26 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Declaração de interesses: sim, faço parte daquela facção de fãs ressabiados dos Beatles que considera que a responsabilidade pela desagregação da banda foi de Yoko Ono. Posto isto, acabei de ler um livro sobre a vida de John Lennon, escrito por um jornalista norte-americano que conviveu com o ex-Beatle durante os anos sessenta e, posteriormente, com o casal Ono-Lennon. É laudatório mas, ainda assim, honesto. Conta, por exemplo, como Yoko sugeriu a John que arranjasse uma amante, tendo já em vista a assistente May Pang, aquela que considerava ser a mulher ideal para entreter o marido durante uns tempos e ajudar, assim, a resolver uma crise no casamento. E conta, também, como Lennon, o herói da rebeldia e da irreverência, começou por reagir com grande irritação, mas acabando por aceitar a ideia, abandonando Yoko durante 18 meses para ir passar o seu "lost weekend" em Los Angeles e Nova Iorque, mergulhado em alcool e drogas, numa espiral de decadência a que Yoko se poupou e que May Pang aceitou suportar. A questão pode não ter grande importância, mas lá que a Yoko sabia manipular o John, não restam muitas dúvidas. Faz lembrar um romance de Gabriel Garcia Marquez, em que a personagem principal, macho orgulhoso mas sobre quem corria o rumor de que em sua casa quem mandava era a mulher, costumava garantir: "lá em casa só se faz aquilo a que eu obedeço".
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Acho muito bem que o PCP assuma, muito de vez em quando, aquilo que realmente é. Na Festa do Avante! vai "comemorar" os 90 anos da Revolução de Outubro (ver post do Francisco José Viegas). Vejamos: comemorar. A palavra tem o seu peso. Mais: o primeiro Estado proletário do mundo. Pois. Num regime aberto como a nosso, como é que o PCP consegue fazer-nos esquecer todos os dias a sua verdadeira natureza, parecendo conviver bem com a democracia, e manter aquela percentagem de votos que, ainda assim, não é negligenciável? O ano passado foram os assassinos das FARC. Este ano isto. E ainda há fiéis que acreditam.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O longínquo oeste onde não chega o braço da lei, ou melhor, onde só chega o braço da lei que aceitam os que lá estão, flutua em pleno Atlântico e, diz-se, é uma pérola. Se pega a moda, Alberto João só aceita as leis que entende. Provocou eleições antecipadas porque a Lei das Finanças Regionais lhe roubou 2% (!) do orçamento. Agora recusa-se a aplicar uma lei da República com a legitimidade que saiu de um referendo nacional. Portugal é um Estado unitário. E a lei aplica-se a todo o território nacional. A leste, o Presidente da República, que deve ser o garante da Constituição e da unidade nacional, sacode a água do capote para os tribunais. Que estes resolvam o problema. Será por serem as tristes abortadeiras que estão em causa?
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25 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Eis toda a verdade sobre a baixa natalidade em Portugal: "Os jovens adultos portugueses (...) saem cada vez mais tarde da casa dos pais, tem cada vez mais dificuldade em encontrar um emprego relativamente estável e bem remunerado, ganham pouco durante demasiado tempo e, quando finalmente estabilizam a sua situação, constatam que não têm tempo para cuidar das crianças". Está no Diário Económico de hoje, uma peça do Luís Reis Ribeiro. Parece-me que as medidas do Governo - à excepção do aumento do número de vagas nas creches -, vão servir para o Estado gastar mais, promovendo a natalidade junto daqueles que deviam ter mais cuidados em procriar: os mais pobres, para quem os subsídios têm maior relevo. Nas classes médias o efeito será nulo, porque o que importa são as condições e estilo de vida dos futuros pais.
