25 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Excursão de japoneses, passeia-se no largo de S. Miguel. Foto: VM
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Vizinhas a tomar café em Alfama, no verão passado. Foto: VM
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
A subir:António Barreto vai estrear a 14 de Março o primeiro episódio de uma série de sete sobre a evolução de Portugal nos últimos 40 anos. Não vou perder. Barreto, que já tinha retratado o país das estatísticas, desceu ao país real e não gostou. Não admira: visitou os subúrbios, aquelas zonas rurais destruídas pelo laxismo das autarquias, viu as rotundas, os repuxos, as estátuas horríveis nas praças, deu de caras com o predomínio do mau gosto. Apesar de reconhecer a evolução tremenda das condições de vida, diz assim hoje ao Público: "[Os portugueses] não gostam do país que têm. Destroem-no de tal maneira que não podem gostar de Portugal. E eu não gosto das pessoas que não gostam do país que têm".
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22 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Como se pode constatar aqui, o total do Orçamento Regional da Madeira são 1 733 979 milhões de euros. Como se sabe, este ano o Governo Regional perde 34 milhões de euros, em virtude da nova Lei das Finanças Regionais. Fazendo as contas, percebemos que Alberto João não se demite por falta de dinheiro, nem por as regras terem mudado a meio do jogo, nem por não poder cumprir o seu programa eleitoral. Isto é uma mascarada de um animal político astuto que quer controlar melhor o ciclo político. E nós caímos no logro. Este ano, Jardim perde apenas 1,9% do seu Orçamento total. Alguém acredita que os madeirenses seriam verdadeiramente prejudicados se Alberto João fosse obrigado a poupar 2% ou 3% ao ano? Não me parece... A governação da Madeira não é conhecida pelo aperto do cinto: nem no discurso, nem na realidade.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Carmona Rodrigues e a sua equipa dificilmente recuperarão a credibilidade, o estado da câmara de Lisboa é clamitoso e do ponto de vista político as condições para exercer o mandato são frágeis. No entanto, há grandes perigos em se convocar eleições intercalares com base nas investigações judiciais e em suspeitas: Suponhamos que: - Fontão era inocente; - ou que o caso de Gabriela Seara era arquivado; O que diríamos então? Que devia ter haviado presunção de inocência até uma sentença transitar em julgado. Só que o tempo mediático corre muito mais depressa que o judicial. Se Carmona cair, então que seja por outras razões.
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21 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Não é novo, nem inesperado, que os Estado Unidos tenham um plano para atacar o Irão, que representa uma das principais ameaças à estabilidade mundial (enfim, o mundo, já de si, não anda lá muito estável). Estranho seria que os americanos não tivessem plano nenhum. A notícia da BBC peca por tardia. E desactualizada. Acho que devemos é questionar o timming da fuga de informação: a notícia surge um dia antes do fim do prazo dado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para o Irão suspender o enriquecimento de urânio. É uma forma de pressão. Os planos de ataque estão todos na New Yorker de 17 de Abril de 2006. O jornalista veterano Seymour Hersh escreveu a história, que começa assim: "The Bush Administration, while publicly advocating diplomacy in order to stop Iran from pursuing a nuclear weapon, has increased clandestine activities inside Iran and intensified planning for a possible major air attack. Current and former American military and intelligence officials said that Air Force planning groups are drawing up lists of targets, and teams of American combat troops have been ordered into Iran, under cover, to collect targeting data and to establish contact with anti-government ethnic-minority groups." (Link)
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19 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Com a câmara social-democrata de Lisboa em pantanoso estertor, com a demissão tacticista de Jardim na Madeira, com o CDS à espera da declaração não menos táctica de Paulo Portas, com a discussão tardia das complicações pós-aborto, o engenheiro Sócrates vai gerindo o seu caminho com tranquilidade. Pode ser uma calma aparente, os próximos três meses podem ser fundamentais - como alertou o ex-ministro Campos e Cunha -, o PRACE pode estar atrasado, o PR pode exigir resultados, mas o engenheiro vai passando por entre as gotas da chuva.
