O governo regateia com o Eurostat as décimas da taxa de desemprego. Algures entre a taxa recorde de 10,6% (diz o INE e exalta o inevitável Valter Lemos) e a taxa recorde de 10,8% (indica o Eurostat) estará a verdade do número oficial em Julho (que, como se sabe, não contabiliza os milhares que têm abandonado o mercado de trabalho). Nós seguimos, atentos, o desenrolar deste relevante – e inteligentíssimo – diferendo.
Sá Fernandes quer travar a abertura em Lisboa dos hipermercados ao domingo à tarde e aos feriados, para não matar o pequeno comércio, que nunca abre aos domingos nem aos feriados. O interesse dos consumidores é secundário, claro.
Se há alguma coisa que falta incentivar em vários mercados é a concorrência. A começar pelas farmácias, um dos sectores mais protegidos em Portugal mas que serve muitos interesses, entre os quais os de quem está instalado e não quer que mexam no seu queijo.
Se a história estiver bem contada, esta farmácia, que foi ameaçada de ser encerrada de forma coerciva caso não desistisse de estar aberta 24 horas por dia, é um caso paradigmático, em que até o regulador dá sinais de desorientação ao mudar de ideias numa questão de meses.
O lóbi dos refastelados, que não quer que os outros pratiquem horários diferentes para poder manter intactas as suas "rendas", mexeu-se e com sucesso, o que é lamentável. O estabelecimento regressa aos períodos de funcionamento praticados pelos concorrentes e tudo volta à normalidade, em que estar aberto a toda a hora é um privilégio reservado às farmácias hospitalares. Os interesses dos clientes? Que se lixem.
A escolha de Francisco Lopes como candidato à Presidência da República demonstra que, ao contrário do que alguns possam pensar, o PCP é, de longe, o mais democrático dos partidos portugueses. No PCP todos são iguais e tratados como tal – e qualquer um pode ser o candidato do partido ao mais alto cargo da Nação.
Pouco antes do anúncio de quem seria o candidato do PCP a Belém, cruzei-me com esta patusca página no Facebook: "Apoio o candidato do PCP às Presidenciais 2011". A página, criada antes de se saber quem seria o dito candidato, contava, apesar disso, com 1200 apoiantes. Ou seja, gente que vota no candidato do partido, seja ele quem for. Saiu-lhes o "Chico Lopes", o que é perfeito para quem vota às cegas. Podia ter-lhes saído o Rato Mickey, era igual ao litro. (E daí, talvez não... O Rato Mickey ainda é "capitalista" e "imperialista"?)
Adenda: Procurei fotos de Francisco Lopes no Google e escolhi esta. Avisam-me que o do PCP não é este. Does it really matter?
O café/restaurante "Magnetic", na Conde Valbom, em Lisboa, tem detalhes de serviço hilariantes pela sua rigidez irredutível. No domingo passado, por volta das três horas da tarde, qualquer pedido a partir da lista tinha um tempo de espera de, pelo menos, vinte minutos. Em alternativa, quem não pudesse, ou não quisesse, esperar, teria que resumir a escolha a uns quantos salgados, a única oferta que estava disponível.
Havia uma greve? O fogão estava avariado? A cozinha estava em obras? O pessoal estava na praia? Não. Acontecia, simplesmente, que o cozinheiro tinha ido almoçar fora. É justo reconhecer que os cozinheiros também têm direito a tomar as suas refeições onde bem entenderem. Mas já é um pouco estranho que um estabelecimento que promete servir a toda a hora se deixe ficar descalço, e perca negócio, por não funcionar de forma a evitar vazios como este.
O mais importante, porém, está na seguinte questão: por que foi o cozinheiro do "Magnetic" almoçar fora, deixando os clientes pendurados? Se quis, apenas, variar, está tudo bem. Se optou pela concorrência ou por ir a casa é que há razões para começar a desconfiar. Se o próprio cozinheiro não aprecia aquilo que faz, quem vai apreciar?
Elencar péssimos filmes feitos por grandes realizadores pode ser um exercício interessante. Falta-me a paciência e a disciplina para sistematizar uma lista, mas assim de repente, e sem pensar muito nisso, lembro-me de alguns, a começar por "Dívida de Sangue", um (justamente) esquecido filme do grande, grande, Clint Eastwood.
Outros casos, conforme me fui lembrando deles: "Visto do Céu", um disparate perpetrado no ano passado pelo Peter Jackson; "Jack" e "Segunda Juventude", grau zero da filmografia do Copolla; "1942", "Always", "Hook", "Inteligência Artificial" e o último "Indiana Jones", os piorzinhos do Spielberg; "O Aviador" e "Kundun", dois pastelões do Scorcese; "Piratas" e "A Nona Porta", do Polanski; metade dos filmes do Woody Allen nos últimos 20 anos; uns quantos do Hitchcock, a começar por "Cortina Rasgada"...
