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elevador da bica

O problema da memória

28 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O Público traz hoje um artigo em que fala da longevidade de Marcelo Rebelo de Sousa como comentador político. Imagine-se que ele consegue manter-se nessa qualidade há 15 anos, desde o célebre Exame da TSF emitido nos longínquos tempos do cavaquismo. Nem jornalista nem comentadores se lembraram que foi Marcelo quem de certo modo "inventou" a análise política no jornalismo português, no Expresso, há 37 anos, na célebre Página Dois; que foi nessa coluna que se tornou "criador de factos políticos" até ir para o Governo de Balsemão; depois, com o fim da AD rompeu com Balsemão e fundou o Semanário onde manteve a sua crónica de análise até 1987 (mas ainda passou fugazmente pela Renascença). É um caso de longevidade ainda maior do que o Público nos faz crer.

Coisas incompreensíveis

27 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Esta entrevista ao advogado Ricardo Sá Fernandes ao i merece ser lida: não apenas sobre o caso Face Oculta, mas também por outro aspecto em particular. Foi ele que denunciou o construtor de Braga Domingos Névoa como corruptor, e agora está acusado por ele e o MP acompanha incompreensivelmente a acusação. Ele diz:

"Denunciei o sr. Domingos Névoa e aceitei colaborar com o Ministério Público, como cidadão. Acho verdadeiramente incompreensível que o mesmo Ministério Público, mas em Braga, me acuse porque disse que Domingos Névoa era um corruptor. O sinal que é dado é que os corruptores têm mais poder e quem denuncia, se não tem todos os cuidados, é aniquilado. Não acredito que em Portugal se queira combater a corrupção."

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O candidato inter-planetário

26 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Eis o candidato Fernando Nobre a confessar à Maria Henrique Espada e à Sara Capelo que acredita em extraterrestres.

O dia está a acabar assim

25 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes



Deuses da guitarra: Joe Satriani, Steve Vai e Eric Johnson. Grande som para debater o PEC.

Isto anda tudo ligado

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Era uma vez um polícia a investigar um caso de lixeiras e sucatas...

Um sucateiro fala com um amigo banqueiro que também é amigo do PM e esse sucateiro também fala com outro amigo que é filho do presidente da REN amigo do PM e este filho de amigo do PM também é amigo de um administrador da PT que por sua vez é amigo do PM e todos os amigos do PM falam do que o PM sabe e não sabe, gosta e não gosta, dos negócios que o PM gostava ou não gostava de ver feitos, mobilizando para isso meios semi-públicos e privados, e, no fim da linha, já toda a gente se esqueceu de que estava a investigar um sucateiro e o PM está debaixo de fogo, coisa que em Portugal só aconteceu com este PM e nunca com outro, apesar de nem sempre todos eles terem amigos recomendáveis.

Esta manhã o meu café estava uma merda. Isto anda tudo ligado.

Ouvido hoje na Brasserie Flo

24 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

"Tens que ver que o povo não gosta de pobreza"

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As catástrofes e os regimes - corrigido

23 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Em situações dramáticas como as que a Madeira está a viver e quando o País está de luto, seria de evitar polémicas como esta. São procedimentos próprios das ditaduras e foi exactamente isso que a censura do Estado Novo fez durante as graves cheias de 1967 na região de Lisboa. Deixar de contar os mortos não abona a favor dos vivos.

ADENDA: a propósito disto, é obrigatório ler a Coluna Vertebral do João Paulo Guerra no Diário Económico que conta exactamente o que se passou nas cheias de 1967, quando o SNI mandou para o RCP a mensagem: "A partir deste momento não morreu mais ninguém".

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Entrevista sem chama

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Em Sinais de Fogo, novo programa de Miguel Sousa Tavares, o primeiro-ministro deu ontem uma entrevista sem chama, previsível, treinada e artificial. Apesar dos bons esforços de Sousa Tavares, José Sócrates manteve e repetiu aquilo que era suposto dizer e repetir, sem esclarecer as dúvidas que têm recaído sobre si. Mesmo que todas as evidências e a lógica apontem para o contrário, Sócrates continuou a dizer que nenhum administrador da PT o informou da intenção de comprar a TVI. Como é óbvio, mantém-se a questão anterior: não saber oficialmente não é o mesmo que não saber. E se Sócrates não sabia da intenção da PT (a 24 de Junho) um dia depois de terem saído as notícias do i e depois de a CMVM ter sido informada, então, devia tirar a confiança à administração da empresa por não ter informado o accionista Estado de uma decisão tão estratégica para a empresa.