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16 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Não sou especialista na matéria, mas gosto muito de cinema. No entanto, há vários anos, tantos que já lhes perdi a conta, que não ponho os pés numa sala de cinema. Porquê? É simples de explicar. As salas de cinema são um dos lugares onde, nos dias que correm, os cidadãos deste pacato país são mais eficazes, e incomodativos, no que respeita a manifestarem a sua insuficiente boa educação. Nesses locais, há demasiada gente a falar em voz alta, a mastigar pipocas com a boca aberta e a sorver refrigerantes através da palhinha, dando maior prioridade aos ruídos que se podem produzir do que ao paladar da mistela. Tudo isto é demasiado irritante para quem simplesmente tenha pago bilhete com o objectivo de, em paz e sossego, desfrutar de tudo o que um bom filme pode ter para oferecer. O combate a esta praga é inglório, apesar de haver salas que são mais afectadas pelo fenómeno do que outras. E para desfazer eventuais dúvidas, aqui está um estudo que fornece um bom panorama acerca desta premente questão. No cinema, na ópera, no teatro, nos concertos, nas aulas, durante conferências e palestras ou nos templos religiosos, a maioria dos portugueses não desliga os telemóveis. Sendo assim, a solução está no DVD, visionado em casa, sem ter por perto gente que se sente feliz desde que esteja a incomodar alguém. Não se pode exterminá-los? Infelizmente, não.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
A situação de Carmona Rodrigues na Câmara Municipal de Lisboa está no limiar da sustentabilidade. Sem uma maioria que sustente a sua gestão e uma equipa manchada na sua autoridade pelos casos que estão nas mãos da justiça, começa a parecer óbvio que há motivos para eleições que abram as portas a uma equipa nova, legitimada pelo voto. Está na altura de Marques Mendes tomar decisões sensatas, tal como já fez em ocasiões anteriores, quando aceitou correr o risco de perder alguns municípios importantes para o PSD, em troca da apresentação de candidatos com a face escanhoada. Quanto mais tarde forçar uma clarificação dos intentos do partido em relação à situação em Lisboa, maior será a probabilidade de o PSD vir a sair chamuscado de um próximo acto eleitoral.
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15 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
As palavras de Cavaco Silva, aconselhando a que a Assembleia da República estude e analise as "boas práticas" europeias antes de fixar o novo regime legal do aborto, parecem-me muito sensatas. A vitória do "sim" não deve significar que o legislador, o Estado e a sociedade fiquem alheados de um problema que não ficou resolvido no domingo passado, como apressadamente alguns festejos poderiam fazer crer. Se a despenalização até às dez semanas de gravidez vai ao encontro da preocupação de evitar a humilhação das mulheres e de garantir, em melhores condições, a interrupção da gravidez - dois fortes argumentos dos adeptos do "sim" -, ninguém deve passar a negligenciar o facto de a prática do aborto colocar fim a uma vida única e irrepetível - o mais incontornável dos argumentos do "não" -, significando isto que, de modo algum, se deve banalizar este último recurso, confundindo-o com medidas de planeamento familiar ou de educação sexual. Mais do que nunca, é dever do Estado e da sociedade civil encontrar soluções para que a falta de apoios e de condições pessoais, familiares ou financeiras não sejam razões suficientes para levar uma mulher a tomar a decisão de fazer um aborto. E, neste sentido, parece-me absolutamente razoável que se estabeleça um período de reflexão e, também, que se criem apoios específicos capazes de superar a falta de meios ou de condições que dão origem ao pedido de uma mulher para efectuar um aborto. Entre o "não" e o "sim", ficou patente um consenso: o de que ninguém faz um aborto por gosto, o que parece ter como consequência lógica a de que, de um lado e de outro, todos são a favor da vida. Eis algo que não deve ser ignorado por quem tem agora a responsabilidade de verter em lei o resultado do referendo realizado no domingo passado.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Ontem, Cavaco Silva disse isto à Lusa sobre a futura legislação do aborto: - «"Sem que isso possa significar uma intromissão nas competências de outros órgãos de soberania, espero que se procurem soluções de bom senso, equilibradas e ponderadas que possam ajudar a unir os portugueses"». - «Para Cavaco Silva, não se pode "rejeitar a possibilidade de estabelecer consensos alargados" numa matéria que "pode ter causado rupturas na sociedade portuguesa", durante a campanha para o referendo da despenalização do aborto até às 10 semanas». Há oito anos, no dia 26 de Junho de 1998, tinha dito à Lusa o seguinte: - «"Sou contra a alteração da lei que está em vigor. Penso que foi um grande erro abrir este debate porque é uma matéria que divide os portugueses. Era bom que os esforços fossem orientados para outras preocupações"». - «Na hipótese de de o referendo não ter carácter vinculativo, o ex-primeiro-ministro afirmou que, mesmo que o "Sim" ganhe, "a lei não devia ser alterada", remetendo, no entanto, essa matéria para os juristas»
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Ora, e quem é o melhor sogro de sempre? Quem é? Carmona Rodrigues, porque deixou tudo à nora. Se a câmara de Lisboa já estava à nora, agora a nora deve estar felicíssima, ao ouvir Carmona anunciar que quer pagar um seguro de saúde para as crianças que nasçam em Lisboa ( aqui). Até parece que já está em campanha eleitoral.
