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O banqueiro darwinista

«Se houver um esforço grande de coordenação, uma amnistia fiscal global pode ser implementada e permitir que os capitais que estão nos offshores por razões de ordem fiscal e não por razões ilícitas, possam reemergir e até serem investidos em fundos de investimento que possam ajudar países em desenvolvimento».

Ricardo Salgado, presidente do BES, no Jornal de Negócios

Pasmo. Encaixa no espírito deste tempo a declaração de boa vontade de Ricardo Salgado para se acabarem com os offshores, mas também bate certo com a operação de charme e imagem que os banqueiros são obrigados a fazer por causa do mesmo espírito do tempo. Adaptação, darwinismo, saber viver num novo ambiente. É inteligente.

Mas pasmo. E pasmo sobretudo com a declaração de que há capitais nos offshores por razões de ordem fiscal e não por razões ilícitas. Parece que não é ilegal. Mas não sei se é lícito. Eu pago impostos obrigado. A minha empresa paga impostos obrigada. Impostos são tão certos como a morte - preferia não os pagar, preferia não morrer - mas há quem engane os impostos licitamente, embora não enganando a morte, está claro, isso é mais difícil. Se eu recusar pagar impostos inshore não é lícito, pois não?...

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