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elevador da bica

Plástico da província

O Palácio de São Bento convidou um jornalista do Libération para jantar. Jean Quatremer queria escrever um perfil para a última do jornal, uma das mais lidas do diário francês de esquerda – onde Sócrates se assume ao centro, blairista e não francófono. Foi publicado ontem e já teve reflexos aqui. O repórter teve um acesso privilegiado, surpreendendo-se com tamanha hospitalidade e um telefonema que "jamé" seria possível em França: «“Jean, qu’est-ce que tu veux manger?» Passé le premier moment d’étonnement - imagine-t-on l’Elysée s’enquérir des goûts culinaires d’un journaliste ?».

Sócrates anda a vender-se lá fora. Para os jornais portugueses, nada. Para o El País, onde há uma semana se deixou fotografar ao lado do filho, tudo. Será que o aceitaria de um jornal português? O Libé chama-lhe provinciano. Ele diz que é. Também age como se fosse. E o convite para o jornalista jantar, da maneira como Quatremer o descreve, é um artifício jornalístico para lhe chamar provinciano sem o escrever.


O El País já tinha escrito há duas semanas que Sócrates se comporta como se governasse um continente. Tudo isto é revelador de um homem deslumbrado. Sócrates já chegou a dizer que a felicidade suprema é os jornais não falarem dele. É mentira, claro, depende dos jornais. Para chegar aos cidadãos portugueses, na imprensa portuguesa, ele dispensa a mediação. Não se mete nas mãos de um qualquer. Isso aborrece-o. Pode ser chato. Não convida repórteres para jantar. Não aparece com o cão Mitú (Mee Too?!) nem com o filho (terá gostado que o El País cedesse essas fotos ao Expresso?). S’il est en «plastique» - escreve o francês - c’est un plastique dur. Duro ou mole o plástico é sempre artificial, feito em laboratório.

“Plástico da província”

  1. Blogger Maria disse:

    Muito bom!

    MJG

    PS: Já encontraste o iPod?