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14 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Esta gente que ao fim-de-semana faz a linha do Douro, para almoçar no Tua, e depois se passeia nas carruagens como a que está no leito do rio, teve a sua sorte. O momento em que os carris cederam - sempre esse cruel acaso, o do "momento errado" -, apanhou uma carruagem quase vazia. Ou então teríamos outro drama como o de Entre-os-Rios. Os acidentes acontecem, claro. E raramente se dão nos caminhos-de-ferro. Mas esta linha, das mais belas do país, merece cuidados: há populações esquecidas que dependem dela e pode ser melhor aproveitada para o turismo. Foto: VM
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12 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
A minha mãe telefonou-me do Alentejo, dois minutos depois do terramoto, a saber se aqui por Lisboa estava tudo bem. Os copos tilintaram nos armários, a jarra andou por sobre a mesa, a cadela uivou... foi só um susto. Em Grândola, o "Sim" teve 89,35% e em 1998 tinha sido o concelho com maior percentagem de "Sim". Só quando olho para números destes é que percebo o caldo de cultura em que cresci (nota: mas nunca fui comunista). Olhando para o mapa do Sim e do Não, percebemos como em Portugal há dois países tão diferentes. Não me admirava nada que já houvesse vozes populares por aí a falar em aviso divino...
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
A minha cara amiga ITM defende coisas aqui no Corta-Fitas que fariam de Portugal uma Irlanda: nessa linha de pensamento, uma miúda de 13 anos brutalmente violada seria obrigada a parir o filho de um crime; uma mulher que soubesse que o filho nasceria morto não poderia abortar porque isso é eutanásia; uma mãe em risco de vida teria de esperar para se perceber mesmo que a sua vida estava em risco, antes de se optar pela sua própria vida. Escreve ITM: "Em consciência não poderia votar sim porque não encontrei maneira de atenuar o mal de se acabar legalmente com uma vida humana. Aqui não há meio termo. Ou se mantém, ou se destrói". Acho que as opiniões, legítimas, é claro, de muitos adeptos do "Não", sobretudo dos mais católicos, dão uma ideia clara do tipo de País em que gostariam de viver.
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11 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
20h35 O Sim ganhou! Em 1998, o Não venceu e, embora o resultado não fosse vinculativo, o resultado foi respeitado. Agora, o Sim ganha nas mesmas condições e o resultado também deve ser respeitado. Duvido que Cavaco não promulgue a lei, apesar da sua opinião de há oito anos, a que me refiro neste post.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
São 19h40 Se a maioria dos portugueses não quis votar no referendo, estão identificados aqueles que votaram em Salazar e em Cunhal para o Grande Português. Os abstencio-abortistas não se importam com a existência de eleições, portanto, também não se devem importar de viver sob os regimes daqueles que também não gostam de escolhas democráticas.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
São 19h33 Os abstencionistas são verdadeiros abortistas neste referendo ao aborto. Devem ser penalizados por isso? Não. O problema é que esta taxa de participação reflecte o desinteresse da maioria da população pelo tema do aborto, pelo problema do aborto clandestino, sobre a questão da vida ou não vida... Na verdade, os portugueses estão-se nas tintas e nas tintas para todos os probelmas de fundo que estiveram em debate. E se a maioria se está nas tintas, são os representantes na AR que devem legislar. O povo demite-se de tomar o seu destino nas mãos, mas os eleitos não o devem fazer.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
São 19h20 Sem 50% de votantes e se o Sim ganhar, vai ser uma confusão: porque o referendo não é vinculativo; porque mesmo assim o PS, o PCP, o BE e algum PSD se sentirão legitimados a legislar sobre o aborto na Assembleia; e porque Cavaco Silva em 1998 disse, numas declarações à Lusa, que se o referendo daquele ano não fosse vinculativo, não devia ser alvo de legislação mesmo que o Sim ganhasse. Se Cavaco não mudou de opinião, vamos ter um 31...