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24 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O meu problema nem é o trabalho infantil remunerado, ou seja, as criancinhas figurantes que foram contratadas a 30 euros pela empresa de casting para fazerem de conta que estavam a ter um choque tecnológico. Fazer de conta é uma brincadeira para qualquer criança. O que me aflige é outra coisa: quem contratou o senhor que foi fingir que era primeiro-ministro e a senhora que fez de ministra da Educação? Nós podemos fingir que aplaudimos enquanto choramos porque o espectáculo está a tornar-se muito triste.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Tendo sido Abel Pinheiro acusado no caso Portucale, Paulo Portas e o CDS têm agora mais uns meses para meditar sobre a possibilidade de exercício da acção política; note-se que há arguidos do lado do BES que estavam ligados, por via da Escom, às contrapartidas do concurso dos submarinos. São inocentes até ao fim do julgamento. Mas que isto incomoda, incomoda.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Três meses para que, finalmente, a ministra da Educação fosse atacada de bom senso em relação a esta matéria. Depois disto, o que vai suceder à directora da DREN e ao bufo que denunciou Fernando Charrua? A delacção compensa? A perseguição injustificada a um funcionário não tem consequências?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Há dias, fui convidado pelo Fisco a declarar se tinha pago rendimentos a alguém, em 2006. Não foi o caso o que, de qualquer forma, me obrigou a preencher uma cartinha e a ir entregá-la à respectiva repartição de Finanças. No balcão do IRS, estavam nove "clientes" à minha frente. Como o tempo de que dispunha era escasso, decidi tentar desafiar a burocracia. Dirigi-me a outro departamento, expliquei que apenas queria entregar a algum funcionário a missiva em causa, despachando aquela obrigação de cidadão cumpridor. Não foi possível. Ou regressava à fila, esperando provavelmente uma hora para resolver o problema, ou tinha que me dirigir a uma estação de correios, pagar o selo e colocar a carta no marco adequado. Protestei, com a civilidade própria de quem não gosta de enervar as feras, e consegui que a chefe de repartição me viesse atender. Com ar grave, a senhora repetiu-me o que o diligente funcionário anterior me tinha dito. Perguntei-lhe, então, onde ficava situada a caixa de correio daquele serviço porque, sendo assim, e visto que já me tinha dado ao trabalho de me deslocar ao local, pouparia algum tempo e dinheiro se me fosse dada a possibilidade de lá depositar a controversa declaração. Os meus argumentos não a comoveram. Agradeci, resignado, tentei não pensar na carga fiscal que os contribuintes portugueses são forçados a suportar para sustentar funcionários que têm gosto em demonstrar a agilidade de um tijolo e lá fui em direcção a uma estação dos CTT. Aguardei pacientemente pela minha vez de ser atendido, desembolsei o preço de um envio através de correio azul, porque o Fisco anda impaciente e não vale a pena brincar com os prazos, e regressei, por fim, aos meus afazeres do dia, depois de meia manhã perdida com a execução de uma tarefa que, por ingenuidade minha, até me parecera simples. Tudo isto sucedeu apenas uma semana após me ter sido enviada uma notificação para pagar uma coima injustificada, o que me levou, a mim e a 70 mil outros contribuintes, a perder mais umas horas preciosas para obter o reconhecimento de que o Fisco não tinha qualquer razão. Será pedir demasiado sugerir à administração fiscal que demonstre um pouco mais de consideração por quem a financia?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Luís Filipe Menezes candidata-se à liderança do PSD porque acha que é necessário ir para a porta das fábricas protestar contra o seu encerramento. Eu julgava que Menezes queria fazer oposição ao Governo de José Sócrates, mas parece-me que, para começar, quer tirar o lugar a Francisco Louçã. Perante uma crise na direita, o autarca decide atacar pela esquerda. Está bem visto.
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19 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Eis um disco ao qual vale sempre a pena regressar. Representou uma ruptura e uma fortíssima lufada de ar fresco quando foi lançado. Antes, nada soara como os B-52's. Depois, nem a própria banda foi capaz de voltar a fazer algo tão surpreendente. Rock Lobster é um daqueles temas que fica bem em qualquer banda sonora cujo tema seja o Verão. Play loud!
