30 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Há uns quantos eurodeputados portugueses que contrataram familiares para trabalharem como assessores no Parlamento Europeu: Edite Estrela, Capoulas Santos, Manuel dos Santos, do PS e Duarte Freitas, do PSD. Pelo menos estes. A história está na revista Sábado (sem link) de ontem. Os eurodeputados têm um orçamento que podem gastar como entenderem no seu gabinete. E lá vêm as filhas, genros, irmãos, enteados, enfim... A contratação de familiares até podia nem ser um problema, porque primos, parentes, cunhados podem ser os profissionais mais competentes do mundo. O problema está na atitude irresponsável dos nossos mui democratas representantes: recusam-se a dar o currículo desses familiares e recusam dizer quando pagam à parentesca. Tendo em conta que o dinheiro não lhes pertence, mas sim aos contribuintes europeus, mostram um grande sentido das responsabilidades e de amor pela transparência democrática. É óbvio que nem o podem fazer. São obrigados a divulgar esses elementos nem que seja por imperativo ético. Isto é de uma falta de vergonha que me envergonha.
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29 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
André Macedo, director-adjunto do Diário Económico conhece a Índia. E conhece a Europa. E tem a sorte de viver na Europa e não na Índia. No editorial de hoje, no DE, defende Sarkozy e as necessidades de reforma na Europa. De acordo. A França precisa de "um momento Thacher", como ele escreveu. Como toda a gente escreveu. O problema é comparar a Índia com a Europa. Por mais que a Europa precise de reformas, por mais que o sistema de previdência precise de se tornar sustentável, o exemplo a seguir não pode ser o da Índia. Ele esquece os salários da Índia, a protecção social da Índia, as crianças que trabalham na Índia, as leis do trabalho na Índia, as castas da Índia, as exigências que as empresas não têm de cumprir na Índia... Enfim, pior que fraco, o argumento é intelectualmente desonesto. França e Portugal precisam de um momento Thatcher: como ela resistiu à greve de mineiros, Sarkozy deve resistir às greves francesas e Sócrates deve fazer a reforma da Administração Pública e deixar passar a greve de amanhã. O que Portugal não precisa é de um momento terceiro mundista.
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28 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Misturar política e religião é um erro e um absurdo e depois dá nisto. O Dalai Lama propôs que a escolha do próximo Buda vivo seja feita por referendo, quando a via normal da sucessão era a da reencarnação - portanto, por via da fé, e não de um processo político. A um laico e ateu isto até parece mais adequado, porque o Dalai Lama torna-se chefe de um Estado, mesmo no exílio. Mas a razão por que o líder budista toma esta posição é ainda mais ridícula. Para controlar o processo político na sua província, o Governo chinês - todo ele muito crente, como se sabe - impôs esta regra: as reencarnações têm de ser aprovadas por Pequim. Já estou a ver o cidadão tibetano a chegar ao guichet e a dizer: "Olhe, venho aqui tratar da reencarnação". E toca de preencher papéis.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Para quem não queria pactos com o PS e quis rasgar o da Justiça não está mal. Em apenas dois meses de liderança, Luís Filipe Menezes pactuou mais do que Marques Mendes em dois anos: a) propôs um pacto para obras públicas; b) negociou um pacto para a segurança interna, o que implicou aceitar a chefia centralizada das polícias, que Marques Mendes tanto criticou; c) chegou a acordo nas leis eleitorais, que revolucionará parte do sistema democrático;
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O Correio da Manhã é um jornal que merece atenção. Dá-nos todos os dias o retrato de um país escondido, mas que existe. O crime de faca e alguidar não é apenas uma boa história jornalística. A soma de histórias diárias do CM podia ser fonte de inspiração de guionistas, escritores e cineastas. Vejamos a edição de hoje: - O psicopata assassino que comeu o sogro na casa de Sintra - boa história para um thriller. A antropofagia no cinema já teve o auge com Hannibal Lecter, mas esta é uma história de canibalismo verídica. - Gang atacou McDonald’s – Assaltantes levam quatro mil euros – o assalto com a caçadeira de canos serrados dá sempre uma boa cena de filme e tem tudo a ver com o último livro de António Lobo Antunes, O Meu Nome é Legião. - Os assassinos do trimarã dizem "não matámos!" – as mortes em barcos são um clássico do cinema, estilo Cabo do Medo. Esta é uma história imbatível. - Prova guardada em cofre – Tecido da mala do carro denuncia transporte do cadáver de Maddie – Série de televisão campeã de audiências, uma co-produção BBC e RTP: neste caso, o CSI Praia da Luz. - Grávida agredida