Mais canhões e mais manteiga e mais corrupção
Tudo nasceu das boas intenções para contrariar a teoria económica dos canhões e da manteiga, segundo a qual quem produzia mais canhões teria menos manteiga e vice-versa. As contrapartidas nos negócios da Defesa nasceram exactamente para tornar um pesado investimento não reprodutivo do Estado numa oportunidade económica.
Em suma, com as contrapartidas, quando mais canhões houvesse, mais manteiga haveria, e assim venciam-se as resisitências da opinião pública em relação ao investimento em armas.
Em Portugal, a regra tem sido: se um equipamento militar custa 100, então o fornecedor tem de encontrar investimento no valor de 100 para o País.
Acontece que os fornecedores militares se estão nas tintas para as contrapartidas. Se puderem, até pagam para não ter de as cumprir. De facto, não têm sido cumpridas. O Estado português tem sido ludibriado. Ou pior: o mau trabalho da Comissão Permanente de Contrapartidas ao logo de vários governos tem contribuído para as contrapartidas não serem executadas.
Por isso é tão importante a investigação que o Ministério Público está a conduzir sobre o caso dos submarinos.
Não deixa é de ser estranho que ao longo dos anos nenhum partido se tenha interessado verdadeiramente sobre este tema, com a excepção do deputado socialista Ventura Leite, entretanto devidamente corrido das listas.
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