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elevador da bica

Postal de Chipre

23 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Da complicação libanesa para o estranho mundo de Chipre. A esplanada a que me referi no post anterior é, claro, uma caricatura da minoria muito rica que vive em Beirute. Cruzei-me com um grupo de deputados arménios que me falou do Gulbenkian, algo que temos em comum. Nada, de resto, é comum à nossa vida como Estado. Independentemente da guerra, a política no Líbano é uma realidade tão caótica, que qualquer aproximação tornaria um país como o nosso numa anarquia sem sentido. Vir pela primeira vez ao Médio Oriente vale como experiência para sabermos como não há soluções. Nem todos os problemas têm de ser resolvidos. Têm de ser bem geridos, comentava por estes dias um companheiro de viagem. Aqui onde escrevo, em Nicósia, aplica-se o mesmo princípio. Apesar de tudo, Portugal é um simpático paraíso.

Postal dos balcãs e do Líbano

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Num mosteiro do Montenegro eu podia ter sentido uma epifania, esta terça-feira, mas não. O monge ortodoxo abriu um caixão, beijou o vidro e contou a história extraordinária daquelas duas peças, que fugiram das guerras europeias ao longo dos séculos e até aos bolcheviques. Era, alegadamente, um lenho da cruz de Cristo e uma das mãos de São João Baptista com dois dedinhos fáceis de identificar. O divino parece que estava por ali mas não se manifestou.

Há cidades que são feias mas têm algum encanto. Pristina, capital do Kosovo, é uma das cidades mais feias que já vi na vida e desta vez, a segunda que lá estive, continuei sem lhe descobrir a graça. A maioria das habitações estão em tijolo porque quando cada casa é dada como terminada começa a pagar-se um imposto. Por isso preferem dá-las como inacabadas. Em cada esquina há uma bomba de gasolina onde as máfias albanesas lavam dinheiro, e lavagens de carros onde rapazes dormitam debaixo de guarda sóis à espera de clientes que serão limpinhos à mangueirada e com algum petróleo. A partir do dia 10 de Dezembro volta a jogar-se aqui uma parte do futuro da Europa.

Apesar da guerra, apesar de tudo, Beirute é, sobretudo, um encanto. Há minutos, a esplanada de um dos hotéis mais caros, junto à marginal da capital do Líbano, estava cheia de mulheres tão ocidentais quanto as portuguesas, com uma diferença: não dei conta de nenhuma que ainda não tivesse conhecido a magia do bisturi. O complexo país dos cedros podia ser a pérola do Médio Oriente. Mas aqui é sempre tudo muito mais complicado do que pode sugerir uma simpática esplanada.

Ecologistas?

18 agosto 2007 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Os vândalos que destruiram, no Algarve, uma plantação de milho transgénico, consideram-se "ecologistas". E tentam vender, com o descaramento com que noutros tempos se vendeu o totalitarismo comunista como a salvação do Mundo, o seu assalto como um simples protesto realizado dentro das regras da democracia.

Para completar este renascimento dos métodos estalinistas do PREC, desta vez sob a máscara ambientalista, um porta-voz do movimento delinquente que destruiu a plantação desculpou o agricultor, afirmando que estaria mal informado ao decidir fazer a plantação de um cereal geneticamente modificado.

Do alto da sua superioridade moral e para cumprirem os seus elevados propósitos, não hesitaram em arruinar um homem em favor daquilo que, pelo seu iluminado julgamento, será um benefício colectivo. Estes novos educadores da classe operária só podem ter um destino: serem perseguidos pela Justiça para que paguem pelo crime que cometeram.

De resto, já se ficou a perceber de onde vêm os novos arautos dos amanhãs que cantam. Cuidadinho com eles.

Agnóstico ou ateu?

17 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sou um ateu. Agnóstico é uma palavra que, hoje, não quer dizer nada.” Vasco Pulido Valente disse isto hoje, cheio de razão, a António José Teixeira, no Diário Económico. Quem teve uma educação católica (como eu tive) e diz que é agnóstico (como eu achava que era) normalmente reflecte uma posição de comodismo e até de hipocrisia em relação à existência de Deus. Se os agnósticos dedicassem um pouco do seu tempo a pensar se acreditam num Deus qualquer, depressa uma boa parte se diria ateia. Como eu. Não basta desejar que exista um Ente Superior. É preciso acreditar e defendê-lo de si para si, em termos razoáveis. Ora um agnóstico tem mais dificuldade em defender-se do que um católico cheio de fé. Em breve darei notícias sobre o livro “God Delusion”, de Richard Dawkins, sobre isto.

