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elevador da bica

Golden (III)

30 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Parágrafo da Reuters sobre o veto: "It was the first time the government had used the golden share and surprised some, especially as Portugal is still struggling to attract foreign funds during the euro zone debt crisis and is seeking to maintain investor confidence."

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Golden (II)

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Vejo indignação perante o facto inédito da golden-share ter sido usada contra a vontade dos accionistas. Mas não se percebe a surpresa. É que a golden-share existe precisamente para isso: impedir em nome de um suposto interesse público que os accionistas tomem certas decisões (venda) com o seu dinheiro.

A maior parte dos accionistas de referência da PT, que tem dormido nos últimos anos com o poder político incumbente, que agora começa a abandonar, já deveria ter calculado que isto poderia acontecer. A golden-share esteve sempre lá. A abordagem intervencionista deste Executivo socialista à economia esteve sempre lá. Diz o sábio povo: "Quem se deita com cães, acorda com pulgas".

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Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (7)

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

A selecção nacional é um perigo político
Em 2004, o Governo caiu depois da vitória à Inglaterra. Em 2006, Freitas do Amaral demitiu-se na véspera do jogo com os ingleses



O sucesso de Portugal nos campeonatos de futebol esconde perigos imprevisíveis. Enquanto a nação anda com a cegueira da bola, os políticos têm a cortina de fumo perfeita para trabalharem na sombra.

O caso mais grave aconteceu no Euro 2004: Portugal ficou sem Governo entre a gloriosa eliminação da Inglaterra e as meias finais com a Holanda. Na véspera das meias-finais contra os Países-Baixos, Durão Barroso despediu-se de Portugal e pirou-se para Bruxelas. No dia da final com a Grécia, o primeiro-ministro mais provável chamava-se Pedro Santana Lopes. O que aconteceu a seguir é sabido.

O Mundial de 2006 na Alemanha, ofereceu a camuflagem perfeita para outra crise governamental. Na véspera do jogo dos quartos-de-final entre Portugal e a Inglaterra, Freitas do Amaral demitiu-se de ministro dos Negócios Estrangeiros. Dois dias antes das meias-finais com a França, Luís Amado tomou posse como MNE e Severiano Teixeira como ministro da Defesa . Do ponto de vista mediático a jogada é brilhante. Quando a selecção está a ganhar, alguém quer saber de ministros?

Em Espanha não é diferente: durante o Euro 2008, José Luís Zapatero anunciou um pacote de austeridade no mesmo dia em que a selecção nacional venceu a meia-final por 3-0 à Rússia.

Desta vez, Portugal foi politicamente salvo pela Espanha. Os políticos avaliam a agenda desportiva em função dos seus interesses: por exemplo, no dia em que a selecção jogou contra o Brasil, José Sócrates teve um debate quinzenal no Parlamento; mas Pedro Mota Soares, líder da bancada do CDS, chegou a sugerir uma data alternativa para o debate, que não coincidisse com o jogo, porque a agenda mediática estaria ocupada com a bola.

Vejamos assim o que aconteceu esta terça-feira, dia do jogo com Espanha: o Correio da Manhã tinha 18 páginas de futebol; o Diário de Notícias dedicava à bola um suplemento de 20; e o Público fazia um destaque de sete. As notícias políticas eram importantes, mas tinham um destaque relativo: o Governo queria isenções nas SCUTS, o PSD lançava a revisão do programa; e o Presidente pedia a verificação sucessiva da constitucionalidade do PEC.

Do ponto de vista político, temos de agradecer o golo de Villa. Da maneira que as coisas estão, sabe-se lá o que podia acontecer se Portugal seguisse em frente...


Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Golden

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Na China, há o inovador socialismo com características chinesas. Em Portugal, há uma economia de mercado com características portuguesas.

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O "professor" Queiroz

:: Guarda-freio: FSC

Antes disto começar, fiz uma única aposta com amigos sobre o nosso desempenho no Mundial: apostei que Portugal voltaria da África do Sul sem vencer qualquer jogo. Fui acusado de falta de fé e de não perceber nada disto. Admito que ambas as acusações sejam verdadeiras.

Portugal deu 7-0 à Coreia do Norte (com quem supus que empatássemos) e lá se foi a minha aposta. Mas, tirando a anormalidade que foi o jogo com a Coreia, acertei. Acertei sobretudo em relação ao "professor" Queiroz, e para isso não era preciso nem fé nem perceber muito de futebol. Bastava ter visto a nossa triste qualificação para o Mundial e (para efeitos de background) conhecer o percurso do dito "professor", cujo ponto mais alto do currículo é ter ganho, há 20 anos, dois mundiais de sub-20. Depois disso, arranjou emprego como secretário do sr. Fergusson e falhou sempre que pôs o pé fora do conforto do Man United: estatelou-se ao comprido no Sporting, no Real Madrid, na Selecção.

Sem visão de jogo, sem leitura táctica, receoso, autista, sem carisma e sem capacidade de mobilização, o que o "professor" fez no Mundial explica-se bem pedindo emprestada e parafraseando uma frase dita pelo técnico do Chile: pôs a andar jogadores que voam e quis pôr a voar jogadores que, nos seus dias melhores, seriam capazes de dar uns passinhos.

Infelizmente, o "professor" ainda deve dar cabo da nossa presença no Europeu de 2012 antes de ser mandado embora.

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Índice de citacionismo

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

"A Justiça portuguesa não está bem, mas não está tão mal como isso. Se corrermos a Europa, não encontramos Justiça melhor do que a portuguesa"

Pinto Monteiro, PGR, 19 valores no índice da carruagem da frente do comboio de trás.

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De duche em duche até ao banho final

29 junho 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Nada como uma derrotazinha por um a zero no segundo jogo contra um adversário digno desse nome para deixar os crentes na selecção luso-brasileira com a fé um bocadinho beliscada. Como diria o Calimero, é uma injustiça. Afinal de contas, parece que são estes crentes que puxam sozinhos pelas energias do país.

Resta um facto que deve ser consolo bastante: os fantásticos sete a zero contra a Coreia do Norte, essa grande potência do futebol que a FIFA, decerto por ignorância ou má vontade, coloca em 105º lugar no mesmo "ranking" em que classifica Portugal em 3º.

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Ouvido no Elevador

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

"Vocês têm um país bonito, mas o ordenamento do território é muito mau".

"Pois é. Sabes, há muita corrupção aqui."

"Corrupção temos nós em Itália. Vocês têm é mau gosto."

Piadola arranjada à pressa

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foi troca por troca: ainda ninguém explicou que a nomeação de Manuel Pinho para a Fundação Vieira da Silva se deve ao facto de Vieira da Silva ter ocupado o lugar dele no Ministério da Economia.

Teme-se o pior...

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sócrates diz que está muito confiante na vitória da selecção portuguesa contra a Espanha... Quando o primeiro-ministro abusa do optimismo e da "confiança", normalmente o resultado não é grande coisa, como se tem visto.

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Foi você que pediu uma "pen" de 2GB?