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18 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
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16 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Perante os resultados eleitorais, celebrou-se vitória também no quartel-general do Bloco de Esquerda. Francisco Louçã optou por realçar o descalabro da direita. Está no seu direito de o fazer, mas a táctica não chegou para esconder os telhados de vidro da candidatura liderada por Sá Fernandes. Para o "Zé", os 13.348 votos obtidos foram suficientes para lhe assegurar, novamente, a eleição como vereador. Mas entre o "score" eleitoral de ontem e aquele que o BE registou há dois anos nota-se uma descida de perto de nove mil votos, equivalente a uma quebra de 40%. Se isto não é um descalabro, é o quê?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Luis Marques Mendes esteve bem ao decidir retirar o apoio político a Carmona Rodrigues, precipitando a queda da Câmara de Lisboa. Assumiu o ónus da abertura do processo eleitoral que ontem teve o seu desfecho, revelando coragem e sentido de Estado. Sabe-se, agora, como o fardo que decidiu carregar acabou por revelar-se pesado. Mas a sua decisão foi correcta tendo em conta a insustentabilidade política de uma gestão camarária perdida entre uma situação financeira degradada, uma notória falta de projecto e uma oposição que, embora se entretenha a cantar vitória, não foi capaz de dar o passo que o líder do PSD arriscou. É fácil, agora, criticar Marques Mendes, acusando-o de ter sido o principal responsável pela interrupção do mandato de Carmona Rodrigues e de ter cavado o fosso em que o partido se afundou. Mas o facto de sido capaz de decidir para além do mero calculismo eleitoral só abona em seu favor. O seu pecado na contenda lisboeta esteve no facto de não ter conseguido jogar um trunfo eleitoral mais forte e estimulante do que a candidatura de Fernando Negrão. Foi aqui que deu o flanco aos seus adversários internos, artilhando-os com um pretexto para disputar a sua liderança. É positivo que o PSD faça o seu trabalho de clarificação e que encontre uma solução de liderança coesa e articulada para dar combate ao Governo socialista. Uma maioria torna-se tão mais absoluta quanto mais fragilizados estiverem os seus opositores. O que é de temer é que as directas sociais-democratas se transformem num palco para a troca de acusações que sublinhem apenas o lado mais indigente e desinteressante da política, ao invés de fornecerem uma oportunidade para debater propostas e um programa diferenciador, capazes de desafiar a actual hegemonia do PS. A memória é curta, mas convinha que os candidatos à liderança do PSD não se esquecessem, tão cedo, do nível de abstenção que marcou as eleições em Lisboa.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
«Eu estou farto daqueles grupinhos, grupelhos e grupúsculos que se formam em Lisboa, o centro de interesses do PSD não pode estar em Lisboa», disse hoje Alberto João Jardim. Será por isso de esperar que Jardim ofereça o seu apoio a um dos dois candidatos a líder que devem aparecer no Porto - Luís Filipe Menezes e José Pedro Aguiar-Branco... Ou não?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
De cada vez que decidiu assumir uma nova pele, Paulo Portas conseguiu fazê-lo transmitindo uma imagem de convicção de quem sabia exactamente o que queria. Do mentor de um PP eurocéptico ao Paulinho das Feiras, passando pela pose de Estado quando chegou a oportunidade de se tornar indispensável à formação de um Governo em coligação com o PSD, Portas parecia conhecer bem o terreno que pisava. Apoiantes e adversários, conseguiam ter uma ideia clara sobre em que águas pretendia pescar. Desde o seu regresso à liderança do CDS, o caso mudou de figura. Não se percebe com que linhas programáticas quer reorientar o partido, nem como pretende concretizar a sua reivindicação de renovação interna e a nível da oposição ao Governo de José Sócrates. Tomou conta do CDS com uma vitória clara sobre José Ribeiro e Castro mas parece não saber bem o que fazer depois de ter concretizado o sonho de voltar à ribalta política, alimentado desde o dia em que se retirou. O desastre eleitoral de ontem deixou Paulo Portas mais desorientado, sem rumo e de mãos vazias para justificar o entusiasmo messiânico com que foi acolhido. A vaga de fundo que o recolocou no poder do CDS não teve correspondência no primeiro desafio que escolheu enfrentar. Pelo contrário. Telmo Correia, um aliado fiel e escolha sua para a batalha política de Lisboa, foi derrotado com estrondo. No rescaldo, parece que Paulo Portas deixou de ser a principal razão de existir do CDS. Conseguirá o partido, com ou sem Portas, descobrir outra?