A bolsa ou a vida

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Houve o crash de 87, a crise asiática de 1997, e agora a quinta-feira negra de 2007. Quem souber ler nos números que traduza os augúrios. Deve ter a ver com a conjunção dos astros. Não há razão para alarme, ou não há somente "razão", porque a razão foi ultrapassada pela emoção, dizem os jornais económicos - toldada pelo pânico da crise no crédito. O Elevador já tinha avisado: tudo o que sobe também desce. Mas o que desce também sobe, como ali na Bica, embora seja preciso fazer mais força e gastar mais energia quando o caminho é para cima. E esse esforço, depois, não é bom para a economia? A Economist dizia há umas semanas que a crise no crédito podia ser positiva: ia obrigar o pessoal a poupar mais. Resta saber o que o dilúvio arrastará consigo.

Política do coração III

16 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Emocionómetro vs resultadómetro
Uns políticos aplicam mais emoção, outros menos, outros nada. Os resultados são desiguais, pelo que as teses de Drew Westen (ver posts abaixo) não podem ser decalcadas directamente da realidade americana para Portugal. Restará em nós um grau de racionalidade que os americanos já não têm? Ou seremos nós tão desconfiados que desconfiamos dos nossos próprios sentimentos quando estamos perante um político simpático, emotivo e bem humorado? É verdade que gostamos de gente série e que tenta parecer séria. O emocionómetro não tem correspondência directa ao resultadómetro. A minha análise é puramente subjectiva, mas vejamos:

- Santana – emoção no máximo resultado no mínimo
- Mendes – emoção no mínimo, resultado mau
- Sócrates – emoção a meio, resultados óptimos
- Cavaco – emoção no mínimo, resultado no máximo
- Durão – emoção no mínimo, resultado médio
- Jerónimo – emoção alta, resultados altos
- Carvalhas - baixa emoção, maus resultados
- Portas – emoção alta, resultados baixos
- Sampaio – emoção um pouco acima da média, resultados bons
- Guterres – emoção alta, resultados bons
- Soares – emoção alta, resultados altos (com a excepção das últimas presidenciais)

Política do coração II

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Apesar de Bill Clinton (ver este vídeo) ser o modelo de político que sabe usar a emoção, para Drew Westen os democratas apostam sempre em argumentos ultra-racionais, por isso têm tendência para perder em relação aos republicanos, mais dados à emoção. E dá exemplos concretos, como quando Al Gore, cheio de razão, bombardeava Bush com números e este se limitava a responder: "Começo a pensar que não só ele inventou a internet como inventou a calculadora". E ganhou o debate.

Em Portugal a realidade é outra, e a emoção tem resultados diferentes, conforme o contexto e as pessoas.

1- Guterres: "Razão e coração" foi uma excelente linha de campanha em 1995, porque o contexto era o fim de um cavaquismo sem coração, em contraste com um guterrismo de face humana; é a campanha onde este "apelo à parte certa do cérebro", como diz Westen, foi mais equilibrado;
2- Santana: execesso de emoção num contexto onde tudo é emotivo não resulta, como se viu; a canção do "Guerreiro Menino" funcionou como quando um publicitário tenta vender açúcar a dizer que é doce, ou seja, é inútil ou prejudicial; por mais propostas que o PSD tivesse, o eleitor só via emoção, e governar com tanta emotividade pode ser um risco, porque já tinha acontecido;
3- Mendes: é tudo o que um político não deve ser em termos de coração; não tem expressão facial, é monocórdico, parece um robot, funciona puramente através de argumentos racionais e vende-os de forma seca e sem alma; não apela à parte certa do cérebro;
4 - Sócrates: parece que não, mas é emocional; o facto de se irritar facilmente pode agradar a muitos eleitores, que gostam de ver que quem se sente é filho de boa gente; no entanto, isso funciona mais junto dos que já estão convertidos; quando deixa passar alguma emoção que não seja a irritação, é muito plástico;
5 - Jerónimo: a melhoria nos resultados do PCP tem a ver com o facto de passar uma emotividade que jamais Carvalhas conseguiria;
6 - Carmona: é o fenómeno; passa facilmente uma grande empatia, aquela coisa do "eu sou um de vocês", mesmo não o sendo, e faz isso como poucos, porque é natural; consegue mascarar a inabilidade e a incoerência de uma maneira que nunca vi; os seus resultados são só fruto da reacção emocional;
7 - Cavaco: é o mais cerebral dos políticos; excusa-se a passar qualquer tipo de emoção ao eleitor; mostra muito pouco de si, mas é o político português que consegue melhores resultados sem sair de um registo frio como o metal; o ponto mais flagrante da sua campanha presidencial no sentido de recusar a emotividade foi quando respondeu assim às provocações de Soares à sua personalidade num debate televisivo: "Vou-me conter..."

