O leilão
O leilão de hoje de dívida pública correu bem, dadas as circunstâncias. Na maturidade a dez anos, a procura foi forte e a taxa média de 6,7% é diferente (sobretudo do ponto de vista psicológico) da linha da vida dos 7% e está abaixo dos 6,806% conseguidos no último leilão. Contudo, nos títulos a três anos o resultado foi pior: Portugal colocou 650 milhões de euros a uma taxa média de 5,396%, mais do no último leilão (4,041%) e mais do que a Grécia está a pagar (5%) pela ajuda externa a três anos (menos do que a Irlanda).
Significa este leilão que Portugal pode afastar a ideia de uma ajuda externa? A resposta: claro que não. Por um lado, mesmo com as ajudas do BCE os juros pagos continuam a ser muito altos e no mercado secundário a pressão continua a fixar as taxas na casa dos 7% - o país não só está a pagar muito caro pelo que pede emprestado, como se mantém muito vulnerável a más notícias (como estas). Por outro lado, o mercado - investidores, analistas e media internacionais - parece já estar a contar com o recurso de Portugal a essa ajuda e bem sabemos como estas profecias acabam por cumprirem-se. O país encostará se a Europa e os mercados assim o quiserem: e parecem querer. As borboletas podem não aguentar o Inverno.