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Meu caro João, Concordo: a vitória do PS não é histórica, nem nada que se pareça, nem reflecte qualquer entusiasmo do eleitorado. Costa ganhou com menos votos que Carrilho e o Governo não pode sentir-se incensado pelos resultados, até porque a votação em Roseta é um voto de desconfiança e de protesto no PS. No entanto, não podes somar os votos do Carmona e do Negrão sem somares os da Roseta com os do Costa, senão crias uma distorção artificial. Carmona + Negrão - 63.589 votos Costa + Roseta - 77.913 votos De facto, os ganhos do Governo são políticos e Costa está na pole para 2009. Os votos de protesto ao Governo são apenas os 10% da Roseta e nada mais. Se houve voto de protesto, foi no PSD, com a transferência do eleitorado para Carmona de quem não se pode dizer que a sua gestão tenha sido penalizada nas urnas. Os eleitores chumbaram foi a estratégia partidária de Marques Mendes.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Individualmente, a leitura dos resultados obtidos pelo PSD e por Carmona Rodrigues fornece a imagem de que quem se deu ao trabalho de se deslocar às mesas de voto penalizou os dois últimos anos de gestão camarária, cuja responsabilidade foi protagonizada pelo partido e pelo agora candidato independente. E não há dúvidas de que assim foi, tendo em consideração que, em 2005, Carmona Rodrigues e o PSD conseguiram 42,4% dos votos, contra uma soma de 32,44% nas eleições de ontem, correspondente a menos dez pontos percentuais. Ainda assim, adicionando as percentagens obtidas por Carmona e pelo PSD chega-se a uma votação superior à de António Costa. Foram 63.589 votos para as duas candidaturas, contra 57.907 do PS. Onde está a vitória histórica sobre as figuras de um mandato que o PS qualificou como desastroso? E que sustentação têm os argumentos de que o Governo não sofreu qualquer penalização? Parece evidente que o terceiro lugar do PSD e o eclipse do CDS têm força suficiente para fazer mexer alguma coisa dentro dos dois partidos. Mas o PS, que ainda terá visto uma parte dos seus eleitores potenciais fugirem para Helena Roseta, quando a sua própria proposta era uma figura de referência do partido e, até há poucos meses, o número dois do Governo de Sócrates, tem muito em que pensar se quiser avaliar seriamente os resultados.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
José Miguel Júdice, mandatário do albergue espanhol com que António Costa se candidatou à Câmara de Lisboa, foi o primeiro a lançar a tese. Com as projecções a darem a vitória nas autárquicas intercalares à lista do PS, o advogado surgiu perante as televisões a afirmar que se tratava de uma vitória histórica, já que era a primeira vez, desde há 31 anos, que o partido vencia sozinho na capital. Consciente que de brilhante a vitória de Costa nada teve, Júdice foi ao baú das memórias desencantar a única abordagem que poderia servir de mote para um discurso de vitória. O argumento foi mais tarde retomado por Sócrates, enquanto discursava para gente vinda de quase todo o lado menos de Lisboa, o que reforçou o lado patético de umas eleições em que uma esmagadora maioria de eleitores se mostrou indiferente. António Costa ganhou e ninguém poderá colocar em causa a sua legitimidade para liderar o município. Mas sem a maioria absoluta que tinha pedido, conseguindo o primeiro lugar nas eleições menos concorridas de sempre, alcançando apenas mais um vereador que o seu camarada Manuel Maria Carrilho em 2005 e atraindo menos 18 mil votos em comparação com o desempenho do ex-ministro da Cultura. Onde está, então, essa "grande vitória" com que os dirigentes socialistas e o "staff" da campanha acenaram ao país? Os apoiantes arrebanhados pelo PS de norte a sul de Portugal para comporem as celebrações no Hotel Altis são a caricatura de um acto eleitoral em que a elevada abstenção foi o facto mais relevante. Este, sim, foi um facto histórico e a merecer profunda reflexão.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Paulo Portas acha que se deve fazer uma "reflexão sobre o exercício da acção política em Portugal". Digamos que devia incluir, aí, uma reflexão sobre a possibilidade de exercício de acção política que o próprio permitiu ao seu antecessor.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Manuel Monteiro devia pintar a cara de preto por ter ficado atrás do lamentável Pinto Coelho do PNR. E ter vergonha, exilar-se politicamente, porque a comparação é baixa de mais.