perde o filho – servícias graves do companheiro estão a ser investigadas pelo MP – dava sempre mais um livro de Lobo Antunes. - Ferro vai testemunhar – duas vítimas mencionaram o nome do ex-líder do PS no julgamento de pedofilia – Série de televisão na terceira ou quarta sequela. - Chefe de serviço agride médica – adaptação da Anatomia de Grey para Portugal. A acção decorre num hospital algarvio. - Homicídio de Taxista - PJ prende ex-mulher – à primeira fui enganado. Comecei por achar que o polícia tinha prendido a sua própria ex-mulher, e aqui estava mais um enredo de policial barato. O detective descobre que quem matou o taxista foi a sua ex-mulher, não a ex-mulher do taxista, mãe dos seus dois filhos... - Sócrates abandona Governo – é uma frase de Luís Filipe Menezes, mas podia ser um episódio da IV série dos Homens do Presidente à portuguesa, depois de: “Guterres abandona Governo”, de “Barroso abandona Governo”, e de “Santana obrigado a abandonar Governo”.
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27 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Meu caro Vasco, Não nos conhecemos, portanto, serei directo e conciso, como os ingleses que tanto aprecia: quando tiver mais uns 200 ou 300 livros para tirar de sua casa, mande-me a lista aqui para o Elevador, que estarei seguramente interessado nuns quantos, com o compromisso de que lhes darei bom uso. Pode ser um contributo decisivo para reduzir a minha iliteracia, um aspecto que tanto critica aos portugueses, e ajudar-me-á a economizar uns trocos nas encomendas à Amazon. Com os melhores cumprimentos, VM PS: Escusa de mandar o Rio das Flores.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Por que motivo as empregadas das lojas Companhia das Sandes, depois de terem sido solicitadas a servir um cachorro só com mostarda, pedido confirmado e reconfirmado a pedido das próprias, insistem em servir um cachorro acompanhado da mostarda, sim senhor, mas também de batata frita palha? "Um cachorro só com mostarda" é uma expressão susceptível de gerar equívocos? Porquê?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Por que motivo de cada seis em dez vezes que faço compras nas lojas Fnac, há um qualquer cliente à minha frente, na fila para uma das caixas, que tem problemas com a leitura dos códigos de barras, com o cartão de débito ou de crédito, ou com outra coisa qualquer, forçando o empregado a clamar por ajuda, provocando um tempo de espera irritantemente incompatível com a qualidade de serviço? Não há ninguém que consiga eliminar a praga de "bugs" que bloqueia os neurónios virtuais da Fnac?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Sem querer, dei por mim a abusar dos pontos de exclamação. Por não gostar de andar aos berros, auto impus-me, neste momento, uma moratória contra esses entusiasmos.
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26 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Muitas lágrimas de arrependimento serão vertidas um dia destes, quando o BCP for comprado através de uma OPA hostil de um grande banco estrangeiro. A não fusão com o BPI pode parecer razoável face às justificações invocadas agora, mas daqui a uns anos haverá gente - aqueles que defendem a manutenção dos centros de decisão nacionais - a chorar sobre a oportunidade perdida. Veremos, veremos.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
No seu último livro, "A Bolsa da Avó Palhaça", Baptista-Bastos conta que em miúdo se pendurava no Elevador da Bica, "a ocultas do guarda-freios", escreveu o DN no sábado. Hoje, se B-B quiser pendurar-se neste blogue a ocultas do guarda-freios, terá de completar primeiro um curso de hacker informático numa sessão qualquer das Novas Oportunidades. Valham-nos as tecnologias, que as viagens nos elevadores analógicos eram mais fáceis de piratear.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Oh, filho, que saudades das sardinhas assadas em carvão, das imperiais a borbulhar em copos cónicos, de vidro, na esplanada da Graça, que quando vazios não voavam com o vento, como agora os de plástico; que saudades do cheiro a vinho das pipas nas tabernas em Grândola, agora vendido em pacotes industriais com torneira; que falta do cheiro das castanhas em Outubro, das sandes de manteiga corada que vendia o Pagarim a 25 tostões. Que saudades dos sorvetes do Ti Luís, dos gelados da Olá na areia da praia de Melides. Oh filho, que saudades da vida antiga, eu que nem sou velho, agora que um frango assado tem o mesmo sabor de Varsóvia à Ponta de Sagres. ( A partir da crónica assustadora de António Barreto, no Público de domingo)
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Gary Kasparov foi detido ontem, em Moscovo, durante uma manifestação, em plena campanha eleitoral. Mas, claro, como disse o nosso grande timoneiro, nós não damos lições de democracia ao senhor Putin.