Vem isto a propósito do "Last Airbender" do M. Night Shyamalan. Desde o "Sexto Sentido" que sigo com entusiasmo com a obra do Shyamalan, na qual encontro um universo fascinante e inquietante, uma capacidade de contar histórias e criar ambientes mais do que competente e a coerência de uma marca de autor. Nunca achei que ele fosse o melhor realizador da sua geração (talvez seja um pouco cedo para isso), mas, entre coisas melhores ("A Vila") e piores ("Sinais"), gostei de todos os filmes dele, incluindo os últimos (e muito criticados) "Senhora da Água" e "O Acontecimento".
Até... esta coisa. "The Last Airbender" é um espalhanço absoluto, qualquer que seja o critério pelo qual se analise o filme. A ideia do argumento não é boa nem má (nada mais clássico do que o bem contra o mal - se corresse bem podia ser uma derivação do "Senhor dos Anéis"), mas é desenvolvida num argumento básico, mal enjorcado, com mais buracos do que as ruas de Lisboa e diálogos confrangedores. O casting é um erro pegado, a direcção de actores não existe, os efeitos especiais não são especialidade nenhuma e o 3D sucks.
Enfim, a coisa não tem ponta por onde se lhe pegue. Ainda por cima, não comprei pipocas. Ao menos salvavam-se as pipocas.
Melhorar as qualificações da mão-de-obra portuguesa é um factor crítico para o sucesso futuro do país. Mas distribuir diplomas à pressa, com o único objectivo de embelezar as estatísticas sobre as habilitações literárias da população, disfarça o problema em vez de o resolver.
Uma avaliação rigorosa à eficácia prática do programa "Novas Oportunidades" talvez não resistisse à prova de fogo. Quem obteve o canudo melhorou a sua situação profissional? No único, e ligeiro, exame à iniciativa feito até agora concluiu-se que não. Não admira.
Com alunos a copiarem trabalhos da Internet e outros a pagarem 400 euros para os obterem, é natural que os empregadores dêem credibilidade zero às "Novas Oportunidades". De resto, o programa parece ser mais útil para as acções de propaganda do Governo do que para servir os objectivos que foram anunciados quando da sua criação.
Os serviços do Estado conseguiram poupar dinheiro em 2009. Esses saldos transitaram para este ano. E servem para reduzir o défice em 2010? Não. Vão servir para financiar mais despesa. Concretamente, mais 546 milhões de euros. Assim vai, alegre e despreocupada, a estupenda consolidação das contas públicas portuguesas.
14 agosto 2010
:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso
Hoje sonhei com uma frase fantástica para colar aqui no blog, no intuito de conseguir mais visitas, mas principalmente para impedir o caro leitor de andar a perder o seu tempo nos blogs de menos qualidade que inundam e incendeiam funestamente a Internet.
Se quer viver informado, leia o Elevador da Bica Se quer conflitos inúteis, leia e oiça outros
Só depois notei que o Tio Alberto já a tinha utilizado antes... Ora bolas... Bom, vou ali beber uma poncha e comer umas lapas na esperança de quando voltar já mais 30 pessoas tenham subido ao Elevador!
Nota: O sublinhado a caneta fluorescente da dita frase é propriedade do JM (gratuito distribuído por toda a região).
Ainda esta manhã ouvi na TSF a reposição de uma bela reportagem sobre um grupo de alunos de liceu de Valpaços que pela primeira vez estudaram o Holocausto e foram visitar Auschwitz. O choque, o silêncio e a incredulidade da visita desses 15 miúdos tem o perfeito contraponto neste video, que tem causado polémica desde que foi colocado online. Pode ler-se aqui a história deste sobrevivente do campo da morte que, seis décadas depois, voltou ao lugar do horror, com os quatro netos... para dançar."Um momento histórico", diz o senhor Kohn. Quem sou eu para discordar?
"(...) daria[-nos] algum prazer imaginar que numa legislatura, apenas numa, como experiência, o orçamento da Assembleia da República fosse trocado pelo do Teatro S. Carlos e vice-versa."
Excelente texto no Público, sobre a "visão" cultural do dr. Pacheco Pereira, escrito por António Pinto Ribeiro - não o ex-ministro da Cultura, mas o que é programador cultural e percebe de cultura.
Notável, a mini-entrevista que Álvaro Almeida, presidente da Entidade Reguladora da Saúde, dá à "Sábado" que saiu hoje. À pergunta "por que é que a clínica [de Lagoa] estava 'fora dos circuitos normais de fiscalização'?", o regulador responde: "A fiscalização é feita por áreas geográficas no continente. E nunca fomos a Lagoa. Aquela clínica foi uma falha temporal: ainda não foi descoberta, o que não quer dizer que não viesse a ser."
