Para lá do Covilhão...
Portugal deve ser o único país do mundo em que quando neva a sua única estância de ski encerra… Deve ser por isso que a maior parte dos portugueses desconhece a sua existência…
A semana passada resolvi fazer uma pausa espiritual na zona da Serra da Estrela. Não sou praticante de desportos de Inverno, mas a minha paixão pela fotografia faz-me percorrer caminhos semelhantes com talvez maior esforço físico. O despertador tocou na manhã de quinta às 5:30 tal como tinha tocado nas manhãs anteriores na esperança de um nascer do sol limpo onde a luz quente dos primeiros raios de sol faz incandescer o topo dos cântaros da serra. Mas naquela manhã, para além do teimoso denso nevoeiro que me acompanhou nas manhãs anteriores havia uma novidade: havia neve por todo o lado acima dos 800 m. A aldeia das Penhas da Saúde parecia ter-se mudado para a Suiça tal era o branco que cobria o casario. Quando cheguei ao centro de limpeza de neve, ali na grande rotunda que permite o acesso à Torre e ao Vale Glaciar do Zêzere até Manteigas, redondos sinais brancos com rebordo vermelho indicavam trânsito cortado. Voltei à tarde, para o por do sol e o nevoeiro mantinha-se. As estradas cortadas também… Na manhã seguinte, despertador matutino, e já à saída da Covilhã se indicavam as mesmas estradas cortadas. E assim ficaram o resto de sexta-feira.
No sábado previa-se um dia solarengo e quente. E também se previa uma enchente de pessoas a querer brincar na neve que caíra nos dias anteriores. Quando o sol raiou, o céu estava limpo, a luz maravilhosa e as estradas… cortadas. Quando deixei o carro no parque perto do centro de limpeza de neve era o único por ali. Quando voltei da minha sessão fotográfica havia autocarros, auto-caravanas, dezenas de famílias esperando. Perto da cancela, sorrindo, galhofando, tagarelando, dizendo que quem manda aqui sou eu, encontravam-se os senhores da GêEneErre. Ninguém passa! A estrada era toda para um único limpa-neves que subia e descia vagarosamente os parcos kms que separam o centro de limpeza - e a cancela - da Torre. Iriam ter de esperar… Como é óbvio, a estrada que mais me interessava a mim e que me levaria até ao Vale Glaciar, essa teria de esperar que o sol a limpasse… Só no dia seguinte.
Nos outros países, logo após os nevões, quando a neve é boa para esquiar, brincar, snowboardar, as estâncias estão no seu pico. Em Portugal manda-se cortar as estradas e está feito. É mais barato, mais simples, mais revelador da pequenez e do sentido do quero posso e mando dos Portugueses. Nos outros países – testemunhei isso no Canadá – começa-se a limpar mal caía o primeiro floco de neve. Em Portugal, espera-se que passe e esteja bom tempo para se começar. Nos outros países espalha-se sal e andam em movimento vários limpa-neves; na Serra vi um único limpa-neves e um caterpillar, não os vi a lançar sal, apenas a lançar fagulhas na frente quando a poderosa pá de metal beijava a estrada. De certo, técnicas muito mais modernas…
Só não percebo é como os responsáveis pela Estância Vodafone permitem isto. Ou serão amigos dos senhores das Estradas de Portugal e costumam ir para os Alpes juntos no Carnaval beber schnapps e apanhar bronzes enquanto os pobres dos tugas esperam junto à cancela?
Enfim, para lá do Covilhão, mandam certamente os que lá estão!
A semana passada resolvi fazer uma pausa espiritual na zona da Serra da Estrela. Não sou praticante de desportos de Inverno, mas a minha paixão pela fotografia faz-me percorrer caminhos semelhantes com talvez maior esforço físico. O despertador tocou na manhã de quinta às 5:30 tal como tinha tocado nas manhãs anteriores na esperança de um nascer do sol limpo onde a luz quente dos primeiros raios de sol faz incandescer o topo dos cântaros da serra. Mas naquela manhã, para além do teimoso denso nevoeiro que me acompanhou nas manhãs anteriores havia uma novidade: havia neve por todo o lado acima dos 800 m. A aldeia das Penhas da Saúde parecia ter-se mudado para a Suiça tal era o branco que cobria o casario. Quando cheguei ao centro de limpeza de neve, ali na grande rotunda que permite o acesso à Torre e ao Vale Glaciar do Zêzere até Manteigas, redondos sinais brancos com rebordo vermelho indicavam trânsito cortado. Voltei à tarde, para o por do sol e o nevoeiro mantinha-se. As estradas cortadas também… Na manhã seguinte, despertador matutino, e já à saída da Covilhã se indicavam as mesmas estradas cortadas. E assim ficaram o resto de sexta-feira.
No sábado previa-se um dia solarengo e quente. E também se previa uma enchente de pessoas a querer brincar na neve que caíra nos dias anteriores. Quando o sol raiou, o céu estava limpo, a luz maravilhosa e as estradas… cortadas. Quando deixei o carro no parque perto do centro de limpeza de neve era o único por ali. Quando voltei da minha sessão fotográfica havia autocarros, auto-caravanas, dezenas de famílias esperando. Perto da cancela, sorrindo, galhofando, tagarelando, dizendo que quem manda aqui sou eu, encontravam-se os senhores da GêEneErre. Ninguém passa! A estrada era toda para um único limpa-neves que subia e descia vagarosamente os parcos kms que separam o centro de limpeza - e a cancela - da Torre. Iriam ter de esperar… Como é óbvio, a estrada que mais me interessava a mim e que me levaria até ao Vale Glaciar, essa teria de esperar que o sol a limpasse… Só no dia seguinte.
Nos outros países, logo após os nevões, quando a neve é boa para esquiar, brincar, snowboardar, as estâncias estão no seu pico. Em Portugal manda-se cortar as estradas e está feito. É mais barato, mais simples, mais revelador da pequenez e do sentido do quero posso e mando dos Portugueses. Nos outros países – testemunhei isso no Canadá – começa-se a limpar mal caía o primeiro floco de neve. Em Portugal, espera-se que passe e esteja bom tempo para se começar. Nos outros países espalha-se sal e andam em movimento vários limpa-neves; na Serra vi um único limpa-neves e um caterpillar, não os vi a lançar sal, apenas a lançar fagulhas na frente quando a poderosa pá de metal beijava a estrada. De certo, técnicas muito mais modernas…
Só não percebo é como os responsáveis pela Estância Vodafone permitem isto. Ou serão amigos dos senhores das Estradas de Portugal e costumam ir para os Alpes juntos no Carnaval beber schnapps e apanhar bronzes enquanto os pobres dos tugas esperam junto à cancela?
Enfim, para lá do Covilhão, mandam certamente os que lá estão!
Etiquetas: estrela, neve, pequenez, quem é que manda aqui, serra, turismo