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

Quantas vezes já ouvimos a pergunta "tens aí uma pen" ou "trouxeste a pen contigo"? Pois bem, isto está prestes a ser coisa do passado.
Todos nós precisamos de partilhar ficheiros, seja porque fomos à casa de um amigo e queremos pedir “emprestado” aquele filme, aqueles álbuns ou aquelas fotos, ou seja porque temos um trabalho num outro local do país e estamos a meio de um documento e queremos acede-lo à distância. E como nem sempre andamos com aquele dispositivo de armazenamento USB, a que vulgarmente chamamos "pen", o senhor Ash, 25 anos, norte-americano a viver em Memphis, lembrou-se de criar um serviço que permite a sincronização automática de pastas e ficheiros através de vários computadores (ou dispositivos móveis de última geração) com acesso à Internet.
O serviço Dropbox permite a partilha de ficheiros entre os vários computadores de uma pessoa e até a partilha de pastas de um utilizador entre várias pessoas. Basicamente, e sem entrar em detalhes técnicos, o serviço cria um dispositivo de armazenamento virtual, acessível via net, e que se sincroniza com uma pasta residente no computador ou no telemóvel sem qualquer intervenção de quem a utiliza. É como se a pen estivesse ligada ao PC ou como se fosse uma pasta local no computador. Cada vez que se grava um ficheiro ele é automaticamente copiado para o servidor remoto do Dropbox e estará acessível por todos os outros computadores que também estão ligados a essa pasta remota. Simples, eficaz e completamente transparente para quem utiliza.
Para assegurar a confidencialidade dos dados, o serviço utiliza a mesma encriptação que é usada pelos serviços militares e a banca, garantindo que tudo o que está nos servidores do Dropbox está encriptado e inacessível a olhares estranhos.
Actualmente, o serviço oferece um espaço de 2GB de forma gratuita e está acessível aqui. Agora já não há desculpas para nem todos termos uma pen de 2GB!

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A golpada das Finanças no sigilo fiscal

28 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

O que incomoda mais nesta nova medida fiscal avançada pelo governo de José Sócrates é que uma alteração deste calibre – que finta o sigilo fiscal e amplia muito o acesso do Estado a informação sobre o nosso património – seja escondida no meio de um decreto-lei de execução orçamental. Foi preciso um jornal fazer o seu trabalho para o Ministério das Finanças sair da toca e dar-se ao trabalho de explicar às pessoas o que planeia fazer.

Em matéria de impostos esta não é, de resto, a primeira vez. Na imposição apressada do grande aumento de impostos em Maio, o governo não foi capaz de dar uma explicação clara e cabal aos portugueses – até se chegou ao cúmulo de ironizar com o IVA da coca-cola. Falta respeito e falta transparência na hora de pedir ainda mais dinheiro aos contribuintes.

Mistérios da vida moderna

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Podia não estar a escrever este post se ontem à noite na via rápida. Duas luzes brancas lá ao fundo - a 180, a 200? - e digo: aquele vem depressa! Dois segundos, uma curva ligeira. E então as duas luzes brancas à minha frente, à nossa frente, direito à cara, na nossa faixa, em contramão. A dez metros, a três metros, a um metro? Não sei. Nem sei como guinei. Vi o choque frontal. Décimas de segundo. Não me conhecia aquela frieza toda. Direita e esquerda: guinada a 100 à hora. Rodas na berma. Décimas de segundo. Salvos. A seguir, o susto. Estamos vivos? É estranha esta diferença entre o zero e o absoluto. Estarmos vivos agora e é igual a um segundo antes. Uma hesitação, seria tudo diferente. Que loucura.

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Aldous Huxley estava certo

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Não há qualquer problema em falar de masturbação como prática de autoconhecimento a crianças de nove anos, claro está. Nem pô-los a acariciar falos de esferovite, para que quando se queiram autoconhecer já levem um avançozito. Confiemos na suprema sabedoria dos professores na transmissão da mensagem. E aceitemos a sageza do grupo de iluminados que pensa estas coisas da educação em prol do bem comum.

Os burocratas da FIFA

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Claro que estes burocratas da FIFA fogem agora às perguntas sobre a arbitragem. Um desporto que deixa milhões pendurados num passe de génio, num golo, num corte cirúrgico – e que envolve milhões de euros – é regulado pela grupeta que castiga os jogadores que tiram a camisola para comemorar um golo, mas que rejeita recurso ao vídeo em lances decisivos e escandalosamente duvidosos. O golo anulado a Inglaterrra ontem – horas antes de a Argentina marcar um golo em claríssimo fora de jogo – é o início de uma revolução na arbitragem.

Gente em Museus - 13

27 junho 2010 :: Guarda-freio: Ana Catarina Santos



Ceci n'est pas une pomme. Ceci n'est pas une pipe. Ceci n'est pas une photo.
Musée Magritte Bruxelles, Juin 2010. Voilá.

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Entre a confiança e a insustentabilidade

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Sócrates pensa que "confiança" é um conceito que se reforça com o simples facto de dizer a palavra confiança. O primeiro-ministro diz "Temos confiança que vai correr tudo bem" e, num passe de mágica, injecta confiança nos desorientados ouvintes. O facto de ter apresentado um programa eleitoral irrealista, enquanto tentava manter o estado das contas do país sob o radar, é um pormenor que nada tem a ver com confiança, claro. O primeiro-ministro batalha agora sozinho contra os pessimistas que querem destruir o país. Sócrates gere, como sempre, a imagem do Calimero.

Cavaco pensa que pode falar agora sobre insustentabilidade sem que ninguém perceba que o aviso já deveria ter sido dado de forma clara há mais de um ano. Diz "Chegámos a uma situação insustentável", como se fosse um accionista que tivesse acabado de comprar o país e visto as contas da anterior gestão. Sendo deficitário noutras áreas, este Presidente da República tinha como mais valia a capacidade de entender o que se passa na economia. Não serviu de muito. Cavaco gere, como sempre, o seu calendário.

Gente em Museus - 12

26 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: VM

Pode tirar-me uma foto? Claro. Não se mexa... MoMa, NY, 2008

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O Rui Santos é que sabe

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Nada como um empatezinho a zero no primeiro embate com um adversário digno desse nome para se perceber que, para ir até onde os crentes sonham, a selecção luso-brasileira vai ter que jogar com a mesma solidez na defesa mas com muito mais acerto no ataque do que aquilo que sucedeu contra o Brasil. É que, como dizia há pouco na SIC Notícias o "guru" Rui Santos, a normalidade foi o que se viu ontem e não aquilo que aconteceu frente à Coreia do Norte.

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O segredo dos teus olhos

25 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Uma vez vi uns olhos castanhos muito grandes atrás de um computador, só os olhos, a mirarem. Aquilo ficou. Mais tarde casei com ela. A esta história, podia chamar-se "os segredos dos teus olhos", como o filme argentino que vimos esta semana. O filme de Juan Jose Campnella ganhou o Óscar do melhor filme estrangeiro e é sobre paixões, violência, vingança, memórias, crime e filhos de puta que são como as rolhas a boiar entre o lixo político de um regime qualquer. Mas também é muito sobre os silêncios e o lado obscuro do nosso cérebro, para onde mandamos tudo o que do passado nos incomoda e que regressa para nos atormentar quando a vida traquiliza após a reforma. É uma boa história, - com um ou outro exagero - mas vale a pena ver. Tem alguns diálogos quase tarantínicos. Daniel Oliveira faz aqui uma reflexão interessante sobre a coisa.

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Mistérios da vida moderna

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Mudei os livros de lugar esta semana nas prateleiras lá de casa. Por um acaso qualquer, o aquário dos peixes passou a estar junto à poesia, movimento arriscado senão subversivo. No dia seguinte, assustado, mudei os peixes de lugar. Ou se afogavam ou voavam dali para fora. Uma noite sonhei que nas escamas lhes cresciam penas.

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"PIGS" são eles!