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
São 19h10 Mais uma vez, parece que ganharam os que não quiseram participar no referendo. A regra dos 50%, como se prova, é estúpida, porque deixa quem participa refém de quem se recusa a fazê-lo. É uma regra injusta numa democracia e desta vez a confusão será maior, porque é mais provável uma vitória do Sim que do Não.
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10 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
A irascibilidade que é apontada pelas más linguas como fazendo parte dos traços de personalidade do primeiro-ministro, podia ser apenas um dos segredos mais mal guardados do actual Governo. Mas, afinal, é muito mais do que isso. Trata-se de um método para estimular as equipas nos momentos em que estas, ou algum dos seus elementos, dão sinais de esmorecimento. O raspanete, perante testemunhas, que José Sócrates pregou a Manuel Pinho durante a recente viagem oficial à China insere-se nessa técnica de liderança que os militares conhecem bem e que, em muitos casos, será mesmo a única que conhecem. É apenas isto que se pode concluir do facto de, numa "conversa" com o ministro da Economia, o primeiro-ministro ter levantado o tom de voz e usado "algumas expressões, que chegaram a surpreender quem as ouviu" (que expressões terão sido?), com o simples objectivo de "levantar o ânimo" a Manuel Pinho, "incentivá-lo e obrigá-lo a reagir", segundo um zelosa fonte do gabinete de Sócrates explicou ao semanário Sol (supomos que sem se rir de si própria). Pais e mães deste país: sigam já o exemplo do primeiro-ministro. Quando os vossos filhos fizerem asneira, repreendam-nos em alta voz, em público e, muito importante, não se esqueçam de utilizar expressões surpreendentes (qualquer coisa como "cuidado que sou um animal feroz" talvez surta efeito). Se os petizes não ganharem novo fôlego, garantindo sentirem-se "com mais determinação e força do que nunca", remodelem-nos na primeira ocasião. Tal como no caso dos aumentos das tarifas da electricidade, quando o método socrático falha, a culpa deve ser dos consumidores.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Diálogo no Banco Mundial: - Ó senhor Paul Wolfowitz, tal como toda a gente dizia Vossa Excelência parece mesmo um falcão! - É por causa da guerra do Iraque, não é? - Não, é por causa das unhas dos pés!...
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09 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Estou de acordo com tudo o que o guarda-freio Vítor Matos escreveu no post anterior, incluindo a alínea h). Mas acho que a oportunidade criada pela declarações do Presidente da República deve ser aproveitada para se ir mais longe. Tendo em conta os objectivos de redução do consumo de energia e de diminuição das emissões de gases nocivos para o ambiente, julgo que as sugeridas passadeiras deviam funcionar como geradores que, por sua vez, forneceriam a electricidade necessária para que os edifícios de escritórios, as fábricas e qualquer outra instalação onde se trabalhe, ou onde simplesmente se finja que se trabalha, passem a funcionar apenas com base nesta nova fonte renovável. Modéstia à parte, estou convencido de que isto, sim, é que é ter visão sobre a forma de resolver sustentadamente os problemas do país. Não só se extermina o pecado do sedentarismo, como se combatem as mais graves ameaças aos frágeis equilíbrios do planeta. P.S. - Ainda assim, preferia que ninguém do Governo lesse este post, julgando que as propostas são para levar a sério.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Parece que o ex-velocista dos 100 metros barreiras Cavaco Silva defendeu, por estes dias,"procedimentos admininstrativos claros" contra "estilos de vida sedentários", para melhorar a vida dos portugueses. A frase teve, para já, o mérto de inspirar a crónica de Constança Cunha e Sá no Público de hoje (sem link). Ficam aqui algumas sugestões para uma proposta de lei que criasse esses procedimentos administrativos com toda a clareza: a) 15 minutos de ginástica por cada 4 horas laborais em empresas com mais de 2 trabalhadores ao estilo norte-coreano; b) Elevar as secretárias e trabalhar ao computador em pé, sobre uma passadeira rolante; c) Passadeiras rolantes para todos os funcionário públicos de guichet; d) Bicicletas fixas junto à màquina do café, sendo que o café só sai 5km depois; e) Substituir o passe social pela bicicleta social; f) Jogar golfe todas as semanas com o patrão; g) Obrigar as empresas a comprar para todos os trabalhadores uma daquelas cintas que anunciam na televisão, para fazer abdominais sentado, e que são uma maravilha para perder peso; h) ... and so on (aceitam-se sugestões, porque a pátria desespera)...
