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Falsas questões

A propósito do "caso Freeport", começam a circular teses que visam, sobretudo, desvalorizar a situação e vender a ideia de que é melhor para o país encerrar-se a discussão e deitar as dúvidas para trás das costas, em vez de clarificar, porque há problemas mais importantes para resolver.

Primeira tese: "depois de Sócrates, o caos".

Serve os interesses do PS e do primeiro-ministro, mas é pura fantasia propagandística. Pode não se gostar dos protagonistas ou discordar-se das suas propostas, mas, da esquerda à direita, há alternativas a José Sócrates, caso a situação evolua ao ponto de implicar a sua demissão, voluntária ou contra a sua vontade. E essas alternativas existem mesmo dentro do PS. O papão da ingovernabilidade é apenas isso: um papão destinado a assustar os presumíveis tolos.

Segunda tese: "o caso faz parte de uma estratégia política para manchar o primeiro-ministro".

É alimentada pelas próprias declarações de José Sócrates e dos seus fiéis, que pretendem criar a convicção de que não há matéria para investigar ou que a justiça e as polícias estão ao serviço de interesses "ocultos". Que a justiça portuguesa funciona mal, qualquer cidadão sabe. Que, pelo menos neste caso, deve fazer um esforço para funcionar bem, chegando a conclusões sólidas sobre a inocência ou a culpa do primeiro-ministro, é que parece ser o mais necessário. Trata-se de um caso de polícia que, qualquer que seja o seu desfecho, terá consequências políticas. Se a democracia portuguesa ainda tem algum respeito por si própria, a opção é só uma: esclarecer o que tem de ser esclarecido e enfrentar as consequências. Não fazer nada disto é que será o pântano.

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