Tiros de pólvora seca
Se é com as 50 medidas apresentadas esta semana que José Sócrates quer passar o teste de vida junto dos líderes europeus, então nada sobrará a não ser desilusão. Para consumo mediático haverá palmadinhas nas costas e os elogios habituais, mas nos bastidores seguramente ninguém acreditará no pretenso alcance profundo deste "pacote 50" - não por falta de boas ideias entre as cinco dezenas de medidas, mas porque nenhuma ataca com firmeza qualquer dos problemas estruturais que minam a economia portuguesa.
O governo toca nos problemas ao de leve - ou passa totalmente ao seu lado - porque nesta altura já lhe sobram poucas opções. Não há margem orçamental para baixar significativamente o peso da fiscalidade sobre as empresas ou para pelo menos garantir estabilidade fiscal. E não há margem política para fazer uma das reformas mais necessárias para a economia - a da justiça - nem para aprofundar mais as alterações na lei laboral. Minado à partida por um programa eleitoral irrealista, desgastado por sucessivos tiros nos pés e acossado pela oposição - que se limita a esperar pelo fim e prescinde de apresentar ideias válidas -, o segundo governo PS perdeu capacidade política interna, logo na altura em que o país mais precisa dela.
O governo toca nos problemas ao de leve - ou passa totalmente ao seu lado - porque nesta altura já lhe sobram poucas opções. Não há margem orçamental para baixar significativamente o peso da fiscalidade sobre as empresas ou para pelo menos garantir estabilidade fiscal. E não há margem política para fazer uma das reformas mais necessárias para a economia - a da justiça - nem para aprofundar mais as alterações na lei laboral. Minado à partida por um programa eleitoral irrealista, desgastado por sucessivos tiros nos pés e acossado pela oposição - que se limita a esperar pelo fim e prescinde de apresentar ideias válidas -, o segundo governo PS perdeu capacidade política interna, logo na altura em que o país mais precisa dela.