Tristes verdades sobre a mentira em política
«Os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar».
Nicolau Maquiavel, "O Príncipe"
«Alguns políticos sempre prontos a mentir, a não ter palavra e a não respeitar nem os compromissos, nem os contratos, nem os acordos feitos com os parceiros, temem que isso lhes possa sair caro, mas podem ficar sossegados: nada é mais normal e nada é mais tolerado e mais compreendido, na vida pública, do que faltar à palavra, com a condição de todos ganharem com isso.
O povo fica surpreendido e insurge-se contra esta deslealdade tão comum, mas logo se submete; mais: vê nisso capacidade e talento. Que importam os métodos se os resultados lhes dão jeito? O povo admite que as práticas do poder não obedecem às leis da moral comum. Mas espera o correspondente sucesso.»
Nicolau Maquiavel, "O Príncipe"
Uns 60% dos portugueses acham que Sócrates mentiu, diz hoje uma sondagem do Público. Mas a maioria acha que ele deve continuar a governar. As pessoas acham a mentira em política uma banalidade. Se todos mentem, qual é o problema se este mentir? Mente mas faz! O problema é o apanhado a mentir deixa de ter condições de "fazer". Mas a questão moral evoluiu, tal como a coloca Edouard Balladour, num texto que já foi citado aqui no Elevador, na série Verdades sobre a Mentira em Política:
«Alguns políticos sempre prontos a mentir, a não ter palavra e a não respeitar nem os compromissos, nem os contratos, nem os acordos feitos com os parceiros, temem que isso lhes possa sair caro, mas podem ficar sossegados: nada é mais normal e nada é mais tolerado e mais compreendido, na vida pública, do que faltar à palavra, com a condição de todos ganharem com isso.
O povo fica surpreendido e insurge-se contra esta deslealdade tão comum, mas logo se submete; mais: vê nisso capacidade e talento. Que importam os métodos se os resultados lhes dão jeito? O povo admite que as práticas do poder não obedecem às leis da moral comum. Mas espera o correspondente sucesso.»
Edouard Balladour, "Maquiavel em Democracia"