A sua defesa sem pestanejar de Rui Pedro Soares também é reveladora. É preciso segurar as peças todas e cerrar fileiras, porque em política quando cai a peça de uma ponta pode haver um dominó que não se sabe onde vai acabar. Mais: Sócrates podia não saber do negócio da Taguspark com Figo, mas a verdade é que foi a mesma pessoa a tratar do contrato com o Taguspark (Rui Pedro Soares) e do encontro com o líder socialista. E mesmo que ele não soubesse, devia mostrar preocupação em relação aos contornos aparentes da coisa. Não o fez.

ADENDA: Depois, cometeu um erro crasso nas datas, ao dizer que o apoio de Figo manifestado numa entrevista ao Diário Económico foi anterior à questão do contrato com o Taguspark: como o DN hoje revela, a entrevista de Figo é de 7 de Agosto e as escutas entre Penedos e Perestrello a comentar o assunto são de Junho... Aqui houve falta de profissionalismo do staff que ajudou a preparar o PM. E a questão não só se mantém, como o argumento de Sócrates reforça as suspeitas.

Quanto à economia, temos uma nova teoria do oásis e quem oiça José Sócrates pensará que não há País do G20 ou da OCDE melhor para morar do que este pequeno rectângulo à beira mar plantado, com números tão favoráveis face ao descalabro que vai por esse mundo fora. É que os ricos estão menos ricos. E nós somos pobres e estamos mais pobres. A diferença é essa.

Mas Sócrates é um mestre da comunicação e temos de concordar que ele é bom, muito bom naquilo que faz. Sobretudo na forma. Se lhe soltaram o Miguel Sousa Tavares e foi assim, acho que nem com técnicas de waterboarding ele mudava uma linha ao que disse, na maneira como disse. O homem, reconheça-se, tem uma carapaça invejável. É um rijo.

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O silêncio e o ensurdecedor

22 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O momento não podia ser pior, mas as pessoas revelam-se nos piores momentos. Apesar de neste caso a surpresa ser pouca, não deixa de ser surpreendente. Alberto João Jardim estava ao lado de José Sócrates, quando apelou para que houvesse cuidado com as notícias sobre a Madeira (via Cibertúlia). O democrata sr. Alberto disse isto:

«Cuidado com as dramatizações, não se pode esquecer que a nossa economia depende muito do exterior, vamos resolver os problemas internamente, não dramatizar muito lá para fora e deixar as instituições funcionar e fazer esquecer nos mercados externos os problemas que houve aqui».

Preferia o silêncio, como fez o salazarismo, quando a censura ordenou às redacções nas cheias de 1969 que a partir daquele momento não tinha morrido mais ninguém. AJJ queria ensurdecer-nos, perante uma tragédia daquelas. Ele sim, é o ensurdecedor. Pior do que isso, não percebe nem conhece o mundo em que vive. É mais uma tristeza a juntar a tudo aquilo que é triste.

Silêncio Ensurdecedor

:: Guarda-freio: Luís Miguel Afonso

Há já uns tempos que me incomoda o facto de ter passado a ser moda não ficar calado quando se respeitam minutos de silêncio. Este fim-de-semana, por causa dos trágicos acontecimentos na Madeira, mais uma vez me deparei com tal estupidez...

Não sei se as pessoas se lembram, mas os momentos de silêncio - que normalmente têm a duração de 1 minuto no nosso país - deviam ser períodos de contemplação, memória, meditação e oração. Normalmente, baixavam-se as cabeças em sinal de humildade, tiravam-se os chapéus em sinal de respeito, tentava-se permanecer imóvel e calado.

Hoje em dia batem-se palmas, passam-se filmes com banda sonora a condizer, faz-se tudo menos silêncio. E porquê? Bom, a minha aposta principal é que as pessoas, para além de terem pânico do silêncio, não sabem rezar. E como não sabem rezar - nem sequer imaginam que se pode -, também não sabem o que fazer nestes momentos.

É triste, muito triste...

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Ana muito longe de Hannah

21 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos


A história de amor entre uma filósofa alemã de origem judaica, que pensou o mal absoluto das câmaras de gás, e um dos maiores filósofos do século XX, que aderiu ao partido nazi, só de si valia o bilhete para a peça Hanna e Martin, no Teatro Aberto. No ponto alto da discussão com o seu antigo professor e amante, Hannah Arendt (Ana Padrão) argumenta com alguns dos pressupostos que enunciou em Eichmann em Jerusalém, como o facto de tantos alemães terem deixado aquilo acontecer ao seu país, por acomodação, medo ou tão só por acharem que estavam a exercer burocraticamente a sua função. No caso de Martin Heidegger (Rui Mendes) foi pior: militou no nacional-socialismo e afastou colegas por não serem nazis, não matou mas não se opôs a quem matava. Heidegger dizia a Arendt que só defendia ideias, nada mais do que ideias, porque as ideias não eram perigosas.