Política do coração I

:: Guarda-freio: Vìtor Matos


Drew Westen, professor de psicologia na Universidade de Atlanta lançou o livro Political Brain, onde conclui que os eleitores não votam nos políticos com as melhores propostas, mas naqueles que mais lhes agradam do ponto de vista emocional. Ou seja, as escolhas políticas são feitas com o coração e não com a razão. Quem nunca ouviu um amigo, uma pessoa informada, a fazer este comentário sobre um candidato da sua própria área política: “Pá, não gosto do gajo, o que é que queres...” Ou então: “Há ali qualquer coisa no tipo que não me agrada”. O Guardian publicou excertos do livro. O Elevador traduz algumas passagens:

As pessoas votam no candidato que explora os melhores sentimentos e não os melhores argumentos. Quem é que passa as melhores imagens emocionais em cada momento?”

O cérebro político é emocional. Não é uma máquina de calcular desapaixonada, objectivamente à procura dos factos certos, números e políticas para tomar uma decisão razoável.

O que a cara, o tom de voz e os gestos que os candidatos muitas vezes revelam são aspectos do seu carácter aos quais os eleitores respondem – porque podem, por vezes, ser a janela para a alma de uma pessoa que pode apenas ser vista de forma opaca através do écrã de uma televisão.

Não se trata de emoção versus razão. É sobre como se pode usar um argumento razoável que prenda as pessoas emocionalmente e o político as deixe perceber de onde vem, quais são os seus valores, e por que é que se deve dar importância a isso.

Uma derrota para o Big Brother

14 agosto 2007 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

A quebra automática do sigilo bancário para os contribuintes que decidam apresentar reclamação contra uma decisão do Fisco foi chumbada pelo Tribunal Constitucional. Aqui está uma excelente notícia em matéria de protecção dos cidadãos contra os abusos do Estado.

O PSD e a direita

10 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

O artigo de José Miguel Júdice, hoje no Público (sem link) merece ser lido. Ele está cheio de razão, e não vale a pena virem com o argumento de que deixou o partido e tal, porque quem pensa bem não precisa de emblemas na lapela para pensar melhor.

Um dos grandes problemas do PSD é que as cúpulas continuam a dizer em público que são de esquerda, de centro-esquerda, reclamando-se de uma social-democracia que não se percebe muito bem (vide as últimas entrevistas de Paula Teixeira da Cruz no CM e no DE e aquilo que tanto Mendes como Menezes costumam dizer a este propósito porque nisso são quase iguais).

As elites do PSD, divididas em grupos organizados em redor de personalidades e não de ideias, são feitas de uma massa incoerente que não cola quando não há o cimento do poder. Acontece que, quem conhece as bases do PSD, sabe que são profundamente conservadoras, sobretudo as rurais, e que nas cidades são gente de uma direita mais a dar para o liberal. Mas são de direita. O PSD não é de esquerda, por mais que Cavaco Silva se reclame do neo-keynesianismo e por mais que estes que lá estão digam que são seus filhos.

Com o PS de Sócrates a ocupar todo o centro e até uma boa mancha da direita, este desfazamento entre o que o PSD diz ser e aquilo que o seu eleitorado pensa, pode ser suicida. Pior será ainda, se no PSD a ausência de um projecto político claro à direita estiver aliado à falta de uma personalidade forte que transmita confiança, como é o caso actual, tendo em conta os candidatos a líder. Sem se assumir como uma direita moderna e desmpoeirada, sem complexos de esquerda, e sem figuras mobilizadores na liderança, o PSD terá muitos e maus anos de crise pela frente.

Dívidas e benefícios

08 agosto 2007 :: Guarda-freio: João Cândido da Silva

A propósito disto, coloca-se a questão: para quando uma medida em que a administração pública perca o direito a receber impostos por dívidas aos contribuintes?

Piano, mas forte

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Chama-se João Paulo Esteves da Silva, já leva uns bons anos de carreira e lançou há pouco tempo um novo disco. O título é "Memórias de Quem". Aqui está um pianista que não carrega sempre na mesma tecla.

Notícias do paraíso

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

Provei o vinho branco de Colares, da Fundação Oriente, no restaurante da praia da Adraga. Gostei tanto que passados dois ou três dias regressei ao local para repetir a experiência, sob o pretexto de ter vontade de almoçar peixe de boa qualidade e com vista para o mar. Recomendo vivamente e quanto antes. A produção é curta.