Ficamos a saber que a clínica de Lagoa, apesar de se presumir que está incluida numa das áreas geográficas de responsabilidade da ERS, nunca mereceu a atenção dos burocratas, apesar de actuar às claras, por debaixo das barbas das autoridades, e sem licença. Simplesmente porque não estava nos "circuitos normais" que, por o serem, é óbvio que não serão as localizações escolhidas por quem quer fazer negócios à margem da lei.
Quantas mais clínicas estão nesta situação, longe dos "circuitos normais", à espera de serem descobertas e de escaparem a uma caricata "falha temporal"? De que precisam os burocratas da ERS para fazerem aquilo para que são pagos? Talvez apenas de um pouco de brio profissional e de muita vergonha na cara.
"Portugal é fogo que arde sem se prever", por Ricardo Araújo Pereira, na "Visão", sobre a rotina dos incêndios em Agosto, ano após ano, em que bombeiros, governantes e jornalistas representam uma peça de teatro.
A história da clínica em Lagoa, no Algarve, que actuava sem licença há sete anos e que se tornou conhecida do país por causa de quatro doentes que vão ficar cegos, é reveladora da negligência de quem tem a responsabilidade de autorizar e fiscalizar, em nome da protecção dos cidadãos.
O estabelecimento em causa estava longe de ser clandestino. Não só tinha "porta aberta para a rua", como fazia publicidade às suas cirurgias. Era conhecido dos médicos locais, que comentavam os preços das intervenções, e das autoridades do sector da saúde. Embora já tenham reconhecido o facto, tentam agora proteger-se ao alegar terem partido do pressuposto que a clínica ainda não tinha iniciado a prática de cirurgias, desculpa muito mal amanhada para explicar a inoperância da Administração Regional de Saúde do Algarve.
A circunstância de a clínica ter mudado de nome três vezes desde 2003 também não suscitou suspeitas. Pelo contrário, é agora usada como justificação para ajudar a explicar "dificuldades" no processo de legalização. É tudo muito mau e muito sintomático de como o Estado sai caro e ainda se dá ao luxo de ser incompetente.
Contaram-me esta história e vendo-a como ma contaram. Parece uma anedota, mas garantem-me, fonte segura, que é verídica. Uma entrevista telefónica feita por uma jornalista ao Presidente da Câmara de Gondomar. As perguntas incidiam sobre as medidas de contenção financeira que a autarquia estava a adoptar. O autarca explicava, orgulhoso, cada passo da criatividade financeira que estava a permitir poupar nos gastos. Até que a jornalista lhe pergunta: “Ó senhor Presidente, e quando vai arrecadar com essas medidas?”. A resposta foi disparada prontamente: “Eu nada, menina, é tudo para a autarquia!”
A vantagem dos repetentes Cavaco chumbou no 6º ano e Marcelo repetiu a 4ª classe. A ministra diz que os chumbos não são benéficos, mas o ano perdido por eles foi ganho
Quem diria que o brilhante Marcelo Rebelo de Sousa repetiu a 4ª classe? Quem diria que o bem comportado Aníbal Cavaco Silva chumbou no 6º ano? Isabel Alçada, ministra da Educação, defende que os chumbos “quase nunca são benéficos” e, além disso, são caros. Mas ninguém arriscaria que Marcelo ou Cavaco foram prejudicados. Talvez tenham sido beneficiados.
O caso de Marcelo é excepcional: apesar de ser um dos melhores alunos da sua escola, como faz anos em Dezembro não tinha a idade regulamentar para fazer o exame ao liceu quando acabou a primária. Mas também havia um problema político: como o pai era sub-secretário de Estado da Educação, não quis beneficiar o filho com um acesso irregular ao exame da 4ª classe. Assim, pediu para o marcelinho ficar retido mais um ano.
O menino Aníbal teve um chumbo tradicional comum às crianças que vão da aldeia para a cidade e passam horas longe de casa: foi com 13 anos para Faro, uma metrópole ao pé de Boliqueime, e passou o ano a jogar futebol, bilhar e matraquilhos em vez de estudar a matéria do primeiro ano do Curso Geral de Comércio.
É claro que Marcelo foi para o Liceu no ano seguinte, tornando-se de imediato numa referência para os professores. Não só era inteligente e culto, como era mais velho do que os colegas, o que lhe dava uma maturidade que se transformou em vantagem. No seu livro Outliars, o norte-americano Malcom Gladwell explica como crianças mais velhas (apenas uns meses) têm vantagem sobre as mais novas, seja em desportos ou na Matemática. E cita dois economistas que “descobriram que, entre os alunos do quarto ano, as crianças mais velhas obtêm pontuações entre quatro e doze pontos percentuais acima das mais novas”.
Aníbal chumbou e teve o seu castigo. O senhor Teodoro, o pai, obrigou-o a trabalhar todo o Verão de 1953 na agricultura. Não o repreendeu com a violência de que o rapaz estava à espera, mas “se não queria estudar, tinha de ir trabalhar”, escreveu Cavaco nas memórias. “Aquela reprovação marcou-me profundamente”. A lição serviu-lhe para a vida.
