27 dezembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Carlos Santos Ferreira sai directamente do maior banco português para o segundo maior. Não era suposto haver um período de nojo para estas situações? Ou já nada suscita nojo?
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Reacção, indignada, de um notável banqueiro quando confrontado, no início desta semana, com a escolha de Armando Vara para integrar a lista candidata à administração do BCP: "se ele é assim tão bom, por que motivo José Sócrates não o nomeia para a presidência da Caixa?" Reacção, ponderada, de um notável banqueiro quando confontado com a mesma questão, três dias depois: "Santos Ferreira deve ter liberdade para constituir uma equipa de confiança e coesa."
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Só agora a supervisão do Banco de Portugal descobriu que as explicações da administração do BCP, sobre as compras de acções próprias efectuadas através de sociedades "off-shore" com o dinheiro do próprio banco, eram, afinal, pouco "satisfatórias. Mas já há uma explicação. Quando, anteriormente, analisaram a questão, esqueceram-se de comer os super-amendoins.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Parece que, com o objectivo de motivar os funcionários, Armando Vara costuma afirmar que "na Caixa, nada é impossível". Agora que, sem saber ler nem escrever e com a benevolência obediente dos accionistas, vai transitar do banco público para a administração do BCP, pode fazer um pequeno ajustamento à tirada. "Na banca portuguesa, nada é impossível, desde que se seja amigo de José Sócrates".
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26 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Na sua mensagem de Natal, Sócrates falava, estranhamente, para cima. Para o Altíssimo? Não, porque não é religioso. Para a miúda da produção, com um metro e oitenta e cinco que estava ao lado da câmara? Jamais suporíamos tamanha desfaçatez. Para o teleponto? Ah, sim, era isso. Um homem que segue o teleponto assim, em vez de olhar os portugueses olhos nos olhos, a fazer gestos artificiais com as mãos e a olhar para o vazio - talvez um horizonte que nenhum de nós consiga vislumbrar, um ponto de chegada, o nosso destino colectivo -, um homem que segue o teleponto assim, escrevia eu, é um homem que está a olhar para si mesmo, não para os outros. Foi a ideia que me surgiu na cabeça, no dia de Natal, ao jantar, a ver o primeiro-ministro falar para os anjinhos pendurados por cima do presépio. Vejam só o que um político sofre só porque o realizador não o focou à distância conveniente... É verdade que a coisa melhorou com aquele close-up lento, quando o ângulo se fechou sobre a face de José Sócrates. Aí ele entou em nossa casa, falou para nós e os anjinhos ficaram mais descansados. Mas voltei a sentir-me constrangido quando o primeiro-ministro, subitamente, me pareceu o Mr. Spock. Sim, aquelas orelhas, filmadas daquela perspectiva, pareciam as do Mr. Spock. Foi a vingança do anjinho, quando Sócrates falou dos idosos, pobrezinhos, com mais de 65 anos, que precisam do complemento de reforma - e não falou dos idosos, pobrezinhos, que agora só se podem reformar aos 65.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Recebi um estranho postal de Natal, este ano. Um tipo processou-me por difamação e abuso de liberdade de imprensa. Aliás, pôs dois processos: um cível e um crime. O crime foi arquivado. O cível foi a julgamento e ele perdeu, mas recorreu. Mandou-me um postal de Natal a desejar Festas Felizes. Adoro as épocas de reconciliação. Mas, melhor seria que me tivesse mandado um portal de Carnaval.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
The Bad Plus: Se ainda têm um presente de Natal atrasado e esse amigo(a) até gosta de jazz, o álbum Prog do trio norte-americano The Bad Plus (piano, bateria e contrabaixo) é a prenda certa. Fazem covers criativas de clássicos de rock e de pop, têm uma abordagem inovadora na bateria e o contrabaixo é surpreendente. São naturais do Midwest, do verdadeiro Midwest e não do Midwest de Sócrates. E deram um concerto em Portugal em 2004 (na foto), que eu falhei, porque, na minha ignorância, ainda não sabia que eles existiam.
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19 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Este post fica sem efeito. O iPod esteve no tejadilho do meu carro, mas acabei por guardá-lo no saco dos jornais. Quando ia mandá-los para a reciclagem, eis que... lá estava ele a descansar. uff!