Algarviada

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Factos: Marques Mendes está de férias em Vilamoura; Carlos Coelho, o director da campanha dele, também está a banhos tépidos no Algarve; e, Macário Correia, porta-voz de Mendes, preside à câmara de Tavira, nas redondezas. Curiosidade: Mendes Bota, presidente do PSD-Algarve é apoiante de Luís Filipe Menezes.

Confissão e pavor

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Sim, confesso, sou cliente do BCP. Sim, confesso ando apavorado: tenho analisado as minhas contas ao centavo, não vá um erro informático tecê-las...

O significado político deste veto

03 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Tendo em conta o contexto político actual e aquilo a que se convencionou chamar o ambiente de "asfixia democrática" ou de "medo", imaginemos que Cavaco Silva promulgava o Estatuto do Jornalista. A conclusão a que os analistas chegariam seria: o presidente fecha os olhos, pactua com isto tudo e concorda com o Governo. O PS diria: afinal, vejam, não se passa nada.

Assim, podemos concluir, o Presidente actuou sobre uma matéria em que pode agir de facto - pois não o pode fazer sobre matérias administrativas como a demissão de servidores do Estado -, vetando um dos diplomas que ele considera "essenciais para a estruturação de uma democracia de qualidade". Traduzindo o cavaquês para linguagem normal, isto quer dizer o seguinte: "É um aviso, pois os meus amigos da cooperação estratégica estão a pisar o risco, eu estou a ver e não abençoo tudo o que vejo. Espero que saibam ler os sinais".

Mau seria se o Governo fizesse como Cavaco fazia com Soares: votava o diploma outra vez no plenário e mandava o texto tal e qual para Belém, obrigando o Presidente a promulgar. Nem Sócrates ficava bem. Nem Cavaco tinha moral para refilar. Mas perdíamos todos nós.

O Estatuto do Jornalista não passou

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Cavaco vetou o Estatuto do Jornalista. O significado político da devolução deste diploma ao Parlamento não é para menosprezar, tendo em conta a conjuntura. Os argumentos do PR são arrasadores. Eis uma parte, a mais genérica:

"Tenho afirmado, em diversas ocasiões, que a clareza das políticas públicas é essencial para a qualidade da nossa democracia. Tal aconselha, pois, a que algumas das soluções normativas acolhidas no presente diploma sejam objecto de uma nova ponderação por parte dos Deputados à Assembleia da República, de modo a que o Estatuto do Jornalista entre em vigor sem que em seu torno subsistam dúvidas, nomeadamente quanto a aspectos tão essenciais como a quebra do sigilo profissional, os requisitos de capacidade para o exercício da profissão e o regime sancionatório instituído" (Toda a justificação do veto aqui)

Pequenas hipocrisias

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Soube hoje numa nota de cabeça de página no Público que Marques Mendes reuniu três novos apoios na corrida da Laranja. A coisa foi vendida assim: dois ex-ministros cavaquistas, Carlos Borrego e Álvaro Barreto e o militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, que presidirá à comissão de honra.

Ora vamos lá desconstruir isto, que esta coisa dos apoios serve para os políticos construírem muitas realidades falaciosas:
a) Carlos Borrego: associá-lo ao cavaquismo é anedótico porque ele é o tal que foi despedido de ministro por causa de uma anedota;
b) Álvaro Barreto: era o número dois, usado como uma chancela de credibilidade, do Governo de Santana Lopes de quem Mendes disse o que disse;
c) Balsemão: o candidato dele seria José Pedro Aguiar-Branco, mas agora que o advogado não vai, apoia o mal menor e logo na linha da frente.

Será tudo isto sério?

O outro Lopes

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Agora percebo aqueles que, mesmo não gostando de Marques Mendes, têm medo de ver Luís Filipe Menezes à frente do PSD. Só hoje me dei conta de que o nome completo do presidente da câmara de Gaia é: Luís Filipe Menezes Lopes...

Calar compensa

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

"Se tivesse ficado calada teria visto renovada a minha comissão de serviço. Sei exactamente as condições que essa renovação exigia - o meu silêncio". As palavras de Dalila Rodrigues ao Público de hoje são a evidência de um sintoma preocupante. Depois da tolerância à bufaria, a diferença de opinião passa a ser igual a dissidência (bem, Isabel Pires de Lima teve a escola do PCP).

Lugares onde não se pode respirar

02 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos


O Governo parece preocupar-se mais com as opiniões dos quadros estatais do que com o mérito. Das duas uma: ou Dalila Rodrigues não piava e ficava; ou dava a sua opinião, com transparência, e no fim do seu tempo saía. Completamente fora desta lógica fica a competência. E nunca é de mais lembrar: a DREN, Margarida Moreira, continua em funções.

