A factura do keynesianismo saloio
“Os governantes gostam de citar Keynes quando, na verdade, a maioria nunca leu nada dele”, foi o desabafo que ouvi uma vez da boca do economista e ex-ministro das Finanças de Sócrates Campos e Cunha. Isto a propósito de um suposto renascimento do keynesianismo na forma como os Governos estão a responder à crise.
Os políticos em toda a parte sempre gostaram do Keynes que liam no Reader’s Digest, segundo o qual a resposta governamental a uma crise económica grave é gastar à tripa forra. Como esta é mesmo “the crisis of a lifetime”, nada como abrir os cordões à bolsa para o Estado preencher o vazio deixado pelo recuo da procura e investimento dos privados – sobretudo, nada como mostrar que se está a fazer alguma coisa. Tem sido assim em toda a parte, dos EUA à Alemanha (Merkel ainda esboçou alguma resistência), passando por Espanha e, claro, por Portugal, tudo na respectiva escala.
O preço a pagar está no aumento do défice orçamental e, logo, na subida do endividamento externo. A factura para os países com as finanças públicas mais frágeis, níveis alarmantes de endividamento ao exterior e problemas estruturais graves de competitividade externa – o retrato de Portugal, anterior à crise – é apresentada sob a forma de revisão em baixa do ‘rating’ da república que, como já era esperado, aconteceu.
Como Campos e Cunha – o perito anguloso e politicamente inábil que foi substituído por essa grande raposa redonda que é Teixeira dos Santos – explica de forma clara aqui (Público via 'portugal dos pequeninos') a subida do custo de financiamento do Estado português mina a principal solução para a saída da crise: a normalização do ritmo de crédito concedido pela banca, sobretudo às empresas.
Efeitos secundários nada despiciendos da adaptação saloia do keynesianismo à realidade portuguesa.
Os políticos em toda a parte sempre gostaram do Keynes que liam no Reader’s Digest, segundo o qual a resposta governamental a uma crise económica grave é gastar à tripa forra. Como esta é mesmo “the crisis of a lifetime”, nada como abrir os cordões à bolsa para o Estado preencher o vazio deixado pelo recuo da procura e investimento dos privados – sobretudo, nada como mostrar que se está a fazer alguma coisa. Tem sido assim em toda a parte, dos EUA à Alemanha (Merkel ainda esboçou alguma resistência), passando por Espanha e, claro, por Portugal, tudo na respectiva escala.
O preço a pagar está no aumento do défice orçamental e, logo, na subida do endividamento externo. A factura para os países com as finanças públicas mais frágeis, níveis alarmantes de endividamento ao exterior e problemas estruturais graves de competitividade externa – o retrato de Portugal, anterior à crise – é apresentada sob a forma de revisão em baixa do ‘rating’ da república que, como já era esperado, aconteceu.
Como Campos e Cunha – o perito anguloso e politicamente inábil que foi substituído por essa grande raposa redonda que é Teixeira dos Santos – explica de forma clara aqui (Público via 'portugal dos pequeninos') a subida do custo de financiamento do Estado português mina a principal solução para a saída da crise: a normalização do ritmo de crédito concedido pela banca, sobretudo às empresas.
Efeitos secundários nada despiciendos da adaptação saloia do keynesianismo à realidade portuguesa.
27/1/09 14:41
Afinal quanto custa a descida do rating e o aumento da dívida?
Gostava de te ouvir (ou ler) sobre isto...
Quanto ao resto, tens razão. É fácil falar sem ler, e é fácil reproduzir quando dá jeito gastar. E já que falamos em ler, e como gostas de jornalismo a sério, recomendo-te isto: http://www.vanityfair.com/politics/features/2009/02/bush-oral-history200902
Boa leitura.