O exemplo irlandês
Quando a Irlanda crescia, exortava-se Portugal a seguir-lhe o exemplo - deixando de lado o facto de os irlandeses terem uma grande diáspora (com dinheiro e influência) em países ricos e, sobretudo, de estarem a crescer às costas de uma grande bolha imobiliária.
Agora que o governo irlandês corta o défice orçamental (com um acordo inédito com os sindicatos) há quem não tenha o esforço em grande conta. Argumento? Tanto esforço para nada, dizem: a Irlanda está em recessão e tem um défice a caminho de 25%. O problema do argumento? Ignora que o país tem nas mãos um buraco chamado Anglo Irish Bank, um gigante da banca que ruiu com o fim da bolha especulativa, e que vai custar um mínimo de 25 mil milhões de euros. Ignora, de uma forma geral, que o colapso repentino de uma bolha no imobiliário deixa inevitavelmente uma economia de rastos durante alguns anos - a Irlanda, tal como a Espanha, está a pagar esse preço.
Uma grande diferença para Portugal? Visto daqui, parece-me que em Dublin há quem tenha percebido mais depressa do quem em Lisboa o alcance desta crise da dívida. Vamos ver quem consegue pôr primeiro a economia a crescer.