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Se Clinton era o "comeback kid", Paulo Portas é o "goodbye kid". Ou se vai embora e diz adeus para depois voltar uns tempos depois cheio de olás, ou diz adeus e até logo para ficar onde está. Reganhou o partido há tão pouco tempo que esta coisa de repensar os pressupostos de se fazer política soam a conversa fiada, até porque muitos destes pressupostos foi ele que os criou, primeiro enquanto jornalista - com uma nova de fazer jornalismo judiciário -, e, depois, como político, mais as suas piruetas e discurso. Desta vez, Portas não sairá, resta-nos saber o número que agora preparou.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Marques Mendes fez hoje o que tinha a fazer, convocando directas. Só este acto d ecoragem vai render-lhe votos no partido. Mas o PSD vai entrar num período onde correrá o risco de uma perigosa desagregação: estará com Mendes que odeia Menezes; estará com Menezes que odeia Mendes. Se houver uma terceira via só para marcar terreno, ganhará Menezes e o partido arrisca-se-á a uma cisão.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O PSD e Marques Mendes perderam três vezes: a) o eleitorado não castigou o Governo como Mendes pediu, antes preferiu penalizar o PSD; b) os próprios eleitores do PSD preferiram, maioritariamente, votar no vilão, no candidato que o própri o PSD despediu da câmara. Nos pratos da balança do eleitor laranja pesou mais dar o voto ao desgraçadinho do Carmona que aos arautos da ética. c) o povo penalizou mais o candidato do PSD do que o anterior incumbente na câmara, responsável por a ter deixado no estado em que está. Fernando Negrão é estimável, mas o facto de Mendes não conseguir ter um candidato à altura de disputar o primeiro lugar é revelador da descrença que se vive na São Caetano
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
José Sócrates rebola a rir. Não fez nada para ser primeiro-ministro e o lugar caiu-lhe no colo, oferecido pelo PSD. Não fez nada para ganhar Lisboa e a câmara da capital reverteu para o PS, sem que António Costa tivesse de fazer grande esforço, oferecida pelo PSD. Por atacado, o PSD vai entrar em crise profunda e o CDS continuará nela mergulhado. Sócrates tem cada vez mais folga. E não devia.
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12 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Convinha que o primeiro-ministro explicasse o que quer dizer com isto. Na perspectiva de José Sócrates, é preferível arriscar um mau tratado desde que fique para a História como sendo o Tratado de Lisboa? Não há um assessor de imagem do líder do Governo que lhe possa explicar que o marketing sem produto que o sustente é o caminho mais curto para um fracasso estrondoso?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Ou retratos de um país que, se fosse colocado perante uma junta médica competente, devia passar à reforma de imediato, por indecoro e manifesta incapacidade para estar no activo.
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11 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Quem olha para isto de longe, pensa que o pessoal do BPI deve andar duplamente aliviado. Depois, fico a pensar: como é que tudo começou? Andamos a assistir a uma guerra sem percebermos a sua verdadeira origem, logo, todas as avaliações sobre ela são cegas. Segundo as notícias, o BCP parece viver numa anarquia e tem um quarto do mercado financeiro português. Alguém se há-de aproveitar desta fragilidade. Quando e de onde é que chega a próxima OPA?
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10 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Mais do que os resultados de Lisboa, estou curioso para ver o que acontece no PSD no dia 15 à noite: se Meneses diz que quer eleições internas, se Mendes convoca um congresso, enfim, se tudo pode acontecer também pode não acontecer nada. Não acredito em determinismos históricos, até porque a história é feita de momentos excepcionais, mas a verdade é esta: desde o Congresso da Figueira da Foz, em 1985, todos aqueles que concorreram a líder uma vez acabaram alguma vez líderes do partido: Nogueira, Marcelo, Barroso, Santana, Mendes. Por isso, o PSD não deve menosprezar aqueles que marcam terreno: Menezes e, num futuro próximo, talvez Aguiar-Branco, se concorrer. Ou o da tal terceira via. Outra constante histórica é esta: nunca nenhum líder do PS ou do PSD que substituiu o líder que perdeu o poder chegou a primeiro-ministro. Apenas transitou... Haverá um momento excepcional nesta história? Adenda: é claro que desde a Figueira da Foz quer dizer "desde que Cavaco ganhou". João Salgueiro não entra nestas contas. Seria mais rigoroso se tivesse escrito "desde 1995".