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

O súbito calor de trinta graus despertou na cidade de Bruxelas os odores mais entranhados. A cidade cheira mal. Cheira a urina em todos os cantos. As ruas não vêem água com lixívia ou detergente certamente há meses. À esquina de cada Igreja ou monumento há um insuportável cheiro a lixo. Até junto ao Parlamento Europeu, o cheiro é intenso e obriga-me a um revirar de olhos constante.
Isto já para não falar dos belgas, propriamente ditos. Pelas ruas de Bruxelas cruzo-me com homens e mulheres que não sabem que a expressão “banho diário” deve querer dizer exactamente isso – duche todos os dias pelos menos uma vez.
A curta pausa para almoço dos burocratas de Bruxelas é aproveitada para apanhar uma nesga de sol que há meses não lambia aqueles corpos pálidos. Elas sobem as saias e sentam-se de qualquer maneira esticando as pernas brancas, algumas sardentas, na relva do parque junto à Praça do Luxemburgo. Eles atiram-se para o chão, abrem os botões da camisa e tiram a gravata com as mãos suadas antes de abrirem o saco de papel da baguette que lhes serve de almoço. Todos ao sol, o sol tão raro de Bruxelas. E transpiram. E comem sozinhos, calados, ao sol. E transpiram. O reflexo brilhante do suor vê-se à distância. E transpiram…
Depois voltam ao trabalho, entram nos gabinetes, sobem os braços para apanhar um dossier de uma estante, contactam com os deputados, fazem atendimento ao público, recebem visitantes, contactam com jornalistas. São gente de poucas falas. Dizem “bonjour” e “merci” (quando dizem) quase sem abrirem a boca. Nunca sorriem. Não respeitam filas. Não seguram a porta quando alguém vem atrás. Dizem mal dos portugueses e dos latinos. E cheiram mal que tresandam…

Zero a zero

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Empate. Portugal podia ter ganho. O Brasil - o super-Brasil, papão da bola - foi uma equipa banal, sobretudo na segunda parte. Defesa irrepreensível do lado português, sem jogar catenaccio. Venha agora quem vier.

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Vergonha

24 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Tenho vergonha deste País. António Barreto disse um dia que os portugueses não merecem o País que têm por tão mal o tratarem (cito de cor). O caso deste prédio na Casal Ribeiro, onde viveu Fernando Pessoa, e pelo qual passo todos os dias pé, não é o mais grave mas é exemplar. Onde estava um edifício arte nova vai nascer um empreendimento de luxo. Um pouco mais acima, em mais uma das esquinas do já destruído Saldanha, um prédio da mesma época vai desaparecer para dar lugar a outro edifício de escritórios. Do outro lado da Praça Duque de Saldanha, lá está mais um imóvel fin de siècle devoluto à espera de não ter recuperação possível para depois ser demolido. A Avenida da República foi destruída. A Fontes Pereira de Melo arrasada (lá se salvou o Palácio Sottomayor). A Avenida da Liberdade descaracterizada. O que devia ser uma excepção tornou-se regra. Vamos a Paris, Roma, Londres e o centro está intacto. Em Lisboa terraplana-se.

A lógica é económica: o PDM permite construir nove ou dez andares nesta zona da cidade e os prédios velhos só têm três a cinco. Agora imagine que herda um imóvel destes de uma avó. Faz obras de recuperação e ganha 2,5 milhões de euros? Ou deixa-o cair e depois constrói nove andares de escritórios e encaixa 10 milhões? Eu sei muito bem o que faria. O imperativo é mudar esta lógica: quem deixar prédios a cair no centro da cidade devia ser expropriado sem apelo nem agravo ou taxado de forma que não valesse a pena manter o imóvel devoluto. E só em casos muito excepcionais se devia permitir o aumento das cércias pré-existentes.

Os portugueses - políticos, autarcas, arquitectos, investidores - não amam o seu País. É uma vergonha.

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O cerco aperta-se

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Imagino – ou melhor, espero – que nas Finanças e em São Bento haja pessoas a perder o sono com isto. Perante a secura financeira dos bancos portugueses, o governo alimenta a esperança que o BCE continuará a emprestar dinheiro e a salvar a situação. Entretanto, no mesmo governo há quem ainda fale em grandes projectos.
Chamar a atenção para a gravidade da situação no sistema financeiro português é uma questão muito delicada – abuse-se nos alertas e arrisca-se uma corrida aos bancos. Não é fácil. Mas a insistência na "confiança" (a palavra mais putificada no discurso oficial sobre a economia) e no galope ao lombo dos "sinais de retoma" é uma táctica errada. Com Portugal a arriscar um recurso ao Fundo de Emergência Europeu e os bancos presos pelo fio do BCE, a situação continua mais difícil do que nunca. Em Portugal há muitas pessoas que ainda não perceberam isto.

O que começa também acaba...

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

... ainda que, às vezes, demore o seu tempo.



John Isner, 25 anos, EUA, acaba de entrar para o Guiness World of Records como vencedor do encontro de ténis mais longo da história.

Tempo total de jogo: 11 horas e pouco
Resultado final: 6-4, 3-6, 6-7 (7-9), 7-6 (7-3), 70-68

Serviços directos: Isner (112) - Mahut (103)
Pontos ganhantes: Isner (246) - Mahut (244)
Total de pontos ganhos: Isner (478) - Mahut (502)

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Para "épico", nada bate o melhor desporto de sempre

23 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Na foto está Isner, exausto, com o quinto set ainda em 34-35.
Adenda: acabou passadas mais de 11 horas de jogo. Isner ganhou quinto set, 70-68.

Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (6)

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sorrisos profissionais
Nós confiamos nos sorrisos naturais e desconfiamos dos sorrisos forçados. Isso influencia o voto?

Não há sorriso como o de Berlusconi. Também não há plástico de maior qualidade: Silvio é um tupperware político. Sorri profissionalmente, com os dentes todos, a cara toda, os olhos todos, mais testa e orelhas. Quase é engolido pelo seu sorrir. Um bom sorriso tem um enorme valor político, não é brincadeira. Barack Obama tem o sorriso artificial mais natural do mundo. Trata-se de um património: faz-nos confiar, desconfiar, simpatizar ou odiar. Quando falamos com uma pessoa, avaliamos inconscientemente o interlocutor pelo sorriso. E aos políticos também.

Um estudo científico publicado em Março deste ano no British Journal of Social Psychology, com base em experiências levadas a cabo por Lucy Johnston, Lynden Miles e Neil Macrae, concluiu que as pessoas reparam espontaneamente no tipo de sorriso dos outros, em situações onde a confiança e a necessidade de cooperação estão salientes. Touché! Política é sobre confiança e cooperação. Um político trabalha para que as pessoas confiem nele e cooperem com as suas ideias.

Daí a importância do sorriso para definir votos e influenciar sondagens. Quando estiver a ver um político na televisão que acena e sorri, observe e sinta: qual me transmite mais confiança? Segundo a citada investigação intitulada “Está a Sorrir para Mim? Funções sociais dos sorrisos naturais e forçados”, os participantes no estudo “avaliaram de forma mais positiva os indivíduos que mostravam sorrisos verdadeiros do que aqueles que apresentavam sorrisos forçados, e tinham maiores taxas de cooperação com os que apresentavam sorrisos naturais”.

Em Portugal, o político com o sorriso mais profissional é Paulo Portas, porque percebeu a importância eleitoral do sorriso e comprou uns dentes novos para sorrir à vontade. Tem postiço a mais para gerar altos índices de confiança.