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18 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
O Palácio de São Bento convidou um jornalista do Libération para jantar. Jean Quatremer queria escrever um perfil para a última do jornal, uma das mais lidas do diário francês de esquerda – onde Sócrates se assume ao centro, blairista e não francófono. Foi publicado ontem e já teve reflexos aqui. O repórter teve um acesso privilegiado, surpreendendo-se com tamanha hospitalidade e um telefonema que "jamé" seria possível em França: « “Jean, qu’est-ce que tu veux manger?» Passé le premier moment d’étonnement - imagine-t-on l’Elysée s’enquérir des goûts culinaires d’un journaliste ?». Sócrates anda a vender-se lá fora. Para os jornais portugueses, nada. Para o El País, onde há uma semana se deixou fotografar ao lado do filho, tudo. Será que o aceitaria de um jornal português? O Libé chama-lhe provinciano. Ele diz que é. Também age como se fosse. E o convite para o jornalista jantar, da maneira como Quatremer o descreve, é um artifício jornalístico para lhe chamar provinciano sem o escrever. O El País já tinha escrito há duas semanas que Sócrates se comporta como se governasse um continente. Tudo isto é revelador de um homem deslumbrado. Sócrates já chegou a dizer que a felicidade suprema é os jornais não falarem dele. É mentira, claro, depende dos jornais. Para chegar aos cidadãos portugueses, na imprensa portuguesa, ele dispensa a mediação. Não se mete nas mãos de um qualquer. Isso aborrece-o. Pode ser chato. Não convida repórteres para jantar. Não aparece com o cão Mitú ( Mee Too?!) nem com o filho (terá gostado que o El País cedesse essas fotos ao Expresso?). S’il est en «plastique» - escreve o francês - c’est un plastique dur. Duro ou mole o plástico é sempre artificial, feito em laboratório.
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17 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Deixei um iPod branco, 60 gigas, com capa branca de borracha - o meu iPod, pá!, snif! - em cima do tejadilho do meu carro, azul, VW Polo carrinha, 1400cc, perto do Jardim Constantino, em Lisboa. O carro não desapareceu. O iPod sim. Se alguém vê um carro azul debaixo de um iPod não leva o carro, leva logo o iPod. E agora? Como vai ser a minha vida?
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14 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Proibir conversas de telemóvel ao volante não passa de uma panaceia. Há outros actos mais perigosos durante a condução. Por exemplo: lavar os dentes. Devia ser proibido. É uma coisa arriscadíssima. Hoje, na Duque de Ávila, vi uma jovem senhora a conduzir um BMW e a lavar os dentes, parada num semáforo vermelho. O semáforo abriu e ela continuou, até onde a vista pôde alcançar, a escovar a dentadura. Um perigo. Meter as mudanças, cuspir a pasta, pisca para a direita, esfregar os molares, parar numa subida, tirar um bocado de bacalhau do canino, travão de mão... Fica aqui o apelo ao MAI para colmatar esta grave lacuna do Código da Estrada.
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13 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Os ingleses são conhecidos por chegarem a horas, agora são representados por um escocês que ficará célebre por chegar tarde. Se todos os primeiros-ministros e chefes de estado decidissem, propositadamente, chegar a conta gotas à assinatura do Tratado de Lisboa, por mais cerimonial que seja a ocasião, era uma anarquia e um desrespeito pelas instituições a que os Estados escolheram pertencer. Não estamos a falar de um grupo de amigalhaços, mas de Estados. Gordon Brown prova que é mais tablóide que Blair. O The Guardian esceveu isto hoje em editorial: “A sua chegada tardia a Lisboa é um insulto aos nossos parceiros europeus e um embaraço nacional para a Grã-Bretanha”.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Os reclusos podem injectar-se com drogas ilegais, através de seringas legais oferecidas na prisão, mas talvez não possam mais fumar tabaco legal nas suas celas: "Ah, malandro, apanhado a fumar, vais já para a solitária!"