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Há minutos, enquanto fazia um furioso zapping para descontrair, parei na BBC World. Estava a ser entrevistado Greg Dyke, ex-director-geral daquela televisão britânica, sem que o jornalista da casa o poupasse perguntas e interpelações difíceis sobre a própria BBC. Não sei por quê, mas pensei logo que, por aqui, aquilo não seria possível na RTP.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Um dia, os bispos estavam zangados com José Sócrates. Mas, na manhã seguinte, o Governo mostrou como era generoso. Viveram felizes para quase sempre.
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08 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O Pedro Correia lançou-me o desafio no Corta-Fitas. Aqui vai a resposta: os livros das minhas férias, que acabaram há uma semana. 1- A Primeira Guerra Mundial, Martin Gilbert (A Esfera dos Livros) - O biógrafo de Churchill conta e enquadra os grandes factos políticos com pequenas histórias de bastidores que levaram a uma guerra inimaginável, e acrescenta-lhes os grandes dramas individuais, as histórias esquecidas de alguns entre os milhões de anónimos que morreram. Lê-se como a uma reportagem 2 - A Estrada, Cormac MacCarthy (Relógio d' Água) - O quotidiano repetitivo do homem no fim do mundo, um predador na luta pela sobrevivência. É sobre tudo o que a natureza humana tem de mau quando só o instinto garante a vida; e sobre o que nos resta de bom, porque essa natureza é, exactamente, humana ( ver post). 3 - Imagens de Praga, John Banville (Edições Asa) - Ler este livro em Praga, escrito por um irlandês, dá-nos a exacta medida da cidade e da sua história, temperatura e espessura social. Conta o que o escritor lá viveu com amigos antes e depois da queda do Muro, dá-nos retratos impressionistas da capital checa e histórias improváveis como o encontro, em 1600, entre os astrónomos mais famosos da época: Kepler e Brahe. ( ver post) Dá vontade de comprar os restantes livros da colecção "O Escritor e a Cidade". 4 - To the Castle and Back, Václav Havel (Alfred Knopf) - Uma auto-biografia política recém-publicada em inglês, de um dos ícones do anti-comunismo, comprado numa livraria na Praça Venceslau. É uma " fairy tale", como o próprio Havel diz. Enquanto a rapariga da loja me dizia que o autor ao qual me referia não devia ser checo, tão má era a minha pronúncia, uma cliente italiana perguntava-lhe por um dicionário de português/checo. Coincidências. ( ver post) 5 - A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera (RBA editora) - Quinze anos depois de o ter lido, na releitura medi melhor o peso e a leveza da coisas na vida dos personagens. E na minha. Ora, para a cadeia não se quebrar, passo o convite a outros e não ao mesmo: Fernando Sobral ( Pulo do Gato); Tiago Araújo, ( Através dos Espelhos); e ns ( Glória Fácil)
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06 julho 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
No domingo, o senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva vai à festa do TABU...leiro, a Tomar.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Os chineses já estão a pensar na Revolução Cultural no Benfica: Vermelhos sim! Encarnados não! Cor-de-rosa nem pensar, é um desvio social-democrata, como se tem visto por aí.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Este livro conta parte do "conto de fadas" de um dramaturgo que se tornou uma "estrela" por ser dissidente e depois acabou Presidente da República de uma democracia recém fundada. To the Castle and Back , de Vaclav Havel, é contado a três tempos, em trança: partes de uma entrevista de vida feita por um jornalista checo; entradas de um diário recente de Havel, enquanto ele escrevia o livro; e trechos de notas que ele enviava aos colaboradores quando era presidente. Ajuda-nos a perceber o que foi fundar a democracia checa, mas é, sobretudo, um ensaio sobre a natureza humana e a relação com o poder: amadorismo, erros, fraquezas, virtudes, vida pessoal, lutas políticas, a mulher que passava a roupa no Castelo, o morcego que estava no Castelo de Praga dentro do armário do aspirador, a casa em Portugal, as relações com os poderosos do Mundo, peripécias com russos, as vezes que esteve à beira da morte por ter sido mal tratado em hospitais checos (e já era Presidente), em suma, as impressões de um homem a quem do nada deram o poder para as mãos. E o fim do poder. Vaclav diz que quer escrever uma peça sobre um político que perdeu o poder. Portanto, ele sabe como se manifesta esse vazio. «If I've made any mistakes, then they probably all derive from may awkwardness, my indecisiveness, politeness that slips easily to compromise». «[Without power], I wouldn't have to wear a tie all the time, smile all the time, be worried all the time that I might make a huge gaffe». Não são todos os políticos que assumem coisas como estas. E o livro é assim: as memórias de um dramaturgo que se tornou político, quando o normal é os políticos se tornarem dramaturgos e actores das peças lindas a que assistimos todos os dias.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O site do Luís Afonso, onde ele expõe algumas das suas melhores fotos, está cada vez mais agradável. Vale a pena vistá-lo. O Luís é o autor do grafismo do Elevador da Bica. A devida vénia.