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22 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
... desta vez não vamos poder eliminar a Inglaterra.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Faz três anos que Barroso está à frente da Comissão Europeia. E José Sócrates, agradecido por Durão ter criado as circunstâncias para lhe dar o poder de bandeja, diz que apoia a recandidatura do português em Bruxelas. Há aqui um senão, um porém, digamos assim, um considerando: Barroso só continuará a ser presidente da Comissão se os partidos de direita, do PPE, ganharem as Eleições Europeias de 2009. Ou seja, se os socialistas do PSE perderem. Se Sócrates deseja a derrota dos socialistas é com ele. Já o estamos a ver dizer em 2009: ‘Espero que o socialistas ganhem por cá mas percam nos outros países todos...’ Sabendo-se que outra coisa Sócrates não poderia fazer em relação ao apoio a Durão, há por aqui uma pequena contradiçãozinha...
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21 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
José Sócrates já disse que não dava lições de democracia a Putin. Mário Soares dá lições de democracia a toda a gente, sobretudo a americanos, sobretudo ao senhor Bush, como já tinha feito antes ao senhor Clinton. Desta vez, com Chávez, Sócrates manteve a coerência e disse-lhe que a nossa casa era a casa dele, e nada de lições de democracia, porque sobre essa cada um tem as suas ideias. Já Soares não se percebe bem o estilo de democracia que ele defende no presente. Talvez haja regimes que pareçam democracias quando banhados em petróleo e insuflados por gás natural.
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19 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Convertido há anos à meia de leite, esta semana voltei ao galão e então percebi por que me convertera à meia de leite. O galão só é bom se for quente. E um galão quente encerra a impossibilidade de se poder pegar no copo. Foi o que me aconteceu: tentar pegar no copo com a ponta dos dedos, com as duas mãos, com os guardanapos a envolver o vidro, enfim, um triste espectáculo para evitar queimaduras de segundo grau, até pedir outro copo (frio) e mudar para lá o café com leite. Ora um galão é um galão por ser servido num copo (de galão) e num copo de galão não é possível pegar enquanto o galão estiver quente, e morno perde a graça. Podiam criar copos de galão com pega. Mas não. Inventaram as meias de leite.
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16 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O Zé, a que me refiro no post de baixo é o José Rodrigues dos Santos. Será que agora ele vai ser mesmo despedido? Esperamos que não, por amor à literatura.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
A mês e meio do fim do mandato na RTP, Almerindo Marques será o novo presidente das Estradas de Portugal. O Zé deve estar contente.
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15 novembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Em resposta ao apelo de Cavaco Silva para que os governos respeitem as decisões dos reguladores, Manuel Pinho disse que, em quase três anos de mandato, apenas contrariou os veredictos daquelas entidade numa ocasião. Para o "Público", terá sido o caso quando o ministro da Economia autorizou a concentração entre a Brisa e a Auto-estradas do Atlântico, contra a opinião da Autoridade da Concorrência. Acontece que Manuel Pinho teve um lapso amnésico. Houve uma outra intervenção, bem mais ruidosa, contra o parecer de um regulador, quando o ministro decidiu contrariar a decisão de actualização das tarifas da electricidade por parte da ERSE. Assim, em vez de uma excepção àquilo que Pinho considera ser a regra geral do seu comportamento perante os reguladores, já vamos em duas excepções. Sobre isto, o que diz a sabedoria popular? Que duas excepções ainda confirmam a regra? Ou que duas excepções criam dúvidas de que a regra seja respeitada?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
José Sócrates deu conta da sua indignação pelo facto de a nova direcção do PSD ameaçar rasgar o "pacto para a Justiça". Para o primeiro-ministro, os acordos são para se cumprir. Tem razões para se sentir defraudado, mas nem tudo, neste episódio, é negativo. Confrontado com a possibilidade de os sociais-democratas quebrarem a palavra dada, Sócrates pode ficar a saber, por experiência própria, o que terão sentido os eleitores que lhe deram a maioria absoluta quando decidiu faltar à sua promessa de não aumentar os impostos. Se tiver alguma disponibilidade para aprender, para a próxima será mais criterioso antes de fazer pactos com os cidadãos. Ou antes de fazer dos cidadãos, patos.