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Para o Governo, as funções nucleares do Estado são a defesa, a diplomacia, a segurança e a magistratura (ver DN). A segurança social, a educação e a saúde ficaram de fora desse conceito, que vai influenciar (primeiro) a negociação das carreiras com os sindicatos. Depois, tudo pode mudar, desde que o Governo queira. O que dirá disto a maior parte do PS? Que loas tecerá a direita a Sócrates? Finalmente haverá um partido chamado PSL - Partido Socialista Liberal?
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08 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Al Gore, o verdelho Al Gore que vem hoje a Lisboa, tem agora este karma de lutar contra a poluição. É verdade, todos nós devíamos contribuir nem que fosse um pouco para atenuar o mal que fazemos à humanidade. E nisso Gore está a esforçar-se. Quando ele se deixou vencer pelo senhor W. Bush, mesmo tendo mais votos expressos, Al Gore ajudou e muito a deixar o mundo mais poluído. Gore, o verdinho, deixou-nos como herança o pistoleiro texano do petróleo.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Fumar, à porta do bar. (espero que o meu lazer não incomode o seu fumo...) Sai um copo para festejar o aniversário do corta-fitas, à luz da vela. Fotos: VMA malta aqui diverte-se à grande, até ao momento em que já está demasiado com os copos para se divertir. Os bares irlandeses foram uma boa invenção. Melhor, só algumas tabernas no Alentejo.
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07 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Na América não se brinca, e esta história de um triângulo amoroso e ciumento de astronautas já deve ter argumentistas de Holywood no seu encalço. Fica a sugestão, para um blockbuster especializado, de um filme com um potencial infinito de soluções: Kamasutra, Odisseia no Espaço.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O caso do fogo amigo na guerra do Iraque, divulgado anteontem pelo The Sun, revela uma série de erros do posto de controlo e dos pilotos de um avião de caça norte-americano, que alvejaram uma coluna britânica, causando um morto e quatro feridos. Havia um inquérito judicial a decorrer em Inglaterra, mas os militares americanos não queriam divulgar o vídeo. Fizeram-no os media, com estrondo. Ora, mesmo tendo cometido erros, os homens do caça ou de terra não devem ser castigados (pelo menos severamente, a não ser que tenham sido absolutamente irresponsáveis). A guerra não é uma realidade asséptica. Nunca foi. Nunca será. E a tecnologia jamais anulará aquilo que são as falhas quando o corpo humano está na sua máxima tensão: o risco de vida. Um ex-combatente do ultramar que esteve com o meu pai na Guiné confessou aos amigos que esteve quase a suicidar-se no ano passado. Tem um sonho recorrente sobre uma memória que o atormenta: a sensação que foi ele a matar, sem querer, um camarada de armas, uma noite no mato. Já tem castigo que chegue para o resto da vida.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Parece que ontem, na Assembleia Municipal, Carmona Rodrigues mudou o seu habitual perfil de político flácido. Finalmente, irritou-se. Apesar de não ter uma gestão política e técnica exemplar na Câmara de Lisboa, lembrou alguns factos importantes sobre a pretérita administração socialista/comunista, a que eu acrescento mais uns factos: a) João Soares tinha previsto para o Parque Mayer uma volumetria de construção de 70 mil m2, contratando Norman Foster para enterrar os teatros em caves e fazer torres de escritórios e habitação (a volumetria do projecto Gehry, de Santana é de 46 mil m2 e incluía a parte cultural); a ideia de meter o Casino ao barulho começou com Soares (disse-o ao Expresso em Agosto de 1997); b) João Soares deu o parque subterrâneo da Praça da Figueira à tal Bragaparques, e quando Santana entrou na autarquia havia 540 mil euros por pagar sem haver qualquer licença para a obra (as obras na Praça de Touros do Campo Pequeno também não tinham, lembram-se?); c) A construção do Saldanha Residence foi autorizado para cérceas superiores ao permitido pelo PDM, no tempo de Jorge Sampaio. Serve isto para lembrar que nunca houve anjinhos na Praça do Município e que os telhados de vidro são mais do que muitos em todos os partidos que já apoiaram os executivos camarários da capital. É pena. E é pena que nem tudo tenha sido investigado e bem investigadinho. Se assim for daqui para a frente já não é mau.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
"Quase toda a gente é contra a penalização e quase toda a gente é contra o aborto. Eis o principal facto deste debate", escreve hoje Rui Ramos no Público (link não disponível), num artigo de leitura quase obrigatória. Levanta questões como: por que não foi aplicada a lei de 1984?; por que há limites de tempo para efectuar um aborto?; continuará a ser aplicada uma pena a quem abortar depois das 10 semanas? Mas apesar de tanto debate, duvido que haja muita gente indecisa sobre a tendência e voto. Imagino que haverá mais indecisos quanto à vontade de votar.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O caso do Jornal da Madeira, os cinco milhões de euros recebidos do Orçamento regional, os comunicados do Governo Regional no mesmo diário (propriedade sua), e as conclusões da auditoria do Tribunal de Contas demonstram, mais uma vez, que o facto de, por rotina, haver eleições não é sinónimo de democracia. É claro que nada mudará, no reino do soba Alberto João. É sempre tudo tão inacreditável, mas fica sempre tudo na mesma.
