Um homem com quem eu gostava de conversar
Há umas semanas, duas ou três, liguei ao comandante Azevedo Soares, para saber se tinha memória de um facto antigo que eu precisava de confirmar para um artigo. Atendeu-me com a mesma simpatia e disponibilidade de sempre, mesmo quando eu ligava com perguntas chatas e depois ficávamos a discutir a ver quem tinha razão. Mas não era o mesmo, era uma voz sumida, nunca o tinha ouvido assim. Que voz é essa? Disse-me que estava doente. Eu disse que não era nada, que não queria incomodar. Não perguntei que doença era. Mas ele quis responder. Falámos então do assunto que motivou a chamada. Ele não se lembrava exctamente do facto em causa, mas por dedução acabou por me dizer o que realmente se tinha passado. Confirmei depois e fazia todo o sentido. Hoje soubemos todos da notícia triste da sua morte, para mim inesperada. Fica aqui a minha homenagem a um homem com quem eu gostava de conversar.