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14 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O Governo português ganhou um prémio de mérito oferecido pela empresa japonesa Toshiba, porque ofereceu 40 mil computadores. E como acredita em duendes ou crê que nós acreditamos em duendes, emitiu o comunicado que abaixo é reproduzido, vangloriando-se pelo prémio. Ora se um dos méritos do Choque Tecnológico foi aumentar as vendas da Toshiba, é natural que a Toshiba reconheça o mérito ao Governo português por ter dado essa ajudinha. Mário Lino recebe o prémio Toshiba no mesmo dia e na mesma cerimónia em que distribui mais computadores pelos professores portugueses. Ainda lhe falta o prémio HP, o prémio Acer, o prémio Apple... Governo Português recebe prémio internacional pelo Programa e-escola 40 mil computadores entregues
O Governo português recebe amanhã, dia 14 de Novembro, o “Best European Project Award”, o mais elevado prémio de mérito atribuído pela Toshiba. Este prémio, concedido por uma das principais empresas mundiais de electrónica de consumo, distingue a criação e desenvolvimento do programa “e.escola”, reconhecido como um projecto inovador que contribui decisivamente para o desenvolvimento da Sociedade de Informação. O Presidente da Toshiba Europa, Noriaki Hashimoto, vai entregar o galardão ao Governo Português, numa cerimónia a realizar amanhã, pelas 10.30h, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. A realização desta cerimónia num dos mais prestigiados museus portugueses pretende evidenciar o papel instrumental do computador e das novas tecnologias como meio privilegiado de acesso à Informação e ao Conhecimento. Durante esta cerimónia proceder-se-á, igualmente, à entrega de um conjunto de computadores a beneficiários do e-escola, assinalando, assim, o número simbólico de 40.000 computadores já distribuídos. Na cerimónia, estarão presentes o Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, e o Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos.
Lisboa, 13 de Novembro de 2007
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
- M. Á. BASTENIER, no El País de hoje: "La arremetida del presidente venezolano Hugo Chávez en la pasada cumbre de Santiago es grave en sí misma porque revela una intencionalidad de dislocar la reunión, a lo que el Rey contribuyó involuntariamente con su imperativo "cállate" al mandatario de Caracas, pero sobre todo como síntoma de las dificultades que le esperan al Gobierno de Madrid -de cualquier color- en sus relaciones con América Latina. La amenaza que proyecta el líder bolivariano al acusar a Aznar de golpista afecta como subtexto a la propia naturaleza de las reuniones iberoamericanas, que Chávez quiere utilizar como plataforma para sus reivindicaciones, y reemplazaría gustoso por un cónclave ad hoc, igual que trata de hacer la competencia al TLC con el ALBA, al Banco Mundial con el Banco del Sur, a la CNN con Tele-Sur, y a todo aquello que representa a sus ojos el imperialismo norteamericano y adláteres entre los que sitúa a España." (...) - No editorial do El Mundo de hoje (sem link) A propósito de Chávez ter dito que os espanhóis calaram os indígenas cotando-lhes a garganta: "Hasta ahora, el discurso de Zapatero sólo ha servido para envalentonar a Chávez, considerado um aliado por la diplomacia española hasta hace quatro días. Otra razón más para revisitar la política exterior"
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13 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
É verdade que Chávez é Chávez, que aquilo não se faz e que Zapatero esteve bem, muito bem, a defender o mínimo de boas maneiras que permite a um grupo de pessoas sentarem-se à mesma mesa. A quem assiste de sofá, parece bem ver o rei Juan Carlos brandir o ceptro da sua monarquia constitucional e dizer: “Por que no te callas!?” Claro, sabe bem ouvir mandar calar Hugo Chávez. Mas também não podemos esquecer que se Chávez não devia ter chamado a Aznar o que chamou, a verdade é que o Governo de Aznar apoiou e ajudou a promover o golpe de Estado de Pedro Carmona, em 2002, contra o presidente venezuelano (como o Público hoje explica). Conhecem-se os resultados de alguns apoios ocidentais a golpes de Estado na América Latina. Não terá esse golpe de estado ajudado a radicalizar Chávez? Não sei. Em termos diplomáticos, Juan Carlos esteve mal. Execedeu-se, deu a Chávez a possibilidade de Chávez ter mais uns momentos Chávez, e agudizou o incidente. As coisas são mais complicadas do que parecem. Chávez não é um democrata, pois não. Mas é tão democrata como aqueles que o querem demover. Os mesmos que foram à embaixada espanhola procurar apoio para o golpe também o tentaram na portuguesa e tiveram como resposta: combatam-no pela via democrática. Não podemos julgar a Venezuela com os nossos critérios liberais e europeus porque a Venezuela, da direita à esquerda, não é liberal nem europeia. Isto não desculpa Chávez nem os seus momentos. Nem os oligarcas que lhe sucederiam.