Apesar da qualidade do texto e da encenação, Ana Padrão está muitos furos abaixo de Rui Mendes e de todos os outros actores, num papel que exigia mais maturidade e densidade. Faltaram-lhe as entranhas revolvidas de uma exilada que regressa, revoltada, agoniada com a banalidade do mal na Alemanha e que se encontra com o mestre debatendo-se com a ambiguidade de o amar, de o respeitar e de o achar capaz de actos tão desprezíveis quanto o resto dos nazis. Ana não consegue chegar a Hannah.

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Não era hoje?

20 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Não era para hoje que estava programada uma grandiosa manifestação "espontânea" de apoio a José Sócrates e contra a "campanha suja", na Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa? Ou será que sonhei?

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Oratória

19 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Pedro Esteves

Na primeira impressão da apresentação da candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República, diria que a oratória precisa de um "upgrade" considerável. Sob pena de derrotar-se pela sonolência.

É que noutras mais vibrantes democracias, a oratória praticamente chega para ganhar eleições do nada.

Malmequeres

:: Guarda-freio: Pedro Esteves

"Não existem quaisqueres provas de um plano do primeiro-ministro de intervir na comunicação social, nem sequer quaisqueres indícios..."

João Serrano, deputado do PS, durante a audição de Felícia Cabrita na Comissão de Ética, citando o despacho do PGR.

Não sei se impressiona mais o pontapé na língua, se a incapacidade de ler.

A Comissão sobre o estado dos media em Portugal

18 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

É a primeira vez que assisto a uma comissão de inquérito parlamentar sobre um tema que realmente conheço. E, como tal, fica para mim ainda mais clara a falta de preparação e de cultura (cultura democrática) de boa parte dos deputados da Assembleia da República. A falta de trabalho de casa, as perguntas vagas e mal feitas, a credulidade com que pelo menos alguns encaram as respostas dadas pelos jornalistas ali presentes. Isto para não falar da partidarização habitual do assunto – a histeria pouco focada da oposição sobre o "ataque à liberdade de imprensa" (acordaram agora para o assunto, está visto) ou a permanente desvalorização do PS sobre condicionamento à margem das regras (que é feito sobre os media).
Se quiserem confrontar jornalistas inteligentes com perguntas precisas e difíceis têm que trabalhar mais – tentem, por exemplo, falar com jornalistas antes das comissões. Leiam jornais e vejam telejornais. Comparem. Levem exemplos duvidosos para a comissão de inquérito e tentem esclarecer. Caso contrário estarão a levar sabatinas sobre jornalismo ou verdadeiros bailes à volta daquilo que é importante.

País em estado de emergência

17 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sabemos que as coisas não estão bem. Sabemos o País parece caminhar para uma catástrofe. Sabemos que se não estamos em situação de emergência para lá caminhamos, aliás estamos sempre em situação de emergência. Mas talvez seja demais começar já a tratar dos sobreviventes dos escombros desta realidade política.

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As classes médias

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Immeuble d’habitation dans le centre ville de Maputo. Beaucoup des classes moyennes délaissent aujourd’hui ces appartements exigus et chers ($500/ mois pour un 4 pieces) pour aller s’installer dans la ville résidentielle de Matola dans une maison avec un petit jardin

Belo projecto sobre como vive a classe média em vários países africanos - esta vem do álbum sobre Moçambique.

Liberdade condicionada

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

A comissão parlamentar de Ética vai debater hoje a liberdade de expressão quando não é a liberdade de expressão que está em causa em Portugal.

A questão que se coloca actualmente é a do condicionamento da comunicação social pelo Governo, que é evidente se analisarmos a distribuição da publicidade do Estado e de entidades estatais pela imprensa. A tentação de asfixiar os mais críticos é fácil de identificar e é uma política consumada.

O outro ponto, grave, é a tentativa de condicionamento editorial de um canal de televisão que aliás também se consumou. É preciso perceber qual o nível de envolvimento do primeiro-ministro na tentativa de compra da TVI pela PT, usando para fins políticos meios estatais e privados. Isto é que devia estar a ser analisado, mas noutra comissão parlamentar, a de Direitos, Liberdades e Garantias. Antes de se avançar para uma comissão de inquérito que parece inevitável.

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Lido no Elevador

14 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Liberdade e etc. - por Francisco José Viegas n' A Origem das Espécies. Sobre a relação dos políticos com a imprensa, sobretudo sobre os novos e modernos políticos. Vale a pena ler.

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Valentim em dia de bola

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes



Um gajo diz mal da publicidade, que manipula as massas e o camandro, mas há por aí gajos que são realmente grandes.