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04 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Manifestações espontâneas, de protesto contra o Governo, são o género de ideia que, nos dias que correm, só pode passar pela cabeça de cidadãos ingénuos ou que queiram meter-se em trabalhos com a Justiça. Exemplar, mesmo, é fazer tudo com a devida autorização e papel assinadinho pelas autoridades competentes. Por este andar, há-de chegar o dia em que, como na anedota, os mais zelosos guardiães da paz pública e do respeito perante as ministeriais figuras se dedicarão a dispersar quaisquer "ajuntamentos" de mais de uma pessoa. E que fique claro que, ao fazer referência a uma anedota, este "post" não visa atingir quem quer que seja que ocupe um lugar, modesto ou de relevo, na estrutura do actual poder político, administrativo ou partidário. Aliás, avisa-se que este "post" não tem qualquer graça e, por este motivo, é totalmente inadequado à afixação num centro de saúde do país.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
A experiência nada tem de orwelliana. Acontece, apenas, que no Vidal, em Aguada de Cima, fica provado que todos os leitões são iguais, mas há alguns que são mais leitões do que outros. De resto, é o que se pode ler aqui ou também aqui.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Para nostálgicos da segunda metade dos anos 60, que por estes dias ainda andam a comemorar os 40 anos da edição de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, aqui fica a sugestão de audição de True Story e You're So Good For Me. As duas canções integraram um dos singles de êxito dos Twice As Much, uma dupla de vida curta, que gravou dois álbuns entre 1966 e 1968, e que, após ter assegurado a sua nota de rodapé na história da pop, recolheu ao mais profundo esquecimento. Possuo o 45 rotações, bastante gasto pelo tempo e pelas audições feitas à época do seu lançamento, mas comprei os dois temas em formato digital, há dias, na iTunes. É o momento retro da semana.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
O problema é mesmo este. No caso do imposto automóvel, como em muitos outros. Não se faz barulho, talvez para não acordar o país do seu sono profundo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Os candidatos à liderança da Câmara Municipal de Lisboa desdobram-se em promessas e anúncios de medidas, mas ainda não se escutou uma única voz dizer concretamente o que pensa e, sobretudo, o que pensa fazer se ganhar as próximas eleições, em matéria de reestruturação do elefante branco que é a autarquia, para além dos vagos contornos de um acordo de saneamento financeiro a celebrar com o Governo, avançado pelo pretendente socialista. As conclusões deste estudo são elucidativas. Há demasiados funcionários, em termos comparativos, e o seu número não parou de subir enquanto a população da cidade foi descendo. Há centenas de departamentos por onde uma legião de burocratas se arrasta, quando não opta pela generalizada prática do absentismo. O que dizem alguns candidatos? Que não será possível baixar impostos na capital ou que é preciso arrecadar mais receitas, mesmo que através de medidas animadas de boas intenções, como as que visam penalizar fiscalmente os proprietários de prédios devolutos, tal como sucederá no Porto a partir de 2008. Pior ainda é que, ao estado de desgraça de Lisboa, se junta este retrato da insolvabilidade financeira de dezenas de autarquias pelo país fora. Perante a balbúrdia financeira vigente, a pergunta é a seguinte: Portugal é viável?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Finalmente, eis uma decisão que pode vir a colocar alguma ordem e moralidade num caso específico que ilustra a forma como o Estado português não olha a meios para atingir os seus fins, isto é, arrecadar todo o cêntimo de receita que esteja à mão de semear, não importa como. Sucessivos governos são responsáveis pela manutenção da dupla tributação suportada pelos compradores de automóveis, mas também a sociedade civil que, perante este problema, foi revelando pouco mais do que indiferença face aos protestos, inteiramente justificados neste caso, do "lobby" do sector automóvel. Em poucas semanas, e embora através de instâncias diferentes, ficámos a saber que em Bruxelas se considera ilegal cobrar imposto do selo sobre aumentos de capital realizados em numerário e aplicar IVA sobre o imposto automóvel. O Governo está na iminência de ter que devolver verbas cobradas sem sustentação na legalidade. A má notícia é que há-de ir buscar o dinheiro perdido a algum lado. Onde será?