O chumbo de Marcelo tornou-se vantajoso porque a maturidade lhe deu uma vantagem competitiva. E como sucesso gera sucesso, o ano perdido pode tê-lo diferenciado ainda mais dos colegas. Já o chumbo de Cavaco resultou numa lição de moral que o rapazinho nunca esqueceu. Resultado: chegaram os dois a catedráticos e o resto da história é conhecida. Não parece que o ano perdido lhes tenha atrasado a vida ou traumatizado a cabecinha.
Quando se vai assistir a um concerto de jazz vanguardista tem que se estar de espírito aberto e preparado para tudo. Caso contrário, acontece aquilo que se viu no domingo passado, ao serão, no anfiteatro da Gulbenkian. Desiludidos com o que estavam a escutar, talvez imprudentes na escolha do espectáculo a ver durante o ciclo deste ano do "Jazz em Agosto", alguns elementos da audiência abandonaram o recinto quando Evan Parker e o Electro-Acoustic Ensemble ainda iam a meio da sua prestação.
Os motivos para esta decisão são fáceis de entender. No palco, 19 músicos improvisavam sob a coordenação do saxofonista, uma parte deles sentada em frente de computadores com os quais ia manipulando os sons produzidos por quem se ocupava a fazer soar os vários instrumentos reais. Resultado? Um puro "desconcerto" capaz de desafiar mesmo os tímpanos menos amarrados a formalismos.
Quem resistiu, e até foram a esmagadora maioria, foi bombardeado com os sons mais inesperados que se podem arrancar a um trompete ou a um saxofone barítono, ainda antes de passarem pelas mãos dos homens da electrónica que os devoravam e devolviam devidamente alterados e irreconhecíveis. Esta espiral de desconstrução durou cerca de uma hora. Por mim, teve graça, mas, depois desta operação "choque e espanto", sabe bem regressar a terrenos um pouco menos vertiginosos. É o que espero de Louis Sclavis, na próxima sexta-feira.
No ramo da Justiça, onde há dúvidas não há condenações.
No ramo do jornalismo, onde há dúvidas há notícias. Como esta do Públicoe esta do Diário de Notícias sobre a investigação do caso Freeport.
Discordo do coro pelo pedido de desculpas, com uma corda à volta do pescoço, dos jornalistas que escreveram sobre o Freeport. Fez-se mau jornalismo? Sim, em alguns casos indesculpáveis. No essencial e em abstracto, porém, era obrigatório aos jornalistas investigarem, inquirirem, quererem saber mais sobre o facto de o PM estar ou não envolvido no caso, uma vez que a coisa metia familiares, gente próxima e vídeos de pessoas a dizer que ele tinha recebido dinheiro. Verdade ou mentira? Notícia. Impossível fugir a isto. Estamos no domínio do jornalismo, não dos tribunais e às vezes confundem-se os planos.
Agora, os buracos da investigação são um novo filão noticioso. E bem. Se a investigação foi mal conduzida, se teve falhas, se houve cálculo político, se houve incompetência, tudo é escrutinável. E a Justiça, com todas as dúvidas que nos deixa, deve estar sob um escrutínio tão atento da opinião pública quanto o resto dos poderes.
O Henrique meteu conversa com outro menino na praia, e como ele não respondia, chegou à conclusão óbvia: "Ele não fala". Falava, mas era em inglês. Lá tive que servir de mediador dessa nova amizade, na dupla qualidade de tradutor e engenheiro do castelo de areia que o Henrique e o Francis entretanto começavam a construir. O pai do Francis terá achado que era indecente pendurar-se na boa vontade de outro pai, e veio também ajudar à obra. Apresentações feitas, ele era um artista plástico, americano da Califórnia (Napa Valley, terra de vinhos), criado no sul de Espanha e a viver em Frankfurt. Falámos de vinho, das praias de Portugal, de Frankfurt e da Alemanha, até que...
- What's all the fuss with Freeport?, pergunta ele.
Eu sei que há um Portugal cosmopolita, moderno, de vistas largas, que investe na qualidade. E sei que uma boa parte desse Portugal se encontra no sector da restauração. Mas o Portugal pequenino, atávico, que não é capaz de ver mais longe do que o fecho de caixa de cada dia continua na porta ao lado. No outro dia entrei lá.
Um amigo, júri do concurso Lisboa à Prova, convidou-me para almoçar num dos restaurantes concorrentes aos Garfos de Ouro (breve explicação: esta malta que avalia restaurantes gosta de levar companhia, entre outras razões, porque assim pode experimentar mais pratos e avaliar com mais propriedade). As provas estão na primeira ronda, o que significa que a um júri, nesta fase, tanto calha um restaurante de luxo como a tasca da esquina. Calhou-me ser convidado para acompanhar o meu amigo a um restaurantezinho do Bairro Alto, um daqueles cochichos com poucos lugares, a patroa na cozinha e o patrão a servir.
