Crónica de um défice anunciado
Em Outubro, ao apresentar um Orçamento que dizia de "rigor e prudência", o Ministro das Finanças estabeleceu um valor de 2,2% para o défice orçamental. Algumas semanas depois já admitia um valor acima e, em Janeiro, a equipa de Teixeira dos Santos reviu para 3,9%. Em Maio, perante o colapso da economia no primeiro trimestre do ano, voltou a rever a meta para o défice, desta feita para 5,9%. Desde essa altura, passando pelas eleições legislativas e chegando a Outubro, data de uma entrevista ao Semanário Económico, Teixeira dos Santos garantiu várias vezes o cumprimento desta meta. Há alguns dias – depois da Comissão Europeia ter apontado um valor de 8% para o défice – o ministro abriu no entanto a porta a um valor mais alto, dizendo que aguardava os dados sobre a execução em Outubro (em português corrente: já tinha os dados na mão e preparava a opinião pública). E hoje, voilá, volta a rever o valor do défice para esse tal valor próximo do indicado pela Comissão: 8%. Esta é a mesma pessoa que garante (experimentem, aliás, fazer uma busca por "Teixeira dos Santos garante" no Google) que não haverá subida da carga fiscal para financiar este descalabro. Estamos conversados.