O sorriso de Sócrates é irónico e sarcástico porque o primeiro-ministro aparece mais vezes a sorrir de descontentamento – por exemplo perante adversários e perguntas incómodas – do que por boas causas, apesar do seu optimismo crónico. Não motiva a cooperação.

O sorriso de Passos Coelho é o mais sumido de todos, por se traduzir numa linha sem volume entre dois lábios prensados: é demasiado ambíguo, como o da Mona Lisa, para lhe dar alguma vantagem política.

O de Jerónimo de Sousa é sincero, talvez daí venha parte da sua popularidade. E o de Francisco Louçã pede meças ao de Sócrates na ironia.

O quadro não é famoso. Talvez por isso Cavaco Silva reserve para si alguma vantagem porque raramente sorri em situações oficiais. O País está mais para o estilo cara-de-pau tipo Ramalho Eanes.

Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Schadenfreude

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Desde 1984 - ano em que o Platini traumatizou a minha infância - que para mim uma derrota da França é vitória e meia de Portugal. Desse ponto de vista, este Mundial está a correr lindamente. Por vezes schadenfreude é um sentimento terrivelmente delicioso. Imagino os irlandeses...

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O lado negro dos 7

22 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Para dizer a esta juventude o que os espera

21 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Vejo o Prós e Contras. Painel convidado: Boaventura Sousa Santos (69 anos), Mário Soares (85 anos), Ângelo Correia (65 anos) e, em representação das camadas jovens, António Vitorino (53 anos). Idade média do painel: 68 anos. Tema: "Visões de Futuro". Estamos conversados.

A Muralha de Aço

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Cinco anos depois da morte de Vasco Gonçalves, o PCP faz um elogio à memória heróica do companheiro Vasco. É sempre bom ler o Avante!, porque assim somos lembrados do que pensa o verdadeiro PC (que não transparece exactamente o mesmo do partido parlamentar). Eis um excerto eloquente do discurso de José Casanova, director do Avante!, a glorificar o PREC. Mas o texto deve ser lido na íntegra, para percebermos que Casanova entende que no tempo da revolução bolchevique portuguesa é que se vivia em democracia. De então para cá, o País é comandado pela minoria do grande capital, ou seja, todos aqueles que não votam no Partido são ceguinhos políticos que nunca viram a luz. O PC continua uma Muralha de Aço.

[PREC] Isto é: a democracia de Abril, moderna, progressista, participada, do povo e para o povo, virada para o futuro, e da qual Vasco Gonçalves foi um dos grandes construtores, foi substituída por uma democracia velha, de fachada, de faz-de-conta, cada vez mais carenciada de conteúdo democrático, de costas viradas para Abril e de olhos postos no passado de exploração e de opressão; o regime democrático nascido de Abril e moldado de acordo com os interesses da imensa maioria dos portugueses, foi substituído por este regime de política única nascido da contra-revolução, moldado ao sabor dos interesses da imensa minoria dos portugueses, ou seja, do grande capital explorador e opressor.

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Cavaco fez bem

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Cavaco Silva fez bem em não estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago. Não só porque seria, de facto, uma atitude de hipocrisia, mas porque o Presidente da República não tinha que se sujeitar ao previsível papel de "bobo da festa" num evento que foi, também, transformado numa manifestação política, com bandeiras do PCP pelo meio e o velho "slogan" da "luta continua".

Era previsível que houvesse aquele aproveitamento, estando em causa a derradeira homenagem a uma pessoa que, além de escritor galardoado com o prémio Nobel da literatura, também teve uma militância política conhecida e assumida. Posto isto, Cavaco não tinha qualquer obrigação de comparecer, para além de lamentar a morte do ser humano e o desaparecimento de um escritor relevante nas letras portuguesas.

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Se fossem todos como a Coreia do Norte é que era bom

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Nada como uma vitória por sete a zero sobre uma equipa que está classificada no 105º lugar no "ranking" da FIFA para despertar novamente no país bipolar a euforia e a certeza de que a selecção luso-brasileira vai ser campeã do Mundo.

Sim, foi uma exibição agradável. Sim, foi uma bela goleada. Mas, partindo do princípio que a passagem aos oitavos-de-final está garantida, esperar que as equipas com que o "team" luso-brasileiro ainda vai ter que se defrontar serão tão macias e ingénuas como a que veio do país do "querido líder" é capaz de ser meio caminho andado para o desastre.

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7

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

À atenção dos pessimistas aqui da casa.

Sete.

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Reappraise

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Cavaco no funeral ofendia Saramago

20 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

A polémica sobre a ida ou não de Cavaco Silva ao funeral de José Saramago é ou estéril ou hipócrita. Cavaco é Presidente da República e tem deveres como tal. É verdade. Mas coloquemos a questão onde ela reside de facto: a ida de Cavaco Silva ao funeral de Saramago seria uma hipocrisia lamentável. O defunto desprezava-o profundamente. Saramago jamais desejaria tê-lo por perto no último adeus, fosse como Presidente ou apenas na pele de fulano de tal. Quem tem bom senso, não vai a funerais onde a sua presença ofende a memória do defunto.

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Qual é a dúvida?

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

"Não percebo como se comemora o 25 de Abril no dia 27", diz o antigo ministro das Finanças, Ernâni Lopes.

Do meu ponto de vista é muito simples. Procede-se como as pessoas que fazem anos num determinado dia e que, por razões de conveniência, celebram o aniversário noutro, durante o fim-de-semana, por exemplo. Qual é a dúvida?

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A morte do artista

18 junho 2010 :: Guarda-freio: FSC

Talvez por julgar que o momento o impunha, o "professor" Carlos Queiroz comentou a morte de José Saramago. Infelizmente Saramago não poderá comentar segunda-feira a "morte" do artista Queiroz.

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À terceira foi de vez

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Lino nomeado para cargo em seguradora da Caixa

Música de Elevador

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

High VioletThe National
High Violet
Maio 2010 :: 4AD

Podia bem ser um mistério da vida moderna o facto de uma banda conseguir produzir de enfiada três álbuns magníficos e mesmo assim continuar a sustentar um certo nível de anonimato. Mas deixem-me que vos diga que pressinto que isto vai mudar com o mais recente trabalho dos nova-iorquinos The National. A música presente neste disco é a recorrentes espaços magnânima e grandiosa e palpita-me que vai ser assim a ascensão da banda nos corações de quem consome música. Se o anterior "Boxer" foi dos meus eleitos de 2007, não tenho dúvida que este "High Violet" vai ser do melhor que este ano vai poder ouvir. O disco tem uma carga atmosférica intensa, com coros de anjo a flutuar por cima de batidas constantes a bombear sangue por todo o corpo, orquestrações espaciais que se contêm e se espalham por túneis escuros mas iluminados por luz forte à saída. A voz de barítono melancólico, arrastada mas cortante de Matt Berninger continua a sobressair, mas neste disco há algo mais que na minha opinião faltava aos discos anteriores: a qualidade da escrita musical e a forma como as palavras estão tão bem suportadas pelo ritmo e pela dinâmica da música. É a banda sonora perfeita para deambular pelas ruas cinzentas da cidade com o vento a bater-nos na cara. É um grande disco.

The National - "Bloodbuzz Ohio" (video oficial) de The National no Vimeo.

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A conversa pateta sobre a mudança dos feriados

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Acabar com alguns feriados parece uma ideia razoável – o Carnaval é um exemplo, o 1 de Dezembro outro, o 8 de Dezembro outro ainda. Um feriado pagão, um feriado nacionalista, um feriado religioso. Tomando como bom o pressuposto de que é preciso que o país trabalhe mais, poderemos então discutir quantos feriados sacrificamos. E quais.

