O Castelo
Este livro conta parte do "conto de fadas" de um dramaturgo que se tornou uma "estrela" por ser dissidente e depois acabou Presidente da República de uma democracia recém fundada. To the Castle and Back , de Vaclav Havel, é contado a três tempos, em trança: partes de uma entrevista de vida feita por um jornalista checo; entradas de um diário recente de Havel, enquanto ele escrevia o livro; e trechos de notas que ele enviava aos colaboradores quando era presidente. Ajuda-nos a perceber o que foi fundar a democracia checa, mas é, sobretudo, um ensaio sobre a natureza humana e a relação com o poder: amadorismo, erros, fraquezas, virtudes, vida pessoal, lutas políticas, a mulher que passava a roupa no Castelo, o morcego que estava no Castelo de Praga dentro do armário do aspirador, a casa em Portugal, as relações com os poderosos do Mundo, peripécias com russos, as vezes que esteve à beira da morte por ter sido mal tratado em hospitais checos (e já era Presidente), em suma, as impressões de um homem a quem do nada deram o poder para as mãos. E o fim do poder. Vaclav diz que quer escrever uma peça sobre um político que perdeu o poder. Portanto, ele sabe como se manifesta esse vazio.
«If I've made any mistakes, then they probably all derive from may awkwardness, my indecisiveness, politeness that slips easily to compromise». «[Without power], I wouldn't have to wear a tie all the time, smile all the time, be worried all the time that I might make a huge gaffe».
Não são todos os políticos que assumem coisas como estas. E o livro é assim: as memórias de um dramaturgo que se tornou político, quando o normal é os políticos se tornarem dramaturgos e actores das peças lindas a que assistimos todos os dias.