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12 dezembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Por que motivo a loja Nespresso do Chiado, em Lisboa, tem filas de clientes que chegam até à rua e tempos de espera capazes de esgotar a paciência ao mais fanático militante, quando uma simples encomenda pela Internet evita todo aquele desconforto, sendo garantido que, em questão de dois dias, as cobiçadas cápsulas são entregues ao feliz destinatário?
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11 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Hoje, no segundo duelo com o primeiro-ministro, Santana Lopes esteve um furinho acima, mas ainda assim muito abaixo do que devia, e abaixo das prestações de Marques Mendes, mesmo quando eram más. Pouco incisivo, redondo, e até a questão que colocou – que as Nova Oportunidades são um convite ao facilitismo – não é o problema central do nosso ensino, quando era o Ensino que estava em discussão. Levou uma rabecada violenta de Jaime Gama, ao pedinchar mais tempo, sem invocar qualquer figura regimental. “O sr. Deputado não atribui tempo de palavra a si próprio”, disse-lhe Gama com violência. Havia gente nos corredores a louvar um soundbyte de Santana a chamar “homem da Regisconta” a Sócrates. Pareceu apenas gratuito. Paulo Portas esteve impecável na técnica parlamentar, à inglesa. Perguntas rápidas, claras e objectivas, assertivas e sem hipótese de fuga, das quais já tinha a resposta, para provar que o PM não respondia – perguntou se o PM sabe quantos polícias e GNR se vão reformar até 2010. Pediu para o governo abrir ingressos nas forças de segurança. E o PM não respondeu, embora lhe tivesse lembrado com razão que, quando esteve no Governo, não se preocupou com o assunto, nem defendeu esses ingressos. Realmente, enquanto esteve no Governo, o CDS emudeceu quanto aos assuntos de segurança interna. Santana tem de olhar para o seu lado direito (lado esquerdo de quem está sentado no hemiciclo), para aprender como a coisa se faz. Não vão demorar muito tempo a imitá-lo. Portas voltou à carga com o fundamentalismo fiscal – citando o Provedor de Justiça - e, mais uma vez, Sócrates não teve resposta que se visse. José Sócrates está em baixo de forma, como disse Santana, está menos preparado, a presidência da UE tem-lhe dado muito trabalho, e o debate não lhe correu tão de feição quanto outr os. Santana, aos jornalistas, disse que acabaram os passeios do PM nos debates mensais: um exagero, claro. Mas Sócrates foi repetitivo nos argumentos, e desonesto num argumento, pelo menos. Explorou bem as contradições do PSD em matéria de política de Educação: cada líder tem uma ideia diferente. E citou mal, por várias vezes, um projecto de lei do PSD (nº268) para o regime de gestão dos estabelecimentos de educação. Sócrates repetiu por várias vezes, a ler o documento, que “a selecção do director da escola efectua-se mediante concurso público”. Acontece que a palavra “público” não consta no documento, o que faz toda a diferença. Isto é abusar da má fé. Esteve bem ao acusar o PSD (Marco António) de "demagogia básica" por responsabilizar o Governo pelo homicídio do segurança no Porto. Realmente, é forçadito e o próprio Santana se demarcou dele.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Num misto de perfil e entrevista a José Sócrates, Miguel Mora escreveu na revista do El País esta frase que do ponto de vista jornalístico é de uma arte invejável: “ Dá a impressão que Governa um continente inteiro”. Traduzindo o eufemismo: ele é vaidoso, tem óptima ideia de si próprio, adora-se, faz-se passar por mais do que é, tem uma auto-estima quase castelhana, enfim, faz jus aos seus sapatinhos Prada. O homem transborda de si mesmo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
