As fugas de informação
Em cinco anos de Governo de José Sócrates nunca houve uma fuga de informação do Conselho de Ministros. Por isso, estranho em absoluto que TVI, i, Público e DN tenham noticiado com algum detalhe e no mesmo dia as posições tomadas por ministros contra o PEC em Conselho de Ministros.
Só vejo duas leituras possíveis:
a) A que faz mais sentido - O PS está a desfazer-se, sente que está em fim de ciclo e que a autoridade de Sócrates está minada e já percebeu que ganha força a possibilidade de eleições antecipadas até Setembro; portanto, começa a valer tudo. Mostra, de facto que a voz do PM já não tem a autoridade que tinha. Mostrar divisões nesta fase do campeonato pode ser mortal porque a Constituição diz que os membros do Governo devem ser são solidários.
b) A menos provável - A fuga foi autorizada para segurar a ala esquerda do PS e o eleitorado. Sócrates precisa de dar a ideia de que foi obrigado a fazer este PEC para evitar a demissão de Teixeira dos Santos, cuja eventual saída seria desastrosa para Portugal nos mercados financeiros. Publicitar a oposição dos ministros de esquerda cobre esta sensibilidade partidária e dá a sensação de que o PS fez este PEC contrariado porque não tinha qualquer alternativa. Como Soares quando meteu o socialismo na gaveta em 1976, em 1978 (com a primeira intervenção do FMI) e em 1983, no Bloco Central, e com a segunda intervenção do FMI.
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