O que já parece pateta é a ideia de mover as datas dos feriados para evitar as pontes. O poder público mexe-se para acabar com a balda no próprio sector público e no privado. Talvez fosse mais fácil apertar a disciplina no Estado – tentem ir a um hospital nesses dias ou vejam a actividade no Parlamento – e deixar aos privados liberdade para fazerem o que entenderem.

Diz o argumento a favor da mudança das datas que na Alemanha os feriados também são movidos para evitar pontes e tal e tal. Mas acredito que na Alemanha os alunos tenham desde cedo de estudar para não chumbar, que os baldas tenham que enfrentar a hostilidade dos colegas, que os deputados que roubam gravadores se demitam antes de serem demitidos (ou não serem demitidos). O problema da responsabilização e da ética no trabalho é cultural – mudá-lo com a treta dos feriados à sexta ou à segunda é mera cosmética.

E gera polémicas inúteis: como celebrar o Natal a 27? Ou o 25 de Abril a 23?

Este homem

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Este homem roubou gravadores a jornalistas, com o objectivo de proibir a publicação de uma entrevista. A "subtracção" foi feita na biblioteca da Assembleia da República, filmada e mostrada a todo o país. Perante a passividade geral dessa massa informe chamada povo, este homem continua a ser deputado na mesma Assembleia da República, defendendo a posição do primeiro-ministro na comissão de inquérito PT/TVI e mantendo o cargo de vice-presidente da bancada parlamentar socialista. Em sua defesa apareceram não só o PS, como os restantes grupos parlamentares. Percebe-se porquê – é que este homem contribui, de facto, para a qualidade do debate político em São Bento. De resto, tudo bem.

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Gente em museus - 11

17 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: VM

Mediação. Moma, NY 2008.

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A penitência de Cavaco

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Para os católicos conservadores, Cavaco não chega. Ele é católico. Ele é conservador em matéria de costumes. Mas é insuficiente. Cem mulheres preferem Bagão Félix no Palácio de Belém. Santana Lopes também quer Bagão Félix, embora as suas razões contra Cavaco sejam menos católicas. Não deixa de ser uma grande injustiça contra Cavaco: ele vai à missa todos os domingos aos Salesianos de Campo de Ourique; ele foi sempre contra mexidas na lei do aborto; ele foi sempre contra a nova lei do divórcio; ele foi sempre contra esta fórmula dos casamentos gay; ele sempre abominou a todas as agendas fracturantes. Com uma fragilidade: foi sempre mais vago do que veemente nas suas tomadas de posição nestas matérias, mesmo antes de ser PR.

Mas pecou: promulgou o aborto depois do referendo, o fim do divórcio litigioso, os casamentos gay. Os católicos que suspiram por um candidato oficial da Igreja nem sabem o mal que estão a fazer à sua própria causa. Vivemos numa democracia com regras e o lado contrário tem ganho. Paciência. Em democracia toda a gente tem direito à opinião, e mesmo num Estado laico a Igreja tem o direito de dizer o que pensa, sejam cardeais sejam leigos. Acontece que o PR não tem culpa de estas medidas terem sido aprovadas na vigência do seu mandato. É verdade que por uma questão de coerência consigo próprio, Cavaco devia ter vetado a lei dos casamentos homo. O discurso do não-veto-porque-não-vale-a-pena-que-nada-mudaria é uma declaração de impotência dos poderes presidencias. O problema é político. O veto valeria como uma tomada de posição política que agradaria a uma boa parte do eleitorado de Cavaco. Mas se olharmos para o assunto de forma utilitária, Cavaco é capaz de ter razão: o resultado seria o mesmo. Agora, a sua penitência é ter os ultra-conservadores a rezar por um candidato-conservador-oficial. Não deixa de ser irónico.

Ler este post do Francisco José Viegas.

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Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (5)

16 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O estrangeiro sem vergonha
Os problemas de Sócrates com as línguas estrangeiras revelam toda uma biografia do primeiro-ministro



Quando vemos o primeiro-ministro humilhar-se publicamente a tentar falar inglês ou espanhol, pensamos que José Sócrates não tem vocação para línguas estrangeiras. Pode até ser verdade que não tenha esse talento, mas esta inabilidade revela-nos mais. Diz-nos muito sobre a sua história de vida: um jovem preguiçoso, sem auto-exigência, que pouco pensou no futuro nem imaginou que chegaria onde está hoje.

Não era suposto que Sócrates fosse um Emil Krebs, um linguista alemão que falava 68 línguas (1867-1930), cujo cérebro foi estudado em 2003 por neurologistas do Centro de Pesquisa Jülich, na Renânia Vestfália. Os cientistas compararam o cérebro de Krebs com o de 11 indivíduos normais e concluíram que o linguista tinha a área de Broca – zona do cérebro associada à linguagem – mais desenvolvida. Do estudo, sobrou um mistério: Krebs já tinha uma área de Broca evoluída, ou desenvolveu-a com o esforço de musculação cerebral ao longo da vida?

Eva Fernandez, uma linguista norte-americana da Universidade de Nova Iorque, analisa o caso do brasileiro Carlos do Amaral Freire – o maior linguista vivo capaz de traduzir 60 línguas. Ela acha que o segredo está mais na transpiração que na vocação: os poliglotas “apenas têm de trabalhar mais arduamente do que nós”, diz Fernandez citada num artigo da Psychology Today. Stephen Krashen, professor emérito da UCLA e especialista no ensino línguas, também acredita que os poliglotas apenas trabalham mais.

Quando estava no lugar que hoje é de Sócrates, António Guterres deslumbrava plateias ao falar fluentemente francês, inglês e espanhol. Marcelo Rebelo de Sousa, à época líder do PSD, acrescentava-lhe o alemão. Têm a área de Broca desenvolvida? Talvez. Mas eles foram dos alunos brilhantes na sua geração, esforçaram-se por aprender, estudaram ao longo da vida, foram exigentes, ambicionaram chegar onde chegaram e até onde nunca conseguiram chegar. Sócrates é inteligente. Não é por falta de inteligência que não sabe línguas. Mas foi ele que escolheu fazer Inglês Técnico numa universidade duvidosa.

Os problemas de Sócrates com o inglês e o espanhol (até agora fomos poupados ao seu francês) são fruto de um percurso académico desequilibrado, de um jovem que acordou tarde para a necessidade de ter as competências certas. O seu exemplo podia ter inspirado as Novas Oportunidades.

Mas Sócrates tem uma qualidade em comum com os poliglotas: não tem vergonha de falar línguas em público. No entanto: sabe que fala mal, mas prefere passar uma vergonha tremenda a assumir a sua ignorância. Isso também diz muito sobre ele, do bom e do mau.

Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Mistérios da vida moderna

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso


Na passada semana aproveitei o feriado de quinta e o meu aniversário de sexta para rumar a sul e mudar de ares durante quatro dias. Tal como eu, centenas de portugueses fizeram o mesmo. Isto a julgar pela quantidade de carros (a maior parte deles de alta cilindrada) que passaram a zunir por mim na A2 em direcção à costa Algarvia e de volta na viagem de regresso a Lisboa. Mas qual foi o meu espanto quando, nas três sessões de por-do-sol que fiz para fotografar pela primeira a costa Algarvia, os locais se encontravam desertos. Praia do Castelejo perto de Vila do Bispo, Praia da Marinha (na foto acima) no concelho de Lagoa e as praias de Dona Ana e do Camilo em Lagos, todas desertas, das 18 às 21h... Já na praia do Cabeço no calmo Sotavento Algarvio, onde andei a banhos com a família, o areal encontrava-se lavrado por pouco mais de 2 dezenas de pessoas a qualquer hora do dia. A questão que se coloca é: onde se metem hoje em dia as pessoas que vão para o Algarve?