Pedimos a única entrada cozinhada que constava da ementa (camarões na grelha), dois pratos do dia - um bacalhau e umas lulas recheadas - e um Bucelas de 7 euros. Simpatia q.b., comida honesta, nem boa nem má, mas em qualquer caso como daquilo, em muito melhor, em minha casa. Mais um doce, uma fruta, um café e a conta, nem 40 euros no total. Eis senão quando o meu amigo puxa o voucher da carteira e se apresenta como juri do Concurso Lisboa À Prova.
- Outro? Já é o terceiro! Isto assim não pode ser! Com esta já são seis refeições! - o homem espumava, por uma fracção de segundo deve ter-lhe passado pela cabeça bater em alguém.
O meu amigo tentou explicar que foi ele, o dono do restaurante, quem se inscreveu no concurso, e que as regras são claras: na primeira fase poderia ser visitado até três vezes e, se o restaurante passasse às fases seguintes, poderia ter um total de seis visitas, até receber o Garfo de Ouro, que corresponde à nota máxima (risco que este restaurante manifestamente não corria). O homem queria lá saber de explicações.
- Não me disseram nada disso! Pensei que viessem cá comer uma vez e chegava. Mas três vezes!... Com esta crise!?... Agora não recebo por esta refeição!? Diga lá que não sirvo mais nenhuma. Se vier cá mais algum do concurso, eu obrigo a pagar!
Se pensarmos que A) o sistema fiscal está desenhado para proteger os maiores contribuintes e que B) o poder judicial não tem capacidade/vontade para investigar e julgar casos de corrupção de colarinho branco e que C) fiscalidade e justiça são dois dos pilares da democracia (pelo menos desta social democracia lusa) então D) o PREC que grita na Constituição é em grande parte letra morta.
É isto que, tragicamente, o PSD ainda não percebeu.
Mas claro que é possível fazer uma reflexão moral sobre uma certa disparidade salarial em Portugal – mais ainda, é possível fazer uma reflexão económica sobre a má qualidade do "mercado" português.
É possível argumentar que a liberalização que foi feita em Portugal prejudicou a economia, criando monopólios internos que vivem à custa da maioria das empresas exportadoras. É nesses campeões nacionais – os mesmos de que o Henrique fala nesta prosa –, subsidiados pelo mercado interno, que se pagam os salários mais altos em Portugal. São escolhas legítimas dos respectivos accionistas, negociadas em salas fechadas? Sim, claro. Mas não chamem a isto "economia de mercado", por favor.
E é possível argumentar que há qualquer coisa de errado num sistema que remunera a gestão de topo (a mesma que ganha prémios por gerir empresas sem concorrência) como se estivéssemos em Zurique e a maralha pelo padrão do Seixal (para já não falar disto). É legal? Sim, é. Diz alguma coisa sobre a mentalidade e cultura deste "mercado à portuguesa"? Também. E isto – como tudo o resto na vida, aliás – é criticável.
Um dos aspectos agradáveis no "Jazz em Agosto", organizado pela Gulbenkian, está no facto de os concertos serem ao ar livre, no anfiteatro da Fundação, em Lisboa. Uma noite de vento e a localização do espaço quase por debaixo da rota dos aviões que se fazem à pista da Portela podem ser elementos de distracção, mas não chegam para perturbar a atmosfera quando a música é muito boa.
Ontem, ao serão, não havia vento. E as aeronaves não incomodaram porque a actuação de John Surman (clarinete baixo, saxofones soprano e barítono e electónica) e de Jack DeJohnette (bateria, piano e electrónica) foi bastante mais forte. Em meia dúzia de longos temas, e com direito a um "encore", os dois músicos estiveram à altura dos seus largos currículos.
Numa síntese da história do jazz, navegaram pelos terrenos vanguardistas, revisitaram os blues, entraram no bop, partiram do caos sonoro para a interpretação de um "standard" e fizeram uma passagem pelas sonoridades que evocam a India. O entendimento entre os dois foi notável, fruto de décadas de colaboração. Em palco, sabem gerir em cada momento a questão de saber quem puxa por quem e cada um concede espaço ao outro para improvisar e brilhar. Para uma abertura do ciclo de concertos de 2010, foi em grande.
Falta uma nota final. Na era do gamanço de música na Internet, para o qual os adeptos da prática inventam as mais variadas desculpas, é quase penoso escutar um músico com a categoria de Jack DeJonhette a apelar à audiência para comprar os discos em vez de os piratear. Mas, enfim, há quem considere isto perfeitamente normal, embora, curiosamente, não ande por aí a assaltar supermercados.
