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Vitória histórica?

José Miguel Júdice, mandatário do albergue espanhol com que António Costa se candidatou à Câmara de Lisboa, foi o primeiro a lançar a tese. Com as projecções a darem a vitória nas autárquicas intercalares à lista do PS, o advogado surgiu perante as televisões a afirmar que se tratava de uma vitória histórica, já que era a primeira vez, desde há 31 anos, que o partido vencia sozinho na capital.

Consciente que de brilhante a vitória de Costa nada teve, Júdice foi ao baú das memórias desencantar a única abordagem que poderia servir de mote para um discurso de vitória. O argumento foi mais tarde retomado por Sócrates, enquanto discursava para gente vinda de quase todo o lado menos de Lisboa, o que reforçou o lado patético de umas eleições em que uma esmagadora maioria de eleitores se mostrou indiferente.

António Costa ganhou e ninguém poderá colocar em causa a sua legitimidade para liderar o município. Mas sem a maioria absoluta que tinha pedido, conseguindo o primeiro lugar nas eleições menos concorridas de sempre, alcançando apenas mais um vereador que o seu camarada Manuel Maria Carrilho em 2005 e atraindo menos 18 mil votos em comparação com o desempenho do ex-ministro da Cultura.

Onde está, então, essa "grande vitória" com que os dirigentes socialistas e o "staff" da campanha acenaram ao país? Os apoiantes arrebanhados pelo PS de norte a sul de Portugal para comporem as celebrações no Hotel Altis são a caricatura de um acto eleitoral em que a elevada abstenção foi o facto mais relevante. Este, sim, foi um facto histórico e a merecer profunda reflexão.

“Vitória histórica?”