De resto, tudo bem
1. O Ministro das Finanças, no espaço de uma semana, passa de afirmar que o contágio grego "é temporário" para afirmar que estamos num "momento decisivo".
2. Ontem, perante este "momento decisivo", e questionado sobre que medidas iria o governo tomar além das que estão previstas no PEC, o mesmo ministro respondeu que tomará "todas as medidas que forem necessárias se se vier a revelar que são necessárias".
3. O mesmo ministro abre ainda a porta para a reavaliação dos projectos de obras públicas. Deixa um eventual anúncio para o colega das Obras Públicas.
4. Horas depois o colega das Obras Públicas diz que afinal é tudo para continuar e que o Estado "é uma pessoa de bem que honra os seus compromissos". Esta "pessoa de bem" é a mesma que – apenas para citar dois exemplos – antecipou o compromisso que tinha com a função pública para a penalização das reformas e rompeu em 2005 o compromisso do Estado com os pensionistas.
5. À noite ouço António Costa, do PS, dizer na SIC que a culpa é dos mercados, dos especuladores e da chanceler Merkel, que não se apressa a pagar as contas em atraso dos gregos porque há eleições na Renânia do Norte/Westfália.
6. Continuo a ouvir o PSD a manifestar-se contra as reduções dos benefícios fiscais. E a defender os cortes nos consumos intermédios como contributo essencial para resolver o problema.
Entretanto, mesmo com sinais de suavização, os juros mantêm-se em níveis muito elevados e o olhar da Medusa ainda não se desviou um milímetro.
De resto, tudo bem.