Um recorte mais nítido
Agora começamos a ter um recorte mais nítido (como dizem os espiões) do que se está a passar. O Governo foi rápido a antecipar as decisões que penalizam os mais frágeis entre os que já estão frágeis. E teve a anuência do PSD. Mas 48 horas depois, anuncia que o TGV é para manter, o troço Poceirão-Caia é para manter, o aeroporto é para manter, a terceira ponte é para manter... Vá lá, adia-se uma autoestradazita. Isto é um sinal forte que o País vai ter dificuldade em compreender tendo em conta os sacrifícios que são pedidos às pessoas.
Portugal parece uma família que corta na despesa da mercearia para a alimentação, tira a mesada aos filhos, toda a vizinhança percebeu que está quase falida e nenhuma mercearia do bairro se arrisca a vender-lhe fiado por saber que os seus rendimentos não vão crescer, mas vai comprar o BMW, fazer a viagem às Maldivas e pedir o empréstimo para a nova moradia, porque já se comprometeu com os vendedores e não vai desistir para eles não ficarem com as cauções, mesmo prejudicando o futuro dos filhos, pois vai ficar endividada para o resto da vida.
Em conformidade, o PSD não poderá concordar com a manutenção destas opções e aqui não há margem para blocos centrais mitigados. Com as sondagens a caminhar neste sentido, tudo poderá precipitar-se mais depressa. A Marktest dá o PSD a ultrapassar o PS pela primeira vez. É outro sinal ao qual certamente Sócrates não será insensível, embora Passos não tenha qualquer vantagem em chegar lá em plena crise.