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12 novembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
"The Moonshine Sessions", de Philippe Cohen Solal - O fundador do Gotan Project abancou num estúdio do Tenessee, acompanhado de músicos de "country" alternativa e "bluegrass". Fez um disco de canções intensas, dedilhadas nas guitarras acústicas e decoradas com a melancolia das harmónicas. Veredicto: recomenda-se vivamente, apesar de incluir uma versão de "Dancing Queen", dos Abba, que há quem vá achar graça, embora não seja esse o meu caso. Mais informação aqui.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Pensar como Einstein e mexer os pés e as mãos como Tyson. O chessboxing é uma contradição em si. É preciso estar entre os 1800 melhores xadrezistas do mundo, para dar umas pêras ao adversário, contou-nos o DN no fim-de-semana. Dois minutos de boxe, quatro de xadrez, um minuto de descanso, ganha quem fizer cheque-mate, perde quem cair KO. Há duas estratégias possíveis: bater na cabeça do adversário para lhe confundir as ideias no tabuleiro; ou confundi-lo no tabuleiro para o apanhar desguarnecido enquanto pensa na próxima jogada e partir-lhe o nariz. Penso seria uma modalidade interessante. Só tenho uma dúvida. Como é que eles movem a peça certa com as luvas calçadas sem estrambalharem o jogo?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
“Quem acompanhou, sabe como o PS ficou desorientado com o debate parlamentar”. Parece mentira, mas Pedro Santana Lopes escreveu esta frase no seu blogue. Aliás, o que o PS mais parecia era desorientado. E aflito. Santana deve ter um espelho mágico em casa, que só lhe mostra o que ele quer ver, já que todos os colunistas, sem excepção, na sua opinião acossada, se uniram para o tramar (mais uma vez).
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11 novembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Lendo os textos que sustentam a manchete do "Público" de hoje, dando conta das críticas da Rave aos argumentos a favor da localização do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete, parece que a única coisa que fica clara é que a construção de uma linha de TGV entre Lisboa e Porto é um investimento injustificado. Sensato seria, prioritariamente, decidir que meios disponibilizar para colocar os passageiros chegados ao aeroporto de Alcochete num local de Lisboa que lhes permitisse aceder ao centro da cidade ou a outros destinos. As razões invocadas pela Rave para chumbar Alcochete circulam em torno dos problemas que esta localização suscita em relação à ferrovia de alta velocidade, o que não admira dado o objecto da empresa e o facto de ter pouca margem de manobra para ser mais do que a voz do dono. Mas decidir onde construir o novo aeroporto em função do traçado do TGV é algo muito duvidoso. Para quem prefira fazer a viagem entre Lisboa e Porto através de comboio de alta velocidade, há a hipótese de uma ligação ferroviária convencional assegurar o transporte entre o aeroporto e a Gare do Oriente. Estocolmo, onde uma linha ferroviária faz o transporte de passageiros entre o aeroporto e a estação ferroviária central da capital sueca, é um excelente exemplo. De resto, não se percebe por que motivo não hão-de os passageiros em trânsito para o Porto optar pelo transporte aéreo, evitando perdas de tempo nas ligações com o TGV ou outra opção por terra. Nesta história toda, tem-se pensado demasiado em investimentos vistosos e onerosos, e muito pouco na racionalidade e na conveniência dos utilizadores das infra-estruturas em causa. Se é necessário, como parece óbvio, melhorar a ligação ferroviária entre as duas principais cidades do país, os pendulares poderiam ser aproveitados com muito mais eficiência. Mas isso é capaz de não se integrar num programa de obras públicas susceptível de encher o olho ao cidadão.