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Karlovy Vary é uma velha estância termal a duas horas de Praga, para onde costumavam ir Goethe, Liszt, Francisco José, tantos outros famosos de outros tempos, e até a rainha Maria Pia. Na era soviética, eram os russos que faziam ali férias. Hoje, o lugar ainda é dominado por russos e mal se fala inglês.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Para apreciar a ponte medieval Carlos IV sem sermos incomodados pela turba de turistas e respirarmos aquele ar que vem do Vtlava é preciso chegar lá às oito da amanhã. «A ponte reúne, enquanto passagem que cruza, ante as divindades (...) A ponte reúne em si e a seu modo Terra e Céu, divindades e mortais»
Heidegger, citado por John Banville em Imagens de Praga (ed. Asa) «Acordou e viu que estava sozinha em casa. Saiu e dirigiu-se para os cais. Queria ver o Vlatva. Queria ir para a beira do rio olhar para a água porque ver a água a correr acalma e cura. O rio corre de século para século e as histórias dos homens desenrolam-se nas margens. Amanhã ninguém se lembra delas e, por sua causa, o rio não deixará nunca de corrrer.» Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
No centro de Praga é difícil apercebermo-nos da vida real dos habitantes por debaixo daquela camada de turistas que inunda a cidade. É mais difícil ter instantâneos de nativos que dos profissionais do lazer. Como todos nós somos quando estamos de férias.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O meu amigo K. tem 49 anos e não é agrimesor. Foi jornalista. Agora, desiludido, é tradutor e faz umas peças de free-lance. Viajei com ele pelos Estados Unidos num grupo de jornalistas europeus há dois anos. E não lhe fiquei a conhecer a história, que só agora ouvi, depois de umas cervejas no centro de Praga. Deve haver milhares de checos assim. Os pais eram do Partido Comunista, sem grandes ilusões - aliás, a mãe quis sair, mas logo depois de 1948 foi aconselhada a não abandonar a militância -, até que chegou a Primavera de Praga, em 1968, e a ilusão parecia tornar-se realidade. Mas o socialismo de rosto humano era só mais uma utopia: com a marcha dos tanques soviéticos na Praça Venceslau o pai de K. passou de engenheiro a operário braçal e o próprio K. quando chegou o momento da faculdade foi impedido, por razões políticas, de frequentar Filosofia ou qualquer outro curso de humanísticas. Tirou Geologia. E já teve sorte. Até meados dos anos 80, trabalhou em minas. Depois, fartou-se. Foi até à Jugoslávia, conheceu um alpinista austríaco, pediu-lhe boleia e atravessou a fronteira para a Áustria. Teve sorte. Pela primeira vez, o austríaco não foi controlado na fronteira. Caso contrário, a sua vida teria sido diferente. Passou por um campo de refugiados na Áustria. Exilou-se no Canadá. E fixou-se, mais tarde, na Alemanha, a trabalhar para uma rádio em língua checa. Começou aí uma tardia carreira jornalística. Regressou à pátria já bem depois da Revolução de Veludo. Hoje, vive desiludido. Quer saber quanto tempo demorou a democracia a estabilizar em Portugal. Diz que na República Checa a tensão entre esquerda e direita é uma panela de pressão prestes a explodir. Detesta o presidente Vaclav Klaus (que já era odiado por Vaclav Havel), mas também não gosta de nenhum político em especial. Raramente vai ao centro da cidade. E pergunta-nos, com sinceridade: "Estão e férias?! Então, o que é que vieram fazer para Praga?"
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03 julho 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Demorou, mas finalmente percebeu.
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Tudo o que sobe também desce
Conheça a história do ascensor aqui.
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