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06 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Se o professor Campos e Cunha não sabe, eu explico: um "centro de decisão nacional" é um lugar no meio de algo, que fica à mesma distância de todos os pontos da periferia, onde há uma bandeira pendurada na janela, e dessa janela atira-se um Miguel de Vasconcelos, sempre que for preciso animar as hostes e cerrar fileiras. Esta pode até ser uma falsa questão, como o ex-ministro das Finanças sugere, com ironia, na entrevista ao Público/RR/2:. Afinal, qual é a preocupação central das grandes empresas portuguesas? A salvaguarda do interesse nacional ou a melhor remuneração possível dos accionistas? É claro que a resposta é óbvia, embora não seja simples: veja-se o exemplo da dependência enegética europeia face às atitudes prepotentes da Rússia. Mas até pode haver empresas estrangeiras que vão mais ao encontro dos interesses portugueses que as nacionais. Por que não? Ora, qual foi o último grande centro de decisão nacional que Portugal perdeu? Não foi uma construtora civil, nem uma seguradora, nem um banco, nem o facto de o seleccionador nacional ser um brasileiro (mas com bigode). Foi a moeda, a capacidade de decidir a sua valorização ou desvalorização, assim como as taxas de juro. Enfim, seguimos, e bem, o nosso destino Europeu, aderimos ao euro e submetemo-nos ao BCE. Quem era contra a perda desse centro de decisão nacional, se bem me lembro, eram uns radicais de direita e uns radicais de esquerda. De resto, toda a gente aplaudiu e lutou activamente para que o perdêssemos. Eis um exemplo da inexorável natureza destes tempos da globalização. Aquilo que é inevitável, mais tarde ou mais cedo acontece.
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05 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Mais um detalhe importante na entrevista a Luís Campos e Cunha. O ex-ministro das Finanças afirmou que, nos próximos três meses, o Governo terá que jogar cartadas decisivas para o futuro. Referia-se a reformas tão importantes para um saneamento correcto das finanças públicas portuguesas como a que visa melhorar a eficiência da administração pública. O problema é que o próprio Governo, o primeiro a dizer publicamente que o cumprimento das metas orçamentais para 2007 dependia da adopção de medidas de fundo para comprimir as despesas, já veio reconhecer que o processo está atrasado. Mas aproveitando para avisar que, se tudo falhar nesta frente, haverá outros meios de reduzir o défice público. Aqui está uma excelente razão para preocupações. Em matéria de consolidação das contas públicas, o pior que pode acontecer é que a reanimação da economia e a aproximação da segunda metade do mandato adormeça a vontade reformista do Governo. Neste caso, é de esperar o pior, isto é, o regresso à política orçamental do guterrismo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Os meios financeiros e políticos recomeçaram a agitar-se para, sob a capa da defesa dos "centros de decisão nacionais" que ninguém explica o que são nem para que servem, prepararem o caminho à protecção de interesses privados em nome do interesse público. Sobre o tema, Luís Campos e Cunha, na entrevista que foi ontem para o ar na RTP 2 e que hoje é reproduzida no Público, revela lucidez. "Do ponto de vista económico, o conceito [de centro de decisão nacional] é-me desconhecido." Está dito. E bem dito.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Três quartos da superfície de Jacarta estão inundados, já morreram quase 30 pessoas e mais de três centenas de milhar ficaram desalojadas em consequência das cheias provocadas por chuvas intensas na capital da Indonésia. A versão portuguesa do Google News, no entanto, não se comove. A notícia sobre a tragédia surge na secção Entretenimento. Sob o mesmo chapéu surge, também, o registo de um incêndio num edifício em Faro que deixou cinco famílias sem abrigo. No alinhamento do Google News, entre estas duas notícias surgem declarações de Luís Filipe Menezes. Isto, sim, merece ser classificado como "entretenimento". Raramente de boa qualidade, é certo, mas, ainda assim, entretenimento.