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Teria sido preferível que Juan Carlos não lhe tivesse sugerido que se calasse, mas compreende-se perfeitamente a irritação. Um homem que manda encerrar os media que não lhe fazem os fretes e que, no entanto, não hesita em invocar a liberdade de expressão para insultar a despropósito alguém ausente e que foi eleito e deposto em eleições democráticas, é dose demasiada mesmo para quem tenha uma paciência de Buda. Zapatero esteve bem, mas foi pena que, depois de o novo arauto dos amanhãs que jamais cantarão ter citado Artigas, afirmando "com a verdade não ofendo, nem temo", o primeiro-ministro espanhol não tenha aproveitado para lembrar que um democrata que se preze luta pelas suas convicções mas não arroga para si próprio a titularidade da verdade absoluta. E nem se considera no direito de insultar em seu nome. Embaraçante foi, também, verificar-se que o caso foi tratado como um mero incidente, pronto a ser esquecido nos corredores da "real politik". Como afirmou Zapatero, é preciso que haja respeito, mas é, igualmente, necessário que os líderes de países democráticos se façam respeitar. E, neste ponto, o silêncio foi ensurdecedor. Chávez saiu por cima e já percebeu que ganhou mais algum terreno livre para rir na cara dos seus pares ibero-americanos. Incluindo Sócrates e Cavaco. Neste ponto, pelo menos, Juan Carlos não esteve com rodriguinhos.
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10 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Eu, que morei na Baixa uns quantos anos, na Rua do Arsenal, sei bem como é ridícula e prejudicial a medida de António Costa de tirar o trânsito ao domigo no Terreiro do Paço (a posta do João aqui em baixo foi bem lembrada). Espera o quê? Lisboetas em massa a ocuparem uma praça fria e monumental? Manuel Salgado, o arquitecto do urbanismo, não explicou a Costa a natureza dos vários tipos de praça e o usos que se podem dar-lhe? Ora, ao domingo, na Baixa, não há coisa alguma: as lojas estão fechadas, os restaurantes também, uma pessoa não tem onde comprar o jornal, é um deserto a todos os níveis. Eu é que sei o purgartório que ali passava ao domingo, que se transformava em inferno de cada vez que o trânsito era cortado. E por uma razão muito simples: quem toma decisões destas esquece-se que ainda há uns "moicanos" a viver por ali, que nesses dias vêem a sua vida a complicar-se ainda mais. A leitura da crónica do Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada ilustrava bem o ridículo da medida do presidente da câmara. No passado domingo tive de fazer um slalon por ruas de Lisboa para conseguir ir à Rua do Crucifixo buscar uns fatos à lavandaria. Obrigado pela atençãozinha, dr. Costa, mas admita que se enganou e volte atrás.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Começa a ser difícil perceber quem é mais patético. Se o próprio ou quem lhe dá ouvidos, grupo em que se incluem políticos e jornalistas embevecidos, ou acobardados, perante a retórica dos amanhãs que cantam, agora em versão de socialismo do século XXI, pago pela alta do petróleo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
"O relevo acidentado de Lisboa foi desde sempre um grave obstáculo à circulação de pessoas e bens entre partes altas e baixas da cidade." É desta forma que reza a história do Elevador da Bica, que inspirou o nome deste blogue. Há que não esquecer que amanhã é domingo. E que, nestes dias, o senhor presidente da Câmara, animado de genuíno populismo, decidiu transformar o Terreiro do Paço numa zona livre de trânsito, isto é, em mais um obstáculo "à circulação de pessoas e bens". Não há dúvidas. É o dia do senhor. E o senhor põe e dispõe.
