Sobre a "interferência política" dos mercados
Enquanto os mercados financeiros andaram a emprestar dinheiro para alimentar o crescimento do consumo e do crédito em Portugal, para financiar a nossa economia pouco competitiva e para safar o despesismo do Estado não se ouviram estas vozes contra a interferência política da finança. Agora os mercados continuam a emprestar, mas exigem mais e mais juros – e estala a velha conversa da especulação e da interferência do capital na política.
Há cerca de 200 anos Nathan Rothschild tinha grande influência sobre as escolhas das grandes potências europeias para a pasta das finanças. Era assim porque essas potências precisavam dele para financiar as suas guerras – ou seja, porque devido às suas escolhas políticas acabaram a dever muito dinheiro ao Bonaparte da Finança. A história hoje é semelhante – as opções dos nossos governos (e a inércia dos privados) levaram a que Portugal (a par de outros países europeus) acabasse por dever muito dinheiro ao exterior. Devemos muito, criamos pouco relativamente ao que devemos e, por isso, damos o flanco aos nossos credores e a estas euforias do mercado.
Há interferência política? Claro que há – se eu não ganhar dinheiro suficiente para pagar ao banco a prestação da casa, o banco (que rouba nas comissões, especula nos seguros, etc.) também interfere nas minhas escolhas. No papel de réu posso gritar contra o meu credor, mas isso não ajuda – poucos ouvem um réu. Posso alternativamente apresentar factos que o convençam – e aí talvez mude a situação. Espera-se que em São Bento alguém se convença disto.
Há cerca de 200 anos Nathan Rothschild tinha grande influência sobre as escolhas das grandes potências europeias para a pasta das finanças. Era assim porque essas potências precisavam dele para financiar as suas guerras – ou seja, porque devido às suas escolhas políticas acabaram a dever muito dinheiro ao Bonaparte da Finança. A história hoje é semelhante – as opções dos nossos governos (e a inércia dos privados) levaram a que Portugal (a par de outros países europeus) acabasse por dever muito dinheiro ao exterior. Devemos muito, criamos pouco relativamente ao que devemos e, por isso, damos o flanco aos nossos credores e a estas euforias do mercado.
Há interferência política? Claro que há – se eu não ganhar dinheiro suficiente para pagar ao banco a prestação da casa, o banco (que rouba nas comissões, especula nos seguros, etc.) também interfere nas minhas escolhas. No papel de réu posso gritar contra o meu credor, mas isso não ajuda – poucos ouvem um réu. Posso alternativamente apresentar factos que o convençam – e aí talvez mude a situação. Espera-se que em São Bento alguém se convença disto.
8/2/10 01:12
Grécia, primeira impressão
Estes gregos não são parvos nenhuns, a avaliar pelo taxista que me trouxe ao hotel. Meti conversa, claro, depois de ele perguntar de onde é que eu vinha.
Assim que disse Portugal, a resposta dele foi clara: "Portugal, economy very bad, Spain, economy very bad".
Ah sim? Então e aqui, tão na boa? Abana a mão e diz "so, so"... Yeah, right...
O tipo que não consegue dizer cinco palavras seguidas de inglês preocupa-se essencialmente em dizer que cá não há dinheiro, é verdade, mas que Portugal e Espanha não estão melhores.
Caramba, tivesse entrevistado o primeiro-ministro e a mensagem política para os mercados internacionais não sairia tão fluente.
Mas pronto, reconciliámo-nos a falar do Katsouranis e do Karagounis :-)
8/2/10 12:02
Espero bem que o gajo tenha ligado o taxímetro!... Os governantes são mafiosos nas contas públicas, mas comparados com os taxistas de Atenas... :) abraço!