O Bloco espectral: manual de patifaria com donativos
Os partidos aprovaram por unanimidade. Não foi o Bloco Central. Foi todo o espectro partidário. É coisa para desconfiar. Dinheirinho toca a todos. Segundo a lei anterior, os partidos só podiam receber 22.500 euros de contribuições em dinheiro vivo. A partir de ontem, o limite passa a ser de 1,2 milhões de euros, 55 vezes mais. A lei é feita para acomodar os protestos do PCP, que se sentia especialmente visado por a lei anterior não lhe permitir encaixar legalmente as receitas da Festa do Avante!. A primeira premissa é boa: a lei deve ser geral, mas acolhe um interesse particular. Um aplauso!
Tendo em conta os factos da vida real, dinheiro vivo é coisa perigosa! Quando Luís Filipe Menezes quis que as quotas do PSD voltassem a ser pagas como cada um entendia, ai jesus!, disse Rui Rio, que vinha aí a máfia e aquilo ia ser um rol de lavagem de dinheiro sujo. E Rio tinha razão.
Vamos então a um exemplo concreto. Um empreiteiro quer passar umas massas ao partido e não pode, porque a lei não deixa. Agora, com limites tão altos, é mais fácil acomodar essas generosas vontades. Basta organizar um jantar lá na terra, meter o dinheiro vivo num saco e distribuir donativos pelos Jacinto Leite Capelo Rego desta vida e lá vai a massa directa para a sede. Mais fácil ainda será meter dinheiro no partido, vindo sabe-se lá de onde, se o jantar-comício se realizar no estrangeiro, junto dos emigrantes, segundo o mesmo tipo de processo.
Sendo os partidos incumpridores crónicos das leis que produzem nesta matéria, alguém acha que isto é para levar a sério?
ADENDA: António José Seguro, do PS, votou isolado contra o projecto de lei. Haja esperança.
Etiquetas: lavagem de dinheiro, massa, pinoquices
1/5/09 00:10
Sim, e entretanto quem se lixava era o PCP que não recebe as tais malas do dinheiro vindas dos empreiteiros (e que devem ter continuado de qualquer forma a chegar a outros) mas não podia receber o dinheiro das sandes de coirato que eu consumi na Festa do Avante