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09 novembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
"Blues Blast", de Debbie Davies - O poder das guitarras num disco recheado de blues bem balançeados e que conta com participações de grandes executantes, incluindo Charlie Musselwhite, mago da harmónica. "My Foolish Heart - Live at Montreux", do Keith Jarrett Trio - O prodigioso pianista regressa, com um disco gravado ao vivo, em 2001, com os seus companheiros de há mais de duas décadas, Gary Peacock e Jack DeJonhette. Arrebatador, para variar. "The Flying Club Cup", dos Beirut - O jovem norte-americano Zach Condon vai no seu segundo álbum e aprofunda a exploração das tradições do folk balcânico. Um estimulante encontro entre Leste e Oeste, com preponderância do primeiro.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
"O que resta da Esquerda?", de Nick Cohen - Um retratro impiedoso da hipocrisia política e do cinismo arrogante de quem, pelo simples facto de se qualificar de esquerda, se afirma moralmente superior. "Os meus 35 anos com Salazar", de Maria da Conceição Rita e Joaquim Vieira - O ditador na intimidade num novo contributo para tentar compreender a personalidade complexa de um homem que, para o bem e para o mal, marcou o século XX português. "A Rota das Especiarias", de John Keay - Uma fantástica viagem aos circuitos comerciais das especiarias e às lutas pelo seu domínio, com informação bastante para desafiar a capacidade de assimilação do leitor leigo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Por que motivo quando se vai almoçar a horas tardias e o período de maior movimento nos restaurantes já passou, os empregados insistem, perante uma sala de refeições praticamente vazia, em forçar os clientes a sentarem-se onde lhes ditam os seus misteriosos critérios de ocupação do espaço?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
É a única situação em que fico feliz quando tenho de usar uma máquina e a máquina está avariada: um bom parquímetro é um parquímetro que não funciona. Como o desta manhã.
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08 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Pois é, João. O engenheiro gosta de queijo e esquece. Disciplina de voto lá em casa é bom, mas confusão em casa alheia é uma alegria. Deputados do PS-Madeira querem abster-se? Pianinho, meus amigos que aqui mando eu. Quando foi preciso manter as águas paradas do pântano em 2001, foi o próprio Sócrates, em negociações secretas, no seu ministério, por onde os protagonistas até entravam escondidos pelas traseiras (segundo fonte socialista muito bem colocada) que negociou o voto de Campelo no orçamento limiano. Mas política é isto. Pode parecer incoerente, mas o homem esteve sempre a defender o mesmo lado.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Nem sim, nem não, antes pelo contrário. As declarações equívocas do ministro das Finanças sustentam a desconfiança de que, em 2009, vai haver umas medidas simpáticas para os eleitores. Apostamos numa descidazinha de um ponto percentual no IVA e nuns benefícios fiscais de expressão reduzida, em matéria de IRS, mas suficientemente vistosos para que, no isolamento da cabine de voto, o balanço penda a favor dos interesses do PS. Cá estaremos para ver.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Perante a possibilidade de os deputados do PS-Madeira optarem pela abstenção na votação da proposta de Orçamento do Estado para 2008, José Sócrates avisou que, no partido cor-de-rosa, não se brinca com a disciplina de voto. Em matéria de cinismo político, Sócrates parece não ter adversário à altura. Será que, por consumir demasiado queijo, já se esqueceu dos "orçamentos limianos" aprovados à custa do aliciamento à quebra na disciplina de voto de outros partidos e que permitiram sustentar governos que se orgulha de ter integrado?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Os negócios com as economias emergentes por vezes parecem o el Dorado. Mas como muitas das economias emergentes são ditaduras, o risco, elevado, é acontecer como ao BPI em Angola: “O Banco de Fomento de Angola [controlado pelo BPI] desistiu, em cima da hora, de participar na liderança de uma emissão de 35 mil milhões de dólares para a República de Angola”, escreve o Diário Económico. José Eduardo dos Santos retaliou: a recomendação do Estado foi para todas as empresas públicas fecharem lá as contas, incluindo a poderosa Sonangol, accionista de referência do BCP. Moral da história: nestes países, se as empresas querem rentabilidade e negócios, têm de pensar, acima de tudo, na rentabilidade e nos negócios do Estado, ou de quem nele manda. Senão...
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
É o iPod de 60 gigas que me custou oitenta contos na América pifar todas as semanas sei lá por quê.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
É ir a correr para o carro, já bloqueado, com dois polícias em volta, na Calçada do Sacramento, dizer que se paga multa, OK, mas não chamem o reboque, por favor, e então a chave do bloqueador a partir-se na fechadura e o polícia a ter de remover o bloqueador a pontapé. (Aconteceu-me na semana passada).