"The Lost Chords Find Paolo Fresu", de Carla Bley - A pianista Carla Bley lidera esta banda de veteranos, numa nova edição em que aos contributos de Andy Sheppard, nos saxofones tenor e soprano, Billy Drummond, na bateria, e Steve Swallow, no baixo, se acrescentam as emoções do trompete de Paolo Fresu. Cinco estrelas para este disco e para as composições de Bley. "Follow The Red Line", de Chris Potter - Um dos meus saxofonistas favoritos, elemento fundamental no poderoso Dave Holand Quintet. Desta vez, vem acompanhado de Adam Rogers, na guitarra, Craig Taborn, no Fender Rhodes, e Nate Smith, na bateria. "Follow The Red Line" é um festival de energia e de empolgamento, gravado ao vivo no lendário Village Vanguard, em Nova Iorque. "My Name Is Buddy", de Ry Cooder - Não sou um especialista na obra de Cooder e o álbum que conheço melhor é a belíssima banda sonora do filme "Paris, Texas". Mas gostei da colecção de canções country e folk deste novo lançamento. Para quem ainda não tenha aderido à posse de música exclusivamente em ficheiros digitais, a qualidade gráfica da capa do CD é mais um ponto a favor. "The Shepherd's Dog", dos Iron & Wine - Ao terceiro álbum, os Iron & Wine (ou Sam Beam) acrescentam instrumentos ao seu som e a produção abandona o estilo caseiro dos discos anteriores, numa evolução previsível do lo-fi para o hi-fi. Já não há apenas guitarras acústicas e harmonias vocais, mas a sobriedade permanece intocada. Quem conheça, e goste, de "The Creek Drank The Cradle" e, sobretudo, de "Our Endless Numbered Days", não deve perder este disco. "Raising Sand", de Robert Plant e Alison Krauss - Os tempos gloriosos dos Led Zeppelin já lá vão e Robert Plant já não tem cordas vocais para forçar os agudos roucos que fizeram história noutros tempos. Nada de mal vem ao mundo, porque nesta serena parceria com Alison Krauss, as duas vozes encaixam-se na perfeição, recriando velhas preciosidades da pop e do rock. A revista Mojo desfez-se em elogios a esta obra. É justo.
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:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Por que motivo num restaurante como o Rio's, em Oeiras, onde se come razoavelmente bem, num espaço amplo e agradável e que dispõe de uma excelente varanda para fazer uma refeição com vista para o Tejo, metade dos vinhos que figuram na carta estão "esgotados", obrigando o cliente a sucessivas tentativas para acertar num que exista em "stock"?
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Era assim, parecia que era assim, mas não era bem assim: eles detestavam-se uns aos outros. Mas eram bons tempos... Ou era eu adolescente e entusiasmava-me de mais com as coisas.
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:: Guarda-freio: Vìtor Matos
Finalmente uma boa notícia! Volto a torcer pelo meu piloto favorito: Nelson Piquet está de volta à F1. Já não há Brabham azuis nem Williams amarelos – que saudades do FW11 –, há um Renault e serve. Espero que o Nelsinho tenha talento e mau feitio proporcional – tal como o pai, para a coisa ter mais interesse o ano que vem. A F1 é um bom palco para o estudo da cunha ou da circulação das elites. Que me lembre, assim de repente, neste mundo afunilado e difícil de aceder há dois Schumacher, dois Villeneuve, dois Hill, dois Rosberg, dois Nakajima, e agora dois Piquet... Numa elite onde só há vinte e poucos eleitos, com três ou quatro lugares vagos por ano, e centenas de candidatos, parece-me muita coincidência. O talento para os carros não passa só pelos genes. Há outras coisas que contam.
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06 dezembro 2007
:: Guarda-freio: João Cândido da Silva
Há uns anos, desapareceram dos quiosques portugueses os melhores cigarros do mundo, que respondiam pelo nome de "Peter [Stuyvesant] cor-de-laranja", o que me obrigou a recorrer ao "Peter vermelho" como sucedâneo. Agora, sou informado que o "Peter vermelho", assim como o azul, vão desaparecer do mercado. Por que motivo insistem as tabaqueiras em forçar-me a deixar de fumar?
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04 dezembro 2007
:: Guarda-freio: Vìtor Matos
"Subidas das taxas de juro penaliza quem tem crédito à habitação"A manchete do Público de hoje esmaga os leitores pela novidade da notícia, profundidade na análise e pelo investimento na investigação. Ou seja, um dia depois da asneira clamorosa que foi o anúncio da vitória de Chávez no referendo, mais vale uma manchete segurinha.
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Tudo o que sobe também desce
Conheça a história do ascensor aqui.
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João Cândido da Silva Vítor Matos Bruno Faria Lopes Luís Miguel Afonso Pedro Esteves Adriano Nobre Filipe Santos Costa Ana Catarina Santos
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