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03 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Estas fotos deviam ilustrar este post sobre os velhos que tomam banho de água gelada e as gordas e magras que tiritam ao frio na noite irlandesa. Cada um diverte-se como quer, claro. Eu, para conseguir um nível de divertimento satisfatório, usava nestas circunstâncias: camisola interior, camisa, pullover, casaco de penas, cachecol, pastilhas para a garganta no bolso e mãos nos bolsos. Fotos: VM
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O problema torna-se filosófico, quando fazemos as perguntas fundadoras sobre as nossas instituições: isto serve para quê?, ou aquilo nasceu para servir a quem? Os tribunais surgiram, com certeza, para aplicar uma certa justiça que havia de estar vertida nas leis através das quais os homens justos queriam regular a nossa convivência, a partir de uma certa ideia de bem. Ora, a razão e ser das instituições para aplicar a Justiça perde-se quando a pureza do mecanismo prevalece sobre o bom senso e a ideia de bem. É quando passam essa linha que os processos se tornam inspiradores de romances, e, logo, kafkianos. A decisão do Supremo em não aceitar o "habeas corpus" de Luís Matos Gomes, pai adoptivo da menina Esmeralada, traça essa linha (ver esta notícia no Público e a respectiva caixa). O Supremo diz que não se vai substituir de ânimo leve às instâncias ou censurá-las "por haverem levado a cabo alguma ilegalidade". Portanto, agora eu, como povo, que reconheço o direito aos tribunais de aplicar a lei em meu nome e em função das leis da República, que emanam dos representantes do povo, fico estupefacto. O homem está preso por ter cometido um crime, mas o Supremo diz que não vai fazer nada de ânimo leve mesmo que ele tenha sido preso com base numa decisão ilegal: o crime não era aquele pelo qual ele foi condenado e o processo não foi exemplar em tudo, como prova a decisão do Constitucional. Ora, os juízes do Supremo (três contra um) sobrepuseram os meios aos fins. Ou seja, deram mais valor ao "seu" sistema que à ideia de bem que o justifica. Vale a pena ler esta opinião citada na tal caixa da notícia do Público: «Em declarações ao PÚBLICO, a professora universitária Clara Sottomayor também frisou que "a justiça é administrada em nome do povo e, neste caso, não teve em conta a consciência moral do povo". Fez ainda questão de salientar que o habeas corpus serve para tutelar os direitos e as liberdades dos cidadãos perante o exercício abusivo do poder punitivo do Estado".» Nem mais. E note-se, não estou aqui a defender que o pai adoptivo é que tem o direito de ficar com a criança, ou vice-versa. Aí sim, a ideia de bem e de justiça é difícil de aplicar. Deve haver algum juiz nes País com bom senso que não precise de tomar decisões como a do rei Salomão.
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02 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Breve instante num pub irlandês. Foto: VM
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
A descer:É um argumento de peso, o de Manuel Pinho, ao responder isto, para emendar a asneira da manhã: «Os senhores jornalistas portugueses também ganham menos que os vossos colegas da BBC, TVE ou TF1». Portanto, somos mais baratinhos, verdade verdadeira, insofismável. Já o contrário seria difícil de dizer, pelo menos no que toca aos espanhóis, não aos jornalistas, mas aos políticos. Os ditos cujos dos políticos em Portugal são mais bem pagos do que os de Espanha, em termos absolutos (ainda hei-de encontrar esses números, de um artigo que escrevi há três anos). Não dá para importar essa mão-de-obra, de políticos baratos e competitivos, como os espanhóis, a ver se fazem cá o que os nossos não conseguem? Eu cá estou disponível para a BBC... De repente, lembrei-se de uma célebre entrevista em que Manuela Moura Guedes questionava Paulo Futre sobre o seu vencimento no Atlético de Madrid (sugestão aos Gatos Fedorentos para recuperarem este tesourinho). Ele respondeu-lhe: "E tu, ó Manuela, quanto é que tu ganhas?" Assim, seria: "E tu, ó Manuel, quanto é que tu ganhas?"Acho que como também não há pressões para aumentar o ordenado do ministro Pinho, podiam vir cá os chineses e contratá-lo...
