Política do coração II
Apesar de Bill Clinton (ver este vídeo) ser o modelo de político que sabe usar a emoção, para Drew Westen os democratas apostam sempre em argumentos ultra-racionais, por isso têm tendência para perder em relação aos republicanos, mais dados à emoção. E dá exemplos concretos, como quando Al Gore, cheio de razão, bombardeava Bush com números e este se limitava a responder: "Começo a pensar que não só ele inventou a internet como inventou a calculadora". E ganhou o debate.
Em Portugal a realidade é outra, e a emoção tem resultados diferentes, conforme o contexto e as pessoas.
1- Guterres: "Razão e coração" foi uma excelente linha de campanha em 1995, porque o contexto era o fim de um cavaquismo sem coração, em contraste com um guterrismo de face humana; é a campanha onde este "apelo à parte certa do cérebro", como diz Westen, foi mais equilibrado;
2- Santana: execesso de emoção num contexto onde tudo é emotivo não resulta, como se viu; a canção do "Guerreiro Menino" funcionou como quando um publicitário tenta vender açúcar a dizer que é doce, ou seja, é inútil ou prejudicial; por mais propostas que o PSD tivesse, o eleitor só via emoção, e governar com tanta emotividade pode ser um risco, porque já tinha acontecido;
3- Mendes: é tudo o que um político não deve ser em termos de coração; não tem expressão facial, é monocórdico, parece um robot, funciona puramente através de argumentos racionais e vende-os de forma seca e sem alma; não apela à parte certa do cérebro;
4 - Sócrates: parece que não, mas é emocional; o facto de se irritar facilmente pode agradar a muitos eleitores, que gostam de ver que quem se sente é filho de boa gente; no entanto, isso funciona mais junto dos que já estão convertidos; quando deixa passar alguma emoção que não seja a irritação, é muito plástico;
5 - Jerónimo: a melhoria nos resultados do PCP tem a ver com o facto de passar uma emotividade que jamais Carvalhas conseguiria;
6 - Carmona: é o fenómeno; passa facilmente uma grande empatia, aquela coisa do "eu sou um de vocês", mesmo não o sendo, e faz isso como poucos, porque é natural; consegue mascarar a inabilidade e a incoerência de uma maneira que nunca vi; os seus resultados são só fruto da reacção emocional;
7 - Cavaco: é o mais cerebral dos políticos; excusa-se a passar qualquer tipo de emoção ao eleitor; mostra muito pouco de si, mas é o político português que consegue melhores resultados sem sair de um registo frio como o metal; o ponto mais flagrante da sua campanha presidencial no sentido de recusar a emotividade foi quando respondeu assim às provocações de Soares à sua personalidade num debate televisivo: "Vou-me conter..."
Em Portugal a realidade é outra, e a emoção tem resultados diferentes, conforme o contexto e as pessoas.
1- Guterres: "Razão e coração" foi uma excelente linha de campanha em 1995, porque o contexto era o fim de um cavaquismo sem coração, em contraste com um guterrismo de face humana; é a campanha onde este "apelo à parte certa do cérebro", como diz Westen, foi mais equilibrado;
2- Santana: execesso de emoção num contexto onde tudo é emotivo não resulta, como se viu; a canção do "Guerreiro Menino" funcionou como quando um publicitário tenta vender açúcar a dizer que é doce, ou seja, é inútil ou prejudicial; por mais propostas que o PSD tivesse, o eleitor só via emoção, e governar com tanta emotividade pode ser um risco, porque já tinha acontecido;
3- Mendes: é tudo o que um político não deve ser em termos de coração; não tem expressão facial, é monocórdico, parece um robot, funciona puramente através de argumentos racionais e vende-os de forma seca e sem alma; não apela à parte certa do cérebro;
4 - Sócrates: parece que não, mas é emocional; o facto de se irritar facilmente pode agradar a muitos eleitores, que gostam de ver que quem se sente é filho de boa gente; no entanto, isso funciona mais junto dos que já estão convertidos; quando deixa passar alguma emoção que não seja a irritação, é muito plástico;
5 - Jerónimo: a melhoria nos resultados do PCP tem a ver com o facto de passar uma emotividade que jamais Carvalhas conseguiria;
6 - Carmona: é o fenómeno; passa facilmente uma grande empatia, aquela coisa do "eu sou um de vocês", mesmo não o sendo, e faz isso como poucos, porque é natural; consegue mascarar a inabilidade e a incoerência de uma maneira que nunca vi; os seus resultados são só fruto da reacção emocional;
7 - Cavaco: é o mais cerebral dos políticos; excusa-se a passar qualquer tipo de emoção ao eleitor; mostra muito pouco de si, mas é o político português que consegue melhores resultados sem sair de um registo frio como o metal; o ponto mais flagrante da sua campanha presidencial no sentido de recusar a emotividade foi quando respondeu assim às provocações de Soares à sua personalidade num debate televisivo: "Vou-me conter..."