Yoko e Lennon
Declaração de interesses: sim, faço parte daquela facção de fãs ressabiados dos Beatles que considera que a responsabilidade pela desagregação da banda foi de Yoko Ono.
Posto isto, acabei de ler um livro sobre a vida de John Lennon, escrito por um jornalista norte-americano que conviveu com o ex-Beatle durante os anos sessenta e, posteriormente, com o casal Ono-Lennon. É laudatório mas, ainda assim, honesto.
Conta, por exemplo, como Yoko sugeriu a John que arranjasse uma amante, tendo já em vista a assistente May Pang, aquela que considerava ser a mulher ideal para entreter o marido durante uns tempos e ajudar, assim, a resolver uma crise no casamento.
E conta, também, como Lennon, o herói da rebeldia e da irreverência, começou por reagir com grande irritação, mas acabando por aceitar a ideia, abandonando Yoko durante 18 meses para ir passar o seu "lost weekend" em Los Angeles e Nova Iorque, mergulhado em alcool e drogas, numa espiral de decadência a que Yoko se poupou e que May Pang aceitou suportar.
A questão pode não ter grande importância, mas lá que a Yoko sabia manipular o John, não restam muitas dúvidas. Faz lembrar um romance de Gabriel Garcia Marquez, em que a personagem principal, macho orgulhoso mas sobre quem corria o rumor de que em sua casa quem mandava era a mulher, costumava garantir: "lá em casa só se faz aquilo a que eu obedeço".