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Diálogo no Alentejo: - Mãe, por que é que cortas o bico do pacote de leite? Isto tem aqui uma abertura fácil, é só puxar... - A gente abre o pacote por aí, e depois é leite por todo o lado...
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Menezes deve estar radiante por não ser ele a levar tareia no Parlamento e deixar a tareia para quem já está habituado a levar: se o líder de bancada fosse uma segunda linha menezista, o seu fracasso era sinal da fragilidade da direcção; sendo Santana, tudo o que Santaa fizer é da responsabilidade dele e não do líder. Santana Lopes é um bom orador, mas isso não é o mesmo que ser um bom parlamentar. Não controla o tempo, não segura o discurso, perde-se. Na terça-feira, caíu como um patinho no engodo de José Sócrates. A quem tem tanta experiência não se admitem tantos erros básicos... No segundo dia, quando fez a intevenção de fundo que devia ter feito no primeiro, parecia estar num congresso do PSD. Mas o Parlamento não funciona como os congressos do PSD. Um discurso eficaz tem de ter a lâmina afiada, não pode ser a coisa balofa dos congressos, porque as massas não estão lá. Não basta repetir números para provar aos outros que, afinal, consegue fixar números e que sabe as regras da contabilidade nacional. De preferência, não pode ter falhas, como a aquela das maternidades que deu a Augusto Santos Silva a possibilidade de uma réplica arrasadora. Para não ser apenas certinho e ensaiado como Mendes, não é preciso passar a viver da improvisação, a falar sem papel para, mais uma vez, provar do que se é capaz. Ou Santana põe os olhos em Paulo Portas, em José Sócrates e em Francisco Louçã e vê como se fazem as coisas à profissional ou está tramado, mais uma vez, vítima de si mesmo.
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06 novembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
É interessante olhar para este diálogo de há três anos, com os óculos de hoje. No dia 15 de Outubro de 2004, no primeiro debate parlamentar entre aqueles dois, foi assim: José Sócrates (deputado)- “Todos os portugueses sabem porque é que estou aqui a liderar o PS, por uma razão muito simples: porque fui a votos, ganhei um congresso e uma eleição democrática. E, se me permite, o sr. primeiro-ministro não pode dizer o mesmo. O sr. primeiro-ministro nunca ganhou um congresso e nunca ganhou uma eleição legislativa! Esta é uma diferença fundamental entre nós”. Pedro Santana Lopes (primeiro-ministro) - “Acho extraordinário ter-me dito que nunca ganhei umas eleições nacionais. Espere pelas próximas, sr. Deputado, que já vai ver!...” José Sócrates - "Durante dois anos, a maioria e o Governo prometeram ao País uma política baseada na obsessão do défice orçamental e para isso congelou os salários, subiu os impostos e cortou no investimento público. Ao fim de dois anos, o que é que temos? Temos, crise, temos recessão, temos desemprego e não conseguiram baixar o défice abaixo dos 3%. Sr. primeiro-ministro, o que prometeu aos portugueses foi fazer gelo quente, mas – lamento desiludi-lo, sr. Primeiro-ministro – gelo quente não existe!..." José Sócrates - “Sr. PM, - desculpe dizer-lhe – os portugueses vão ficando com a sensação, e nós também, de que verdadeiramente o dr. Santana Lopes não está no lugar certo, não tem jeito para isto!... A conclusão a que chegamos é que o dr. Santana Lopes não tem jeito para primeiro-ministro.” Pedro Santana Lopes - “Sr. deputado José Sócrates, devo dizer-lhe que, normalmente, quando as pessoas resvalam para as considerações de ordem pessoal, é porque lhes fala razão nas outras matérias. É sempre assim. Cá estaremos, com o tempo, para apreciar a eficácia da sua liderança. Cá estaremos!...” José Sócrates - "Falo do caso de um ministro do seu Governo que fez uma pressão ilegítima junto de uma estação de televisão privada, que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o Governo. É indigno de um Governo democrático e é inaceitável. E mais: é uma nódoa que o vai perseguir, porque essa nódoa não vai ser apagada facilmente, pois fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamnto da liberdade de expressão. Peço-lhe sr. primeiro-ministro, que resista à tentação de controlar a Comunicação Social. Não vá por aí, porque nós cá estaremos para evitar essas tentações”.
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