Imaginar o que Estado faria com a receita da PT caso esta pagasse imposto sobre a mais-valia conseguida com a venda da Vivo é algo tão tentador como pensar no que faríamos caso ganhássemos o Euromilhões - sabemos que seria óptimo, mas que nunca acontecerá.
Simulando um mundo ideal - sem concorrência fiscal e com um Estado não centrado na cobrança ao contribuinte singular - é fácil fazer as contas. A mais-valia (6 mil milhões de euros) beneficiaria da dedução equivalente ao peso do reinvestimento na Oi (cerca de 49%) e seria depois sujeita a IRC (25%) e derramas: no final, grosso modo, entrariam 510 milhões de euros nos cofres públicos. Poderíamos então perceber, por exemplo, que isto é mais do que o fisco se prepara para arrecadar com a subida do IRS em 2010 (400 milhões); que é mais do que a receita com a subida do IVA (450 milhões); que chegaria para suportar todos os gastos com a diplomacia portuguesa em 2010 (410 milhões). Se imaginarmos que todas as sociedade de participações (e fundações de utilidade pública duvidosa) pagam imposto sobre mais-valias, as oportunidades são ilimitadas.
Baixando à crua realidade, no entanto, é pelo menos possível tirar algumas conclusões. A primeira: em Portugal é mais fácil violar a Constituição que o direito comunitário. Quando a pressão externa sobre o défice orçamental aperta, governo e Presidência da República não hesitam em aprovar aumentos de impostos com efeitos retroactivos sobre os contribuintes singulares, em especial a classe média. É a urgência da situação que dita essas medidas. Contudo, se quando a PT distribuir dividendos o governo abrisse uma excepção à directiva comunitária "Mãe e Filhas" - que, em traços gerais, isenta os dividendos recebidos de uma participada noutro país da União - Portugal teria Bruxelas à perna e seria obrigado, no futuro, a devolver a receita cobrada. Ninguém parece notar o veneno que esta diferença injecta lentamente na democracia.
Segunda conclusão: à luz da isenção de que a PT vai gozar (que não é caso único), a nova taxa de 20% sobre as mais-valias surge como um exemplo adicional de como a classe média aforradora está cada vez mais apertada entre a necessidade de alimentar o despesismo do Estado e de acomodar os interesses dos maiores contribuintes. Até quando?
Terceira conclusão: a concorrência fiscal torna muito difícil a tributação dos ganhos de capital. É aqui que o dinheiro começa a ganhar à política. Argumenta-se que, se Portugal tributar, os "investidores" fogem para a Holanda, para o Luxemburgo, ou para outro país com um fisco moderno e agressivo. Talvez. Mas se assim é - e se falta vontade política para mudar a situação - seria uma boa ideia abandonar o socialismo de bolso e orientar o fisco para competir nesse campeonato. Sempre conseguiríamos mais uns milhões face à situação actual - nem que fosse com as viagens dos consultores fiscais estrangeiros a Lisboa.
Dezassete coisas que deve saber sobre o seu gato (especialmente dedicado ao guarda-freio deste ascensor que se tornou, muito recentemente, num enternecido dono de dois mini-felinos). É só clicar para saber mais.
Esta ideia de os restaurantes aproveitarem o facto de terem ganho fama para expandirem actividades a novas localizações é capaz de não ser boa política. O "Nobre", outrora um clássico de Lisboa, começou a estampar-se ao comprido por alturas na Expo 98. O "Peralta", que mais tarde abriu actividades num hotel da capital para explorar os créditos conquistados em Alfarim, também não correu bem.
A lista não acaba aqui, porque se pode acrescentar o "Aqui Há Peixe", muito badalado na zona da Comporta e que, faz agora um ano, se instalou na Rua da Trindade, bem no coração turístico lisboeta. Acontece que a comida que serve, não sendo má, também não deslumbra. Pelo menos, é o que sucede com as anchovas, enterradas em sal e cebola suficientes para esconder tudo o resto, ou com o esparguete com carabineiros, dose com quatro pequenos exemplares plantados no topo de um montão de massa e molhanga. Tudo demasiado banal.
Se o diabo ronda os pratos principais, quando se chega aos detalhes as coisas não ficam melhores. O serviço, que costuma matar com frequência projectos de grandes pretensões, é tão cuidado que, numa mesa ocupada por duas pessoas, serve a água a uma mas ignora a outra e repete a dose com o vinho, que nem sequer é dado a provar. Para a fama, as expectativas e os preços praticados, ali há peixe mas aqui há gato.
Cada português deve 90 euros à banca por via da Carris. E muito mais por via de outras empresas da esfera pública. Os números actuais do nosso buraco (ai, ai, a linguagem de cavador...) são mais ou menos estes. Dívidas:
A política da felicidade e a sobremesa
O Governo deseja a nossa felicidade total enquanto a oposição quer ver-nos infelizes. Devemos incluir a felicidade no PIB?