Tanta espontaneidade que até nem surpreende

13 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Muito interessante, esta convocatória para uma manifestação de apoio a José Sócrates. O PS diz que não sabe de nada. Não admira que o diga, embora seja muito suspeita tanta inocência e ignorância. Num partido em que tudo é estudado e calculado em função dos objectivos da propaganda, uma manifestação "espontânea" é algo que não cola.

Se este teste de rua à popularidade do primeiro-ministro for um fracasso, os socialistas hão-de sublinhar que nada tiveram a ver, oficialmente, com aquilo que se pretende fazer passar como uma iniciativa da "sociedade civil".

Se for um sucesso, hão-de reclamar o evento para sustentar a defesa de Sócrates contra a "campanha suja". Limpam as mãos, o que é bastante diferente de dizer que têm as mãos limpas.


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Elevador de corno

12 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Henrique Granadeiro, presidente não executivo da Portugal Telecom, diz que se sente "encornado" perante a possibilidade de quadros da empresa e gente ligada a José Sócrates terem andado a tramar, à sua revelia, um plano de controlo de vários orgãos de comunicação social, entre os quais a TVI. A somar às contradições em que já caiu quanto à data em que terá informado José Sócrates sobre a intenção da PT de comprar a TVI, esta revelação deixa Granadeiro num fraco papel.

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Uma contradição nos termos

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

1 - Pedro Silva Pereira diz que o Governo “respeita o principio de separação de poderes” entre a justiça e o Executivo";

2 - Pedro Silva Pereira logo a seguir produz uma sentença como se transitada em julgado: "A divulgação de escutas por parte de qualquer órgão de comunicação social é criticável (...) por consubstanciar um acto criminoso”;

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Escritores e jornalistas, os novos proletários

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Não, não é sobre a interferência que o poder político tem na saúde financeira dos jornais e afins - afinal, a forma mais eficaz de controlar os media (em especial num país pequeno onde, por exemplo, quase ninguém lê jornais).
Esta bela peçola de opinião na The New Republic discorre sobre outras interferências semelhantes na liberdade individual dos escritores e dos jornalistas: por liberdade entenda-se aqui a capacidade de ganhar algum dinheirinho enquanto se cumpre a vocação.
Ficam algumas passagens - vão lá ler, por favor.

"I refer you to a report by James Rainey in the Los Angeles Times a few weeks ago about the reality of the contemporary freelancer: “what’s sailing away, a decade into the 21st century, is the common perception that writing is a profession--or at least a skilled craft that should come not only with psychic rewards but with something resembling a living wage.”

"And a similar indecency is taking place in book publishing. Laud the Kindle all you want, but who will pay the advance for the novels and the histories that you will cop for $8.99, without which they cannot be written? Not Amazon."

À cautela da Providência

11 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Pedro Esteves

Lido no Elevador

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O elefante no meio da sala - no Blasfémias, por João Miranda
Uma alegoria sobre a diferença entre a verdade e a verdade oficial.

Joaquim Vieira apela à desobediência civil dos jornalistas - no Jornal de Negócios, por Lúcia Crespo
O director do Observatório de Imprensa diz que "que está em causa é matéria de interesse público e o interesse público sobrepõe-se aos direitos privados dos cidadãos”. Totalmente de acordo.


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Democracia de coronéis

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

A providência cautelar do administrador da PT, Rui Pedro Soares, para o Sol não publicar o seu trabalho mostra como esta alegada democracia não precisa de coronéis para que se cumpra o trabalhinho sujo. Os métodos para censurar hoje são mais sofisticados. Mas a inteligência desses oficiais hoje também não é muita, sobretudo quando perdem a cabeça.

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Mad Men

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Vi os primeiros três episódios da primeira série e estou conquistado. O ritmo da narrativa é lento – marca bem a diferença entre a vida back then e hoje –, bebe-se e fuma-se como se não houvesse amanhã, os interiores e o guarda-roupa são imaculados, os actores irrepreensíveis. Esteticamente, é uma bomba. E, depois, o melhor: o retrato social da época, feita de sexismo predador, de vida de subúrbio imaculada e asfixiante, tudo a fazer lembrar Richard Yates. Que grande gajo, este Matthew Weiner: depois dos Sopranos, ainda tem pedal para isto.

Sócrates em americano técnico

10 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Gostava de ouvir esta entrevista de Sócrates ao NY Times em inglês técnico, ou como dizem os americanos, technical english.

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Ar fresco no PSD

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Paulo Rangel é candidato à liderança do PSD e vai anunciar hoje às 20h no Tivoli.

Se não houver mais nenhum candidato, porque com o PSD nunca se sabe, desta vez há um corte geracional no partido e até ideológico, pelo que será uma luta interessante de seguir.

Pedro Passos Coelho é mais liberal do que social-democrata, tem muito aparelho, mas representa ideias que não são das mais atraentes para o aparelho interessado nas benesses do Estado. O seu liberalismo assusta o lado conservador do partido e a elite que perderá influência se ele ganhar.

