Do horror ao silêncio
Rui Pedro Soares não falou. Aliás: falou, mas não respondeu às dezenas de perguntas que os deputados tinham para colocar-lhe sobre o negócio entre a PT e a TVI.
Foi o espanto e a indignação nas imediações da sala 7. "Não falou! Não falou!" Está a ser o espanto e a indignação em todos os espaços de comentário nas rádios e televisões. "Não Falou! Não falou!"
A essência de todo este clamor é óbvia: o silêncio pode significar mais do que mil palavras quando nos colam as vestes de diabo ao corpo. E piora quando esse silêncio pode ter como retorno o estrondo de um crime de desobediência qualificada.
Percebo tudo isto.
Mas há minutos dei por mim a pensar numa razão alternativa para o frenesim mediático do dia: Rui Pedro Soares foi à Assembleia da República e não falou. E ir à Assembleia para poupar nas palavras é, de facto, notícia. Ou não se chamasse a investigação dos deputados ao negócio PT/TVI, e passo a citar, "Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à relação do Estado com a Comunicação Social e, nomeadamente, à actuação do Governo na compra da TVI".
Isso mesmo, leram bem, é uma comissão que até consegue acolher advérbios no título.
Também há dias, noutra comissão, a de Ética, o ministro Jorge Lacão foi questionado sobre a eventual legislação do governo em matéria de transparência na propriedade de meios de comunicação. E respondeu assim: "Na medida em que está num estado avançado uma revisão das leis da televisão e da rádio, o Governo poderá encarar algumas soluções jurídicas que possam ajudar a suprir aspectos de omissão na nossa ordem jurídica, exigindo uma definição mais clara, mais rigorosa quanto à exigência de identificação da estrutura de propriedade dos meios de comunicação social".
Perante estes exemplos... como não estranhar a poupança de verbo?
Foi o espanto e a indignação nas imediações da sala 7. "Não falou! Não falou!" Está a ser o espanto e a indignação em todos os espaços de comentário nas rádios e televisões. "Não Falou! Não falou!"
A essência de todo este clamor é óbvia: o silêncio pode significar mais do que mil palavras quando nos colam as vestes de diabo ao corpo. E piora quando esse silêncio pode ter como retorno o estrondo de um crime de desobediência qualificada.
Percebo tudo isto.
Mas há minutos dei por mim a pensar numa razão alternativa para o frenesim mediático do dia: Rui Pedro Soares foi à Assembleia da República e não falou. E ir à Assembleia para poupar nas palavras é, de facto, notícia. Ou não se chamasse a investigação dos deputados ao negócio PT/TVI, e passo a citar, "Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à relação do Estado com a Comunicação Social e, nomeadamente, à actuação do Governo na compra da TVI".
Isso mesmo, leram bem, é uma comissão que até consegue acolher advérbios no título.
Também há dias, noutra comissão, a de Ética, o ministro Jorge Lacão foi questionado sobre a eventual legislação do governo em matéria de transparência na propriedade de meios de comunicação. E respondeu assim: "Na medida em que está num estado avançado uma revisão das leis da televisão e da rádio, o Governo poderá encarar algumas soluções jurídicas que possam ajudar a suprir aspectos de omissão na nossa ordem jurídica, exigindo uma definição mais clara, mais rigorosa quanto à exigência de identificação da estrutura de propriedade dos meios de comunicação social".
Perante estes exemplos... como não estranhar a poupança de verbo?