Face Oculta".

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Tantas razões para emigrar ou apanhar um foguetão para Marte

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

- O défice das contas do estado português anda pelos 8% e é provável que venha a chegar aos dois dígitos;

- Precisamos de trabalhar um ano inteiro para pagar todas as nossas dívidas;

- Não se vislumbra quando voltará a crescer a nossa economia de forma sustentada, muito menos a níveis minimamente decentes, ou seja acima dos 2,5% ou 3%;

- Todas as instituições supostamente respeitáveis do País estão feridas ou feridas de morte;

- O caso Face Oculta não é mais do que uma parte da face visível de como funciona esta choldra;

- O BCP mastigou Armando Vara enquanto deu jeito ter um amigo do primeiro-ministro na administração e cuspiu-o agora que o seu nome mancha a instituição;

- Os banqueiros fundadores do BCP, dos mais respeitáveis senhores da nossa praça, estão a ser investigados por moscambilhas;

- O "banqueiro de sucesso" BPP, João Rendeiro, foi apanhado em mais moscambilhas;

- O buraco do BPN já vai em 3,5 mil milhões de euros, moscambilhas enormíssimas, onde cabem já mais de meia dúzia de submarinos novinhos em folha e a malta é que vai ter de pagar: não está ninguém na cadeia;

- O primeiro-ministro, José Sócrates, tem estado sob suspeita de uma grande moscambilha cuja verdade nunca mais se sabe; também foi acusado na praça pública de outras moscambilhices menores, mas que nada abonam em favor do seu carácter ou idoneidade;

- O Presidente da República continua fora de moscambilhadas, mas deu uma facada na sua própria credibilidade ao deixar arrastar suspeitas de moscambilhatas delirantes na praça pública antes das eleições; depois fez a mais disparatada comunicação ao País, o qual, se tiver juízo não confiará nos juízos de Cavaco;

- O Parlamento é uma manta de retalhos de gente pouco dada a entender-se com seriedade sobre o País e sentam-se lá alguns bons especialistas em moscambilhadas;

- As suspeitas sobre moscambilhadas no financiamento do partido conservador por causa do negócio dos submarinos continuam a pairar sobre o CDS e nunca mais se resolvem;

- O PSD é o único partido alternativo ao PS, mas continua envolvido em guerras de gangs e ódios pessoais entre gente que se desconsidera completamente e as bases do partido que elegem os líderes são uma ficção moscambilhada por meia dúzia de caciques;

- O PCP continua a defender a revolução proletária e a prometer o paraíso socialista na terra - era só esta moscambilhada que nos faltava - e o Bloco também. E ambos os partidos têm quase 20% de votos ;

- A Justiça trabalha mas não funciona: nem vale a pena enumerar os casos porque já estou cansado;

... e por agora é só isto, e é porque hoje acordei bem disposto e cheio de boas razões para louvar o sucesso da nossa democracia...

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O ministro das Finanças sofre de subprime?

03 novembro 2009 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Menos de um mês depois da última de várias garantias de que o objectivo de 5,9% para o défice orçamental em 2009 seria cumprido, Teixeira dos Santos abre a porta para um valor acima (será bem acima, tipo 8%, algo que muitos já tinham percebido). Já não é a primeira vez que o politicamente hábil ministro das Finanças gere assim as expectativas da malta – recorde-se o reconhecimento tardio do impacto da crise económica, que levou a uma reacção também ela tardia por parte do governo.
Podemos sempre dizer que o ministro faz o que lhe compete, gerindo politicamente a confiança e o espírito gastador dos animais. Podemos ainda apontar o choque da "maior crise dos últimos 80 anos". Podemos até lembrar que só acredita nas garantias de Teixeira dos Santos quem quiser (ou ainda estiver a ouvir). O problema está sempre na inconveniente e maldita responsabilização dos políticos face ao seu discurso e às expectativas que pretendem manipular. E, por este andar, as garantias e palavras deste ministro arriscam valer menos do que a alta cotação de que disfruta no mercado político – estaremos aqui perante um ministro das Finanças subprime?
Adenda: Claro que nada disto acontece sem influência da mão que embala o berço.

Escada-piano

01 novembro 2009 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva