O país que não precisa de ajuda e não aceita ordens
Pouco a pouco vai caindo a ficção segundo a qual Portugal e o seu respectivo governo a) não precisam de ajuda financeira externa e b) não aceitam sugestões de ninguém. Portugal precisa de ajuda financeira e está a tê-la. Vem pela porta das traseiras, do Banco Central Europeu, que tem ido às compras no mercado secundário de obrigações e emprestado dinheiro barato aos bancos portugueses. E Portugal aceita sugestões precisamente porque já está a receber ajuda financeira. O graveto vem com condições. É por isso que quando o presidente do BCE e os políticos em Bruxelas dizem "vocês precisam é de reformar a vossa lei laboral", o primeiro-ministro Sócrates diz a seguir que o governo vai olhar "para as potencialidades do Código Laboral". Mesmo que, com o talento extraordinário que se lhe reconhece, venda essas mudanças como uma fantástica ideia do governo.