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O veto conservador

Cavaco Silva é profundamente conservador, como se percebe por mais este veto.

Diz-se social-democrata, neo-keynesiano, mas no fundo é um católico conservador que leva às últimas consequências as suas convicções profundas. Em Janeiro de 1996, em plena campanha para PR, disse isto ao Diabo: “A minha experiência não me coloca no liberalismo conservador nem no vanguardismo intervencionista. É esta a a tradição da social-democracia a que pertenço, gerindo a modernização e a solidariedade social com respeito pelos equilíbrios económicos”

Cavaco não é um liberal nos mercados nem nos costumes. É um homem de direita, apesar de ter os seus complexos de esquerda e de ter aparecido na última campanha a cantar o Grândola Vila Morena.

Isto em si não é um problema, os portugueses é que não estão habituados a presidentes de direita.

A questão é que quando se falou de costumes, Cavaco fugiu sempre às respostas. Não se pronunciou sobre a legalização do aborto durante a campanha - embora admitisse o referendo -, não se pronunciou sobre os casamentos homossexuais quando instado num debate com Francisco Louçã, com a justificação de que o PR não deve servir de "arma de arremesso" dos partidos. E vetou a lei do divórcio com uma mão cheia de argumentos duvidosos, como a desvalorização dos afectos no casamento. Nestas questões, Cavaco alega sempre a necessidade de mais debate e as divisões na sociedade portuguesa.

Só que na próxima eleição presidencial, o conservadorismo de Cavaco será indisfarçável, pela sua praxis. Tendo em conta que Manuela Ferreira Leite pensa exactamente assim, nesta como noutras matérias, parece-me que uma eventual vitória do PSD nas próximas eleições pode ser muito prejudicial a uma recandidatura de Cavaco em Janeiro de 2011, queira ele candidatar-se.

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