O primeiro-ministro sobe ao palanque e diz: “As pessoas são muito mais felizes hoje do que antes do meu Governo...” As bancadas da oposição riem à gargalhada. O PM ironiza: “Como se vê pela reacção, até os senhores deputados estão contentes...”
Este discurso fictício não é uma brincadeira: em Setembro de 2009, o Presidente francês Nicolas Sarkozy pediu para o PIB também medir a felicidade das pessoas. O economista Bruno Frey, da Universidade de Zurique e autor do livro “Felicidade – uma Revolução na Economia”, disse esta semana ao Jornal de Negócios que se a felicidade “fosse um objecto político, as estatísticas seriam terrivelmente manipuladas”.
Mas já são. Os políticos passam o tempo a discutir a nossa felicidade por conveniência. Certa vez, António Guterres subiu ao palanque no Parlamento e debitou números sobre a quantidade de portugueses a comprar casa nova a crédito, a trocar de carro, a fazer férias no estrangeiro ou a encher os hotéis no Algarve. Em suma, os portugueses estavam muito felizes. Há umas semanas, no debate do Estado da Nação, a discussão entre José Sócrates e a oposição sobre a pobreza não foi mais do que um debate sobre a erradicação da infelicidade.
A felicidade é o seguro de vida de todo o governo, que procura demonstrar como as pessoas estão felizes, enquanto a oposição vampírica se alimenta da infelicidade alheia para o criticar. Quanto mais tristes e infelizes houver, mais hipóteses tem a oposição de ganhar as eleições. Quando a oposição ascende ao Governo, ela própria vai rapidamente inverter discurso para provar que toda a gente passou a viver mais satisfeita, justificando os sacrifícios pedidos ao País com as infelicidades do Governo anterior (exemplo: Durão Barroso e o discurso da “tanga”).
“A felicidade é um dos principais objectivos da vida – para muitos indivíduos é o objectivo fundamental”, escreve Bruno Frey em “Felicidade”. Mas o PIB não mede a satisfação com a vida. Vários estudos académicos verificaram que “nos EUA, Reino Unido, Bélgica e Japão, o rendimento per capita aumentou apreciavelmente em décadas recentes, enquanto a felicidade média permaneceu virtualmente constante ou mesmo desceu”, argumenta Frey. Facto: o crescimento da riqueza não produz um aumento proporcional de felicidade.
Mas todos os partidos desejam a nossa felicidade.
- O PS tem o rendimento mínimo, para atenuar a pobreza extrema; as scut, que nos permitem usar boas estradas sem pagar; o Magalhães, que faz as crianças felizes e dá aos pais uma ilusão de desenvolvimento.
- Para o PSD mais liberal de Passos Coelho, a liberdade de escolha induzirá mais felicidade. Os sacrifícios que ele quer pedir às pessoas servem para trazer mais felicidade no futuro.
- No caso do CDS, ser feliz é pagar menos impostos, dar melhores pensões aos velhos e punir o crime violento. Depois, como o ócio é das coisas mais contribui para a felicidade individual, Portas acha que o discurso contra os “subsídios à preguiça” fará felizes os que acham que os beneficiários do rendimento mínimo vivem alegres à custa dos contribuintes.
- Como há 100 anos, o PCP acha que o fim das desigualdades gera a felicidade universal com a abolição da propriedade dos meios de produção. Por um lado, os comunistas têm razão: segundo Frey, a percepção das desigualdades gera infelicidade. Por outro não: quem tem o seu negócio e possui os seus próprios meios de produção é mais feliz do que trabalhadores por contra de outrém.
- Já o Bloco de esquerda acha que o casamento dos homossexuais torna as pessoas mais felizes, e até pode ser verdade, porque de acordo com Frey, as pessoas casadas são mais felizes que as solteiras ou em união.
Infelizmente, Portugal está mais infeliz porque o desemprego tem um efeito devastador sobre a felicidade. Segundo Frey, o desemprego gera tristeza nas pessoas “mesmo sem estarem elas próprias desempregadas”. Quando o desemprego ultrapassa 10%, “reduz-se a satisfação com a vida”, escreve o economista.
David Landes, outro economista famoso, aponta a sobremesa como o problema de toda esta teoria. Landes, diz que vivemos para ser felizes mas isso não produz riqueza. A felicidade é um luxo recente, escreveu em 1998 no livro “A Pobreza e a Riqueza das Nações”: “Estamos a viver, sem dúvida, numa época de sobremesa. queremos que as coisas sejam doces; muitos de nós, trabalhamos para viver e vivemos para ser felizes. Nada há de errado nisso; só que isso não promove uma alta produtividade. Queremos alta produtividade? Então devemos viver para trabalhar e obter a felicidade como um subproduto”.
Os maços de cigarros foram desenhados para que a sua utilização fosse o mais eficiente possível. Mas há quem acredite que, se os cigarros fossem vendidos em embalagens menos amigas do consumidor, esta situação poderia funcionar como um desincentivo ao consumo e uma forma de estimular os fumadores a largarem o vício. Aqui fica um exemplo.