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01 fevereiro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
O país anda agitado com a possibilidade de Salazar ou Cunhal vencerem o programa da RTP, Grandes Portugueses. Eu também acho que seria uma enorme injustiça que o antigo ditador ou o candidato a ditador fossem distinguidos com o primeiro lugar neste jogo. Na minha opinião, dada a manipulação militante que se está a verificar com o objectivo de melhorar o desempenho daquelas duas personalidades, só há uma figura realmente merecedora de ocupar o topo da classificação. Chama-se Chico Esperto e, em tempos de crise ou de abastança, anda sempre por aí, na direita, no centro ou na esquerda, a magicar uma forma de enganar os outros, ludibriar as regras e ficar-se a rir. Esse, sim, não só é um grande português, como também é um genuíno português.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Uma sondagem do Correio da Manhã indica que a maioria dos lisboetas inquiridos defende que devem realizar-se eleições intercalares para a liderança da Câmara Municipal de Lisboa. Não se pode dizer que o mandato de Carmona Rodrigues esteja a decorrer de forma particularmente positiva, mas a questão de ir a votos parece ser, neste momento, prematura. Por um lado, é necessário verificar se as investigações do "caso" Bragaparques atingem outros centros de poder dentro do actual Executivo, para perceber até que ponto as suas eventuais responsabilidades políticas, ou de outra natureza, tornam desaconselhável a sua permanência no cargo. Depois, a avaliar pelos resultados da própria sondagem, há um aspecto pragmático a ponderar. Na esquerda, João Soares surge neste momento como o putativo candidato mais bem colocado. Na direita, é Pedro Santana Lopes quem aparece no topo das preferências. Ora, convinha, antes de tomar decisões precipitadas, que fosse dado algum tempo aos partidos para encontrarem soluções que não fossem mais do mesmo ou que evitassem um regresso ao passado, mesmo que os "nomeados", como está a suceder com Soares filho, comecem desde já a colocar-se em bicos dos pés. Santana Lopes versus João Soares numa corrida à Câmara de Lisboa? Outra vez? E até quando?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Orhan Pamuk cancelou uma visita à Alemanha por recear pela sua intregridade física, sobretudo depois do assassinato a tiro, em Istambul, do jornalista Hrant Dink. Os nacionalistas turcos não gostam que se fale em factos históricos pouco edificantes na história do país, como a liquidação de cidadãos arménios pelo Império Otomano, por altura da Primeira Guerra Mundial. Não está em causa a legitimidade da decisão do escritor que venceu o Prémio Nobel da Literatura em 2006. Verdadeiramete alarmante, é verificar que o radicalismo vai fazendo o seu percurso, condicionando as liberdades e conseguindo promover a prática da auto-censura. O mundo está um lugar perigoso. E mais preocupante é que, para afastar o perigo, é preciso abdicar da liberdade.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
A aproximação dos regimes de penalizações, nos casos de reforma antecipada, entre o que vigora na função pública e aquele a que estão sujeitos os restantes contribuintes foi adiada. O Governo, que não se cansa, nas suas acções de propaganda, de clamar contra os privilégios e as corporações, cedeu à pressão dos sindicatos. E aquilo que estava previsto para 2008, foi mandado mais para a frente, lá para 2015, quando Sócrates tiver cumprido o seu eventual segundo mandato. O ímpeto reformista do Governo quando se trata de enfrentar o insaciável sorvedouro dos recursos do país em que, ano após ano, se foram transformando as administrações públicas, afrouxa de modo preocupante. Começa a parecer claro que o ligeiro arrebitar do crescimento está a fazer com que o Executivo confie que não será necessário curar as doenças graves como a da Função Pública, porque o aumento das receitas fiscais permitirá cobrir as despesas e a subida do produto interno bruto possibilitará baixar o peso daquelas sobre a riqueza gerada pelo país. O país já assitiu a este filme e também já sabe como acaba, mais dia menos dia. Estaremos à beira de mais uma oportunidade perdida? Será uma estratégia para que fiquemos todos mais pobres, mas capazes de, finalmente, competir com os salários chineses?
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