Combustões tailandesas
Pequim, 2003. Voltei da capital da pneumonia atípica para encontrar uma histeria sem precedentes nos media portugueses e mundiais. O tema merecia muita atenção, claro, mas o tom era muitas vezes mal informado e de desgraça iminente.
No outro dia estava ao telefone com alguém em Londres, no dia da cimeira do G20, que me contava que a cidade estava no seu estilo habitual. Os confrontos – que segundo li "assolaram Londres", "puseram a cidade a ferro e fogo" – estavam, afinal, confinados à City. As imagens são fortes, os títulos dos que lá estão (as agências) também e o jornalista está sentado à secretária – no final, o leitor passa por histórias de um mundo que não existe.
Suspeito que com as manifestações na Tailândia se esteja a passar o mesmo. Neste blogue está o melhor texto que li sobre a turbulência tailandesa (que existe, claro) – o homem está lá (e 'lá' não é no hotel), arrisca, conhece o país, sabe do que fala, dá a sua opinião. Parece não gostar muito dos "meios de comunicação social", mas aqui no Elevador não se lhe leva isso a mal. Que continue a postar em bom nível!