Paulo Rangel é mais conservador-liberal que um social-democrata típico, não tem aparelho mas possui uma grande capacidade de gerar empatia com o eleitorado. É um guerrilheiro, franco-atirador, não se sabe exactamente o que pensa para a governação, mas está mais próximo das bases conservadoras e como não tem tropas, também não assusta a elite partidária, que tenderá a manter alguma influência.

Vai ser animado.

ADENDA: Afinal vai ser ainda mais animado, porque Aguiar-Branco também vai. O cavaquismo e o manuelismo dividem-se para perderem. Aguiar-Branco e Rangel vão marcar lugares para a próxima contenda. vai ser ainda mais animado.

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Lido no Elevador

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sócrates, os 'crimes' e a verdade - por Henrique Monteiro no site do Expresso.

Explica tudo com meridiana clareza. Quem quer perceber o que se passa nos jornais portugueses deve ler este texto. Há mais coisas (há sempre mais coisas), mas aquilo a que Henrique Monteiro se refere é mesmo assim.

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Há muito barulho neste T0

09 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes


Rádios, televisões, jornais, blogues e turistada ouvida aqui no Elevador. Muitas pessoas discutem (ou fazem discutir) alguns pontos como sendo os essenciais no caso das escutas: a validade da publicação das mesmas, a qualidade do jornalismo, a clássica tirada "a justiça não se faz na praça pública". Mais: como sempre nestes momentos começamos a ficar enredados nas definições do Estado de Direito, das decisões e dos recursos, das violações do segredo de justiça, etc. etc. Coisas de um país de treinadores e de juristas de bancada, de pessoas pouco focadas.

Tudo isto afasta-nos e distrai-nos da questão essencial: a necessidade de esclarecer a alegada utilização de uma empresa privada (com uma golden share) por parte do chefe de governo para afastar figuras incómodas. Sem histerias de ataques às liberdades fundamentais (que também geram ruído), sem dispersar o debate por outras questões.

Depois, caso se confirme o pior – só depois de eliminada a suspeita que está na base de tudo isto – discutamos então a muito relevante questão da independência do poder judicial. E as relações pouco claras entre empresas na órbita do poder e o próprio poder. E o jornalismo em Portugal, claro. E por aí adiante. Uma coisa de cada vez.

E se um desconhecido me perguntasse "que música define o teu país?"

:: Guarda-freio: Adriano Nobre

Hoje em dia, provavelmente responderia isto:

Com particular ênfase na frase "I'm coming down fast but don't let me breake you"

Cabeça fria, sim - e olhos bem abertos

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

No Mar Salgado continua a escrever-se com muita lucidez.
Numa cabeça fria há memória e olhos atentos. Há também uma boca que, sem exageros contraproducentes, não tem medo de exigir respostas claras a quem nos governa.

Sócrates2009

08 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Pedro Esteves

E tu, já mudaste a password do teu computador hoje? Se ainda não, aqui vão algumas sugestões:

- senhorengenheiro
- belembelem
- jogging2010
- insidiaseignominias
- fechadurasdoareeiro
- jornalismotravestido

O inquérito parlamentar

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O BE já propôs o óbvio e cumpriu a sua obrigação: um inquérito parlamentar à alegada conspiração governamental para controlar a TVI. José Ribeiro e Castro , do CDS, já tinha defendido a mesma ideia. Vamos ver se no Parlamento há 46 deputados (1/5) com a coragem que se exige e vontade para esclarecer o que deve ser esclarecido.

O buraco e a fechadura

06 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Se José Sócrates classifica as revelações do Sol como "jornalismo de buraco de fechadura", então temos de concluir que o PM também acha que a justiça é uma Justiça de "buraco de fechadura" - todas as conspirações são feitas de conversas privadas - e que qualquer tipo de escrutínio a actividades mais suspeitas do poder político e empresarial, seja jornalístico seja judicial, é coisa de "buraco de fechadura". Nós achamos que batemos no fundo, mas quanto mais batemos no fundo mais ele desce.

É verdade, estamos num buraco. E ninguém dá com a chave da fechadura.

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As escutas e o escrutínio

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O artigo do Sol de ontem prova mais uma vez como para vivermos em democracia é essencial uma imprensa livre. O caso revela-nos mais uma vez um retrato muito triste do que vai por detrás do pano neste País sem solução. O que os jornais devem fazer é escrutinar, escrutinar, escrutinar. Foi o que o Sol fez.