A virtude do silêncio

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

A força da língua portuguesa está nos verbos. Um verbo bem usado poupa-nos à má adjectivação. Pedro Santana Lopes comprova-o ao escrever isto no terceiro post do seu blogue: "Já passaram mais de duas semanas desde as eleições para a Câmara de Lisboa, e, apesar das centenas de solicitações, principalmente das televisões e das rádios, consegui manter a atitude de nada dizer". Ora a força do verbo está, exactamente, no conseguir. Quem consegue, é porque procura, porque se esforça, porque aquilo que conseguiu exigiu um esforço terrível... neste caso, a coisa parece posta como por alguém que vence uma adição.

- Olá, o meu nome é Pedro! Esta semana consegui manter a atitude de nada dizer, apesar das televisões e das rádios me solicitarem às centenas. São tão simpáticos que é difícil dizer não. Mas é preciso saber dizer não a cada uma, a uma solicitação de cada vez. Desde que dei a última entrevista que não dei mais nenhuma. Estou a vencer o vício e sinto-me cada vez melhor. Obrigado pelo vosso apoio, são uma grande ajuda, os SA (Soundbyters Anónimos).

Finalmente, Santana descobriu as virtudes do silêncio: quando se torna ensurdecedor deve dar ainda mais gozo do que andar por aí a falar à fartazana.

Quem se mete com o PS, leva

:: Guarda-freio: João Cândido da Silva

O Governo prossegue o assalto a tudo o que é lugar apetecido pelas suas diversas clientelas. Desta vez, a pretexto de divergências em relação ao discurso oficial sobre a gestão da rede de museus. Mais um retrato de um país irrespirável.

O lóbi mau

01 agosto 2007 :: Guarda-freio: Vìtor Matos

Vital Moreira refere-se aqui ao "poderoso lóbi de Alcochete". Até hoje, em Alcochete, só tinha ouvido falar do lóbi do grupo de forcados amadores.

The big orange

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Quando Marques Mendes chamou "nosso grande líder" a Jardim lembrei-me logo desta imagem: uma estátua gigante, tipo Kim-il Sung, em que o grande e já agora querido líder Alberto João olhava o horizonte e estendia a palma da mão sobre a qual aparecia um pequeno Luís a pedir-lhe 10 mil votos.

Olé, olé!

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Ando a tentar não escrever sobre isto, mas já não consigo evitar. A polémica sobre a integração de Portugal em Espanha, lançada por Saramago é um disparate. Primeiro: hoje os Estados europeus não delegam soberania para o lado, só para cima (Bruxelas). Segundo: antes de ameaçar tomar conta do Terreiro do Paço, mais depressa a Espanha se desintegrará em não sei quantos pequenos estados. Terceiro: um país cujo hino não tem letra - e onde há uma polémica quanto à nova letra do hino - não ameaça um Estado-Nação com 800 anos (parece que a palavra España nem deverá entrar na dita canção). Quarto: os espanhóis já nos dominam naquilo que interessa. Fim de polémica. Olé!

Os fabulosos lucros da banca

:: Guarda-freio: Vìtor Matos

Algo me escapa, mas talvez o João Cândido me possa explicar este fenómeno porque ele é que percebe do assunto. No primeiro semestre deste ano, os lucros do BES cresceram 82,8% em relação ao período homólogo do ano passado; os do BPI aumentaram 30%; e o Totta cresce 20% há 11 trimestres. A tendência não é de hoje. Ora, se a economia do país não cresce mais de 1,8% por ano, a desproporção em relação à expansão da banca é absolutamente esmagadora e assim podemos tentar dar algums explicações entre o irónico e o demagógico:

a) a banca é um exemplo para todos os outros sectores, cujas empresas funcionam mal;
b) a banca é um exemplo do que o País devia ser (logo, os candidatos a primeiro-ministro deviam ser: Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto, Fernando Ulrich, Horta Osório...); podemos começar a imaginar um Portugal a crescer 80% por semestre;
c) os bancos esfolam os consumidores, os clientes é que nem sabem o que pagam de comissões;
d) os lucros da banca são proporcionais à necessidade de financiamento do restante tecido empresarial que está completamente endividado (o mesmo para os cidadãos);
e) dinheiro gera dinheiro, e a banca pode multiplicar dvidendos nos mercados internacionais;
f) os bancos pagam poucos impostos;

Post corrigido: o lucro do BCP caiu 22,2%; inicialmente escrevera que tinha crescid0.