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Escolha o seu País preferido:

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Aqui tem um País homólogo:"Desemprego cresceu 14,6 por cento face a Maio de 2009", título do Público.

Aqui tem um País em cadeia: "Número de desempregados inscritos no IEFP desceu 1,8 por cento em Maio", título na TSF.

No País homólogo, o número de desempregados aumentou 71 mil.

No País em cadeia, o número de desempregados baixou 10 mil.

Feito o saldo, no País verdadeiro, há mais ou menos desempregados?

Público valorizou correctamente a variação homóloga, porque na variação em cadeia entram em conta factores sazonais de emprego. Os números da variação homóloga também são mais expressivos e o jornal ainda teve o cuidado de explicar que o IEFP nunca esclareceu o destino de 50.782 desempregados que desapareceram do radar. Quantos deles arranjaram empregos?

Com a beleza destes números podemos levantar uma hipótese: um aumento do desemprego conjugado com a  redução dos inscritos no IEFP pode aumentar ainda mais o número de desempregados sem protecção social?

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Um duche de realidade

15 junho 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Nada como um empatezinho a zero e uma exibição frouxita para baixar as expectativas sobre o desempenho da selecção luso-brasileira no Mundial 2010 e colocá-las onde elas devem estar, isto é, de bolinha baixa, junto ao relvado. A jogar como se viu, já será um feito merecedor de referência se a selecção luso-brasileira conseguir superar a fase inicial da competição e avançar para a eliminatória seguinte.

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"Temos que dar um tempo"

:: Guarda-freio: FSC

Gosto de anúncios inteligentes, de cerveja, de futebol e da frase "Temos que dar um tempo", que tem um ar super-retro, tipo telenovelas dos 80's. Obviamente, gosto deste anúncio.

Serviço público

:: Guarda-freio: FSC

Enquanto escrevo a RTP1 transmite em directo a partir da Praça da Figueira. Neste momento um rapaz com uma t-shirt do Brasil e uma rapariga com mini-saia amarela, top verde e barriguinha de cerveja cantam "Você não vali nada mais eu gosto dji você". O programa chama-se "Força Portugal". Óbvio.

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Não perdem pela demora

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

Aposto que se Portugal tivesse ganho à Costa do Marfim, o Governo anunciava já esta tarde, de fininho, mais um aumento de impostos! Uff, menos mal que foi um empate...


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Festival mundial

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Portugal, one point!...
Le Portugal, un point!...
errr... Portugal, um ponto!...

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Estranha estratégia: de resto tudo bem

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Percebe-se que o PS defenda José Sócrates das conclusões (suaves) da comissão de inquérito ao caso PT-TVI. Mas não se percebe que seja Ricardo Rodrigues a defender o primeiro-ministro. O Pedro Tadeu aqui tem razão. Vitalino Canas, por exemplo, podia fazê-lo. Mas ser Ricardo Rodrigues a fazer a defesa do PM, o mesmo que meteu dois gravadores da Sábado ao bolso para impedir a publicação de uma entrevista sobre o seu passado mais do que duvidoso, não é bom para José Sócrates. No mínimo ele não devia ser vice da bancada nem porta-voz do PS na comissão. Na média, não devia estar na Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias nem ser coordenador para matérias de Justiça. No máximo, teria renunciado ao cargo de deputado por não ter um comportamento democraticamente digno de um mandato atribuído pelo povo. Sócrates gosta de ser defendido por Ricardo Rodrigues, é o que podemos concluir. É uma estranha estratégia. Mas estamos em Portugal, onde todos os valores são absolutamente relativos.

De resto tudo bem.

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A insustentável leveza do discurso

14 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O Paulo Gorjão aponta no Delito de Opinião a contradição de Cavaco com a história da situação "insustentável" do País e o apelo ao apaziguamento ideológico. Se a situação é insustentável, cabe também ao PR que a torne mais sustentável, pois tem poderes para ser mais que um notário do regime. O que faria o PR se a coisa evoluísse para lá do sustentável? Do Estatuto dos Açores ao casamento gay, Cavaco tem repetido declarações de impotência presidencial, seja por falta de poderes, seja por fraca força política. Agora, a impotência perante a insustentabilidade da situação acaba por dar alguma razão à direita que deseja outro inquilino em Belém.

Em todo o caso, não resisto a tirar do contexto esta frase tipo trompe l'oeil do discurso de Cavaco no 10 de Junho:

"Os Portugueses anseiam por limpar Portugal, aspiram a um País mais são, mais limpo, não querem viver numa atmosfera carregada e irrespirável (...)".

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Interlúdio

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Hoje comprei 11 carteirinhas da colecção de cromos do Mundial e não saiu um único repetido. Os jogos andam fraquinhos e as vuvuzelas fantasticamente incomodativas – por agora salvam-se os cromos. Os da colecção.

Leitura de elevador

:: Guarda-freio: FSC


YOANI SÁNCHEZ, cubana, 34 anos, mãe de um filho, tem uma história quase banal. Como tantos cubanos da sua geração, tem uma licenciatura e sobrevive de biscates (ensina espanhol a estrangeiros), passa horas nas filas do talho, da padaria e nos mercados semivazios de Havana para abastecer a despensa doméstica. Como é normal na sua geração, tem um nome exótico começado por Y, sinal de tempos em que inventar o nome dos filhos era o cúmulo da liberdade. Como tantos outros, fugiu de Cuba decidida a não voltar.

Mas voltou. Começa neste regresso, em 2004, a história excepcional desta mulher normal. Yoani sabia ao que voltava e sabia que, ao aterrar em Cuba, não poderia sair outra vez. Não há argumento que convença o regime a deixá-la sair da ilha — nem o facto de Yoani ser hoje uma celebridade, graças a um blogue (‘Geração Y’) que se tornou uma janela através da qual o mundo acompanha o absurdo quotidiano no país dos Castro. “Cuba Livre” é uma selecção de posts desse blogue, que valeu a Yoani o reconhecimento mundial (em 2008, a “Time” incluiu-a na lista das cem personalidades mais influentes do mundo).

Textos incisivos e reflexões bem humoradas sobre a aventura de ser um blogger num país onde é quase impossível aceder à Net e sobre ser livre num regime autoritário. Mas sobretudo sobre a aventura de (sobre)viver onde falta quase tudo mas sobra a propaganda e a burocracia. Textos sobre gente que sonha com carne, que desiste de ter filhos porque não há casas, que vê fugir todos os amigos (e até esse “amigo” à distância que era o apresentador mais famoso da TV cubana), que vasculha os armários e a árvore genealógica para provar a ascendência espanhola e conseguir um novo passaporte. Gente que desespera para comprar limões, que duvida dos conhecidos e suspeita dos estranhos, que “não acredita nos boatos nem nos factos”.

Gente que resiste mas se sente cobarde.“Lembro-me do dia em que contámos ao meu filho que ele [um amigo] estava preso. O meu marido disse-lhe: ‘Teo, o teu tio Adolfo está preso porque é um homem muito corajoso.’ E com a típica lógica infantil, Teo concluiu: ‘Então vocês ainda estão livres por serem um bocadinho cobardes.’”