Neste caso, o escrutínio foi realizado em várias frentes:

1- Justiça: se houve aqui violação do segredo de justiça, também se levantou um valor mais alto que o justificou. A Justiça é um poder democrático, não é uma vaca sagrada e é tão escrutinável quanto os outros poderes. E tanto as escutas como os despachos dos magistrados e da PJ levantam as maiores dúvidas sobre a decisão do PGR e do Supremo. Qualquer cidadão médio lê aquilo e percebe que havia assunto para investigar. Se a Justiça não funciona porque não tem meios é uma coisa. Se não funciona porque não quer ou porque tem entraves incompreensíveis, o assunto é grave e torna-se uma questão de regime, sendo do interesse público a sua publicidade.

2 - Governo e Sócrates: as conversas relatadas não são diálogos filosóficos sobre um plano para controlar uma televisão e outros media. No que se refere à TVI, as conversas são acompanhadas por factos que se desenvolvem na realidade segundo os planos dos conspiradores, portanto há um contexto e uma ligação à realidade. Era obrigatório uma investigação que apurasse a veracidade daquela cabala. Que o primeiro-ministro minta ao Parlamento já se sabia, mas a isso estamos habituados. O mais grave era que Sócrates caucionasse o plano dos escutados para limitar a liberdade de imprensa. Devia ser apurado nas instâncias próprias se o primeiro-ministro era mesmo o chefe máximo do estratagema ou se os senhores envolvidos eram apenas dois mitómanos agindo como free-lancers. Do ponto de vista político - o que nada tem a ver com a questão judicial - as escutas oferecem-nos um retrato assustador sobre a forma como o poder funciona e devia haver um apuramento de responsabilidades. Portanto, se a Justiça não resulta, era imperioso que algum partido com coragem avançasse com um inquérito parlamentar.

3 - Empresas privadas: a forma como parecem ser manipuladas empresas semi-públicas ou privadas deixam-nos estarrecidos. Os accionistas da PT acham aquelas conversas normais? Também pelo ponto de vista empresarial o assunto devia ser investigado pelas entidades competentes, porque não é o interesse dos accionistas que está a ser salvaguardado.

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Lido no Elevador

05 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Anteontem, escrevi que Daniel Oliveira tinha razão. Hoje Daniel Oliveira não tem razão nenhuma.

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Entretanto, no outro lado do mundo

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

O presidente da Toyota apresenta desculpas públicas pelas falhas em vários modelos, que levaram a um acidente fatal e a prejuízos para milhares de condutores.

Toyoda spoke at the company's office in Nagoya, central Japan. "I would like to take this opportunity to apologize from the bottom of my heart for causing many of our customers concern after the recalls across several models in several regions," he said. [Reuters]

Sobre a "interferência política" dos mercados

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Enquanto os mercados financeiros andaram a emprestar dinheiro para alimentar o crescimento do consumo e do crédito em Portugal, para financiar a nossa economia pouco competitiva e para safar o despesismo do Estado não se ouviram estas vozes contra a interferência política da finança. Agora os mercados continuam a emprestar, mas exigem mais e mais juros – e estala a velha conversa da especulação e da interferência do capital na política.

Há cerca de 200 anos Nathan Rothschild tinha grande influência sobre as escolhas das grandes potências europeias para a pasta das finanças. Era assim porque essas potências precisavam dele para financiar as suas guerras – ou seja, porque devido às suas escolhas políticas acabaram a dever muito dinheiro ao Bonaparte da Finança. A história hoje é semelhante – as opções dos nossos governos (e a inércia dos privados) levaram a que Portugal (a par de outros países europeus) acabasse por dever muito dinheiro ao exterior. Devemos muito, criamos pouco relativamente ao que devemos e, por isso, damos o flanco aos nossos credores e a estas euforias do mercado.

Há interferência política? Claro que há – se eu não ganhar dinheiro suficiente para pagar ao banco a prestação da casa, o banco (que rouba nas comissões, especula nos seguros, etc.) também interfere nas minhas escolhas. No papel de réu posso gritar contra o meu credor, mas isso não ajuda – poucos ouvem um réu. Posso alternativamente apresentar factos que o convençam – e aí talvez mude a situação. Espera-se que em São Bento alguém se convença disto.

Ninguém se salva nesta República

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

Este texto do Pedro Adão e Silva resume parcialmente o que eu e todas as pessoas com o mínimo de visão periférica pensam sobre a situação política e financeira do país. Digo parcialmente, porque quanto a mim falta sublinhar que a irresponsabilidade da oposição é partilhada alegremente pelo governo, sempre enredado em cálculo político eleitoral (como mostra a timidez do OE/2010), sempre a olhar para o umbigo.
Hoje, Portugal volta a vestir a camisola amarela dos receios dos mercados. Ontem, sempre que falei com traders e outros habitantes dos mercados financeiros (em Portugal e no estrangeiro) fui confrontado com a pergunta: "Mas o que é que os vossos políticos estão a fazer? Estarão loucos?" Antes fosse loucura, daquela boa e extravagante. Mas é só irresponsabilidade política colectiva levada ao limite, cinzenta e míope. Ninguém se salva.
Adenda: este post foi escrito antes de ler o trabalho do Sol. Sem comentários.

