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elevador da bica

O meu Halloween a preto e branco em Saint Joe




Trick or treat!



St. Joseph, ou St. Joe, como eles lhe chamam, é uma cidadezinha junto ao lago Michigan com 90% de brancos. É ligada por uma pequena ponte a Benton Harbor, que tem 90% de negros. As duas comunidades vivem, não unidas, mas separadas pela ponte. Uma do lado rico. Outra do lado pobre. Uma margem marginal. Outra margem integrada. Ali vi a América dos excluídos e a tensão racial.







Trick or treat!


Faz agora um ano, estava em St. Joe a fazer uma reportagem sobre brancos e negros no contexto das eleições americanas para a Sábado. Hordas de crianças e adultos mascaradas para o Halloween atropelam-me e decido fotografar. Todos brancos, quase todos brancos. Até que encontrei um casal misto - um dos casos que eu procurava, para perceber até que ponto havia racismo por aqui...


Trick or treat!
O casal misto (ela branca ele negro, com um filho) combinou uma hora comigo e nunca apareceu. Apesar de tudo, fiz outras estrevistas interessantes e achei que tinha o artigo fechado... Até comprei um livro de um jornalista do Wall Street Journal acerca de um crime cometido sobre um adolescente negro, por razões puramente raciais. Ou seja, sem quaisquer razões. Bem escrito. Uma grande história, excelente reportagem. (Alex Kotlowitz, The Other Side of the River)



Trick or treat!
Passei lá vários dias, a escrever. O lugar era calmo. Havia de regressar a Chicago depois. No penúltimo dia, atesto o monovolume de sete lugares onde fiz milhares de quilómetros sozinho e compro o New York Times. Há momentos nas reportagens em que a sorte vem contra nós inesperadamente... às vezes basta um pequeno gesto, uma pequena pergunta para termos a nossa história, a história que verdadeiramente interessa. O artigo estava nada fechado...



Trick or treat!
A rapariga do quiosque era loira, de olhos azulíssimos, cara de irlandesa. Perguntei-lhe como era ali a questão do convívio racial. Ela não quis falar. Porquê? Tinha um namorado negro de Benton Harbor, problemas por causa disso, além de uma opinião comprometida. Era a minha história! Acabou por aceitar falar. Telefonou ao namorado, combinámos um encontro para o dia seguinte de manhã para uma foto com ambos. Não podia ser perto da casa dele: segundo ela, o lugar era perigoso demais...


Trick or treat!
Na manhã seguinte fazia um frio demasiado gelado para um português que chegara havia dias do deserto do Arizona. Nevara ligeiramente durante a noite. A rapariga estava lá e o namorado apareceu. Ela tinha realmente problemas graves com família, com os amigos, com toda a gente por causa daquele amor pelo qual tudo abandonou. Caminhámos uns 200 metros até ao lugar ideal para as fotos. Ela falou pelos cotovelos. Ele não disse nada. Grunhiu qualquer coisa incompreensível a duas ou três perguntas minhas: alto, magro, passada gingona de malta do bairro. Tirámos umas fotos. Uma delas ficou óptima e foi publicada na Sábado. Inesperadamente, a meio das fotografias, ele voltou costas, mudo. Foi-se embora calado. Ela pediu desculpas por ele. O que será feito deles hoje?
Happy Halloween!

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“O meu Halloween a preto e branco em Saint Joe”

  1. Blogger Bruno Faria Lopes disse:

    De Londres, sem acentos: es grande. Fotografias lindas, boa historia. Um abraco, B

  2. Blogger Luís Miguel Afonso disse:

    Obrigado por esta história e pelas fotos...