Estas análises que consideram elevado o preço a pagar pela Portugal Telecom por uma posição minoritária na Oi não surpreendem. Ao utilizar a "golden share" para chumbar a venda da Vivo e impor a permanência da operadora portuguesa no mercado brasileiro, o Governo deixou a PT em muito má posição negocial. E isso tem um preço.
Os restaurantes de comida japonesa surgem como cogumelos mas nem sempre aquilo que oferecem é digno de ser deglutido. No "Kampai", localizado onde outrora esteve o "Espírito dos Tachos", na Calçada da Estrela, em Lisboa, aquilo que se serve é honesto.
Os Açores são a região onde o restaurante, dirigido por um antigo mestre de "sushi" do Aya, se abastece de peixe. Ontem, em boa companhia, incluindo um dos ilustres guarda-freios deste ascensor, o "tekkadon" estava em forma, assim como os deliciosos "gyosa" que o precederam. Em tempo de lei seca, os sumos de leite de soja com maracujá ou com lima honraram a refeição.
O serviço, acolhedor e competente, rematou um serão aprazível em que se discutiram os mistérios do sucesso dos Arcade Fire, a carreira de Daniel Johnston, a literatura de Raul Brandão e a habilidade de Raymond Carver para escrever contos sobre a vida e as relações contemporâneas. A repetir.
John Scofield (à esquerda) e Pat Martino (à direita), dois guitarristas de primeira categoria, interpretam "Sunny", êxito, em 1966, pela voz de Bobby Hebb, cantor que faleceu ontem.
Jorge Miranda colocou o dedo na ferida. O problema de autoridade do procurador-geral da República pode não estar nos poderes que lhe estão atribuídos mas no perfil do próprio titular do cargo ou na estrutura de topo do órgão. E não se pode dizer que, ao declarar que o PGR tem tanto poder como a rainha de Inglaterra, Fernando Pinto Monteiro tenha feito grande coisa para melhorar a sua situação. Uma confissão de impotência deste calibre deixa marcas. Corresponde a dizer que a cabeça da Procuradoria é um elemento decorativo.
03 agosto 2010
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Não eram muitos os apreciadores de Juana Molina que se deslocaram, no domingo passado, à praça do museu, no Centro Cultural de Belém, para assistirem ao concerto de "folktrónica" da cantora argentina. Mas os que lá foram, e sem pagar bilhete porque o espectáculo era gratuito, assistiram a uma excelente "performance".
Sozinha em palco, Juana Molina tocou e cantou durante uma hora e meia, apenas apoiada por alguma (pouca) parafernália electrónica e uma simples guitarra acústica. O que fez foi aquilo que se esperava: foi criando "loops" a partir da sua própria voz, da viola e do teclado e, sobre esse fundo, foi fazendo evoluir as canções numa espiral minimalista e repetitiva.
O resultado, como nos seus discos, foi uma música mágica e hipnotizante, como uma fusão entre um universo psicadélico e memórias sonoras da infância. A quem ainda não tenha escutado nada de Juana Molina, sugiro a audição de "Son", lançado em 2006, um bom exemplo daquilo que aconteceu durante o serão no CCB.
Eles querem a regionalização quando o País precisa de uma séria remunicipalização.
Este fim-de-semana fui a Marvão. A terrinha é uma beleza, mas o concelho não devia existir. A sede do município tem pouco mais de 600 habitantes e o total de munícipes não chega aos 4 mil. Não há um mini-mercado ou uma mercearia na vila. Para comprar iogurtes é preciso fazer 5 km e para pôr gasolina é necessário percorrer 10 km a 14 km. Por todo o País há concelhos como este que deviam ser extintos e freguesias que deviam passar a municípios. Já a regionalização merecia passar ao arquivo morto. Mas não vejo que alguém tenha coragem política para comprar guerras destas num futuro próximo.
Estas coisas, embora dentro da legalidade, minam ainda mais a vontade das massas em colaborar no esforço nacional de redução do défice e afins. Reduzem a legitimidade da política. Enfraquecem a democracia. E dão gás a estas merdas demagógicas e perigosas.
A ministra da Educação quer acabar com os chumbos mas não quer baixar a exigência. Isso nem pensar. Vai ser mais exigente ainda. E nós acreditamos. Quando mais água tirarmos de um balde, mais cheio ele fica. De ar.
Sempre disponível. Sempre educado. Sempre com um sorriso nos lábios. Sempre cavalheiro. Sempre pedagógico. Sempre paciente. Sempre calmo. Sempre sábio. Sempre generoso. Sempre Mário…
Guarda-freios: João Cândido da Silva Vítor Matos Bruno Faria Lopes Luís Miguel Afonso Pedro Esteves Adriano Nobre Filipe Santos Costa Ana Catarina Santos