Reencarnar com papel de 25 linhas
Misturar política e religião é um erro e um absurdo e depois dá nisto. O Dalai Lama propôs que a escolha do próximo Buda vivo seja feita por referendo, quando a via normal da sucessão era a da reencarnação - portanto, por via da fé, e não de um processo político. A um laico e ateu isto até parece mais adequado, porque o Dalai Lama torna-se chefe de um Estado, mesmo no exílio. Mas a razão por que o líder budista toma esta posição é ainda mais ridícula. Para controlar o processo político na sua província, o Governo chinês - todo ele muito crente, como se sabe - impôs esta regra: as reencarnações têm de ser aprovadas por Pequim. Já estou a ver o cidadão tibetano a chegar ao guichet e a dizer: "Olhe, venho aqui tratar da reencarnação". E toca de preencher papéis.