O que desce também sobe
Para além da declaração de boas intenções de José Sócrates e de Pedro Passos Coelho demonstrando que conseguem cumprir os mínimos de trocarem umas palavras sobre o assunto - o que já é uma (r)evolução política - não consigo perceber em que é que a antecipação das medidas do PEC anunciadas pelo primeiro-ministro contribui para acalmar os mercados.
Se pensarmos friamente, é preciso ter o bom-senso de compreender que não é depois de um encontro de hora e meia que, de repente, se decidem grandes reformas estruturais para salvar o País ou que se tomam decisões de maior gravidade. Aquilo soube a nada, mas em 24 horas não havia muito a fazer. Deu foi a sensação que o mais fácil é atirar sobre o mexilhão desempregado que já está lixado à partida. Temos de esperar pelos próximos dias para avaliar se o Governo tem vontade e condições para mostrar que os problemas estruturais são mesmo para resolver e conhecer as propostas do PSD que vão para além da redução dos consumos intermédios do Estado. Não podemos exigir que o Governo e a oposição resolvam numa hora o que ninguém fez nos últimos anos. Mas devemos esperar que o PEC seja revisto, que haja um OE rectificativo e que se perceba onde está o rumo para resolver os problemas que estão para lá da mera conjuntura.