Publicado no suplemento Actual, do Expresso, 12/06/10

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Gente em museus - 10

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Foto: VM

Obra em obras, CCB 2010. Exposição dos brasileiros Gémeos Pandolfo, no Museu Colecção Berardo.

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Começou

11 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes


Fans hold up a South African flag before the 2010 World Cup opening match between South Africa and Mexico at Soccer City stadium in Johannesburg June 11, 2010.
REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Mensagem errada nos défices

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Este título não é meu. Também não é do Avante! É o título do Editorial do The New York Times.

Os americanos, que têm um défice gigantesco, estão com medo desta pescadinha morder o rabo: se o Governo faz cortes não gasta, se não gasta não há estímulo para combater a crise, se não há estímulo não há crescimento, sem crescimento há desemprego, com desemprego o Estado tem mais despesas sociais, as despesas sociais absorvem o dinheiro dos estímulos, por isso não há crescimento, sem crescimento o défice faz aumentar a dívida, se a dívida dispara sem crescimento o risco da aumenta, se o risco aumenta os bancos e o Estado começam a ter problemas em financiar-se... e chegamos à fronteira de Portugal e de Espanha... e a seguir estamos na Grécia. É preciso fazer cortes. Se o Governo faz cortes não gasta...

Em Portugal e Espanha tudo bem. Mas os norte-americanos começam a rezar a todos os santinhos para, por favor, britânicos e alemães não exagerarem nos cortes orçamentais para a economia não estagnar e os arrastar também para o buraco negro.

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(Também) No mesmo lado do espelho

10 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

«O Alentejo do meu avô era igual ao Alentejo das invasões francesas. Aquilo era a Mauritânia, meus amigos. Coisa áspera. O terceiro mundo estava ali estacionado. Mas, apesar de ser um camponês analfabeto, o meu avô arregaçou as mangas e tirou o país do terceiro mundo. Quando o meu pai nasceu, Portugal já estava no 'segundo mundo'. Por isso, o meu pai já pôde ir à escola: tirou a quarta classe e fez-se à vida. Foi o meu pai, meus amigos, que colocou Portugal a crescer a 9% ao ano. Foi o meu pai, ex-operário e agora empresário, que colocou Portugal no hall de entrada do primeiro mundo. E foi nesse hall que eu nasci. Devido ao trabalho do meu pai, eu estudei além da quarta classe, e, agora, sou o cronista-benjamim do maior jornal do país (para grande desgosto do meu avô, que me queria no "Avante!"). Portugal mudou, e muito, meus amigos. Eu sou a prova disso. E há milhares e milhares de histórias familiares idênticas à minha. Temos juízes, advogados, professores, investigadores, empresários, gestores, escritores, jornalistas e médicos que têm algures um avô analfabeto e um pai com a quarta classe. O país inteiro devia ter orgulho nestas histórias. Porque são estas histórias que fazem a História de um país. São estas epopeias familiares que constroem as narrativas históricas que unem uma nação em momentos de aperto e redenção.

Portugal não está condenado ao declínio. Aliás, a ascensão tem sido a marca da nossa história recente. O meu avô e o meu pai trouxeram Portugal para o primeiro mundo. Com o país às costas, eles subiram a escadaria, desde a empoeirada Mauritânia até à reluzente União Europeia. E, meus amigos, não vai ser no meu turno que Portugal vai aos trambolhões pela escadaria abaixo. Até porque estou mais bem preparado. Só tenho de encontrar o coração que eles tinham.»
Crónica deste senhor.

Freakpolitics - o que diz o lado improvável dos políticos (4)

09 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Cavaco, o turista conservador
Cavaco Silva é um turista psicocêntrico que desvaloriza a necessidade de conhecer o mundo

A imagem de Aníbal Cavaco Silva sedento de aventura a subir a um coqueiro numa praia de São Tomé, há quase 20 anos, já não cola. Não haja dúvidas que hoje, Cavaco Silva é um viajante psicocêntrico. Isso explica o seu apelo aos portugueses esta semana, para irem para fora cá dentro, porque “férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa”. Cavaco é, de facto, um turista com um perfil definido: é um professor de Finanças Públicas obrigado a viajar mais do que gostaria pelas funções que ocupa, e que deseja que todo o País se divirta, como ele, com férias sossegadinhas à beira mar dentro de fronteiras, porque lá fora há perigos e o maior perigo do viajante hoje é o da balança comercial.

O investigador Stanley Plog passou a ser uma referência para a indústria turística quando, em 1974, dividiu os turistas em psicocêntricos e alocêntricos. Cavaco enquadra-se na primeira categoria: são pessoas tímidas, como o Presidente da República, pouco curiosas, sem atracção pela aventura, que preferem de viajar de carro, com a família, e raramente vão para o estrangeiro. Quando o fazem, adquirem pacotes turísticos e vão para destinos sossegados. Segundo Plog, os viajantes alocêntricos são curiosos, querem explorar o mundo, viver aventuras ou experimentar coisas novas. Não é o caso de Cavaco, que gosta de contar as suas incursões alocêntricas nos parques naturais moçambicanos como expoente da aventura de viagem, mas são recordações com 40 anos, quando lá fez o serviço militar.

As últimas férias de Cavaco Silva fora de Portugal – antes de se candidatar à Presidência da República – foram no Brasil, em 2005, com filhos e netos, num resort tranquilo, perto da praia. De resto, há décadas que a família Cavaco passa os Verões no Algarve, na célebre vivenda Marani e agora na Gaivota Azul, em Albufeira, entre um mergulho nas águas mornas da Praia da Coelha e umas braçadas na piscina de casa. Se quiser ir tomar um cafezinho a Ayamonte, tem de pedir autorização ao Parlamento para sair do território nacional.

Mário Soares acusava Cavaco Silva de não ter mundo. E um político que seja um turista psicocêntrico terá facilmente tendência em desvalorizar que os outros precisem de mundo. Os países também se desenvolvem quando as pessoas abrem os horizontes, mesmo que a dívida aumente um bocadinho.

Crónica publicada no site da SÁBADO.

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Para ler no Elevador

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Concordemos ou não (a conclusão só a podemos tirar no fim), valerá a pena ler o novo livro do historiador Tony Judt, Ill Fares the Land para nos questionarmos de forma crítica sobre o caminho que as nossas sociedades estão a levar. Na introdução, temos pistas sobre uma série de assuntos que também nos dizem respeito hoje em Portugal: o Estado social, as privatizações, as gerações perdidas dos anos 80 e 90; a tensão entre a social-democracia (que também é liberal) e o liberalismo (ou libertarianismo económico); as visões norte-americanas e europeia; a desregulação dos mercados; etc, etc. Para já, podemos ler online a Introdução  do livro no NYT.

Excerto do livro no The New York Times.

Recensão do Público aqui.

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O proteccionismo na versão "férias cá dentro"

08 junho 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Tom marcelista à parte, a proposta de Cavaco Silva causaria mais danos do que ganhos porque remete, no fundo, para uma das respostas clássicas em tempo de crise: o proteccionismo. Cerrar fileiras, comprar nacional, fazer férias em Portugal – só não se sugerem tarifas à importação porque isso já não está (felizmente) nas nossas mãos. Já que estávamos em dia de lições infantilizadoras aos portugueses, o apelo poderia ter sido mais simples: vão para onde bem entenderem, mas não façam férias a crédito.

