Notável
A entrevista de Eduardo Ferro Rodrigues ao "Expresso" é notável. Por dois motivos:
1. Após as próximas eleições legislativas, caso não haja maioria absoluta de um só partido, o ex-secretário-geral do PS acha que se os socialistas sairem vencedores devem tentar uma coligação com o PCP e o Bloco. Se não der, devem, então, fazer uma coligação com o PSD.
Pela mente de Ferro Rodrigues não passa a sombra de uma reflexão sobre as óbvias diferenças entre uma e outra solução, a começar pelos modelos de sociedade defendidos por PCP e BE, de um lado, e o PSD, pelo outro. Ficamos a saber que, para o antigo líder do PS, as convicções do partido são pequenos detalhes que devem ser subestimados em função daquilo que a conjuntura exigir para que o PS se mantenha no poder.
Nem se trata de engolir sapos, mas apenas de orientar as velas para onde o vento estiver a soprar. O PS deve actuar como um catavento, portanto.
2. Sobre os critérios que devem enquadrar o exercício do cargo de Presidente da República, Ferro Rodrigues tem, também, um pensamento muito claro. As relações pessoais devem sobrepor-se ao sentido de Estado.
O facto de Jorge Sampaio não ter dissolvido o Parlamento quando o antigo secretário-geral achava que o devia ter feito é suficiente para que a sua relação pessoal com o antigo Presidente se mantenha distanciada. E é por aqui que Ferro Rodrigues chega ao benefício da dúvida que concede a Cavaco Silva no que respeita à sua isenção perante Manuela Ferreira Leite, ao sugerir que o facto de manterem uma relação de amizade não prova nada.
Isto é, nada impede que o actual Presidente não possa vir a trair Manuela Ferreira Leite, violando um princípio de actuação baseado nas relações pessoais que, provavelmente, devia passar a figurar na Constituição numa próxima revisão da Lei Fundamental. Amigos, amigos, negócios políticos incluídos.
1. Após as próximas eleições legislativas, caso não haja maioria absoluta de um só partido, o ex-secretário-geral do PS acha que se os socialistas sairem vencedores devem tentar uma coligação com o PCP e o Bloco. Se não der, devem, então, fazer uma coligação com o PSD.
Pela mente de Ferro Rodrigues não passa a sombra de uma reflexão sobre as óbvias diferenças entre uma e outra solução, a começar pelos modelos de sociedade defendidos por PCP e BE, de um lado, e o PSD, pelo outro. Ficamos a saber que, para o antigo líder do PS, as convicções do partido são pequenos detalhes que devem ser subestimados em função daquilo que a conjuntura exigir para que o PS se mantenha no poder.
Nem se trata de engolir sapos, mas apenas de orientar as velas para onde o vento estiver a soprar. O PS deve actuar como um catavento, portanto.
2. Sobre os critérios que devem enquadrar o exercício do cargo de Presidente da República, Ferro Rodrigues tem, também, um pensamento muito claro. As relações pessoais devem sobrepor-se ao sentido de Estado.
O facto de Jorge Sampaio não ter dissolvido o Parlamento quando o antigo secretário-geral achava que o devia ter feito é suficiente para que a sua relação pessoal com o antigo Presidente se mantenha distanciada. E é por aqui que Ferro Rodrigues chega ao benefício da dúvida que concede a Cavaco Silva no que respeita à sua isenção perante Manuela Ferreira Leite, ao sugerir que o facto de manterem uma relação de amizade não prova nada.
Isto é, nada impede que o actual Presidente não possa vir a trair Manuela Ferreira Leite, violando um princípio de actuação baseado nas relações pessoais que, provavelmente, devia passar a figurar na Constituição numa próxima revisão da Lei Fundamental. Amigos, amigos, negócios políticos incluídos.
Etiquetas: amizade, cataventos, coligações, Ferro Rodrigues