uma tragédia, uma farsa, um drama
Hoje o Presidente da República reúne o Conselho de Estado com este cenário por fundo: se a oposição viabilizar a Lei de Finanças Regionais, pode haver um drama e o drama pode transformar-se em tragédia. Pondo os detalhes de lado, o drama teria este argumento: se não há aumentos para a função pública, se estamos a pedir sacrifícios, as pessoas não vão compreender que continuemos a ser complacentes com os gastos da Madeira que não é solidária com o resto do País. O Governo pode demitir-se por ser insustentável que a oposição passe a vida a aprovar aumentos de despesa no Parlamento. Com estas razões, se o Governo não cai agora, pode cair a qualquer momento. Mas se a tragédia não for agora terá lugar mais tarde. E para o PS mais vale cair agora, porque o PSD não tem liderança: enquanto Sócrates já está em campanha eleitoral, como se tem visto esta semana com as comemorações dos 100 dias, os laranjas vão-se esgatanhando em lutas internas dando péssima imagem de si e chegam às eleições em contrapé. Ao mesmo tempo, a concretizar-se este cenário Cavaco Silva seria atacado nas próximas presidenciais por não ter conseguido ser um referencial de estabilidade. À partida, embora tenha pouco a ganhar, quem tem menos a perder é o PS.
Mas no fundo isto é tudo uma farsa. Eleições agora não resolvem nada, só pioram os problemas e adiam as soluções. Se houvesse eleições depois de Abril, com resultados não muito diferentes dos actuais, quem nos garantiria que não ia haver eleições outra vez logo a seguir?
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