O governo cai-cai

04 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Teixeira dos Santos acabou de falar. Até quase ao fim do discurso pensei que se ia demitir.

Quando ele diz que recorrerá a todos os instrumentos legais e políticos" até 2013 para preservar os objectivos inscritos no OE, significa que à partida conta andar por ali pelo Governo até ao fim da legislatura, o que não deixa de ser mais uma possível previsão que vai falhar.

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República Autónoma

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

José Pedro Aguiar-Branco, homem que uma vez se demitiu da direcção de Durão Barroso no PSD por causa de uma boutade de Alberto João, referiu-se hoje na TSF a uma tal de República Autónoma da Madeira. Uns minutos depois, ia voltar a referir-se à República... e lá corrigiu. Fugiu-lhe a boca para verdade.

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O perigo

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Enquanto todos os partidos políticos sem excepção brincam com o fogo, o mundo real não fica à espera para ver se cai ou não cai. Portugal está como está e a percepção sobre o País é a que é. O acentuar da instabilidade tem consequências. Com uma queda do Governo tudo pode piorar. Três razões de hoje:

- Bolsa cai mais de 3% e atinge mínimo desde Agosto

- Bancos portugueses "afundam" mais de 5% e lideram quedas na Europa

- Risco da dívida pública portuguesa volta a disparar

- Para os mercados internacionais, Portugal é a nova Grécia

Lido no Elevador

03 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O Daniel Oliveira tem razão.

Superego

:: Guarda-freio: Pedro Esteves

Diz o Peixoto que o facto de o primeiro-ministro não o conhecer é sinal da falta de atenção à cultura.

Eu digo que o facto de Peixoto achar isso é sinal que há demasiada atenção à falta de cultura.

uma tragédia, uma farsa, um drama

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Hoje o Presidente da República reúne o Conselho de Estado com este cenário por fundo: se a oposição viabilizar a Lei de Finanças Regionais, pode haver um drama e o drama pode transformar-se em tragédia. Pondo os detalhes de lado, o drama teria este argumento: se não há aumentos para a função pública, se estamos a pedir sacrifícios, as pessoas não vão compreender que continuemos a ser complacentes com os gastos da Madeira que não é solidária com o resto do País. O Governo pode demitir-se por ser insustentável que a oposição passe a vida a aprovar aumentos de despesa no Parlamento. Com estas razões, se o Governo não cai agora, pode cair a qualquer momento. Mas se a tragédia não for agora terá lugar mais tarde. E para o PS mais vale cair agora, porque o PSD não tem liderança: enquanto Sócrates já está em campanha eleitoral, como se tem visto esta semana com as comemorações dos 100 dias, os laranjas vão-se esgatanhando em lutas internas dando péssima imagem de si e chegam às eleições em contrapé. Ao mesmo tempo, a concretizar-se este cenário Cavaco Silva seria atacado nas próximas presidenciais por não ter conseguido ser um referencial de estabilidade. À partida, embora tenha pouco a ganhar, quem tem menos a perder é o PS.

Mas no fundo isto é tudo uma farsa. Eleições agora não resolvem nada, só pioram os problemas e adiam as soluções. Se houvesse eleições depois de Abril, com resultados não muito diferentes dos actuais, quem nos garantiria que não ia haver eleições outra vez logo a seguir?

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Um princípio inadmissível

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

O PS quer publicar os rendimentos brutos de todos os contribuintes na internet, escreve hoje o DN. Por causa do combate à corrupção.

Podiam começar por coisas mais simples, por exemplo: as declarações de interesses e de rendimentos dos políticos depositadas no Tribunal Constitucional serem publicadas na internet, e estes serem obrigados a entregar a sua declaração de IRS para fazer prova do que está na declaração, o que a lei não obriga. As declarações não são verificáveis.
Deviam apresentar os rendimentos e bens de uns dois anos antes de exercer o cargo, para evitar que passem tudo para nome da prima, da tia, do cão e do periquito. E deviam entregar as mesmas declarações de rendimentos mais uns dois ou três anos depois de exercerem os cargos públicos, porque é a seguir que normalmente se enriquece à séria.

Também podiam começar por coisas mais simples, como por exemplo facilitar mais o fim do sigilo bancário às entidades judiciais.

O que o PS quer fazer é uma intrusão inadmissível na esfera dos cidadãos que não têm contas a prestar senão às Finanças.

