Se os privados pagam a propaganda do Governo, isto não é propaganda ao PS?
O assunto dos 500 mil euros para o marketing e comunicação que o Ministério das Obras Públicas exige às subconcessonárias da Estradas de Portugal, que o Jornal de Negócios começou por noticiar, vai tendo uns picos mediáticos, mas depois morre. Não devia.
Vale a pena ver este site da AE Transmontana, para se perceber como a coisa funciona de modo perverso. É mais ou menos assim:
Os consórcios das concessionárias têm de pagar as despesas da comunicação, fazer uma cerimónia com croquete, vídeo promocional, tenda, site, e campanha de publicidade nos media regionais. A factura é paga pelos privados. Os fornecedores são escolhidos pelo ministério de Mário Lino. Quem trata do assunto? A antiga estrela de televisão, Humberto Bernardo. Mais tarde, a Estradas de Portugal acabará por ter de ressarcir os privados dessas despesas.
Qual é então a perversão da coisa?
Este site, que tem depoimentos das forças vivas da região, é mera propaganda ao Governo. Basta ver o filme do discurso de José Sócrates, o vídeo promocional da obra e o depoimento de lambe-botas ao Governo feito pelo deputado do PSD, Domingos Duarte Lima. A tarefa de Humberto Bernardo no ministério, que lhe paga como consultor, é fazer com que toda esta comunicação seja coerente, ou seja, favorável ao Governo. Grande coincidência: a Bebop, empresa que fez os filmes para estes eventos, é a mesma que fez os dois filmes para o congresso do PS (informação que noticiei na Sábado)...
Dado o conteúdo da informação e o formato dos eventos, trata-se de propaganda paga por privados - mesmo que os contribuintes corram o risco de vir a pagar a factura. E a propaganda política por privados é proibida na lei aos partidos. Acontece que isto não se enquadra na lei porque se trata de promoção do Governo. Mas na realidade acaba por ser propaganda política ao PS, porque Sócrates é o PS e o PS é o Governo, que usufrui de campanhas de comunicação que ele próprio domina, mas que são pagas por empresas. Ainda ninguém pensou nisto?
Adenda: as gralhas da última parte do post foram corrigidas
Etiquetas: campanhas, pinoquices, propaganda
28/3/09 14:21
Muito bem visto, Vítor. Estamos mesmo em 2009, pá. Abraço, Luís Ribeiro.