Tirar Portugal da frase
Sete palavrinhas ajudam a cavar o nosso buraco mais fundo. Há frases tramadas, como este título da Reuters: Wall St tumbles on Greek, Portugal downgrades.
Todo o mundo vai ler que o mais importante mercado de capitais está em perda porque o rating da Grécia baixou e o de Portugal também. Estamos na mesma frase estamos no mesmo barco, estamos a ser puxados para o fundo pelo barco que já afundou e não há como cortar as amarras. Não chega continuara gritar aos quatro ventos que Portugal não é a Grécia. Se os mercados acham que Portugal vai ver-se grego, então gregos seremos.
A outra frase já no miolo do texto da Reuters coloca Portugal em segundo lugar na cadeia do dominó: "Just like in 2008, when you had one big company fall after another, you're now seeing this spread from Greece to Portugal." Não creio que a partir de agora seja possível tirar Portugal da frase.
Com tanta asneira seguida ao longo dos anos, colocámo-nos demasiado perto do buraco negro e agora o buraco negro está a sugar-nos.
ADENDA: O Governo acabou de reagir. Voltar a dizer que Portugal nada tem a ver com a Grécia não adianta muito, porque os mercados não são racionais. Colocar a pressão no PSD também não faz sentido, porque os mercados só vão reagir quando cheirarem que as medidas são draconianas o suficiente para desviarem a predação para outra presa. Se as medidas forem muito draconianas nesta fase, a economia será arrastada. Não há volta a dar. Estamos tramados.