Uma aspirina num doente terminal
A viabilização do Orçamento do Estado para 2010 assumida pelo PSD e pelo CDS permitiu safar o ano corrente ao evitar a eclosão de uma grave crise política numa conjuntura inconveniente para aventuras. A questão é que a limpeza das contas públicas é tarefa para uma década, tal é a desgraça em que se encontram e que não terá cura sem cortes duros e sem hesitações.
O acordo que foi alcançado poderá ser bom no curto prazo se conseguir refrear a desconfiança dos credores de Portugal. Vamos ver. Mas está longe de ser suficiente para dar consistência às boas intenções actuais. O país precisa de um pacto bastante mais ambicioso, para durar pelo menos uma legislatura inteira, o tempo de execução de um programa de estabilidade e crescimento que faça justiça à sua designação.
Perante o potencial que contêm para contribuirem para o aumento do endividamento do país, que só em matéria de encargos que pesam sobre o Estado vai a caminho dos 90% do produto depois de terem subido vinte pontos em apenas dois anos, seria necessário que o PS revissse os seus planos para obras como o TGV e a construção de novas auto-estradas, reconhecendo que o custo de oportunidade é demasiado elevado.
Para isso, no quadro actual, talvez seja necessária outra liderança nas hostes socialistas, capaz de perceber que é preciso separar o trigo do joio em matéria de investimento público. E capaz de entender que, depois de uma década perdida, Portugal se arrisca a repetir a dose e a deixar-se enredar na espiral de empobrecimento em que já está mergulhado. O acordo entre PS, PSD e CDS é uma modesta aspirina destinada a mascarar a verdadeira doença.
O acordo que foi alcançado poderá ser bom no curto prazo se conseguir refrear a desconfiança dos credores de Portugal. Vamos ver. Mas está longe de ser suficiente para dar consistência às boas intenções actuais. O país precisa de um pacto bastante mais ambicioso, para durar pelo menos uma legislatura inteira, o tempo de execução de um programa de estabilidade e crescimento que faça justiça à sua designação.
Perante o potencial que contêm para contribuirem para o aumento do endividamento do país, que só em matéria de encargos que pesam sobre o Estado vai a caminho dos 90% do produto depois de terem subido vinte pontos em apenas dois anos, seria necessário que o PS revissse os seus planos para obras como o TGV e a construção de novas auto-estradas, reconhecendo que o custo de oportunidade é demasiado elevado.
Para isso, no quadro actual, talvez seja necessária outra liderança nas hostes socialistas, capaz de perceber que é preciso separar o trigo do joio em matéria de investimento público. E capaz de entender que, depois de uma década perdida, Portugal se arrisca a repetir a dose e a deixar-se enredar na espiral de empobrecimento em que já está mergulhado. O acordo entre PS, PSD e CDS é uma modesta aspirina destinada a mascarar a verdadeira doença.
Etiquetas: Orçamento do Estado 2010