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Tiros de campanha

Fernando Teixeira dos Santos não quis comentar a promessa de José Sócrates de que vai limitar as deduções fiscais dos "ricos" para poder baixar os impostos da "classe média". O ministro das Finanças explicou não dever "comentar ou intervir" no que considera ser um debate interno de um partido político, mas a desculpa soa fraca.

O meu palpite é o de que o ministro das Finanças não quer associar-se a (mais) uma promessa demagógica do líder socialista que apenas tem um propósito: conquistar votos junto dos eleitores de esquerda, algo que está a transformar-se numa verdadeira obsessão para Sócrates. E sabe-se como estas tiradas populistas costumam comover essa zona do eleitorado.

Além de ser necessário esclarecer quem são os "ricos" e quem é a "classe média", algo a que Sócrates seguramente se vai furtar, as finanças públicas vão estar novamente de rastos nos próximos tempos, tornando altamente duvidoso que algum governo, seja de que cor for, vá dar prioridade à redução da carga fiscal quando estiver na posição de se confrontar com a triste realidade.

A promessa que seria bem-vinda, embora menos do que a sua concretização, seria a redução da despesa pública para tornar possível aliviar, de forma sustentada, o esforço fiscal das famílias e das empresas. O problema é que, para os eleitores, isto já não é música celestial, porque lhes soa a racionalização dos gastos, com o que isso pode implicar de ameaça a empregos seguros na função pública e a cortes nos subsídios.

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