O mundo de Cavaco
Da singular comunicação do Presidente da República ao País, retive o essencial: dois queixumes.
1) Cavaco lamentou que não tenham sido procuradas, para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, soluções jurídicas de compromisso, que gerassem menos clivagens. "Não teria sido difícil alcançar um compromisso na Assembleia da República, se tivesse sido feito um esforço sério nesse sentido", disse. Até deu exemplos dos países onde, aí sim, houve seriedade, sentido de união e compromisso. Curiosamente, em nenhum desses países é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há outras coisas, contratos civis e sucedâneos, mas não há casamento. Ou seja, para Cavaco, a boa forma de legislar sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria não o permitir. Quem disse que as questões fracturantes têm que ser fracturantes?
2) Cavaco lamentou que esta lei tenha sido aprovada no pior momento (haverá um bom momento?...), quando o País vive com tamanhas dificuldades: desemprego, pobreza, elevado endividamento externo e "outras dificuldades", enumerou o PR.
Pois claro: como é que um País pode sair da crise se perde tempo com isso dos homossexuais? É a velha teoria de que não é possível andar e mastigar pastilha elástica ao mesmo tempo. Por mim, ainda não tinha percebido que existisse um link entre o desemprego, a pobreza, o endividamento e "outras dificuldades" e o facto de o Parlamento legislar sobre quem pode casar com quem. Agradeço ao PR ter-me aberto os olhos.
Já agora: se o importante é a crise, o desemprego, a pobreza, o endividamento e as "outras dificuldades", por que razão o senhor Presidente da República faz uma comunicação ao País, em tom grave e sério, sobre o casamento gay, mas ainda não foi capaz de o fazer sobre esses assuntos que considera verdadeiramente importantes?
1) Cavaco lamentou que não tenham sido procuradas, para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, soluções jurídicas de compromisso, que gerassem menos clivagens. "Não teria sido difícil alcançar um compromisso na Assembleia da República, se tivesse sido feito um esforço sério nesse sentido", disse. Até deu exemplos dos países onde, aí sim, houve seriedade, sentido de união e compromisso. Curiosamente, em nenhum desses países é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há outras coisas, contratos civis e sucedâneos, mas não há casamento. Ou seja, para Cavaco, a boa forma de legislar sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria não o permitir. Quem disse que as questões fracturantes têm que ser fracturantes?
2) Cavaco lamentou que esta lei tenha sido aprovada no pior momento (haverá um bom momento?...), quando o País vive com tamanhas dificuldades: desemprego, pobreza, elevado endividamento externo e "outras dificuldades", enumerou o PR.
Pois claro: como é que um País pode sair da crise se perde tempo com isso dos homossexuais? É a velha teoria de que não é possível andar e mastigar pastilha elástica ao mesmo tempo. Por mim, ainda não tinha percebido que existisse um link entre o desemprego, a pobreza, o endividamento e "outras dificuldades" e o facto de o Parlamento legislar sobre quem pode casar com quem. Agradeço ao PR ter-me aberto os olhos.
Já agora: se o importante é a crise, o desemprego, a pobreza, o endividamento e as "outras dificuldades", por que razão o senhor Presidente da República faz uma comunicação ao País, em tom grave e sério, sobre o casamento gay, mas ainda não foi capaz de o fazer sobre esses assuntos que considera verdadeiramente importantes?
Etiquetas: casamento gay, Cavaco, temas fracturantes