Não há pecado abaixo do Equador
Há um ano ou dois resolvi chatear-me com o Velho Mundo: Com os museus, as bibliotecas, as universidades e as discotecas cheias de jovens chatos e vegetarianos, nada diletantes. E manicures suburbanas, e universitárias iletradas e confusas por não serem meninas bem de dicção afectada, maravilhosa e irritante ao mesmo tempo. E de sindicalistas de meia-tigela e filósofos barbudos de 35 anos, que frequentam jardins gelados para se porem a pensar, a pensar. A pensar sobre o nada e o vazio e o pós qualquer coisa das famílias reais deprimentes desses lugares acima da linha do equador.
Há um ano ou dois que sou feliz longe disso. Só com o pãozinho francês do Talho Capixaba, o sol escaldante dos dias quentes do Rio de Janeiro, onde os políticos são ladrões, mas não de meia-tigela, os facínoras são facínoras, o feijão é preto, a maconha dá tesão, a chuva cai direita, o Fluminense é campeão para regozijo meu e do Nelson Rodrigues e o Ferreira Gullar diz, naquele seu riso tão característico e nas tintas para o tempo, que não quer ter razão, só quer é ser feliz.
Há um ano ou dois que sou feliz longe disso. Só com o pãozinho francês do Talho Capixaba, o sol escaldante dos dias quentes do Rio de Janeiro, onde os políticos são ladrões, mas não de meia-tigela, os facínoras são facínoras, o feijão é preto, a maconha dá tesão, a chuva cai direita, o Fluminense é campeão para regozijo meu e do Nelson Rodrigues e o Ferreira Gullar diz, naquele seu riso tão característico e nas tintas para o tempo, que não quer ter razão, só quer é ser feliz.
Curto e muito bom, por Mónica Marques, para a edição 500 do i