Wiki leaking vs tradicional leaking
O mundo mudou e é preciso saber viver nele: no último 24Horas, o Jack Bauer andou em bolandas com uma pen para divulgar umas filmagens muitos sensíveis que denunciavam um presidente russo e deu a pen a uma jornalista da imprensa tradicional, que depois teve problemas com editores, o jornal foi pressionado, etc.: hoje, de certeza que os argumentistas se lembrariam do WikiLeaks, da mesma maneira que eu quando vi o episódio me lembrei da internet (mas porque é que ele não mete aquela porcaria no you tube?).
Percebo que políticos e funcionários de alguns departamentos estatais - de todo o mundo - fiquem aterrorizados com o WikiLeaks. Mas críticas de jornalistas ou de gente dos media não compreendo. Quem não adorava ter tido acesso ao telegrama da embaixada norte-americana sobre os voos da CIA em Portugal? Ou as ordens de Hillary Clinton para se espiar o secretário-geral das Nações Unidas? Ou que a Arábia Saudita queria que os americanos bombardeassem o Irão? A grande diferença é que um jornalista tem acesso a uma quantidade limitada de informação, normalmente relacionada com a área que trabalha. Documentos deste calibre seriam uma grande história em qualquer jornal. A partir do momento em que um jornalista tivesse em seu poder qualquer um daqueles documentos tinha a obrigação profissional de o publicar.
O que o WikiLeaks muda para sempre é a capacidade de distribuição que o meio permite: é um grossista que distribui em larga escala aquilo que um jornalista nunca conseguiria fazer ao longo de uma carreira. A triagem, selecção e tratamento da informação deve ser feita pelos jornalistas, não é feita pelo WikiLeaks, que apenas proporciona a plataforma e mantém as fontes secretas. Tem perigos? Tem. Pode ser manipulado, por exemplo por serviços secretos que falsificam documentos para fazer contra-informação. Mas a esse risco também a imprensa tradicional está exposta.
Já os danos que estas revelações podem provocar parecem limitados. Entre as diplomatas todos sabem que se funciona assim, com aquele tipo de comentários e análises, portanto, danos diplomáticos sérios não haverá. Quanto a problemas - porque há sempre dois lados - questões levantadas aqui e aqui - é pertinente e tem a ver com o volume de informação bruta libertada, que permite aos serviços secretos de todo o mundo descobrirem padrões de comunicação e até pessoas e fontes que ficam em risco. Outra diferença entre o WikiLeaks e o jornalismo é que um jornalista pode divulgar informação secreta por ser relevante e de interesse público, enquanto o WikiLeaks revela informação secreta apenas para revelar informação secreta.
Etiquetas: jornalismo, wikileaks
9/12/10 00:36
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9/12/10 00:36
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28/8/11 17:14
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