Um acto de fé
Diz o ministro das Finanças que é "prematuro" falar num cenário de recessão em Portugal. Talvez seja – apesar da derrapagem do PIB no final de 2009 há indicadores contraditórios sobre o arranque deste ano, quer em Portugal, quer na zona euro. Mas ouvir as garantias de Teixeira dos Santos oferece muito pouco consolo – aliás, dá razões para temer o pior. É esse o problema da perda acumulada de credibilidade de um ministro que, depois de ter chegado mais cedo que o esperado a um défice abaixo de 3%, primou por chegar quase sempre atrasado: atrasado ao impacto da crise financeira na economia aberta portuguesa, atrasado à derrapagem das contas públicas em ano eleitoral. Teixeira dos Santos levou demasiado longe o papel político que o ministro das Finanças tem na transmissão de confiança à economia. Acreditar agora que não voltará a chegar tarde começa a tornar-se num acto de fé.