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Mistérios da vida moderna

02 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O 2666 de Bolaño é um volume com mais de mil páginas, pouco portátil para levar para o café ou para onde quer que seja. Portanto, vou avançando na leitura lentamente antes de me deitar e já só me faltam umas 100 folhas. Nunca me tinha ocorrido a ideia de fazer como aquela mulher que vi numa pastelaria do Largo da Estefânia, munida do seu Bolaño mutilado. Trazia umas 200 páginas rasgadas à larga lombada da obra, devidamente acompanhadas da capa do livro bem amassada, talvez para o volume não perder completamente a identidade. Por estas e por outras é que estou ansioso por ter um e-reader. Talvez venha a ser cliente do sr. Jobs mais depressa do que estava a pensar.

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Títulos que ainda iremos ler

:: Guarda-freio: Bruno Faria Lopes

"Governo lança taxa especial sobre salário futuro de Constâncio no BCE"

"Rendeiro lidera fusão BPN/BPP e avança sobre BCP"

"Finanças criam novo imposto sobre o pé de atleta" (Por uma questão de justiça social, quem tiver maior superfície de planta do pé – porque foi bem alimentado e fez desporto – paga mais)

Governo de homens ou homens de governo?

:: Guarda-freio: Pedro Esteves

Venham daí esses impostos, pá!

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, tem as malas meio aviadas a pensar num emprego além-Pirinéus, mas, ainda assim, hoje prepara terreno para a consciências se habituarem a uma eventual subida do IVA para combater o défice.

É uma medida que o Governo não poderá tomar sob pena de, ao descrédito total, se somar o total descrédito, ou mais uma fraude aberrante nas promessas eleitorais.

Quando o jornal i publicou este texto sobre um estudo do economista Ricardo Reis, ouviu-se uma vozearia muito interessante à luz do que se sabe hoje. Basicamente, Ricardo Reis constatava que em Portugal a uma subida do défice correspondia sempre uma subida de impostos e não havia como fugir às evidências.

A 28 de Julho de 2009, numa reacção política ao estudo de Ricardo Reis no Largo do Rato, o politicamente desaparecido porta-voz do PS, João Tiago Silveira, dizia isto: "Não podemos aumentar impostos. O que temos de fazer para corrigir o défice é aumentar a eficiência da máquina fiscal". Nada disso aconteceu. Também não se comprometeu a baixar a despesa.

Silveira também acusava Manuela Ferreira Leite do maior aumento do défice nas contas públicas. "Os portugueses agora sabem a quem entregar as suas poupanças", dizia ele.

A verdade é que cada vez os portugueses sabem menos a quem entregar o que quer que seja.

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Bom dia

:: Guarda-freio: Pedro Esteves

Uma história de enganos

01 fevereiro 2010 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

As previsões falharam redondamente em todo o lado e não foi porque houvesse intenção de enganar”, disse hoje Teixeira dos Santos, citado no Público. O ministro das Finanças não teve intenção de nos enganar, mas há um padrão curioso de chegar à verdade tão tarde, que temos dificuldade em acreditar que ele próprio acreditava no que dizia.

Recordemos então uma pequena história com um ano de vida:

2,2% - previsão do défice para 2009 no Orçamento do Estado apresentado em Outubro de 2008, no momento em que a economia mundial desabava como uma avalanche. O Lehman Brothers já tinha falido;

3,9% - previsão do défice em Janeiro de 2009, no orçamento chamado suplementar;

5,9% - meta para o défice e compromisso do PS em Setembro de 2009 na campanha eleitoral das legislativas, quando Bruxelas já falava em níveis próximos dos 8%;

8,0% - a seguir às eleições, só a seguir às eleições, no orçamento crismado como redestributivo (este medo que os políticos têm das palavras é uma coisa orweliana...), é que o Governo reconhece este valor para o défice;

9,3% - valor do défice apurado para 2009 com o ministro e o governador do Banco de Portugal a dizerem que foram apanhados de surpresa, que coisa, que raio é que aconteceu neste país? Ah, não faz mal, diz Sócrates, aconteceu o mesmo aos nossos vizinhos próximos e afastados e até nos EUA e no Japão, pá!

Posto isto, umas perguntinhas:

Entre a primeira previsão e a última, o défice cresceu 7,1%.

1- Destes 7,1%, quanto é que se deve à quebra de receitas fiscais fruto da crise?
2 - Que percentagem do défice se deve a apoios extraordinários para incentivar a economia?
3- Para onde foram os apoios à economia, para que empresas?
4- Quais os resultados práticos dos apoios estatais à economia? Que resultados deram nessas empresas?
5- Quanto é que foi desperdício, dinheiro mal gasto ou simplesmente dinheiro nosso atirado aos problemas?



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Tudo o que sobe também desce

Conheça a história do ascensor aqui.
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