Exclusivo: encontrámos a lista de compras que Cavaco deu aos serviços de Belém para ir de férias cá dentro e acabar de uma vez por todas com o endividamento

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Local: Albufeira, vivenda gaivota azul, e Boliqueime


Carro - Citroen Volkswagen Eos fabricado em Palmela, com tecto de abrir;

Gasolina - bombas da Galp (pedir à Maria para arranjar o cartão Fast e uma vuvuzela);

Bebidas - garrafão do tinto, aguardente de alfarroba, garrafão do branco, palete de minis, Brandy Mel, conhaque, Licor Beirão, Jameson, uísque de Sacavém, Moscatel, Dom Perignon, espumante Raposeira, vinho do Porto Grahams Lágrima de Cristo, água do Luso, Carvalhelhos com gás, aniz, licor de figo;

Peixes - Bacalhau, carapaus para alimar (sem molho à espanhola), sardinhas para assar, lombinhos de salmão, conquilhas, carabineiros, percebes, pescadinhas (para fritar de rabo na boca), jaquinzinhos;

Mercearias - massas Nacional, maçãs do Chile, pêros bravo-esmolfe, atum Bom Petisco, laranja da Baía, laranjas algarvias, pasta Colgate Couto, bananas da Madeira, sabonete Lux, iogurtes Mimosa, cerejas do Fundão, kiwis, maçãs de Alcobaça, mangas, presunto de porco preto de Lamego, azeite;

Roupa - fato Hugo Boss da Alfaiataria Gonçalves, vestido do Carlos Gil, calções da Maconde, biquini da Gucci Lanidor, pólos da Sacoor da feira de Carcavelos, sapatos e sandálias;

CD - Kátia Guerreiro, Cátia Guerreiro, Camané, Amália, rancho folclórico "O Corridinho"

Jornais - The Economist, Financial Times, Jornal de Negócios, Diário Económico, Sol, Público, Le Monde, Diário de Notícias, El País, Expresso, Visão, Time, Sábado, Nouvel Observateur;


PS1: tolerância zero a coisas made in China, Vietname ou Singapura, mas pior ainda made in Spain ou in Morocco.
PS2: este ano não vamos a Ayamonte com os miúdos, nem sequer pedi autorização ao Parlamento.
PS3: não levo o meu tablet da Apple para despachar o trabalho pendente. Alguém pergunta ao Sócrates se me arranja um Magalhães daqueles que funciona?

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O futuro não avisa

07 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Ainda está tudo a dormir em Portugal, mas daqui a 5 anos será tudo diferente, como 5 anos depois do iPod ter sido lançado. O iPad vem aí (mais os concorrentes) e o nosso mundo vai mudar, goste-se ou não. As editoras portuguesas ainda nada fizeram quanto aos e-books, como nota o Francisco José Viegas. Os jornais ainda não reinventaram o negócio: com um aparelho daqueles, levamos o jornal para todo o lado, portanto, é escusado ir ao quiosque e a médio prazo as quebras nas vendas serão mais acentuadas. Aguardamos soluções. Em menos tempo do que pensamos, vamos ver filmes e televisão, jogar, ler, aprender (e comunicar) com aquelas plataformas. Só espero que não nos transformemos nisto.

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As férias do povo

:: Guarda-freio: Ana Catarina Santos

O Presidente da República disse este fim-de-semana em Albufeira que se o povo fizesse férias cá dentro ajudaria o país a sair da crise, o que seria "uma atitude patriótica". As palavras do Presidente, em jeito de apelo, chegaram rapidamente à China, onde o Ministro da Economia comemorava o dia dedicado a Portugal na Exposição Internacional de Xangai. Na resposta a Cavaco, Vieira da Silva rezingou com ironia qualquer coisa como "se todos os chefes de Estado pedissem o mesmo, acabava-se o turismo em Portugal". Poucas horas depois, havia novamente uma resposta à resposta da resposta e o PR reafirmou que "as férias passadas no estrangeiro aumentam a dívida externa portuguesa".
É de extrema utilidade que o Chefe de Estado e o Ministro da Economia da República Portuguesa se preocupem com este verdadeiro assunto de Estado na praça pública. O tema "as férias dos portugueses" deveria merecer um Conselho de Estado extraordinário e, no mínimo, uma reunião Conselho de Ministros no Allgarve.
Mas já agora, e uma vez que falam no tema, convém ligarem ao colega das Finanças (ou talvez seja melhor ligarem para Bruxelas – ou será para a Alemanha?) para o povo, o tal que ainda não sabe onde vai passar férias e está dividido entre os argumentos do Presidente ou do Governo, saber se vai ter direito ao décimo terceiro mês, o tal para pagar as ditas férias que estão no topo da actualidade.

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A Bem da Nação!

05 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

A situação é grave? Suspenda-se a Constituição!

No tempo da Monarquia fechavam-se as Cortes e governava-se por decreto, mas  o ministro Teixeira dos Santos foi mais longe: há umas coisas escritas numa tal de Constituição, mas há medidas mais importantes a tomar a bem da Nação!

Numa circunstância normal, nem seria grave porque o Governo tem todo o direito de tomar medidas inconstitucionais que são chumbadas, para isso é que há um Tribunal Constitucional e até um Presidente da República, que jurou fazer cumprir a dita.

O que é grave, perigoso e inqualificável é o argumento do ministro, mas neste País de vale-tudo quanto mais se bate no fundo mais ele desce.

Cavaco tinha a obrigação de fazer um preventive strike urgente.

Ligação a blogues sobre o mesmo tema, via 31 da Armada.

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Porque Passos precisa de Sócrates

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Por mais que se discuta a esquizofrenia dos apoios/críticas do PSD ao Governo, Pedro Passos Coelho sabe que lhe dá um jeitão ajudar o primeiro-ministro a continuar o seu mandato. Mais do que atacar e mandar abaixo:

a) Apoiar o Governo com argumentos patrióticos transmite a ideia de uma dimensão de Estado que ele não tinha;
b) Dá pontos ajudar o Governo a cavar a sua própria sepultura durante a crise, apoiando a quebra de promessas eleitorais do PS;
c) Passos precisa de Sócrates enfraquecido e sobre pressão, mas já é um disparate ingénuo pedir uma remodelação;
d) Ajudar este Governo a ficar com o ónus das medidas mais difíceis será de grande utilidade nas próximas eleições, se o pior da crise já tiver passado;
e) Depois é esperar que o poder caia no colo (se nada acontecer entretanto, porque neste País não se sabe...);

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Porque Sócrates precisa de Alegre

04 junho 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O apoio de José Sócrates e do PS a Manuel Alegre nas presidenciais é fácil de explicar:

a) Sócrates assim não precisa de convencer ninguém a ser carne para canhão de um PR em exercício;
b) Uma derrota de Alegre é uma derrota de Alegre, não é uma derrota de Sócrates;
c) Se Alegre for inteligente, faz como Cavaco em 2006, quando só deixou o líder do PSD (Marques Mendes) aparecer uma vez na campanha, assim como o líder do "outro partido" (Ribeiro e Castro, CDS);
d) Sócrates aparecerá pouco, dá um apoio puramente formal, não se compromete, sai limpinho da campanha (se tudo correr mais ou menos bem...)

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Retratos da Turquia, Istambul, 35

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva


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Retratos da Turquia, Istambul, 34

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03 junho 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva


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Gente em museus - 9

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Museu vivo, crianças aos berros. Demonstração de época: tropas defendem Torre de Londres na guerra civil britânica. Tower or London, 2010.

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