Por onde vai o PS
O esforço do PS vai ser todo concentrado na conquista de eleitores à esquerda, nas águas em que navegam o PCP e o Bloco de Esquerda. Daí que José Sócrates, no debate com Jerónimo de Sousa, tenha levado bem preparada a lista de medidas que podem soar bem nestes terrenos.
Não será fácil ao líder do PS conseguir descolar-se do rótulo de ter seguido "políticas de direita" durante a legislatura, que o BE o PCP lhe atribuem. Sobretudo porque a táctica é demasiado descarada e o discurso cordato que Sócrates tem ensaiado é pouco verosímil e natural.
O verdadeiro Sócrates é aquele que fica crispado e que dá largas à sua truculência quando ouve expressões como ser "mais papista que o Papa", como sucedeu no debate de ontem quando Judite Sousa introduziu o tema da suspensão do "Jornal Nacional de Sexta". Pelo menos os eleitores do PCP são capazes de ainda se recordar que, quando confrontado com as greves e manifestações de professores, Sócrates identificou a contestação com meras orquestrações dos comunistas.
A verdade é que este é o género de acusações que reforçam a fidelidade dos eleitores do PCP e a sua autoestima, como parte integrante de uma força política a quem, implicitamente, Sócrates reconheceu um apreciável potencial de mobilização. E até para os professores que não se revêem no PCP, para os muitos que nunca tinham sequer participado numa manifestação, a generalização usada pelo primeiro-ministro para desvalorizar a contestação será difícil de apagar da memória.
A segunda peça da estratégia é a do voto útil, manifestada por Mário Soares na entrevista que deu ao "i" - "dar a vitória à direita, por ser contra o PS, é um erro que a esquerda pagará muito caro" - e agora retomada por António Costa. Será necessário acenar com o fantasma de um Governo à direita para tentar convencer os recalcitrantes a passarem uma esponja pelas críticas ao PS e darem o seu voto aos socialistas, optando por um mal menor. Uma espécie de reedição do voto de olhos fechados em Soares nas presidenciais de 1986 que foi decisivo para erguer a coligação negativa que derrotou Diogo Freitas do Amaral na segunda volta.
Não será fácil ao líder do PS conseguir descolar-se do rótulo de ter seguido "políticas de direita" durante a legislatura, que o BE o PCP lhe atribuem. Sobretudo porque a táctica é demasiado descarada e o discurso cordato que Sócrates tem ensaiado é pouco verosímil e natural.
O verdadeiro Sócrates é aquele que fica crispado e que dá largas à sua truculência quando ouve expressões como ser "mais papista que o Papa", como sucedeu no debate de ontem quando Judite Sousa introduziu o tema da suspensão do "Jornal Nacional de Sexta". Pelo menos os eleitores do PCP são capazes de ainda se recordar que, quando confrontado com as greves e manifestações de professores, Sócrates identificou a contestação com meras orquestrações dos comunistas.
A verdade é que este é o género de acusações que reforçam a fidelidade dos eleitores do PCP e a sua autoestima, como parte integrante de uma força política a quem, implicitamente, Sócrates reconheceu um apreciável potencial de mobilização. E até para os professores que não se revêem no PCP, para os muitos que nunca tinham sequer participado numa manifestação, a generalização usada pelo primeiro-ministro para desvalorizar a contestação será difícil de apagar da memória.
A segunda peça da estratégia é a do voto útil, manifestada por Mário Soares na entrevista que deu ao "i" - "dar a vitória à direita, por ser contra o PS, é um erro que a esquerda pagará muito caro" - e agora retomada por António Costa. Será necessário acenar com o fantasma de um Governo à direita para tentar convencer os recalcitrantes a passarem uma esponja pelas críticas ao PS e darem o seu voto aos socialistas, optando por um mal menor. Uma espécie de reedição do voto de olhos fechados em Soares nas presidenciais de 1986 que foi decisivo para erguer a coligação negativa que derrotou Diogo Freitas do Amaral na segunda volta.
Etiquetas: legislativas 2009, voto útil